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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS E O PODER DA EQUIDADE E A FORÇA DAS TRANSFORMAÇÕES DIGITAIS NA SUSTENTABILIDADE


“Poder da equidade
        Este mês comemora-se o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. Criada em 2014, a data merece uma celebração pelas conquistas já alcançadas, mas também pede reflexões sobre a importância do aumento da presença feminina para o desenvolvimento socioeconômico mundial. Dados do relatório “Situação da População Mundial 2017”, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), apontam que a promoção da igualdade de gênero poderia somar US$ 28 trilhões ao PIB global. Mesmo representando metade da população mundial, a participação das mulheres na força de trabalho, nos cargos de liderança e no PIB global ainda não acompanha essa proporção.
         Quando lembramos que há apenas 30 anos, com a Constituição de 1988, as mulheres brasileiras foram reconhecidas como iguais perante os homens em direitos e deveres é que enxergamos como são recentes algumas das mais importantes conquistas femininas. Mas avançamos rápido: segundo o último relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Sebrae, as brasileiras correspondem a 51% dos empreendimentos em fase inicial do país. Embora sejam responsáveis por mais da metade das empresas abertas, a participação delas cai para 14,3% quando falamos de negócios estabelecidos, dado que revela que as empreendedoras encontram mais obstáculos que os homens para que seus negócios prosperem. Uma das causas é a falta de autoestima financeira, fator apontado em pesquisas como limitador do empreendedorismo feminino. Ocorre quando, mesmo com dinheiro ‘em caixa’, algumas mulheres não se apropriam do universo financeiro em suas vidas ou empresas. Costumam delegar a gestão financeira por falta de afinidade, experiências e referências, por achar se tratar de um território masculino.
         Analisar os erros e acertos deste percurso pode orientar os próximos passos da jornada. Quem já percebeu a importância de incentivar a participação da mulher na economia, fornecendo ferramentas para seu desenvolvimento dentro de uma companhia ou liderando sua própria empresa, entende o quanto esse movimento é sustentável. Diversas instituições dedicam-se a transformar esse cenário, pois acreditam nos benefícios de um ambiente de trabalho mais inclusivo.
         Analisando apenas o gênero, quando comparadas com as demais, as companhias com práticas avançadas de equidade apresentaram probabilidade de 21% maior de ter margem Ebit superior, além de possibilidade 27% de criar valor no longo prazo, de acordo com o estudo “Diversidade como alavanca de performance”, divulgado pela Mckinsey em 2018. E não se trata apenas de resultado financeiro, mas também de impacto positivo, já que negócios femininos são reconhecidos por possuir maior engajamento social.
         Dar visibilidade ao tema, inspirando inclusive a participação das novas gerações, oferecer ferramentas para que as mulheres assumam de forma confortável a gestão financeira de seus negócios, além de incentivar o trabalho em rede, por meio de parcerias que possibilitem uma visão estratégica, são aspectos fundamentais para fomentar o tem no Brasil. A soma de todos esses fatores leva ao empoderamento das mulheres e seus impactos positivos entre todos, um movimento poderoso que precisa de muita energia, união entre empresas e sociedade civil e força para alcançar a tão sonhada equidade.”.

(DENISE HILLS, superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú Unibanco, e MARIA JOSÉ TONELLI, coordenadora do programa Aceleração Itaú Mulher e empreendedora na FGV, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de MARIA DAS GRAÇAS MURICI, professora, doutoranda em gestão de tecnologia, transformações digitais nas organizações da Escola de Ciência da Informação da UFMG, e que merece igualmente integral transcrição:

“Transformações digitais
        As transformações digitais em curso nos países, organizações e cotidiano das pessoas envolvem mudanças decorrentes de tecnologias digitais, biológicas e de materiais. Como um tsunami, provocam impactos sistêmicos, profissionais e pessoais. Inovação, aprendizagem veloz, mentes abertas e colaboração são chaves mestras.
         Civilizações anteriores não conheceram facilidades e desafios do mundo contemporâneo para a comunicação a distância e interconectividade. Em ritmo exponencial e não linear, a revolução digital combina tecnologias com mudanças econômicas, sociais e individuais. Reuniões são realizadas por WhattsApp, Skype, Facetime e outras plataformas, softwares, aplicativos digitais que disponibilizam dados, imagens e voz em tempo real. A comunicação dos acontecimentos ocorre de forma simultânea, com o uso da internet, satélites e sensores integrados.
         A Netflix substitui televisão para muitos. Usuários são gestores de suas escolhas de entretenimento e protagonistas de histórias nas redes sociais. Comunicações de humanos com robôs têm sido frequentes para prestação de serviços. Consultas são marcadas/avaliadas por sistemas; cirurgias realizadas a distância; livros comprados, armazenados e lidos em meio digital. Mudou o conceito de possuir com Airbnb, Uber, Facebook. Automóveis, bicicletas e imóveis são alugados apenas quanto utilizados. Cidades inteligentes, agricultura autônoma, transformações nos modelos de negócios estão em construção. A moeda sem lastro em ouro circula em ambiente virtual e mais de mil criptomoedas são comercializadas em plataformas blockchain confiáveis. Empresa avançam na substituição de atividades operacionais por robôs e softwares. Profissões têm sido criadas, novas oportunidades de trabalho para profissionais qualificados.
         Alguns negam as transformações como se o fato de colocar vendas sobre os olhos fará a realidade desaparecer. Outros, com otimismo cego, não avaliam os desafios éticos envolvidos. Alguns ignoram os fatos. A escolha é do indivíduo social que cria e vive essa realidade e que, historicamente, pode utilizar tecnologias para prosperidade e benefícios da sociedade. Há plasticidade do cérebro para aceitar mudanças cognitivas nas atitudes, ações e intenções.
         Dados qualificados, organizados, integrados, disponibilizados em tempo real atendem a necessidades de usuários e geram informações relevantes para análises, predição e tomada de decisões. Tecnologias como computação em nuvem, inteligência artificial, big data/analytics, internet das coisas, robótica, computação quântica, drones, realidade aumentada, impressão 3D, veículos autônomos, nanotecnologia, nanoengenharia, indústria 4.0, internet 5G e outras transformam a realidade vivida a cada fração de segundo. Estudo da International Data Corporation (IDC) prevê que, em 2021, pelo menos 50% do PIB global será digitalizado.
         Na educação, transformações ocorrem com o ensino a distância. Pesquisas através de palavras-chave, por autores e assuntos, por meio de voz, imagens ou de texto são realizadas com assistentes pessoais, no Google, Wikipédia, YouTube, portais, sites, blogs, documentos e plataformas de publicações científicas. Metodologias educacionais combinam conteúdos com jogos digitais, realidade virtual, aplicativos, softwares, aprendizagem de máquina, realidade aumentada, robótica e plataformas inteligentes. Mas a estratégia de diferenciação consiste no desenvolvimento de competências dos estudantes, evitar conteúdos obsoletos e focar na efetiva aprendizagem experenciada. Mudanças de políticas públicas, propósitos, currículos, metodologias educacionais e espaços favorecem que estudantes aprendam conhecimentos, habilidades, atitudes necessárias para profissões atuais e que ainda não existem. Pontes para enfrentar desafios atuais e futuros devem ser construídas por governos, organizações e cidadãos. As oportunidades são múltiplas e requerem atenção e conhecimento interdisciplinar.
         Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, de outubro de 2018, com o uso de inteligência artificial e robótica serão criados 58 milhões de novas ocupações profissionais nos próximos cinco anos, o que ultrapassa o número de funções que poderão ser extintas. Profissões emergentes relacionam-se com transformações digitais e habilidades humanas que máquinas não realizam.
         O século 21 requer aprendizagem contínua e veloz, mentes abertas para mudanças, ação colaborativa e maturidade moral. Mas, também, desligar-se das telas e olhar o céu e as estrelas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 278,69% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 301,36%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.




sexta-feira, 18 de março de 2016

A CIDADANIA, A LÍNGUA PÁTRIA, O ENSINO DE HISTÓRIA E A EDUCAÇÃO HUMANÍSTICA E EMPREENDEDORA

“Educação: da língua à história
        A educação é um assunto inesgotável em todo o contexto que aborda o desenvolvimento sociocultural de qualquer país. Em busca de soluções para melhorar a qualidade da educação escolar, o Brasil discute alternativas e caminhos que possam mudar as experiências fatídicas até hoje vividas.
Sabe-se que os índices atingidos nos testes e pesquisas realizados sempre se mostram desfavoráveis a serviços educacionais de qualidade. Fato comprovado com os resultados do Programme for International Student Assessment (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avalia os conhecimentos e habilidades dos alunos em leitura, matemática e ciências e que reconheceu o Brasil em 2015 em 60º lugar de 76 países no ranking de educação.
         Assim, percebem-se as falhas consideráveis da educação no Brasil quando os alunos se submetem a testes e ratificam a fragilidade existente na aquisição dos conteúdos, no desenvolvimento de suas habilidades e competências básicas, tais como a compreensão de textos e o raciocínio lógico.
         Enquanto a preocupação na mudança da qualidade do ensino é um fator ostensivo e preponderante para a sociedade, convive-se com a enfatização de mudanças significativas no novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e na abordagem dos conteúdos em história. Em 2008, o Brasil aderiu ao novo acordo ortográfico. Previsto para que entrasse em vigor em janeiro de 2013, o governo foi obrigado a adiar devido às polêmicas e críticas da sociedade, e só agora, em 2016, tornou-se obrigatório.
         A vigência obrigatória do novo acordo divide opiniões de especialistas; enquanto uns acham de extrema importância tal mudança, outros defendem a ideia de que pouca diferença fará na comunicação entre países, visto que as variações ortográficas não comprometem a compreensão e não interferem no sentido do texto.
         Enquanto os linguistas divergem em suas opiniões e a sociedade tenta assimilar as novas regras, outra discussão não menos importante ocorre na reestruturação do currículo de história. Desde setembro de 2015, há um diálogo polemizado sobre a mudança no conteúdo de história ensinado nas escolas. A proposta preliminar causou um grande desconforto para os idealizadores do programa, eles admitiram falhas e propuseram novas discussões. Entendeu-se que a história antiga seria abolida do conteúdo programático. Especialistas de todo Brasil se manifestaram e argumentaram contrários a tais mudanças.
         É evidente a necessidade do estudo da história antiga como compreensão do atual contexto sócio-político-cultural do país e do mundo. Propor um rompimento com uma perspectiva eurocêntrica é suprimir um passado indispensável para a compreensão dos questionamentos atuais. A importância do estudo da história antiga evidencia sua relação com a filosofia, a literatura, a sociologia, o direito e outras disciplinas afins, mostrando pelo diálogo a integração existente e a base fundamental para a construção de sentido.
         Assim como no universo linguístico, numa realidade discursiva, não há enunciação sem enunciado, ou seja, é da enunciação que vêm as orientações para o sentido do enunciado. Em uma realidade histórica, não há compreensão do presente sem o resgate do passado. A noção de temporalidade histórica depende da aquisição do sentido do tempo: passado, presente e futuro. Logo, para que o ensino de história crie condições de elaboração de novos sentidos e significados é inegável que o aluno tome conhecimento das origens. Dessa forma, haverá um comprometimento com a formação de um cidadão autônomo, capaz de construir relações do conhecimento histórico com a atualidade.
         No mesmo viés, é possível perceber a importância do conhecimento da história antiga para entender as formas de governo, a criação das leis e a preocupação com o direito humano. Dessa maneira, não como dissociar o direito contemporâneo dos seus primórdios. Foi em Atenas, símbolo da cultura grega, que se começou a criar a ideia de democracia, conceito estudado exaustivamente na sociedade contemporânea.
         O direito romano, por sua vez, é a base da ciência jurídica da maioria dos povos modernos. Como então não abordar na história a pré-história, a Antiguidade e a Idade Média, se são esses os conhecimentos prévios que o aluno irá adquirir para confrontar com a realidade do seu tempo? Esses são assuntos fundamentais que levam a uma visão sistêmica e complementar dos alunos.
         Se o mais importante é desenvolver práticas pedagógicas que ensinem noções de ética, política e cidadania, como não passar pelo ensino das primeiras cogitações filosóficas com Aristóteles, Sócrates e Platão? É necessário que o aluno saiba e reconheça as influências gregas e romanas no mundo atual e revalide a importância de conhecer o passado para tecer suas críticas em relação ao presente.”.

(ALESSANDRA APARECIDA SOUZA LIMA MARQUES. Advogada, professora, formada em letras, com habilitação em português e francês pela UFMG, pós-graduada em estudos linguísticos pelo UNI-BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de março de 2016, mesmo caderno, página 17, de autoria de MARIA FLÁVIA BASTOS, professora do Centro Universitário Una, e que merece igualmente integral transcrição:

“Humanística e empreendedora
        Desde muito tempo, é comum ver nos noticiários nacionais o cenário inóspito da educação brasileira. Nesses mesmos meios e, ainda, em eventos acadêmicos, veem-se, com constância, debates inerentes à necessidade e à urgência de se promoverem no Brasil mudanças e melhorias no processo ensino-aprendizagem. Essas temáticas tem estado latente, já que vivemos um novo mundo, uma nova realidade que tem, portanto, um novo aluno: conectado às novas tecnologias, atento às novas descobertas e aberto ao novo. Além disso, tem-se apresentada também uma urgência na formação dos gestores que chegam às organizações atuais.
         Entendendo que é preciso que as universidades troquem a formação de um tipo taylorista de empregado – passivo e obediente – para a formação de um gestor ativo e cooperativo, as escolas deverão repensar seus modelos e apostar em formatos mais livres e humanísticos, que coloquem o aluno no centro, extrapolando os espaços das salas de aula e dialogando com a comunidade.
         Também a educação universitária passa por questionamentos sobre o que é ensinar e aprender, como ouvir e responder, o que oferecer e propor, numa tentativa de construir uma nova dimensão da educação: propondo-se a romper as barreiras do conhecimento para ir em busca de um saber reflexivo. Aliado a esse desejo de mudança, temos um novo cenário na política e na economia do Brasil, que causa mudanças comportamentais em vários aspectos, inclusive na educação. Mais jovens e adultos, que antes não tinham acesso ao ensino superior, chegam às salas de aulas. Boa parte desses estudantes já tem ocupações no mercado e busca por melhorias salariais e sociais.
         Numa outra parcela desses estudantes apresenta-se um jovem ansioso, conectado e inquieto, ávido por informações e mudança. Por conta desse novo panorama é preciso repensar a educação. É preciso repensar, inclusive, o mercado, que, a cada dia, tem tido bastante dificuldade para encontrar profissionais adequados às suas necessidades. O que se apresenta, portanto, é um cenário controverso que nos leva a refletir se, a partir do que existe como modelo tradicional de educação, é possível fazer diferente. Os professores estão prontos para uma mudança? E os alunos? E as escolas? E o mercado? Qual é, enfim, o papel da universidade na formação dos novos empreendedores?
         O empreendedorismo é um tema que até bem pouco tempo não alcançava as barreiras acadêmicas, mas hoje percebemos (especialmente dos alunos) a vontade de saber empreender. Para se ter uma ideia dessa realidade, de acordo com uma pesquisa da Endeavor e do Sebrae de 2014, dos quase 5 mil universitários entrevistados, 48,7% já fizeram alguma disciplina relacionada ao empreendedorismo. Assim, um projeto pedagógico voltado para formar empreendedores deve prever que os alunos aprendam a definir os contextos e tomar decisões quanto à própria carreira.
         Infelizmente, ainda vivemos realidades escolares em todos os níveis (fundamental, médio e superior), onde o que prevalece é a aprendizagem cheia de regras, com o professor sendo o detentor de todo o conhecimento e, logo, do poder, e o aluno pressionado a ser (como únicas opções) “empregável” ou “empreendedor de sucesso” numa rotina que obedece à ordem de avaliar, recompensar e punir. E, assim, vamos fortalecendo o ciclo de uma sociedade cada mais presa a valores materiais e tecnológicos, onde referências sobre o que é o relacionamento, ou o ser humano, suas diferenças, sua cultura vão se perdendo cotidianamente.
         Ao mudar salas de aula, teremos uma possibilidade real (ao estimular novas práticas – menos mecanicistas e mais cooperativas) de renovar organizações, resgatando aquilo que elas têm de mais genuíno e de mais interessante: as pessoas, sua amorosidade, sua história, suas diferenças.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  



             

sábado, 16 de agosto de 2014

A CIDADANIA, OS PEQUENOS GIGANTES E O FLAGELO DA DESUMANIZAÇÃO


“Pequenos gigantes
         Ninguém precisa ser empresário para saber da enorme concorrência que existe no mercado. A globalização trouxe para a realidade local o acesso a produtos e serviços de vários países e estimulou um forte processo de fusões empresariais. Competir contra grandes corporações é um desafio, em especial para micro e pequenas empresas. Assim, é uma boa surpresa a revelação de que pequenos negócios ganharam mais espaço na produção de riqueza no Brasil.
         Isso foi o que constatou pesquisa encomendada pelo Sebrae à Fundação Getúlio Vargas (FGV), usando a mesma metodologia do IBGE. Os pequenos negócios – aqueles que faturam até R$ 3,6 milhões por ano – já respondem por mais de um quarto de toda a riqueza produzida no Brasil. Juntas, as cerca de 9 milhões de micro e pequenas empresas representam 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 1985, representavam 21%.
         Essa evolução é importante por várias razões, em especial em uma conjuntura marca por crescimento econômico em menor ritmo. A última década marcou o ingresso de cerca de 40 milhões de pessoas na classe média. As políticas públicas que estimulam a ascensão social têm sido eficientes: em 10 anos, a renda dos 10% mais pobres subiu cinco vezes mais do que a dos 10% mais ricos no país.
         Se a renda aumenta, cresce também a capacidade de consumo, o que é um ótimo estimulador da economia. Os pequenos negócios podem contribuir mais para a economia brasileira. Um crescimento mais significativo do PIB, como um todo, não depende apenas das grandes empresas, em especial em um país como o nosso, onde a quase totalidade dos negócios (99%) corresponde a micro e pequenas empresas.
         Mas isso não acontecerá por inércia e muito menos por sorte. A forma de aumentar a participação de pequenos negócios no PIB brasileiro é com muita capacitação. O primeiro aspecto fundamental é conhecer o mercado. Uma ideia pode ser genial no papel, mas é preciso testar o interesse do público em adquirir o produto ou serviço que a empresa pretende comercializar.
         Depois disso, há outros quesitos importantes da gestão. Alguém consegue imaginar um dono de mercadinho que não tenha noção quanto aos produtos estocados? Uma cantina de colégio que não se prepare em vista das férias escolares? Planejamento é essencial, assim como o controle do fluxo de caixa, a profissionalização da gestão, a adoção de práticas sustentáveis.
         Boas práticas de gestão são decisivas diante de uma concorrência cada vez mais acirrada. Os consumidores sempre surgem com novas demandas, com base não só no que compraram na cidade onde vivem, como também no que experimentaram em viagens a outras cidades e outros países.
         O aumento da renda viabiliza mais viagens, sem falar do imenso acesso à informação que todos têm graças à internet. Novos produtos e serviços são lançados o tempo inteiro e a fartura de opções torna mais complexo o processo de decisão do consumidor.
         Com mais qualificação, as empresas têm maior chance de prosperar no longo prazo. Nossa economia precisa de negócios sustentáveis, que continuem gerando emprego e renda em todas as regiões do país.
         No Brasil, as micro e pequenas empresas tiveram um incentivo recente, com a ampliação do Supersimples para todas as categorias de serviços antes excluídas do regime especial de tributação. Um ambiente legal, com menos burocracia e menos impostos, aliado à capacitação da gestão nos pequenos negócios, tem tudo para fomentar o aumento da participação dos pequenos negócios no PIB brasileiro – e esse cenário interessa a todos.”
(LUIZ BARRETO. Presidente do Sebrae Nacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de agosto de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de agosto de 2014, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Flagelo da desumanização
        A sociedade contemporânea é, contraditoriamente, marcada pelos grandes avanços e flagelos. Guerras fratricidas, fome, catástrofes de todo tipo configuram uma lista que desenha cenários preocupantes de avassaladora desumanização. Essas e outras chagas precisam ser duramente enfrentadas com respostas adequadas e mais velozes sob pena de testemunharmos a derrocada das tradições e narrativas, sustentáculos do respeito aos princípios fundamentais que tornam possível a vida humana no planeta. Para enfrentar o flagelo da desumanização, devem ser priorizadas a paixão pela justiça e o gosto pela verdade.
         O papa Francisco, na sua Exortação apostólica sobre a alegria do Evangelho, faz preciosa advertência que precisa tocar mais fundo os corações. Ele sublinha a gravíssima responsabilidade de todos, quando se consideram situações que estão produzindo, em velocidade assombrosa, um processo de desumanização. Esse percurso nos leva a uma herança de realidades difíceis de serem revertidas. Trata-se de sentença de morte, pois nenhum progresso material é capaz de superar e recuperar  estragos humanitários. São perdas que desfiguram a condição humana, afasta-a de sua identidade e missão próprias.
         A era do poder e da informação que caracteriza este tempo inicial do terceiro milênio está produzindo, lamentavelmente, um caminho na contramão da indispensável humanização, único pilar capaz de sustentar a vida nas sociedades contemporâneas. Basta navegar pelo ambiente digital, o domínio determinante e poderoso das redes sociais, para que se chegue a essa constatação. Uma referência comum é o trabalho jocoso e debochado da dor alheia, do luto desrespeitado. Não menos grave é o anonimato covarde na internet para manipular situações e confundir as pessoas sobre a verdade, condição fundamental para o bem.
         Essa processo crescente de desumanização envenena as relações interpessoais e as interfaces de instâncias da sociedade. Empurra pessoas, grupos, famílias e igrejas para a condição de lobos uns dos outros, com aparência de cordeiros. Vive-se uma realidade em que propaganda enganosa, artimanhas políticas, mentirinhas e outros mecanismos são adotados pela convicção de que os fins justificam os meios. É terrível o nível de hipocrisia e conveniência nas falas, atitudes e apoios , gerando conivências tácitas com o mal, trazendo prejuízos irreparáveis a instituições como a família, igrejas, governos e a terrível neutralização dos mais pobres e dos indefesos. Hipocrisia que partidariza ao extremo as relações e conduz a atitudes de descarte do outro, ignorando o compromisso interpessoal, ensinado pelo evangelho, de ajuda ao próximo.
         O flagelo da desumanização está alimentando, com perversidade, a formação dos guetos e as consequentes segregações que incapacitam para o diálogo, via única para a urgente construção de relações qualificadas na sociedade contemporânea. As contradições são muitas e tecem o emaranhado inexplicável que obscurece os corações no sentido de amar. O que se faz por conveniência, sem escrúpulos. Manipulam-se escolhas, juízos equivocados encontram justificativas, sempre.
         A sociedade desumanizada opera no submundo dos interesses mesquinhos, do uso das instituições como lugares de satisfação de interesses particulares. Tudo funciona num “faz de conta” que corrói o sentido e a alegria de viver com liberdade e com autenticidade. Conta sempre o patológico desejo de ser reconhecido como quem tem o poder. Assim, a hipocrisia e a arrogância comprometem a humanização da sociedade. Elas passam a nortear decisões determinantes à sobrevivência dos mais pobres, especialmente na área econômica. O crescimento e o equilíbrio da economia mundial e nacional não podem ser perseguidos apenas com os mecanismos matemáticos, nem só pelas esperadas escolhas daqueles que governam e constroem, de modo decisivo, a sociedade plural. Parafraseando o economês, humanismo é um capital determinante para a sustentabilidade da sociedade mundial.
         A crise de sentido e de valores se sobressai entre aquelas que ameaçam a humanização. Ela fere um legado básico que, comprometido, produz os cenários aviltantes presenciados pelo mundo. São guerras estarrecedoras, apoiadas por conivências e interesses espúrios, que atentam contra a nobreza da humanidade. Uma realidade que condena os pobres ao isolamento, consequência da incompetência de governos e da insensibilidade daqueles que têm poder para dialogar, encontrar soluções sem o uso da força policial e sem o comodismo de contentar-se com a segregação.
         Transformar essa realidade, contudo, exige mais do que esperar ser convocado para o diálogo. É preciso agir e, no atual contexto, o pleito eleitoral é oportunidade singular. Outras coisas são urgentes, mas urgentíssimo é enfrentarmos, juntos, a tarefa de transformar as causas do devastador flagelo da desumanização.”

Eis, portanto, mais páginas que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantes desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...