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quarta-feira, 9 de maio de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS NOVOS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E A LUZ DA CIÊNCIA CIDADÃ NA SUSTENTABILIDADE


“O futuro da recuperação do dano ambiental
        O século 20 foi marcado pelo despertar da consciência internacional sobre a gravidade da crise ecológica e a necessidade de aliar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, construiu o alicerce sobre o qual seriam edificadas as normas para alcançar o desenvolvimento sustentável. A legislação ambiental do Brasil avançou desde então, concedendo ampla legitimidade para a proteção ambiental, através de norma constitucional expressa.
         A engenharia assume papel de destaque na preservação ecológica pelas consequências de suas atividades sobre o ambiente. Ciente de sua responsabilidade, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), por meio da Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA), tem desenvolvido notáveis esforços no sentido de dar sua efetiva contribuição para proporcionar a melhoria da qualidade ambiental no estado de Minas Gerais.
         A própria criação da Câmara Temática de Meio Ambiente no Crea-Minas permitiu a promoção de discussões técnicas sobre os temas ambientais mais relevantes, contribuindo na promoção da sustentabilidade e no conhecimento das normas ambientais. Em uma atitude inédita, foi criado, também, o Colégio de Representantes Institucionais do Crea-Minas, com membros presentes em conselhos e órgãos ambientais de Minas Gerais, permitindo o debate qualificado, o aprimoramento e a busca da excelência nas decisões adotadas.
         Imbuído pelo propósito de contribuir ainda mais nesse cenário, em 2015, o Crea-Minas motivou a reunião e o início de discussões com os poderes públicos sobre a criação de grupo de trabalho para tentar conceber um redesenho nos procedimentos para a solução dos conflitos ambientais existentes nos processos administrativos. A iniciativa tinha como objetivo a mais ampla solução de todas as consequências jurídicas provenientes dos litígios ambientais e a prioridade na recuperação do dano ambiental.
         Nesse sentido, é satisfatório acompanhar os avanços nesta área representados pela assinatura, no último 19 de abril, do acordo de cooperação técnica entre o Governo de Minas Gerais, por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) e a Advocacia-Geral do Estado (AGE), o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Esse projeto pioneiro surgiu de ações conjuntas desenvolvidas nos dois últimos anos no Crea-Minas, fruto dos melhores esforços desses órgãos para a criação de novo procedimento por meio da mediação ambiental, para obter a composição nos conselhos administrativos infracionais, a recuperação do dano e a não judicialização dos conflitos.
         O Crea-Minas sente-se honrado por contribuir com a construção desse novo procedimento, novo caminho por onde trafegarão, com mais rapidez e eficácia, os conflitos ambientais. O Crea-Minas cumpre, assim, os ditames da Constituição Federal de 1988, que estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
         Estamos certos de que o acordo de cooperação técnica irá contribuir imensamente com a proteção ecológica, com a marca do ineditismo no cenário nacional.”.

(CLEMÉNCEAU CHIABI SALIBA JR, engenheiro civil e presidente da Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA) do Crea-Minas, e CÉLIA PIMENTA BARROSO PITCHON, advogada e consultora da Câmara de Mediação e Arbitragem (CMA) do Crea-Minas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de abril de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de LESANDRO PONCIANO, professor da PUC Minas, realiza pesquisas na área de ciência da computação com ênfase em ciência cidadã, computação social e interação humano-computador e membro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e da Citizen Science Association (CSA), associação internacional dedicada à ciência cidadã, e que merece igualmente integral transcrição:

“A ciência cidadã no Brasil
        Cientistas estão descobrindo que pessoas dispondo de um pouco de curiosidade, tempo e com seus celulares em mãos são capazes de impulsionar grandes descobertas científicas. Descobrir um novo tipo de galáxia ao analisar padrão de cores e formas em imagens feitas por telescópios espaciais. Brincar em um jogo tridimensional que, indiretamente, faz síntese de proteínas e que permite estudar a cura para determinadas doenças. Fotografar a aparição de animais e plantas que nunca tinham sido avistados naquela região. Esses são alguns exemplos de iniciativas que têm engajado milhões de pessoas em todo o mundo. O nome que tem sido dado a essa forma de realizar descobertas é “ciência cidadã” (ou citizen science, em inglês).
         Ciência cidadã é uma forma humanística e colaborativa de se conduzirem estudos científicos. As pessoas não são apenas informadas sobre as descobertas, elas participam delas. Cientistas estão engajando multidões em suas pesquisas. Tal engajamento é viabilizado pelas tecnologias que hoje são acessíveis à maior parte das pessoas: um aplicativo instalado no celular é, muitas vezes, o suficiente para participar. Iniciativas precursoras têm partido de países desenvolvidos, como Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Projetos de vanguarda têm surgido em universidades e centros de pesquisa de grande relevância, como a Universidade de Oxford, a Universidade de Washington e a Academia de Ciências da Califórnia.
         Recentemente, a conduzirmos um estudo com outros 22 pesquisadores de 10 países. O artigo publicado pela revista científica Citizen Science, Theory and Practice, concebe uma visão terminológica internacional para ciência cidadã. O estudo investiga quando a humanidade começou a atribuir o papel de “cientista” apenas a pessoas graduadas e como, atualmente, cada pessoa pode ser vista como um “cidadão cientista” quando faz uma descoberta relevante. Embora empreguem termos diferentes por questões idiomáticas ou geopolíticas, todos os países estuados buscam uma maior participação das pessoas na atividade científica. As pessoas que participam, por sua vez, geralmente buscam aprender algo enquanto ajudam a avançar a ciência. Assim, ciência cidadã é um expoente no contexto científico internacional.
         Infelizmente, no Brasil, ciência cidadã ainda é algo incipiente. Há esforços iniciais. Alguns desses esforços estão associados ao Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr) ou a projetos pontuais de algum grupo de pesquisa. Eles são, em grande parte, adaptações de iniciativas existentes em outros países e têm forte ênfase em questões de ecologia e biodiversidade. O Brasil ainda está em busca de uma perspectiva de ciência cidadã que se adeque às suas características geográficas e socioeconômicas, pois as pessoas tendem a participar mais em projetos que estão associados aos problemas do dia a dia delas.
         Dado o suporte tecnológico comum em ciência cidadã, iniciativas inovadoras têm surgido em ambientes associados à tecnologia da informação e comunicação. Esse é o caso do Departamento de Engenharia de Software e Sistemas de Informação da PUC Minas. Investigar e desenvolver em estudantes de escola pública a habilidade de solucionar problemas por meio de “pensamento computacional”. Analisar a mobilidade urbana de estudantes e formas de melhorá-la. Investigar como criar, em redes sociais, robôs que tenham propósito positivo para a sociedade. Esses são exemplos de iniciativas em curso na PUC Minas. Com isso, está-se direcionando o avanço tecnológico e científico para tópicos relevantes e nos quais a sociedade possa ser engajada, o que é algo central em ciência cidadã.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em março, chegou a 2,68%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.







sexta-feira, 21 de julho de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DA ESPERANÇA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO NA SUSTENTABILIDADE

“Apesar do caos, há esperança 
do surgimento de uma nova vida
        O crescente caos nos níveis externos do planeta não deve ser motivo de tristeza ou desânimo. Ao contrário, indica que se aproximam os momentos finais de uma longa e obscura noite, na qual a vida planetária esteve imersa. No decorrer de várias etapas evolutivas o homem da superfície da Terra foi mantido na ignorância por aqueles que representaram forças involutivas de aparentemente grande poder.
         Essas forças instigaram acontecimentos como o incêndio da Biblioteca de Alexandria; a queima de quase todos os documentos da civilização Maia, no século XVI, por um bispo espanhol da província de Yucatã; o expurgo, da Bíblia, dos ensinamentos de Enoch; o cancelamento nos documentos históricos, promovido pela Igreja, da figura de Apolônio de Tiana, e assim por diante, até chegarmos aos tempos de hoje, quando métodos mais sutis são usados para perpetrar crimes semelhantes. Todavia, é exatamente após a mais densa escuridão que raios de luz começam a despontar, anunciando um novo ciclo. Tenhamos presente essa premissa, pois ela é uma das que regem o nosso ingresso do ser nos chamados Mistérios.
         No entanto, existem também disponíveis instruções e informes sérios, de cunho genuinamente supramental, que fazem o importante trabalho de desanuviar a consciência humana e planetária de falsas concepções. Se, por exemplo, um ser busca com sinceridade o positivo e as bases para a vida na superfície da Terra, poderá encontrar estímulo em seres como Sri Aurobindo, que, em seu livro THE HOUR OF GOD, afirmou que a experiência da vida humana sobre a Terra se deu várias vezes antes desta e se repetirá ainda muitas vezes. Segundo ele, em tudo o que fazemos hoje, em todos os nossos sonhos, descobertas, realizações, sejam fáceis, sejam difíceis, aproveitamo-nos subconscientemente da experiência de inumeráveis precursores, e nosso trabalho fecundará planetas desconhecidos e mundos ainda incriados.
         A espiritualidade acompanha os pequenos e os grandes movimentos que se passam no planeta e nos indivíduos. Transmite-lhes em diversos níveis da existência, e seus instrumentos externos são os grupos dedicados ao trabalho evolutivo. Tais grupos precisam manter viva a aspiração de remover os obstáculos a fim de que a humanidade como um todo tenha uma existência liberta. Essas aspiração é escutada e acolhida e, quando chegar a hora, transformações definitivas se consumarão. Segundo uma lei dos mundos internos, toda abertura ao positivo mais cedo ou mais tarde tem repercussões benéficas.
         A ajuda está disponível ao homem a todo instante, embora hoje tenhamos de levar em conta que nove dentre dez caminhos oferecidos por esta civilização desviam-se da realidade interna e da vida superior. Não basta a adesão imediata às energias evolutivas. É preciso adesão sempre renovada, contínua, permanente. A atitude que ontem era positiva, pode mostrar-se hoje desatualizada. Só a concentração no eterno presente, também chamado “tempo real”, revela o que deve ser vivido a cada momento.
         Apesar das evidências de que vários setores da existência terrestre se encontram em situação de profundo desequilíbrio ou de caos, paira sobre nós um pressentimento de que mudanças positivas e benéficas para a totalidade do Universo estão próximas. Esse pressentimento pode antecipar a manifestação da verdade e devemos estar preparados para acolhê-la.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de julho de 2017, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de maio de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de ANTONIO BENEDITO LOMBARDI, professor do curso de medicina da PUC Minas, professor aposentado da Faculdade de Medicina da UFMG, pediatra e psiquiatra da infância e adolescência, e que merece igualmente integral transcrição:

“Desenvolvimento humano
        É muito difícil para nós profissionais que trabalhamos com a infância ficar em silêncio diante do que acontece no país com esta população há 517 anos. Além de assistirmos, cotidianamente, a um processo crônico e progressivo de degradação humana que começa na infância, frequentemente episódios pontuais nos golpeiam pela brutalidade como têm se apresentado: cidadãos jovens que matam e morrem, como que deixados à própria sorte para decidir seus destinos, tocados para esta situação após anos de impactos subjetivos e de reações comportamentais resultantes de histórias pessoais de negligência e maus-tratos.
         Em geral, isso ocorre porque não foi dado a esses indivíduos, desde os primeiros períodos do ciclo de vida, e para muitos desde a gestação, oportunidades de terem um desenvolvimento humano saudável. A indiferença do Estado brasileiro e de diferentes segmentos sociais em momentos críticos e sensíveis do desenvolvimento da criança e do adolescente acaba por torná-los também indiferentes ao Estado e a esses segmentos. Assim, muitas vezes, respondem empregando os mais diferentes recursos comportamentais, às vezes violentos, colocando todos em perigo, com consequências variáveis frequentemente desastrosas.
         Hoje, sabe-se que o cérebro humano desenvolve-se até cerca de 20 a 30 anos e, nesse período, está sujeito a sofrer agravos se a criança experimentar determinadas adversidades. Entre essas experiências adversas podem-se citar a negligência, maus-tratos físicos e psicológicos, violência doméstica, convivência com familiares usuários de drogas, portadores de doenças mentais e a pobreza extrema. Essas situações, que podem determinar o aparecimento do estresse tóxico, predispõem as crianças a uma série de problemas na própria infância e outros que se manifestam na idade adulta.
         Entre os problemas associados às adversidades experimentadas na infância, que surgem na idade adulta, podemos citar: diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, doenças inflamatórias, câncer, depressão, suicídio, abuso de drogas, encarceramento, morte precoce, entre outras. Para muitos, o ciclo perverso iniciado na infância se encerra ainda mais precocemente, na adolescência e na idade adulta jovem, porque muitos sujeitos apresentam impactos múltiplos acumulados durante os períodos iniciais do ciclo de vida, agravados por situações adversas pontuais (por exemplo, conflitos interpessoais), como também pela perpetuação das adversidades, entre elas, a falta de perspectivas de desenvolvimento pessoal, o abuso de drogas e/ou a entrada no tráfico, o encarceramento em uma penitenciária, etc. Ou seja, o quadro é muito mais grave do que se imagina.
         Não podemos de forma alguma tratar esse fenômeno apenas cuidando dos sintomas agudos que emergem do caos social crônico e potencialmente explosivo, como ocorre nas regiões metropolitanas, nas penitenciárias etc, e considerar solucionado o problema. É preciso ir muito além, contextualizando esse fenômeno. É preciso cuidar das crianças, das famílias, das escolas, das comunidades do país. O quadro é gravíssimo e tem tudo para piorar. Medidas com efeitos a curto, médio e longo prazos precisam ser urgente e firmemente implementadas nas próximas décadas, independentemente dos custos financeiros, políticos etc. É óbvio que essas propostas somente serão concretizadas se tivermos Executivo, Legislativo e Judiciário exercendo seus papéis de referência e liderança, com sensibilidade, competência, ética e coragem, associados a uma sociedade corresponsável e atenta. Isso tudo se justifica porque o Brasil está biopsicossocialmente muito doente e não pode esperar mais.
         De forma geral nos referimos acima às doenças físicas, psíquicas e sociais produzidas direta e indiretamente, para espanto de todos nós, pela ação humana, e não pelas causas biomédicas fundamentadas frequentemente por um raciocínio clínico reducionista e alienante. São ações produzidas, há séculos, por sucessivos governos que praticam políticas públicas insuficientes para a complexidade da situação. Essas ações também são produzidas de várias formas por instituições públicas e privadas, e mesmo por homens e mulheres, cidadãos comuns, de diferentes setores e classes sociais por meio de gestos e comportamentos antissociais manifestos e/ou velados no dia a dia.
         São condutas perversas contra o ser humano que impactam o indivíduo durante o seu curso de vida e que, historicamente, fazem parte da cultura brasileira da indiferença e da não cidadania, generalizadas pelo tecido social e profundamente estruturadas no nosso inconsciente coletivo, de onde emergem com força suficiente para causar e perpetuar esse conjunto de perversidades que hoje vivenciamos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca de 345,10% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses, em junho,  chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        





sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A CIDADANIA, O PODER DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ESPIRITUAL E A LUZ DA LITERATURA

“Inteligência emocional e inteligência espiritual
        Por muitos anos, empresas utilizaram no seu processo seletivo testes que identificavam qual inteligência múltipla os candidatos tinham desenvolvido, para, assim, direcioná-los a vagas compatíveis com seu perfil, alinhando-o às necessidades da organização. Essa teoria foi criada por Howard Gardner, psicólogo e pesquisador norte-americano, na década de 1980. Gardner amplia o conteúdo do QI, desmembrando em várias partes para o QM, inteligências múltiplas. Assim, nesse contexto, ele propôs uma ideia diferente de se falar da inteligência, dividindo-a em sete competências: linguística, matemática, musical, corporal, espacial, naturalista ecológica, interpessoal e intrapessoal. Ou seja, um funcionário para a área financeira deveria ter a inteligência matemática.
         Tais técnicas ainda são utilizadas, porém não são mais suficientes para determinar uma competência. O fato é que vivemos a cada momento uma época diferente. Em 1990, o psicólogo Daniel Goleman defendeu a ideia de que a inteligência emocional deveria ser desenvolvida nas pessoas que ainda não a tivessem, e que seria uma das melhores ferramentas para se utilizar na vida profissional.
         Para Goleman, a inteligência emocional refere-se à nossa capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e também os sentimentos dos outros, de motivar e de gerir bem nossas emoções dentro de nós mesmos. Ele diz que o QE é um conjunto de autocontrole, zelo e automotivação. Essas aptidões podem e devem ser ensinadas aos profissionais no mercado de trabalho, para que tenham melhor desempenho em sua vida profissional e até mesmo nas tomadas de decisão do cotidiano.
         Um profissional de inteligência emocional desenvolvida consegue driblar situações com sabedoria e sem infringir a ética, evitando possíveis conflitos. Diante de um chefe surpreendentemente agressivo nas palavras e mal-humorado, ele vai detectar contexto maior e, assim, não vai reagir ou responder negativamente, mas buscar identificar o motivo da ação, evitando um conflito maior.
         Há hoje diversas obras sobre esse assunto, mas esta é ainda a maior dificuldade de muitas pessoas, que não controlar as emoções diante de situações adversas. Vivemos um período de crises econômicas e de incertezas; é necessário desenvolver a inteligência emocional e ter resiliência a essas questões. Pelo menos até que viesse um novo complicador, trazido por Danah Zohar, responsável pela identificação da terceira inteligência, que é o QS – inteligência espiritual. Para ela, muitas pessoas têm de tudo, são bem-sucedidas, têm família, casas gigantescas, uma conta bancária polpuda, saúde, mas ainda assim não são felizes porque falta uma inteligência maior, uma inteligência divina, que é entender sua missão como ser único neste universo.
         Danah Zohar, física e filósofa americana, coloca inteligência espiritual num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos.
         Usando a inteligência emocional, vou identificar em qual situação me encontro e decidir de que forma vou reagir. Já a inteligência espiritual tem relação com o significado de uma situação para mim e se quero estar nessa situação e como reajo. Na situação do exemplo citado acima, do seu chefe que chegou mal-humorado, usando inteligência emocional, entendo que ele está com problemas e que não me abalo com suas atitudes. Já com a inteligência espiritual, vou querer ajuda-lo a resolver o problema ou fazê-lo repensar a situação.
         As empresas hoje são focadas para o capitalismo, os profissionais trabalham mais com menos recursos e precisam produzir e vender mais. Tais práticas levaram a questões como a da sustentabilidade. Com a inteligência espiritual, percebemos que o outro precisa estar bem. Como contribuir com o crescimento e desenvolvimento das pessoas que estão na minha empresa ou à minha volta? O que posso fazer para ser melhor? Com a procura das respostas para essas e outras perguntas, descobrimos nossa missão na Terra e passamos a pensar mais o coletivo.
         Algumas empresas, como Natura, Magazine Luiza e MacDonald’s, já trabalham com espiritualidade nos negócios, mantendo preocupação direta com a sustentabilidade, com o meio ambiente, e têm um treinamento específico com os gerentes.
         O profissional feliz e bem-sucedido precisa desenvolver as três inteligências, age conscientemente nas situações cotidianas. O líder dotado de inteligência espiritual tem empatia e envolve a equipe para a percepção de um todo da sua existência no universo, na família e na empresa.”.

(FRANCINE DE OLIVEIRA. Professora de gestão de pessoas da FGV/Faculdade IBS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CLÁUDIO DA CRUZ FRANCISCO, graduado em ciência da informação (PUC Minas), e que merece igualmente integral transcrição:

“Literatura de cada dia
        O leitor, independentemente da preferência pelo gênero literário, é privilegiado pelas proezas, mais semelhantes a um ato de solidariedade, advindas dos escritores. Pode parecer estranha, essa máxima, porém é preciso valorizar e ressaltar a importância desse trabalho. É um instante especial degustar os “alimentos textuais” produzidos com carinho por aqueles que mergulham e navegam entre as palavras. Têm com elas uma relação de amor, confiança e fidelidade.
         A solidariedade supracitada diz respeito à questão do compartilhamento de ideias e todo o esforço dedicado no intuito de concluir uma obra, seja romance, poesia, crônica, conto e outros “alimentos” que nos satisfazem. Possibilitam uma boa digestão.
         Ler sempre foi essencial à vida do ser humano. É no transitar consciente e viajar por ruas de narrativas longas e curtas. Admirar o encanto das paisagens, recheadas de versos e novos capítulos a cada esquina.
         Literatura pode ser comparada a uma ciência multidisciplinar. É atrelada de forma direta e indireta a várias áreas do conhecimento. Temos grandes nomes na área de administração, economia, filosofia, literatura propriamente dita, meio ambiente, sociologia e outras abordagens. Presença constante em infinitas questões de interesse da sociedade como as políticas públicas, difusão cultural e artística, alfabetização, inclusão social e digital.
         É válido destacar que, desde a Pré-História, as primeiras ferramentas de trabalho e os dados registrados em cavernas, conforme estudos teóricos, já mostravam a importância e preocupação da leitura e comunicação para a sociedade. O surgimento da escrita, em seguida à invenção do alfabeto e do aperfeiçoamento da linguagem, e a base desse contexto.
         Os escritores compartilham sonhos, aventuras e sabedoria. Presenteiam os leitores com o seu olhar sobre o cotidiano através de sua lente de emoções e sentidos. Deixam pistas que instigam a curiosidade. Um leitor com os olhos atentos ou através da leitura em braile, ao dobrar um capítulo, se depara com o imprevisível, moldado por energias, capazes de espantar o tédio, transformar lágrimas em sorriso e ainda fazer o coração palpitar. E alguns momentos, nos convidam à reflexão.
         Contamos com obras que permitem uma viagem que alterna entre a sensação de êxtase e estado de paz. E o melhor, de forma curiosa, criativa e vibrante. Enterra toda a monotonia.
         Os escritores não são mágicos, mas abençoados com dons que os capacitam a transportar seus sonhos para um valioso pedaço de papel. Abrir passagens para que os leitores conheçam outros ciclos existenciais e fictícios. Conhecer e se encantar com personagens, sertões, cidades, culturas e linguagens diferentes.
         O fruto desses “atos solidários” adormece em prateleiras de bibliotecas públicas, itinerantes e comunitárias e aguarda ser acordados. É importantes destacar o ambiente virtual. Hoje contamos com o acesso gratuito ao acervo de alguns escritores, projetos de incentivo como trechos de obras e poemas dentro dos coletivos em algumas cidades. Outro destaque são sites que oferecem uma literatura diversificada e de qualidade.
         Boa parte dos profissionais da literatura nasce com dom para desenvolver os trabalhos e outros descobrem a vocação com o passar dos tempos. Mas de qualquer forma, a maioria tem a iniciativa, alimentada pelos sonhos, de lapidar e aprimorar habilidades. Afinal de contas, como em outras ocupações, exige dedicação, esforço e alegria. E o resultado? Conhecimento e experiência para elaborar uma obra que contribuem para a evolução da humanidade no quesito cultura e formação de opinião. É uma construção saudável que envolve a relação homem, inspiração, palavras, informação e conhecimento.
         Uma viagem a um mundo literário possibilita um mergulho num mar de sabedoria, indagações, curiosidades e mistérios. E nós, leitores, no papel de visitantes desse universo ilimitado conhecido como literatura, sentimos o sabor do descobrimento.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a também estratosférica marca de 431,4% para um período de doze meses; e mais,  em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        

   
    

  

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A CIDADANIA, A LIDERANÇA ATRAVÉS DO DIÁLOGO E A LUZ DOS NOVOS ESTILOS DE VIDA

"Liderança em tempos de crise: na dúvida, pergunte!
        A liderança é um tema que está sempre presente na mente dos gestores. Hoje em dia, todos sabem que ninguém constrói o sucesso sozinho e que os resultados são alcançados em equipe. Por isso, aqueles que lideram melhor saem sempre na frente.
         Assim, os pesquisadores vivem estudando o tema da liderança. Várias teorias já surgiram e vão evoluindo com o passar do tempo. Antigamente, achava-se que a maioria dos homens preferia obedecer e não gostava de autonomia. Dá para acreditar? Era a chamada Teoria X, que caiu completamente por terra. Depois, o foco passou a ser a liderança como um dom nato: ou você dava a sorte de nasce líder ou dava azar e, aí, nunca chegaria a alcançar os postos mais altos em uma organização. Ninguém mais acredita nisso também, felizmente!
         Hoje em dia, a visão moderna entende a liderança como uma relação que é construída entre as pessoas, baseada na confiança e na comunicação, independentemente da autoridade formal. Líder é aquele que tem seguidores, não um grupo que o obedece cegamente. Por isso, se diz que ser gerente é uma coisa e ser líder é outra. Há vários chefes que não conseguem liderar a equipe. Eles mandam, e quem tem juízo obedece (ou boicota disfarçadamente), mas não lideram. E, do mesmo jeito, há vários líderes que são sempre vistos como referência, procurados, ouvidos – mesmo que não tenham nenhum cargo formal. Nas organizações, claro, o ideal é juntar as duas coisas: ser um gestor-líder.
         Nesse perspectiva, a liderança coaching é considerada uma forma avançada de liderar. A proposta é que o gestor adicione ao seu trabalho mais uma competência: a de ser o coach de sua equipe. O que um coach faz? O coach é um profissional que trabalham em parceria com um cliente, para ajudá-lo a se desenvolver e alcançar seus objetivos. Como o coach faz isso? Conversando. Uma sessão de coaching se parece muito com uma conversa, mas, por trás de um aparente bate-papo, o coach está o tempo todo desafiando e estimulando o cliente a pensar de forma criativa e inovadora e a encontrar soluções diferentes para velhos problemas. Os resultados são impressionantes: mudando sua forma de pensar, o cliente enxerga a realidade de um modo como nunca tinha visto, ganha autoconfiança e alcança seus objetivos em um tempo muito mais curto do que imaginava.
         O líder coach faz o mesmo, mas de uma forma simplificada. Ao aprender as técnicas básicas de coaching ele é capaz de transformar várias de suas conversas com seus liderados em conversas coaching. Em vez de dizer o que vai fazer, ele começa a perguntar. Não é fácil. Imagine um supervisor de vendas, neste momento do país, perguntando ao gerente: “As vendas caíram, o que fazemos?” e o gerente perguntando de volta? “Quais são as alternativas?”. Depois de anos acostumado a ter sempre as respostas para tudo, o líder pode se sentir inseguro, ao responder uma pergunta com outra pergunta. Esse comportamento quebra a imagem de líder todo-poderoso. Mas as vantagens são inúmeras. O líder que incorpora a competência coaching em sua liderança começa a ver que, quando ele pergunta, as pessoas respondem. As pessoas têm ideias, opiniões, experiências e podem pensar em alternativas diferentes das que ele próprio pensaria. O que é ótimo. Se duas cabeças pensam melhor do que uma, por que insistimos em colocar o líder para pensar o tempo todo?
         É claro que incorporar a competência coaching não significa deixar de falar e ficar só perguntando. Em muitas situações, o líder tem que realmente dar um comando firme, claro e seguro. Mas, à medida que ele começa a experimentar a liderança coaching, percebe que existem inúmeras situações em que, se ele perguntar, terá melhor resultado do que se disser o que é melhor. Basta ele saber como fazer e criar coragem.
         Os ganhos da liderança coaching são concretos. A cada vez que o líder pergunta: “que outras alternativas existem?”, mais a sua equipe se desenvolve e se torna mais capaz de resolver as coisas. Pessoas que aparentavam ser apáticas e sem iniciativa começam a se sentir seguras para dar opinião e tomar a frente. Problemas recorrentes, para os quais a área já tinha desistido de buscar uma solução definitiva, começam a ser resolvidos. O comportamento do líder muda, muda o comportamento da equipe. E todos saem ganhando.
         Se liderar fosse fácil, não haveria tantos artigos, cursos e palestras sobre o tema. A liderança é um misto de técnica e arte. Todos aqueles que são responsáveis por uma equipe, independentemente do tamanho, precisam investir no seu contínuo desenvolvimento. A liderança coaching pode ajudar muito, principalmente em tempos de crise. Pois tudo o que as empresas estão precisando agora é de todas as cabeças pensando juntas e pensando fora da caixa. Quem investir em soluções criativas vai passar pela crise com menos dificuldade e sair fortalecido do lado de lá.”

(RAQUEL FURTADO. Professora e pesquisadora na PUC Minas, doutora em administração, coach pessoal e executiva, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de novembro de 2015, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Novos estilos de vida
        As recentes tragédias – rompimento devastador de barragem na região de Mariana e os ataques terroristas em Paris –, que contracenam com outros acontecimentos terríveis, mostram a urgência de se buscar novos estilos de vida. Mudar a mentalidade é indispensável, sob pena de sermos surpreendidos por muitos outros prejuízos, ataques e descompassos na vida social e política. Somente com transformações profundas será possível alcançar novos estilos de vida, presididos sempre pela busca do belo, do bom, do bem e da comunhão. As novas posturas devem ser capazes de regrar o consumo e a acumulação compulsiva de riquezas. Têm que ser pautadas e inspiradas pela sobriedade, temperança e autodisciplina, no plano social e pessoal.
         É indispensável sair da lógica do mero consumo para se alcançar formas de produção, agrícola e industrial, que priorizem o respeito ao meio ambiente e as necessidades fundamentais de todos. Torna-se fundamental investir na compreensão e na vivência de uma ecologia integral. Na contramão desse entendimento e prática, bombas-relógio continuarão ativas, em processo de detonação. Tragédias, embora previsíveis, vão continuar a surpreender a sociedade, em lugares distantes e próximos. É cada vez mais urgente a lucidez de governos e de construtores da sociedade, com a indispensável participação dos formadores de opinião, nos diversos campos do saber e dos serviços, para produzir uma séria avaliação dos acontecimentos. Trata-se de necessário caminho reflexivo para intuir, de forma inteligente, novos rumos.
         As reações diante das tragédias não podem ser concebidas como simples maquiagem de situações ou tratamento superficial dos desastres humanos e ambientais. A política internacional está desafiada diante da barbárie de atos terroristas. Igualmente estão desafiadas as sociedades mineira e brasileira, particularmente governos e envolvidos nas atividades minerárias, diante de um quadro que é terrificante. Há de se imaginar ainda o que não se vê, mas ameaça veladamente a vida de muitos, como uma bomba prestes a explodir. Situações preocupantes que só se tornam conhecidas quando se manifestam na forma de desastres, a exemplo do que ocorreu durante o rompimento da barragem no subdistrito devastado de Bento Rodrigues.
         Não basta apenas multar. Decretos e a simples desburocratização de procedimentos legais e relevantes não incidirão nas raízes do problema. Exige-se mudança profunda em cenários que são produzidos pela falta de critérios, seriedade e discernimento. Infelizmente, pouco tempo depois de situações graves, corre-se o risco de um relaxamento. Com isso, decisões importantes acabam sob a tutela de quem não tem critérios adequados para fazer avaliações e decidir, pessoas movidas apenas pela visão de aumentar a arrecadação. Preguiçosamente, não há esforço para investir em novos estilos de vida.
         O embrutecimento de mentes e corações pela avidez do lucro leva ao entendimento de que é preciso produzir sempre mais, custe o que custar, uma desumanidade avassaladora. Lamentavelmente, essa visão distorcida tende a considerar como “romântica” a atitude cidadã de cultivar gratidão diante do conjunto maravilhoso da natureza, das criaturas todas. Torna-se necessário compreender que o dom ambiental no qual o ser humano está inserido reconduz ao mistério de Deus. A perda desse sentido produz a insolência gananciosa que absurdamente vai passando por cima de tudo, de todos, como um trator. No que diz respeito à nossa Minas Gerais, todos são desafiados – líderes governamentais, segmentos diversos da sociedade – a repensar caminhos para que a história mineira não fique ancorada no desarvoro minerário, mas no compromisso de se encontrar novos estilos de vida. Isso requer coragem e vontade política, exige um olhar de lince sobre todos os aspectos da crise mundial e local, priorizando, acima de tudo, as dimensões humanas e sociais.
         Bem adverte, com simplicidade, inteligência e assertividade, o papa Francisco na carta encíclica ‘Laudato Si’, que “isto exige pensar e discutir acerca das condições de vida e sobrevivência de uma sociedade, com a honestidade de pôr em questão modelos de desenvolvimento, produção e consumo”. Os cenários de desolação do momento devem impulsionar líderes políticos e empresariais a abrir o diálogo franco e transparente com a sociedade inteira. A escuta da voz que vem das ruas, especialmente dos pobres e dos flagelados, é exercício que produz novos discernimentos. Trata-se de percurso a ser seguido para escrever página nova na admirável história mineira, a partir de novos estilos de vida.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”