“De
uma boa ideia a um bom negócio
Quem tem uma empresa
consolidada no mercado sabe que o sucesso está muito ligado a alguns fatores
essenciais. Um dos mais importantes é a atitude empreendedora. Esse é o passo
inicial para tudo: a disposição de assumir riscos e a postura de não fraquejar
diante de qualquer adversidade.
Essa
característica não falta ao segmento de startups, empesas novas ou em fase de
constituição geralmente de base tecnológica. Elas têm baixo custo inicial, mas
possuem alta perspectiva de crescimento, por trabalharem na pesquisa e no
desenvolvimento de ideias inovadoras. Para ter uma ideia do potencial dessas
empresas, basta citar alguns exemplos bem-sucedidos desses negócios: Google e
Yahoo, que começaram pequenas, mas apresentam atualmente balanços com lucros
líquidos trimestrais na casa dos bilhões de dólares.
Imagine
como o desempenho de negócios como esses impacta a economia nacional. Acontece
que, para uma startup ter sucesso, é preciso mais do que uma boa ideia. A
sobrevivência e o crescimento da empresa estão condicionados à capacitação de
sua gestão, com foco em comportamento e gestão, ações de inovação e de acesso a
mercado, inclusive no exterior.
Essa
convicção norteia o trabalho do Sebrae junto a esses negócios. Trabalhamos para
fazer com que o microempreendedor individual (MEI) se torne microempresário,
que a microempresa vire pequena empresa – e que todas elas tenham potencial
para se tornar grandes empreendimentos.
Por
isso, praticamente dobramos o investimento institucional em inovação e vamos
iniciar 2015 com ações para atender a empreendedores digitais em todos os
estados do país, seja por meio de projetos coletivos ou ações de apoio. Somente
o Sebrae Nacional deve investir R$ 23 milhões nesse segmento até 2018.
Na
semana passada, estivemos presentes na Campus Party, a maior feira de
tecnologia da América Latina, realizada em São Paulo. Durante o evento,
divulgamos os resultados de um levantamento do Sebrae e da Campus Party a
partir de um universo de mais de 600 startups de todo o país, de diferentes
áreas de atuação. Identificamos as 200 empresas com grande potencial para
conquistar o mercado em 2015.
Minas
Gerais está entre os destaques: é o terceiro estado com maior concentração
dessas startups mais promissoras, atrás de São Paulo e quase empatado com o Rio
de Janeiro. A seleção adotou como critérios o nível de desenvolvimento do
modelo de negócio, a qualificação da equipe, a qualidade dos produtos e
serviços e o volume de potenciais consumidores.
Essas
empresas de maior potencial criaram inovações em diversos segmentos,
principalmente nas áreas de varejo e e-commerce, educação, comunicação e mídia,
tecnologia da informação e comunicação (TIC) e telecom, finanças e
entretenimento.
Queremos
acompanhar e incentivar o crescimento dessas empresas. Podemos ajudar com um
extenso cardápio de cursos, oficinas e consultorias, muitos deles gratuitos. O
empreendedor digital, por exemplo, pode realizar o Empretec, uma metodologia da
Organização das Nações Unidas realizada, no Brasil, exclusivamente pelo Sebrae.
Ele ajuda a desenvolver características do comportamento empreendedor e a
identificar novas oportunidades de negócio.
Interessa
aos empreendedores e à economia nacional o crescimento das startups
brasileiras. O caminho necessário para isso não tem muito mistério. Passa,
necessariamente, por um ambiente legal favorável ao empreendedorismo e pelo
fortalecimento de parcerias institucionais para apoiar esses negócios. Passa,
sobretudo, pela iniciativa dos empreendedores de qualificar a gestão da
empresa. É dessa forma que será possível transformar um número cada vez maior
de boas ideias em bons negócios.”
(LUIZ
BARRETO. Presidente do Sebrae Nacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de
fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página
7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
13 de fevereiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Crise
de consciência
Na raiz das muitas
crises que a sociedade brasileira enfrenta – hídrica, energética, política,
econômica, moral, com a exigência de pronta reação –, está a falta de
consciência. Uma carência que produz absurdos em série. São incontáveis os
prejuízos para a coletividade que resultam da falta de princípios éticos e
morais. Uma deficiência que é fonte de arbitrariedades, desmandos,
incompetência para reações e respostas. Promove a perda dos sentidos de beleza,
justiça e equilíbrio, que devem ser construídos cotidianamente, para se
evitarem situações ainda mais caóticas.
Há
crise de consciência? Essa interrogação ganha pertinência quando se constatam
extremismos e desequilíbrios na sociedade, em atitudes individuais e coletivas
fundamentadas na irracionalidade e abominável mesquinhez. Um exemplo? A recente
notícia de que parlamentares votaram um auxílio-moradia em benefício de quem
não precisa. Trata-se do princípio de usufruir das vantagens, que tudo corrói,
de maneira demolidora, inclusive o tecido da consciência social, política. Esse
princípio é impulsionado por uma perigosa permissividade, que justifica atos
individuais e coletivos, merecedores da indignação de homens e mulheres de bem,
no exercício do direito de exigir o tratamento adequado do que é público.
Não conseguir
debelar o crescente processo de falta de consciência cidadã é um caminho para a
ruína da sociedade. Essa constatação é reforçada ao observar fenômenos recentes
que devem ser motivo de preocupação: a violência que não para de crescer, a
miséria que faz tantos sofrerem, a presença de grupos interesseiros
especializados em corrupção, que tornam pantanoso o caminho da sociedade,
comprometendo avanços e a construção da cultura da vida.
A
falta de consciência revela-se de alta gravidade. Muitos agem como devastadores
do erário e, pior, tratam de modo predatório os bens da criação. Ora, o mínimo
que se pode esperar de cada cidadão é uma conduta balizada pela moralidade. E
essa deve ser a postura e o compromisso de quem representa o povo e dirige
instâncias governamentais mantidas com dinheiro público. Na contramão do
compromisso ético-moral, certamente por perda e esgarçamento da própria
consciência, indivíduos e grupos agem cegamente, inspirados só pelos interesses
próprios. Perdem a credibilidade, o que aumenta a crise e deflagra uma
verdadeira situação de “pé de guerra”. Esses cenários de descompasso colocam em
pauta uma urgente necessidade: o tratamento da falta da consciência, problema grave
e central na sociedade brasileira.
Há um
comprometimento sério da consciência moral, comprovado em atitudes inadequadas,
em nível individual e institucional. Infelizmente, para impor o próprio
interesse, garantir a benesse, consolidar o usufruto de vantagem, vale tudo.
Isso gera sérias consequências que efetivam a perda do gosto pela honestidade,
do respeito aos limites que possibilitam contentar-se eticamente com o que é
justo. A falta da consciência moral, que compromete a conduta honesta, para ser
vencida, requer verificações em âmbitos muito complexos da sociedade. Paga-se
alto preço pela relativização de normas objetivas e absolutas. O atual contexto
cultural tem grande influência nesse processo, pois favorece o enfraquecimento
de princípios inegociáveis e fundamentais ao exercício da cidadania.
Autonomia
e liberdade não são justificativas para se fazer tudo o que se quer, leiloando
princípios ético-morais básicos que alimentam o bom-senso. Princípios capazes
de fazer crescer o apreço não pelo que se lucra e se ajunta, mas pela
honestidade e respeitável conduta cidadã. É hora de reagir à perda da
consciência moral.
Uma
possibilidade de reação a esse problema, com incidência em todas as dinâmicas
sociais, é conhecer profundamente e vivenciar os valores do Evangelho, guiados
pelo mestre mais completo de todos os tempos, na sua condição de deus e homem.
Enquanto se reage para debelar a crise pela perda da consciência moral, raiz e
vetor de outras graves crises, espera-se que as instituições respeitem as leis,
que os representantes estejam, verdadeiramente, a serviço do povo, que cada
pessoa se reconheça e participe como cidadão. A recuperação da moralidade deve
fazer crescer uma incômoda crise de consciência, capaz de reconduzir a
sociedade para o caminho do bem, da verdade e da justiça.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria,
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (sem exagero, até mesmo de gerações
futuras...); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (a propósito, as muitas faces mostrando a
gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de
exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade
de nossas instituições, negligenciando a justiça,
a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da
era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!