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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A CIDADANIA E A LUTA POR UMA CULTURA ÉTICA

“[...] O AMBIENTE DE NEGÓCIOS NO BRASIL

Ao nível institucional, estudiosos observam que sociedades que apresentam em sua cultura normas e valores compartilhados fomentam a cooperação espontânea entre seus membros que, historicamente, formaram a base fundamental para o surgimento das grandes corporações privadas, agremiações e associações diversas. A capacidade de associação espontânea institucionalizada, baseada nas relações de confiança percebidas pelos membros de uma sociedade, faz as pessoas reduzirem as incertezas do presente e confiarem uma nas outras, apostando em interações que produzam benefícios futuros. Com efeito, instituições sociais mais estáveis reduzem as incertezas futuras e asseguram benefícios mútuos, reforçando uma atmosfera de confiança para as interações ocorrerem dentro de uma sociedade de larga escala. Igualmente, a atmosfera de confiança assegura investimentos de longo prazo e a construção e manutenção do bem coletivo que, por sua vez, constituem-se aspectos relevantes para a sustentabilidade das sociedades. Assim, uma cultura, baseada em normas, valores e princípios de justiça compartilhados, produz riqueza a partir das repetidas interações baseadas em relações de confiança.

Essa é uma constatação dos estudos realizados pelo Banco Mundial. Em publicação recente (2005), essa organização ressalta a relevância da confiança institucionalizada para a formação do clima de investimentos de um país. O clima de investimentos beneficia-se de um consenso social em favor de criar uma sociedade mais produtiva, na medida em que são consistentes as normas, os valores e as crenças sociais. Segundo esse estudo, o contexto social mais amplo em que empresas e governos estão inseridos pode influenciar severamente o clima de investimentos de um país de duas formas: a confiança entre os participantes do mercado e a confiança que os cidadãos depositam nas empresas e nos mercados. Redes de confiança podem conferir credibilidade às informações de mercado e influenciar suas políticas. Por outro lado, aspectos negativos, como a fragmentação dos valores de uma sociedade e desigualdades sociais, podem fomentar conflitos e incongruências, que acabam minando o clima de investimentos do país e, consequuentemente, elevando seus custos de transação.

Um desses estudos conclui que confiança está entre um dos principais indicativos da riqueza de um país. Nações com menores níveis de confiança tendem à pobreza porque os habitantes se dedicam a um número muito pequeno de investimentos de longo prazo, que criam empregam e aumentam salários. Segundo esse mesmo estudo, o Brasil é um dos países com menor índice de confiança. Relacionando níveis de confiança com a capacidade de criar um ambiente que estimule a inovação, outra pesquisa conduzida em vários países, pela escola de negócios Insead da França, buscou analisar outros aspectos, como instituições, políticas e capacidade humana, e conclui que o Brasil está entre os países com menor capacidade de estimular institucionalmente a inovação.

Por trás desses estudos as lentes pelas quais os indivíduos de uma sociedade enxergam o mundo ao redor, como um jogo de soma zero, que estabelece uma relação ganha-perde ou como um jogo de soma não zero, que estabelece uma relação ganha-ganha. Para que se estabeleça um jogo de soma não zero, em que todos possam partilhar benefícios mútuos e construir o bem coletivo, é necessária a promoção de uma mudança de consciência e, posteriormente, gerar normas sociais atreladas à realidade que assegurem novas condições de interação. Os valores que constroem o sentido de coletividade, o bem comum, despertam igualmente a capacidade de uma sociedade de construir o bem público e estabelecer ações sustentáveis que possam garantir a saúde dos negócios e das organizações. Em sociedades de baixa confiança, como no Brasil, regras ambíguas e o excesso da burocracia convivem com a falta de segurança, o descaso com o bem público, a prática da corrupção institucionalizada e ação abusiva de organizações ilegais, aumentando sobremaneira os custo de transação e tornando tais sociedades extremamente ineficientes.

A estratégia racional dos indivíduos que aprendem a viver em sociedades de baixa confiança, sob maior confiança e imprevisibilidade, é buscar agir no curto prazo. Uma vez que o futuro é imprevisível, o comportamento individual passa a privilegiar os ganhos imediatos porque é baixa a certeza da continuidade das relações que geram benefícios mútuos no futuro. Busca-se ganhar no curto prazo porque a continuidade das transações no longo prazo não está garantida institucionalmente.”
(MARCO TULIO ZANINI, em artigo publicado em Liderança baseada em valores: caminhos para a ação em cenários complexos e imprevisíveis / Carmen Migueles & Marco Tulio Zanini (organizadores); Angela Fleury... [et al.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, páginas 73 a 75).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de dezembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de BO MATHIASEN, Representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UnoDC) para o Brasil e Cone Sul, mestre em ciência política e economia pela Universidade de Copenhague, que merece INTEGRAL transcrição:

“Por uma cultura ética

As cenas que vemos na televisão mostrando empresários, políticos e funcionários públicos envolvidos em casos de corrupção provocam sentimentos de indignação. De fato, esses episódios minam a confiança da população na Justiça e nas instituições do país. A corrupção é um fenômeno inerente a qualquer sociedade moderna e até hoje não se conhece país que esteja totalmente livre dela. Em maior ou menor grau, trata-se da apropriação criminosa de recursos públicos, que deveriam ser usados na melhoria das condições de vida das pessoas.

O Banco Mundial estima que, nos países onde os índices de corrupção são mais elevados, entre 25% e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) é desperdiçado. Já em países em que a corrupção encontra-se sob controle, esses índices não ultrapassam 3%. Aí reside a grande diferença. Como em relação a qualquer outro tipo de crime, alguns países têm sido mais eficazes no controle da corrupção do que outros. Medir a corrupção é uma tarefa complexa. Os dados mais divulgados são rankings que indicam a percepão que os cidadãos têm da corrupção. Este é o caso da organização não governamental Transparência Internacional, que posiciona o Brasil em 69º lugar entre 178 países. Esses rankings, no entanto, são influenciados por eventos críticos em um determinado momento da história de um país. Talvez a grande diferença entre o passado e o presente é que hoje sabemos muito mais sobre os bastidores da vida política, fato que impulsiona a sociedade civil a cobrar mais dos governos.

De qualquer modo, quando a corrupção prevalece numa sociedade, estabelece-se uma situação crítica na qual os países e seus governos não conseguem alcançar o desenvolvimento e enfrentam problemas para oferecer serviços básicos como saúde, educação, infraestrutura, entre outros desafios para a construção de uma sociedade igualitária, transparente e democrática. Em todo o mundo, é preciso combinar ações de prevenção e de repressão à corrupção. Os corruptos, independentemente da área em que atuem, não podem sentir que há um ambiente favorável à impunidade e, por outro lado, deve-se desenvolver nas pessoas uma cultura ética de intolerância à corrupção. É preciso acabar com a impunidade, tratando o corrupto como um criminoso comum, que se apropriou de bens públicos. Exigir e adotar uma postura ética, no entanto, não deve se restringir ao âmbito político ou empresarial. É preciso que toda pessoa assuma essa postura no dia a dia e procure agir de maneira ética nas situações que pareçam menos relevantes.

O movimento popular pela Lei da Ficha Limpa é um exemplo do papel decisivo que o exercício da cidadania tem condições de ter o controle dos poderes e participar do combate à corrupção. Com quase 2 milhões de assinaturas, o movimento conseguiu encaminhar e apressar a votação do projeto de lei que impediu que candidatos que já haviam sido condenados em segunda instância concorressem a cargos a cargos no Legislativo. É nesse sentido que o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UnoDC) lançou a campanha global contra a corrupção. Se todos percebermos de dizer “não” a pequenos atos de corrupção, seremos capazes de mudar a sociedade. O Dia Internacional contra a Corrupção, celebrado anualmente em 9 de dezembro – portanto, hoje –, é uma oportunidade para refletir sobre sobre o assunto e reafirmar o compromisso de acabar com a cultura da corrupção e criar uma cultura de ética e integridade em todos os setores da sociedade.”

Eis, portanto, mais GRAVES e PERTINENTES reflexões que nos MOTIVAM e FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A CIDADANIA EXIGE UM ESTADO EFICAZ E ÉTICO

“Brasil é o 69º em corrupção

Berlim – O Brasil ocupa a 69º posição no ranking sobre a percepção da corrupção mundial, divulgado ontem em Berlim pela ONG Transparência Internacional, que destacou que o problema afeta a luta contra a instabilidade financeira. No ano passado, o país apareceu na posição 75 da classificação criada pela organização.

O Brasil recebeu nota 3,7 neste ano. O índice mostra a percepção do grau de corrupção por empresários e analistas e vai de zero, considerado o máximo da corrupção, a 10, teto da transparência. Dinamarca, Nova Zelândia e Cingapura dividem a primeira posição, seguidos por Finlândia e Suécia, enquanto Iraque, Afeganistão, Mianmar e Somália ocupam as últimas posições.

A maior potência do mundo, os Estados Unidos, caiu da 19ª para a 22ª posição. Na América Latina, o Chile é o melhor país, no 21º lugar, seguido por Uruguai (24), Porto Rico (33) e Costa Rica (41). A Venezuela aparece entre os mais corruptos, na posição de número 164 entre os 178 países incluídos no estudo.

“No momento em que os governos destinam importantes quantias de dinheiro para lutar contra os problemas mundiais mais urgentes, como a instabilidade dos mercados financeiros, a mudança climática e a pobreza, a corrupção continua sendo um obstáculo”, afirma a ONG. “Os governos têm que integrar as medidas contra a corrupção, em todos os âmbitos, seja para enfrentar a crise financeira ou a mudança climática, seja para erradicar a pobreza”, diz o relatório.

“A Transparência Internacional recomenda que se aplique estritamente a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que é a única iniciativa mundial que pode servir de base para acabar com o problema”, acrescenta o relatório da ONG. “Não se pode aceitar a corrupção. Muitas pessoas pobres e vulneráveis continuam sofrendo com suas consequências em todo o mundo”, declarou o presidente da ONG, Huguette Labelle. Desde 1995, a Transparência Internacional publica, anualmente, o índice de percepção da corrupção.”
(Artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de outubro de 2010, Caderno POLÍTICA, página 8).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DAN M. KRAFT, Advogado, mestre em direito comercial (UFMG) e internacional (Londres), que merece INTEGRAL transcrição:

Estado eficaz e ético

As eleições para os governos estaduais indicaram a demanda e o interesse do cidadão pela eficiência e probidade na gestão pública. A democracia brasileira, tendo conquistado sua maturidade, demonstra que o cidadão vai usar o seu voto para ordenar um Estado eficaz e ético. O caminho a trilhar é longo, pois o conceito vigente ainda é de que o que é público é ineficiente. Há, entretanto, muita esperança adiante. Pode-se ver, em vista das últimas eleições, que a percepção de que o Estado é um mal necessário e que a política é algo mesquinho está mudando. A carência em áreas estratégicas, como segurança, educação e saúde, parece estar mobilizando cidadãos de que a prosperidade econômica não é suficiente. De nada adianta a pessoa ser capaz de comprar uma moto, um carro ou uma casa, mas estar obrigada a gastar fortunas para garantir que seus não serão furtados, ou não ter saúde para aproveitá-los. Gozar a prosperidade causada pela estabilidade econômica significa contar com o Estado para garantir também a estabilidade social. Essa ação é puramente coletiva e o individualismo encontra aí seu limite.

A retirada do Estado da atividade econômica se iniciou lá nos idos de 1990 e parece que ainda há gente criticando isso. Não se tratou de um programa de uma pessoa e, sim, foi fruto do esgotamento da capacidade de financiamento do Estado, exacerbado pelas falhas crônicas da gestão pública do passado recente. A novidade da responsabilidade fiscal permitiu que o setor público voltasse atenções às atividades de base, outorgando à iniciativa privada sua parcela no desenvolvimento da economia. O Estado empresário precisa ser sepultado da realidade brasileira de uma vez por todas. Como previsto na Constituição Federal, o Estado deve promover condições para todos trabalharem, facilitando a vida dos cidadãos e dos empreendedores, orientando a economia para o bom caminho e bem-estar social.

Em um mundo em recessão, em que as economias outrora centrais agonizam para criar emprego para seus cidadãos, é chegada a hora de o Brasil explorar todo o seu potencial de desenvolvimento. Impulsionar a livre iniciativa, ensinar a pescar, em vez de dar o peixe, e acabar com o complexo terceiro-mundista. Tudo isso parece estar na agenda de muitos brasileiros.

A sucessão presidencial tem como objetivo não subordinar os cidadãos ao perfil dos candidatos, mas exatamente o contrário. A ordem é subordinar os candidatos à vontade dos cidadãos que desejam se desenvolver, prosperar, extirpando o retrovisor de suas vidas, para olhar para um futuro sustentável, ético e ambientalmente responsável. Um Estado eficaz parece ser a ordem atual. Resta saber se aquele que receberá o mandato maior terá inteligência e habilidade suficiente para construir, renunciando à opção de destruir e desagregar. Nosso país tem um futuro brilhante, se o desperdício de energia for atacado. Que o voto seja profícuo.”

São, pois, mais páginas ricas em PONDERAÇÕES e ASSERTIVAS que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, EFICAZ, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA E AS RELAÇÕES DE TRABALHO

“Capítulo 2 – LIDERANÇA E ESPIRITUALIDADE

[...] Em contextos abertos para a excelência, o vínculo entre as pessoas se forma porque a ética permite que divergências ocorram de forma salutar, sem destruir o respeito e preservando espaço para o gozo estético: a satisfação e a felicidade profundas que experimentamos quando podemos produzir o belo, sendo este uma forma melhor de trabalhar, de proceder, uma solução brilhante, a solução de problemas recorrentes, dentre outros, participando de algo melhor. Os estudos de antropologia e neurologia apontam cada vez mais para a conclusão de que o ser humano nasce com propensão natural para a ética e para a moral, assim como nasce com propensão para a linguagem. A estética, que se confunde com ética de inúmeras formas, refere-se a essa capacidade humana para criar e para ter preferência pelo belo. Bom e belo confundem-se na cultura e no universo da emoção. A negação da possibilidade de produzir e usufruir do belo é uma forma de violência. Não há ética onde não há possibilidade de vivência estética.

Como a estética está diretamente relacionada à motivação e ao entusiasmo, não há motivação verdadeira onde essa dimensão humana é reprimida. [...]”
(CARMEN MIGUELES, in Liderança baseada em valores: caminhos para a ação em cenários complexos e imprevisíveis / Carmen Migueles & Marco Tulio Zanini (organizadores); Angela Fleury... [et al.]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, páginas 58 e 59).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADA NIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de agosto de 2010, Caderno MEGACLASSIFICADOS/TRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, página 2, de autoria de JÚLIO CÉSAR VASCONCELOS, Consultor organizacional, personal & professional coaching, que merece INTEGRL transcrição:

‘Ética e relações de trabalho

Urge como nunca falar e discutir sobre ética no Brasil nos tempos atuais neste nosso mundo globalizado. Segundo o Relatório 2009 da ONG Transparência Internacional, o Brasil ficou classificado (pasmem!) como o septuagésimo quinto país mais corrupto do mundo entre outros 180 países, com 3,7 pontos, numa escala de zero a 10. O problema é sério e precisa ser tratado de forma radical.

Se voltarmos na linha do tempo, desde os idos de 1500, vemos Pero Vaz Caminha, em sua famosa carta ao rei de Portugal, pedindo à Sua Alteza a “gentileza” de conseguir uma “boquinha” para seu genro Osório, que se encontrava degredado na África por ter roubado uma igreja e batido no padre:
“Vossa Alteza, que há de ser de mim muito bem servida, a ela peço que, por me fazer graça especial, mande vir da ilha de São Thomé a Jorge de Osório, meu genro, o que de lá receberei em muita mercê...”

Mais à frente, em 1808, encontramos D. João VI fugindo da invasão de Napoleão a Portugal e vindo para o Rio de Janeiro, na época com 60 mil habitantes, com toda a família imperial, além de uma enorme trupe de mais de 10 mil pessoas, entre serviçais, puxa-sacos e apadrinhados. Criou-se então a cerimônia do beija-mão, ritual por meio do qual os súditos do rei iam prestar-lhe homenagem, demonstrar submissão e, de quebra, pedir-lhe algum favorzinho para si e para seus familiares.

O problema é que a coisa se alastrou como praga, chegando aos dias atuais, atingindo todos os níveis, independentemente das classes políticas ou sociais.

Como professor da disciplina ética e relações no trabalho em cursos de pós-graduação, tenho tido oportunidades as mais variadas de ver o enorme estrago que a falta de ética produz na sociedade. Normalmente, peço aos alunos que descrevam e analisem casos em que eles observam o envolvimento de questões no trabalho, na comunidade, na sociedade e em seguida realizamos um seminário para compartilhamento das experiências relatadas.

A participação de todos é estimulante, acalorada, mas ao mesmo tempo dramática. Nos relatos, dilemas de meios e destinatários afloram em tomadas de decisões bastante questionáveis. A lógica maquiavélica dos fins justificando os meios, várias vezes, prevalece na prática. Algumas pérolas despontam para embasar justificativas lamentáveis:

“Se todos roubam, só eu não vou roubar?”
“Se o governo cobra impostos abusivos, nós temos mesmo é que sonegar.”
“É só um pequeno aumento no recibo do táxi para ajudar no salário.”

Os contraexemplos são os mais variados. Nesse rol aparecem relatos de alunos que assinam a lista de presença para colegas que faltaram às aulas, alunos que deixam colegas assinarem trabalhos nos quais não tiveram participação, tudo em nome do companheirismo e da amizade. Aparecem cidadãos que compra CDs piratas, profissionais vendendo recibos falsos para abater no Imposto de Renda, motoristas infratores pagando o policial corrupto livrá-los da multa, empregados levando pequenos objetos da empresa para casa, secretárias de paróquias pegando dinheiro da sacolinha do padre e uma lista interminável.

Em níveis mais avançados, surgem imagens retratando quantidades enormes de dinheiro publico, escondidos em meias, cuecas e malas, verbas desviadas com concubinas e viagens para inauguração de obras eleitoreiras, políticos vendo suas contas bancárias inflarem com dinheiro de verbas indenizatórias, benesses e propinas deslavadas.

Até a religião, que deveria ser um marco da moralidade, aparece nos relatos, traindo seus fiéis com enormes quantias de dinheiro fugindo do país em malas abarrotadas e crianças sendo sexualmente molestadas.

Depois do seminário, normalmente surge uma sensação de desconforto, interrogação e uma necessidade imperativa de mudar. Surge então no ar uma pergunta que não quer calar: como podemos cobrar lisura dos nossos representantes, se grande parte dos cidadãos não tem coerência necessária entre seus julgamentos, cobranças e atos? As eleições estão aí, como e quem nós vamos eleger para nos representar?

A conclusão surge de maneira traumática: é necessário rever urgentemente nossos princípios, valores, atitudes e hábitos. Se quisermos de fato mudar nosso país, temos que começar pela base, e esta base está dentro de nós e somente nós podemos mudá-la. Precisamos que a ética moral, respaldada em princípios e valores sólidos, prevaleça sobre a imoralidade. Em meio a tanto impropério e falta de integridade, vale a pena repetir os belíssimos versos da poetiza Eliza Lucinda, Só de sacanagem:

“A luz é simples, regada aos conselhos simples de meu pai, minha mãe, minha vó e os justos que o precederam: não roubarás, devolva o lápis do coleguinha, este apontador não é seu meu filho... Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear, mais honesto ainda eu vou ficar, só de sacanagem, mais honesto ainda eu vou ficar, só de sacanagem... Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser vai dar para mudar o final!...”’

Está, pois colocado, de forma CONCISA, COMPETENTE, QUALIFICADA, um cenário que, longe de ARREFECER o nosso ânimo, muito mais, nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita então a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, que estejam IGUALMENTE comprometidos com VIGOROSAS ações na EDUCAÇÃO, na SAÚDE, no SANEAMENTO AMBIENTAL (vale dizer: água TRATADA, esgoto TRATADO, lixo TRATADO e drenagem pluvial), HABITAÇÃO, TRABALHO-RENDA-EMPREGO, MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE URBANA, RODOVIAS, FERROVIAS, HIDROVIAS, PORTOS, AEROPORTOS, ARMAZENAGEM, ENERGIA, SEGURANÇA PÚBLICA, CIÊNCIA e TECNOLOGIA, PESQUISA e DESENVOLVIMENTO, TELECOMUNICAÇÕES, CONECTIVIDADE, QUALIDADE-PRODUTIVIDADE-COMPETITIVIDADE, AGREGAÇÃO DE VALOR... e sempre segundo as exigências da MODERNIDADE, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSA...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A CIDADANIA E O CERCO À CORRUPÇÃO

“No meio do barulho e da agitação, caminhe tranqüilo, pensando na paz que você pode encontrar no silêncio.
Procure viver em harmonia com as pessoas que estão ao seu redor, sem abrir mão de sua dignidade.
Fale a sua verdade, clara e mansamente, Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
Evite pessoas agitadas e agressivas, elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar. Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja: ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas. Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Há muita gente lutando por nobres causas.
Em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com os perigos imaginários: muitos temores tem sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina, conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui.
E mesmo se você não pode perceber, a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der.
No meio de seus trabalhos, e aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade.”
(Texto encontrado em Baltimore, na antiga Igreja Saint Paul, em 1962).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de Editorial do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de agosto de 2006, Caderno OPINIÃO, página 18, que merece INTEGRAL transcrição:

"Cerco à corrupção

Qualquer cidadão, quando pleiteia um emprego na iniciativa privada ou presta concurso público para seguir alguma carreira, passa por um crivo rigoroso de testes e conhecimento, e tem, depois de assumir o serviço, de justificar o que ganha e o que faz. Por que então detentores de cargos eletivos não têm a mesma obrigação, como empregados do povo que são? Por que não precisam apresentar resultados e metas a atingir? Sem uma reforma política severa, deputados (estaduais e federais) e senadores vão continuar isentos de prestar contas ao eleitor, mas, em contrapartida, mensalmente, recebem religiosamente os seus salários. Para agravar a situação, muitos enveredam-se pelas trilhas da corrupção, como se vê hoje no país.

O quadro é tão grave que o Banco Mundial (Bird), que há anos vem estudando o fenômeno, identificando suas causas e avaliando suas conseqüências, divulgou um documento em que anuncia restrição de créditos para governos envolvidos com casos de corrupção. O estudo será submetido aos 184 países que fazem parte da instituição na reunião de setembro em Cingapura, na Ásia. O Bird chegou à conclusão de que serão sempre insuficientes os esforços multilaterais para a ajuda aos países enquanto os recursos correrem o risco de ser consumidos nos meandros de estruturas corruptas e corruptoras.

A influência do Banco Mundial pode pesar na pressão para se instaurar processos de investigação e de punição adequados aos crimes cometidos. Há anos, a ONG de origem alemã Transparência Internacional se preocupa com a questão, monitorando a corrupção em diversos países e editando um índice de percepção da prática. O Bird, na condição de instrumento multilateral, tem todas as ferramentas para ajudar os países a extirparem os aproveitadores que, ao pilharem os contribuintes e ao fragilizar a confiança nas instituições, são agentes permanentes do atraso. Pode impor condicionamento dos créditos ao grau de risco de corrupção apresentado pelos pretendentes e ainda um vasto projeto de presença nos países, para garantir a governabilidade e a efetiva luta contra a corrupção.

Os recentes escândalos brasileiros podem levar erroneamente à conclusão de que a corrupção é fenômeno predominantemente nacional ou restrito ao poder público. Trata-se de uma doença global, que se expande quase sempre impune, especialmente nos países de instituições mais frágeis e onde a democracia, a liberdade de imprensa, a ética pública e a responsabilidade política não estão consolidadas. A iniciativa do Bird merece adesão irrestrita do Brasil e de outras nações contaminadas pela prática. O objetivo é instaurar nos governos e na sociedade civil a prevalência dos valores universais e implantar processos de governabilidade eficientes e de uso adequado dos recursos públicos. Têm toda razão os eleitores que expressam desejo de ver seus eleitos prestando contas do trabalho confiado a eles e cumprindo metas preestabelecidas e anunciadas durante as campanhas eleitorais, sem o que o é estelionato à confiança de quem os elegeu.”

Entre outros enfoques igualmente IMPORTANTES, merece DESTAQUE: “... Os recentes escândalos brasileiros...”, em se tratando de matéria publicada há quase TRÊS ANOS e MEIO... Urge, pois, uma grande CRUZADA NACIONAL para a CONGREGAÇÃO de TODAS as FORÇAS VIVAS da nossa SOCIEDADE para a implantação DEFINITIVA da CULTURA da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do AMOR à PÁTRIA, do RESPEITO MÚTUO e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas RELAÇÕES e, dessa maneira, construirmos um PAÍS verdadeiramente JUSTO, LIVRE, DESENVOLVIDO e SOLIDÁRIO, que possa então PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS...

O BRASIL TEM JEITO!... É o nosso SONHO, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA...