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segunda-feira, 22 de junho de 2009

UM CENÁRIO MELANCÓLICO DA REPÚBLICA

Há um pouco mais de quinze anos, em Editorial do Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno Opinião, página 6, de 9 de novembro de 1993, encontramos mais uma contundente análise do cenário lastimável da República, ontem como hoje, e ENXOVALHADO pela ação nociva de parcela significativa de nossas lideranças.

Como contribuição pedagógica ao nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, consideramos OPORTUNÍSSIMA a transcrição, sem corte, do mencionado editorial:

“Conceito de cidadania

A perplexidade que as sucessivas descobertas de esquema de corrupção vão causando, sobretudo quando envolvem nomes antes insuspeitos, faz despertar o conceito de cidadania. Somente a construção ampla do conceito de cidadania no Brasil poderá opor-se de maneira eficaz ao alcance da ação deletéria da moralidade que a corrupção provocou no Brasil. De repente, e não só mais envolvendo a questão dos orçamentos públicos, constata-se que a corrupção estendeu tentáculos longos e armou quadrilhas poderosas, dominando procedimentos e decisões, em dimensão tamanha que não serão as eleições gerais que se realizam ano que vem suficientes para remover da vida pública, no Legislativo ou no Executivo, os que já se encontram viciados na prática de todos estes atos ilegais ou imorais que a CPI vem revelando.

Pede-se algo mais. Basta ver o que falam as faixas da passeata pela moralidade no Rio. Ou o que estão revelando os pronunciamentos e manifestos que acontecem por todo o Brasil, em todos os setores e instituições, refletindo a indignação contra este estado de coisas. Será difícil à CPI, por mais isenta e firmemente conduzida que o seja, conseguir apurar toda a verdade. A cada dia aparecem indícios de novos envolvimentos. Conclui-se que a máquina corruptiva é complexa e longa, envolvendo condutas já enraizadas, diversos tipos de favorecimentos, despistados e até legalizados, sendo difícil, em muitos casos, o enquadramento dos envolvidos em qualquer artigo do Código Penal. A condenação, portanto, situa-se no campo moral e é nesse patamar que precisa ser enfrentada a crônica e enraizada corrupção brasileira.

É hora do desenvolvimento do conceito de cidadania no Brasil, no que significa de mais atual, moderno, civilizatório. O cidadão é o homem consciente do seu tempo, dos seus direitos e deveres como ser socializado, co-responsável pelo tipo de sociedade de que participa e ajudou a construir. É nesse compromisso político e social que se insere sua ética de conduta. E é nessa linha conceitual que o ato de roubar o dinheiro público é tão condenável quanto a ausência de participação política, dever essencial do cidadão. A construção de um Brasil como nação democrática passa por esse ethos, ampliado e atualizado pelo moderno conceito de cidadania, onde não há lugar para traços como o jeitinho, o levar vantagem de qualquer maneira, o político corrupto, populista ou desinteressado dos problemas nacionais, o tráfico de influência, o deixar para depois, a propina, etc.

Igualam-se, como escândalos sociais, as matanças do Carandiru e da Candelária e o impeachment de Collor e, agora, os roubos do Orçamento. Ou as obras com preços superfaturados já garantindo a propina. A miséria de 32 milhões de brasileiros é também fenômeno correlato. Na verdade, as ordens política e econômica inscrevem-se em um quadro cultural. O impasse brasileiro, a ingovernabilidade, o imobilismo, a incapacidade de gerar soluções, de remover os graves e perversos desequilíbrios de toda ordem, são vertentes de um mesmo estuário. A revolução moral só se completa dentro da evolução cultural, estribada no conceito de cidadania, ainda bastante incipiente no Brasil onde a exclusão não permite taxas mínimas de educação popular. A encruzilhada histórica em que o País se encontra pode ser o ponto de inflexão de que precisa. Ou se condena a resistir à própria História”.

Este é, pois, um EDITORIAL para ser lido e relido com a data de HOJE. Então na encruzilhada histórica proposta pela matéria, o ponto de INFLEXÃO, lamentavelmente, ainda não foi encontrado. Estamos morro abaixo, com a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO de RECURSOS PÚBLICOS causando PREJUÍZOS INCALCULÁVEIS à gerações e gerações de BRASILEIROS e de BRASILEIRAS, aumentando a cada dia o fosso entre RICOS e POBRES e a EXCLUSÃO mais ABOMINÁVEL: a da ÉTICA pelos POLÍTICOS, que provoca uma EROSÃO MORAL em TODA a SOCIEDADE.

E aí, sim, como o reforça o EDITORIAL: só mesmo uma CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A CIDADANIA E O COTIDIANO

Como é bom saber que existem milhões e milhões de páginas escritas com o objetivo de levar a TODOS a força da PALAVRA. “No princípio era o VERBO, o VERBO se fez CARNE e habitou entre nós...”, eis a expressão-síntese da sabedoria divina, um hino à LIBERDADE, através do CONHECIMENTO.

Certamente, assim inspirado, buscamos em FERNANDO PESSOA, fonte também muita rica de contribuição para um mundo melhor:

“Para ser grande
Sê inteiro, nada teu exagera ou acresce.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és, no mínimo que fazes.
Assim, em cada lago,
A lua toda brilha,
Porque alta vive.”

Sabemos da complexidade que envolve a questão da CIDADANIA e, assim, é bom que estejamos preparados para o exercício de uma das mais belas virtudes do ser humano: a PACIÊNCIA. Entre outros dos seus grandes frutos está o aprendizado obtido no nosso cotidiano, no nosso dia-a-dia.

A vida nas cidades nos coloca no processo de fortalecimento e enriquecimento de nossa INDIVIDUALIDADE exatamente em meio à fascinante DIVERSIDADE existente em nossa sociedade. Uma extremamente interessante é a configuração das CIDADES. O seu traçado, os seus becos, as ruas, avenidas, praças, parques e jardins, a sua topografia, os acidentes geográficos, a sua arquitetura, a sua infraestrutura, a mobilidade urbana, a dinâmica local das estruturas sociais, profissionais, educacionais, culturais, os mais variados motivos que impulsionam a nossa existência.

O Brasil conta com 5.564 cidades, onde se distribuem seus 190 milhões de habitantes, numa das mais perversas desigualdades sociais do mundo, ainda com grandes manchas de doenças, miséria e analfabetismo, o que torna o esforço de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE particularmente especial e empolgante, buscando eliminar toda forma de discriminação, de intolerância ou de preconceito, realizando, afinal, a FRATERNIDADE UNIVERSAL.

A transformação, pois, das nossas cidades em um ambiente plenamente humano, agradável, acolhedor, depende da perfeita compreensão das múltiplas NECESSIDADES HUMANAS e de que o OUTRO deve ser sempre mais importante na busca de nossa plena realização.

Nesse caso, a PACIÊNCIA vai nos ajudar a entender que não devemos esperar que apenas coisas extraordinárias dêem sentido à nossa vida e sejam a razão da nossa ALEGRIA, do nosso ENTUSIASMO, da nossa GENEROSIDADE, mas tornar EXTRAORDINÁRIA cada situação do nosso COTIDIANO, quer em família, quer no trabalho, na escola, na igreja, no lazer, nos espaços públicos de um modo geral; na questão do trânsito e dos transportes, por exemplo, como condutores e usuários. Quantos DISSABORES seriam evitados a partir de posturas mais URBANAS, mais CORDIAIS, mais ALEGRES, não é mesmo?
A CIDADANIA, então, ganha uma dimensão ESPECIALÍSSIMA quando nos tornamos INTEIROS, PLENOS, em cada ação do nosso dia-a-dia, tornando MELHORES e MAIS FELIZES os que desfrutam do nosso VIVER e da nossa CONVIVÊNCIA, pois as águas que recebem o nosso barco de papel jamais retornam para que repitamos a operação. Sejamos, pois, HERÓIS do COTIDIANO, e estaremos PACIENTEMENTE construindo uma sociedade JUSTA, LIVRE e SOLIDÁRIA.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O CIDADÃO E A SUA CIDADE

“Homem algum é uma ilha”, é um livro de THOMAS MERTON, que merece a nossa homenagem, eis que abre espetacular janela para o nosso contínuo aprendizado acerca daquele que é a essência de nosso mundo social.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88 estabelece em seu Capítulo II – DA POLÍTICA URBANA, nos artigos abaixo, o delineamento legal do “locus” de realização da CIDADANIA:

182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
..............................................................................................................................

183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
..............................................................................................................................

Pois bem, neste fascinante mundo globalizado, onde a velocidade das realizações se faz em escalas exponenciais, nossos legisladores levaram mais de uma década para trazer a lume o ESTATUTO DA CIDADE, por meio da Lei N. 10.257/2001, que vem a ser a regulamentação ditada no artigo 182 mencionado.

Novamente, passada quase uma década a quantas anda a execução do referido instrumento de ordenamento de nossas cidades?

É este o nosso sonho, a nossa esperança, o nosso entusiasmo nessa verdadeira cruzada nacional pela MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, que busca essencialmente promover o desenvolvimento da noção de CIDADANIA e sua relação com a QUALIDADE, e, ao mesmo tempo, desenvolver a consciência da responsabilidade civil de cada um para a promoção do bem comum e da qualidade de vida.

Será exatamente essa consciênca, que queremos lúcida, crítica, qualificada, que promoverá a escolha dos mais preparados e vocacionados para as funções de liderança e permitirá a plena realização pessoal e social.

Sabemos e isso temos compartilhado com todos aqueles que estão irmanados nos mesmos ideais de construção de uma sociedade JUSTA, LIVRE e SOLIDÁRIA, que somente nos fundamentos da ÉTICA e dos princípios e valores tornamos SUSTENTÁVEIS as nossas ações em prol da fraternidade universal, onde a nossa alegria se funde à humanidade do nosso viver, PLENO E FELIZ.

E, assim, estaremos empenhados permanentemente na extraordinária jornada de ampliarmos, a cada dia, o contingente dos agentes das grandes e belas transformações do século XXI, na exata compreensão de que a CIDADANIA é um fenômeno essencialmente ANPROPOLÓGICO, envolvendo, pois, todas as dimensões do indivíduo, quer físicas, psicológicas, emocionais, sociais, culturais, políticas, econômicas, e mais especificidades que fogem ao escopo do presente trabalho, que significa não mais do que o esforço cívico de um CIDADÃO que se alegra e se motiva com a profissão de fé: O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

HELENA ANTIPOFF: CIDADÃ POR EXCELÊNCIA

A vida e as obras de HELENA ANTIPOFF são testemunhos históricos da fé na LIBERDADE, na CIDADANIA e, de modo muito especial, na DEMOCRACIA, cenário fértil para a prosperidade e felicidade dos povos.

Toca-me particularmente o coração, pela afável e fraterna convivência com a inesquecível Mestra, trazer à reflexão, neste momento de profunda crise global, financeira antes, depois econômica, política, social e, sobretudo, de ética, o papel desempenhado por essa EDUCADORA na formação e aperfeiçoamento de várias gerações e, ainda hoje, rico manancial de estudos por universidades de todo o mundo.

Aí, sim, evocar a trajetória de HELENA ANTIPOFF, nascida russa (1892), tendo chegado ao Brasil em 1929, a convite do Governo do Estado de Minas Gerais, para a conspícua tarefa de introduzir a Psicologia na Educação, obtendo a CIDADANIA brasileira (1951), Cidadã Honorária de IBIRITÉ (1974), onde faleceu em 1974, e longe de tentar enveredar pelo vastíssimo campo de atuação no desenvolvimento da ciência, da psicologia, da educação e da pesquisa social, é dever cívico que carrega consigo a chama dos ideais de fraternidade universal.

Quis a providência divina que esta “Terra Firme”, amada, chamada IBIRITÉ, abrigasse o Complexo Educacional da Fazenda do Rosário que na visão extraordinária da mestra HELENA, haveria de incorporar a necessária estrutura para atendimento de todos os níveis educacionais, indo da Educação Infantil ao Ensino Superior, contemplando o pioneiro trabalho de Educação Especial e a ousada assistência aos Bem-Dotados.

Assim, HELENA ANTIPOFF, principalmente nos seus 50 anos (1924-1974) de fecunda e extensa vida laboral, deve servir de inspiração à consciência nacional para um mergulho definitivo na sagrada missão de transformar a EDUCAÇÃO em prioridade absoluta na formulação e implantação de políticas públicas, vez que, no dizer da notável Mestra: “Persistir na idéia de que o verdadeiro progresso social, econômico, político e espiritual não se opera senão através da educação, da educação esmerada das novas gerações, principalmente, cabendo assim aos educadores a máxima responsabilidade tanto pelos males que afligem os povos quanto pelo bem-estar alcançado”.
(A Fazenda do Rosário como experiência social e pedagógica no meio rural – Publicado por HELENA ANTIPOFF em setembro de 1952 e no Boletim da Associação Pestalozzi do Brasil, Rio de Janeiro, 1953).

Ver também HELENA ANTIPOFF – Textos Escolhidos, de autoria de REGINA HELENA DE FREITAS CAMPOS (Organizadora) – São Paulo: Casa do Psicólogo; Conselho Federal de Psicologia, 2002. – (Coleção clássicos da Psicologia Brasileira).
Por oportuno, um abraço à prezada professora REGINA HELENA e sua equipe da Universidade Federal de Minas Gerais, incansáveis no estudo da inesgotável obra de HELENA ANTIPOFF, cidadã por excelência, que continua influenciando gerações de jovens, professores, educadores, pesquisadores, intelectuais e líderes vocacionados para o serviço, o amor e todos aqueles que se juntam para as transformações de uma sociedade global que entre outros desafios, merecem destaque: - as mudanças no perfil demográfico, as novas tecnologia, a internacionalização das economias, a crescente preocupação com o meio ambiente e o impacto das ações governamentais na complexidade da cidadania no século XXI.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A CIDADANIA E O BOM HÁBITO DE LER E ESCREVER



Na árdua e longa jornada de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, gostaria de reforçar a importância e o apreço que dedico ao trato diário e fraterno com o DICIONÁRIO apresentando parte do texto que acompanha o Mini AURÉLIO - Dicionário da Língua Portuguesa – 7ª Edição, Editora POSITIVO, de autoria de ORIOVISTO GUIMARÃES, Diretor-Presidente do Grupo POSITIVO:

“Mais do que o território, mais do que os costumes, mais do que a história e a geografia,é a língua que nos une. Por meio dela, desenvolvemos não só uma identidade, mas também a capacidade de conciliar diferenças. Conhecer esta língua, entender os seus sentidos e desvendar as suas possibilidades constituem uma forma efetiva de integrar-se a uma nação. E uma nação se faz digna e soberana quando o domínio da língua está ao alcance de todos”.

Com o propósito de contribuir, modestamente, para com a criação das condições objetivas desta Mobilização, é que testemunho a favor da disseminação do hábito da leitura e, em sendo produtiva, certamente propiciará a todos aqueles a que este mister se dedicar, a fascinante e enriquecedora competência da escrita, e, conseqüentemente, o domínio da língua, que é requisito absolutamente necessário nesta era do conhecimento e da informação.

Assim, de modo concreto, abre-se mais uma janela do esforço pela colocação da EDUCAÇÃO com a rainha das políticas públicas, congregando as mais representativas forças vivas da sociedade brasileira, quando haverá em cada lar a trilogia sagrada da plena cidadania: a BÍBLIA, o DICIONÁRIO e a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, um sonho que deve ser sonhado por todos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A CRISE GLOBAL

Ao tratar da questão nacional, se faz absolutamente necessária a perfeita compreensão da crise que se abateu sobre o mundo em todas as suas dimensões, quer financeira, depois econômica, política, social, de segurança, cultural e ambiental, sendo considerada a maior turbulência já ocorrida na história da humanidade, cujo impacto em graus variados atinge todos os países.

Mais uma vez, tenho consciência da severa exigência da humildade diante da complexidade dos problemas que estão colocados, onde são convocados homens e mulheres de boa vontade, a se reunirem num grande concerto de nações, sabendo todos que o equacionamento desse cenário impõe uma nova ordem de pensamentos e filosofias.

Com a boa disposição de espírito que estará presidindo esta minha lida, por oportuno e esclarecedor, gostaria de fazer referência à matéria publicada hoje no Jornal Estado de Minas, no caderno Pensar, página 5, em artigo assinado por Gustavo Fonseca, intitulado “Sem medo do debate”, onde é apresentado o número 65 da revista Estudos Avançados, da Universidade de São Paulo, que “reúne oito artigos de especialistas nacionais e internacionais sobre as causas e conseqüências da crise econômica por que passa o mundo, além de possíveis meios de superá-la. Sinal da complexidade do tema, não há consenso entre os autores nem mesmo quanto à origem dos problemas, e nenhum deles se arrisca a fazer maiores previsões sobre os desdobramentos do quadro atual”.

Essa referência tem o propósito de mostrar que é preciso um gigantesco esforço de todos para que cada país vá encontrando saídas lúcidas e estratégicas, buscando acima de tudo a hierarquização das metas, merecendo destacar ações imediatas, para num primeiro momento, impedir a progressão do desemprego, questão crucial para o equilíbrio social, base das grandes negociações que serão travadas entre governos e sociedade civil.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O BRASIL TEM JEITO: 50 ANOS DE TESTEMUNHO

IBIRITÉ, MG, 1° de maio de 2009.

Durante décadas, sempre argumentando a favor da pátria com amor,
alegria e entusiasmo, a partir do exercício profissional, estudos, observações e com a rica experiência de ter morado em mais de uma dezena de estados, executando obras de engenharia, acabava ouvindo o canto dos céticos, incrédulos e indiferentes: o Brasil NÃO tem jeito!...

Sim, é verdadeiramente uma profissão de fé. Nesse meio século, como que guiado por uma intuição nos primeiros anos e, depois, por uma luz advinda de um profundo entusiasmo no exercício dos diversos misteres que foram colocados pelo Autor de todas as coisas. Como exemplo, posso, com terna alegria, lembrar a especial motivação para começar a trabalhar aos oito anos de idade, já morando no centro da cidade de BETIM, da qual fazia parte o então distrito de IBIRITÉ, e o sei muito bem, premido pelas extremas necessidades por que passava a família, e, em seguida, com o mesmo entusiasmo, após a conclusão do curso primário, isto é, das primeiras quatro séries do ensino fundamental, iniciar a trajetória na administração pública, exercendo as funções de gari, tornando a cidade mais limpa, lutando e sonhando também com um Estado mais digno e, por conseqüência, com um País que possa ser, de fato, merecedor do orgulho de sua gente. Daí, tenho a mais profunda convicção, a origem do hoje enraizado sentimento de amor à pátria, crença nos princípios e valores morais que devem governar as minhas ações.


Neste espaço, sob a proteção de DEUS, estarei concentrando o melhor do meu entusiasmo, alegria e esforço para contribuir, humilde e despretensiosamente, mas da forma a mais inteira e reta possível, com a construção da grande e sonhada nação brasileira, como nos sonhos e ideais libertários de TIRADENTES e hoje no mandamento constitucional, tendo na base uma sociedade JUSTA, LIVRE e SOLIDÁRIA, garantindo o desenvolvimento nacional, erradicando a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais, e, ao lado desses gigantescos desafios, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Hoje, quando inicio esta fascinante empreitada, leio a página de CHICO ALENCAR, na passagem do Dia do Trabalho, lembrando a luta dos trabalhadores, em Chicago, EUA, contra a exploração, em 1886 e, sob a inspiração das festividades do centenário da Revolução Francesa, em 14 de julho de 1989, os Partidos Socialistas, durante congresso realizado em Paris, declararam o Primeiro de Maio Dia Internacional do Trabalhador, estendendo-se sua comemoração por todo o mundo.No BRASIL, o primeiro registro alusivo ao Primeiro de Maio se deu em 1900, quando trabalhadores de Santos (SP) fundaram a “Sociedade Primeiro de Maio”. Merece também destacar a reunião de mais de 50 mil operários na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, então Capital da República, reivindicando oito de jornada diária de trabalho, que continua atual para a jornada semanal de quarenta horas.

Mais do que em qualquer outra época, a luta dos trabalhadores ganha contornos especiais neste momento de turbulência global, no consolidado processo de internacionalização das empresas, de implementação de novas tecnologias, da expectativas de constantes mudanças no ambiente de trabalho, exigindo amplo e permanente intercâmbio entre as lideranças trabalhistas e a sociedade.

De agora em diante, esse modesto trabalho se desenvolverá, como disse, de forma democrática, aberta, fraterna e despretensiosa, numa congregação de elevados propósitos, segundo uma idéia central colocada também em documento elaborado junto com a Associação dos Moradores dos Bairros Santa Maria e Alvorada, desta cidade, dentro do movimento iniciado com a experiência nos movimentos com os trabalhadores metalúrgicos, nos primeiros anos da década de 90, intitulado “MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE”, cuja chama permanece acesa nesses quase quinze anos, que não recebeu nenhuma atenção, mesmo tendo sido distribuído a setores expressivos dos meios de comunicação e sociedade civil organizada, o que de forma alguma arrefece meu ânimo, como o sol que, ao amanhecer, dá espetáculos maravilhosos enquanto a maioria da platéia ainda dorme.

“Transcrição de Carta ao Presidente da República, enviada no primeiro de Governo.

Em 01 de janeiro de 1995.

Ao Exmo. Sr.
DR. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
DD. Presidente da República Federativa do Brasil
Palácio do Planalto
Praça dos Três Poderes
70.150-900 – BRASÍLIA (DF)


Senhor Presidente,


O Brasil tem jeito!


A Associação dos Moradores dos Bairros Santa Maria e Alvorada (AMBSMA), de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fundada em 01/10/93, vem concentrando, modestamente, o melhor do idealismo e patriotismo de seus membros e moradores numa “mobilização para a cidadania e qualidade”, tendo como objetivo maior promover o desenvolvimento da noção de cidadania e sua relação com a qualidade, bem como desenvolver a consciência da responsabilidade civil de cada pessoa para a promoção da qualidade de vida e do bem comum.

Buscamos, com isso, estimular os participativos (estimados em 5%) e mobilizar os omissos (95%), que, acreditamos, constitui no mais eficaz processo de transformação da sociedade.

Elegemos, após dedicados e exaustivos estudos e reflexões, os 3 maiores e mais devastadores inimigos do País, num momento em que atravessamos a mais aguda crise de liderança, que são:

I – A INFLAÇÃO

É o primeiro estágio do nosso movimento de mobilização, cujo material básico encontra-se em anexo. Não passa um dia sequer sem que levantemos a mensagem e o apelo a alguma pessoa ou cidadão. Entendemos que é preciso atingir todo o País, que é a verdadeira dimensão da causa, porém se transformará em sonho irrealizável caso dependa unicamente da nossa capacidade e disponibilidade de recursos.

Jamais o desenvolvimento social estará aliado ao crescimento econômico, num regime inflacionário perverso como o que temos vivido há mais ou menos três décadas.

II – A CORRUPÇÃO

A corrupção no Brasil atinge níveis literalmente intoleráveis, campeando por todos os setores da vida pública, dissipando anual bilhões de reais de um povo pobre, sofrido, pacato, porém, honrado e operoso.

Preferimos, por uma questão de objetividade, transcrever trecho de editorial do Jornal do Brasil, de 01/08/94, sob o título de Controle da Qualidade: “A corrupção dilapida anualmente no Brasil algo próximo a 20% do Produto Interno Bruto, o equivalente a US$73 bilhões, que se perdem nas malhas das licitações viciadas, do superfaturamento de obras e serviços contratados pelo Estado, das comissões embutidas nos projetos públicos e do tráfico de influência dos atravessadores”.

“Sonegação, evasão, elisão e contestação judicial estão submetendo o Fisco aparvalhado a um prejuízo anual de R$82 bilhões. Ou se preferem: perto de US$100 bilhões.” (Joelmir Beting, Estado de Minas – 29/11/94).

Como se não bastasse, chega-nos, através da Folha de São Paulo, edição de 14/12/94, o seguinte: “Corrupção tirou US$20 bilhões do país, diz CEI – A CEI (Comissão Especial de Investigação) apurou que nos últimos quatro anos a remessa ilegal de dólares ao exterior chegou a US$20 bilhões, o que equivale a 15% da dívida externa do Brasil”.

Emtendemos como assaz oportuno o comentário do advogado e membro da CEI, Modesto Carvalhosa, em artigo na Folha de São Paulo de 14/12/94: “Não há razões e nem tempo a perder. Devem os governos, ainda nesta década, enfrentar com políticas apropriadas o problema da corrupção e seu invetável produto, a miséria”.

Em nosso modesto juízo, a estabilização econômica, significando moeda estável e eliminação do fantasma da inflação, contribuirá decisivamente para debelarmos tal monstruosidade.



III – O DESPERDÍCIO

A indiferença e mesmo a omissão de parcela significativa de nossos governantes, têm preservado e transmitido, de maneira avassaladora, uma cultura do desperdício que tem consumido também bilhões de reais, ao lado de um contingente de 32 milhões de miseráveis.

Da mesma forma, a favor da objetividade, transcrevemos parte do artigo do Prof. Luiz Alberto Machado da Faculdade de Economia da FAAP e Diretor Técnico do Sindicato dos Economistas de São Paulo e da Pesquisadora-Monitora Ana Paula Iacovino do Centro de Divulgação, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Economia da FAAP, publicado na Revista Qualimetria, edição de setembro de 1993:

“País do café, da borracha, do cacau ...
País do futebol, do samba e das mulatas ... País do futuro ...
País da corrupção, do impeachment e do assassinato de milhares de crianças ... etc., etc., etc. Além de todos esses títulos, alguns mais, outros menos, o Brasil está adquirindo agora mais um: País do desperdício!
Aliás, título plenamente justificável, se considerarmos a estimativa do Instituto de Engenharia sobre as perdas no Brasil em 1992. Correspondem a US$50,7 bilhões no total (cerca de 14,5% do PIB), assim distribuídas setorialmente:

Agricultura - US$ 8,8 bilhões;
Construção civil - US$ 6,7 bilhões;
Indústria - US$ 6,6 bilhões;
Setor de Serviços - US$ 8,4 bilhões;
Portos - US$ 5,0 bilhões;
Com corrosão - US$10,5 bilhões;
Com energia - US$ 4,7 bilhões.”


Senhor Presidente,

Não é o caso simples de somarmos tudo isso, mas, sim, de perguntarmos: até quando a impunidade e a falta de seriedade para com o trato da coisa pública em nosso País?

Mas, nada, absolutamente nada, arrefece o nosso ânimo e a nossa crença de podermos contribuir para a transformação do Brasil numa grande e próspera Nação, como já nos diz, há duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperanças.

E, neste momento, V. Ex. é o mais fiel depositário das nossas esperanças.

Não vamos, pois, perder esta histórica oportunidade de implantarmos definitivamente neste País a cultura da disciplina, do verdadeiro patriotismo, da parcimônia, da austeridade e da ética em todas as nossas ações.

Creia, Senhor Presidente, estamos movidos por inabalável fé nessa cruzada cívica contra a INFLAÇÃO, a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO, e, assim, poderemos nos tornar merecedores do orgulho de nossa pátria.

Urge, pois, uma verdadeira “mobilização para a cidadania e qualidade”, que atinja todo o País e que dê a necessária sustentação à implantação das inadiáveis e imprescindíveis reformas estruturais. Os fantasmas rondam. É preciso agir e com rapidez.

O Brasil tem jeito!

Entendemos como inaceitáveis a omissão e a indiferença de parcela expressiva de nossas lideranças diante de tão graves problemas que têm infelicitado nosso povo, registrando vergonhosos e repugnantes indicadores sociais.

Enfim, é absolutamente inútil lamentarmos falta de recursos diante de tanta sangria!

Respeitosamente,

as.) Pedro Narciso Campos – Presidente
Rua São Vicente, 230 – Bairro Santa Maria
as.) Mário Lúcio Moreira – 2° Secretário
Rua do Rosário, 174 – Bairro Alvorada – (031) 533-1301
32.400-000 – IBIRITÉ – Minas Gerais.”

O Brasil tem jeito!
Rua São Vicente, 230 – Bairro Santa Maria – Ibirité – Minas Gerais

AMBSMA – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DOS BAIRROS SANTA MARIA E ALVORADA


ANEXO


AMBSMA – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DOS BAIRROS SANTA MARIA E ALVORADA – IBIRITÉ / MG
MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE

SEJA um cidadão. Diga NÃO à inflação.
VOCÊ pode:
Comprar apenas o necessário, pagando sempre o menor preço. Assim, VOCÊ estará comprando mais;
Planejar suas compras: o que comprar, quando e como comprar. NÃO faça estoques;
Denunciar os abusos nos preços. Assim, VOCÊ estará exercendo a verdadeira cidadania;
Valorizar o seu dinheiro. Isto só VOCÊ pode fazer.

NÃO desanime nunca. VOCÊ tem, pelo menos, dez razões para acreditar e lutar:
1. Recuperar o seu poder de compra, pois a inflação rouba a substância dos salários e das aposentadorias, sendo que as reposições são sempre inferiores aos valores perdidos.
2. Ajudar a moralizar os governos, uma vez que a inflação facilita a corrupção que, por sua vez, causa mais inflação.
3. Melhorar a aplicação do dinheiro público, pois a inflação é uma forma de violência, através da qual são apropriados, sem autorização, os recursos de todos para os gastos descontrolados do governantes e dos grupos que se beneficiam desse descontrole.
4. Ajudar a eliminar as desigualdades sociais, porque a inflação concentra renda, beneficiando alguns em prejuízo da grande maioria, sendo diretamente responsável pela péssima distribuição de renda no País.
5. Permitir a criação de novas oportunidades, pois a inflação é responsável direta pelo alto desemprego e pelos indicadores sociais que envergonham o Brasil.
6. Promover o fortalecimento da economia, porque a inflação inibe financiamentos a médio e longo prazo, o que impossibilita empresas pequenas tornarem-se médias e empresas médias tornarem-se grandes.
7. Melhorar os relacionamentos entre as pessoas, porque a inflação é responsável pela de “levar vantagem em tudo”, que infelizmente prevalece no País. Ela acaba com a confiança entre as classes sociais.
8. Propiciar a expansão dos negócios, uma vez que a inflação cria a insegurança, que inibe os investimentos, tanto internos como externos, alimentando a fuga de capitais.
9. Recuperar a noção de valor das coisas, pois a inflação acaba com o referencial de preços e estimula a carestia.
10. Conquistar, enfim, a qualidade de vida, porque a inflação é um atentado contra a dignidade de cada ser humano de nosso País, afrontando diretamente a sua cidadania.


Rua São Vicente, 230 – Bairro Santa Maria – Ibirité Minas Gerais