segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LIÇÃO DE MARIANA E UMA LUZ PARA O BANCO MUNDIAL NA SUSTENTABILIDADE

“A tragédia humana e ambiental sem reparação
        A tragédia em Bento Rodrigues está completando dois anos sem medidas enérgicas para reparar os danos patrimoniais, a desarticulação do cotidiano dos flagelados e a destruição de expressiva parcela da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Como foi o maior desastre ambiental neste país, tornou-se o mais contundente registro da inércia administrativa, incúria da empresa responsável pela barragem e lentidão da Justiça. Infelizmente, o Estado brasileiro nunca demonstra agilidade para apurar os fatos e determinar ações necessárias para ressarcir logos os cidadãos e recuperar áreas afetadas por catástrofes. Além das 19 vítimas fatais, houve, nesse caso, a morte de muitos animais e vegetais, atingindo espécies marinhas até o santuário ecológico de Abrolhos, no oceano Atlântico. Mesmo assim, as sucatas espalham-se por todo lado, a lama tóxica mantém-se no solo, e os cursos d’água estão assoreados por metais pesados. Ainda não foram abertos espaços para que a natureza se recupere por sua própria força, recompondo fauna e flora. As famílias continuam em casas alugadas em Mariana, sem reposição de seu principal patrimônio. Muitos ribeirinhos não retomaram a pesca como atividade profissional e garantia de sua alimentação. A qualidade da água nas cidades é ruim.
         Os prejuízos às comunidades atingidas são imensuráveis, porque vão além das perdas materiais. Houve fragmentação da cosmologia do grupo que se integrava a seu torrão natal, interpretando o mundo a partir dele. Ele perdeu, irremediavelmente, sua história sedimentada naquela área, com a consistência das experiências vividas desde o nascimento e compartilhadas em todos os momentos de dor ou alegria. A incerteza obscurece o horizonte de todos, pois percebem que ficará cada dia mais difícil recuperar sua casa, seu trabalho e seu cotidiano em povoado bicentenário. Os flagelados sentem a falta da igreja, da escola, do quintal e das reservas hídricas sem poluição, a poucos passos da residência.
         É inacreditável que o segundo Estado brasileiro em população e o quarto em área territorial não se tenha mobilizado para resolver os graves problemas decorrentes do desastre ambiental em Bento Rodrigues. Além de sua inoperância, não cobra empenho da União, que se beneficia com o extrativismo mineral voltado para exportação, assegurando resultados positivos na balança comercial pela comercialização do minério de ferro. Exaure, então, Minas Gerais, desencadeando sérios problemas ambientais e socioeconômicos. O poder público prefere submeter-se aos interesses das empresas para movimentar a economia, deixando que elas reduzam custos na montagem da infraestrutura, no respeito às comunidades do entorno e na absorção dos princípios da sustentabilidade, porque elas querem garantir altos lucros em meio às flutuações do câmbio e aos humores do mercado internacional. Nenhum país desenvolvido admitiria esse descaso em relação à população e ao ambiente depois de uma tragédia dessa magnitude.”.

(Gilda de Castro. Antropóloga, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de PAULA CRUZ, doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center, e que merece igualmente integral transcrição:

“Banco Mundial e a educação
        O relatório elaborado pelo Banco Mundial para o governo Temer é questionável em vários aspectos. No que toca à educação superior, o que se verifica é um malabarismo argumentativo, cujas recomendações tendem a criar novos problemas para o já deficitário sistema de educação superior brasileiro, além de não combater a desigualdade.
         Primeiro, o Brasil não tem gastado muito em educação superior, se comparado a outros países. No caso da OCDE, são esses que, em geral, têm reduzido vertiginosamente investimentos públicos na área. Isso tem sido altamente criticado, tendo, inclusive, sido relacionado ao suicídio de um professor no Reino Unido, em 2014. Há hoje nesses países uma séria discussão sobre os efeitos nocivos da redução de investimentos e paralela adoção de critérios de produtividade e eficiência gerencialistas sobre questões de saúde mental nas universidades. Ademais, no Brasil, o recente aumento de investimentos deve considerar o patamar inicial excessivamente baixo decorrente das políticas adotadas nos anos 90, contextualização também ausente no relatório.
         Quanto aos Brics, o relatório ignora o fato de que, diferentemente do Brasil, em vários desses países as universidades são instituições majoritariamente direcionadas às atividades de ensino, recebendo, portanto, pouco ou nenhum financiamento para atividades de pesquisa (que, aqui, absorvem a maior parte dos investimentos em educação superior). Ao lado de alguns institutos de pesquisa, no Brasil, são as universidades públicas as maiores responsáveis por produzir ciência e tecnologia, fatores essenciais para a geração de crescimento econômico sustentável. Reduzir ainda mais os investimentos já altamente defasados nessas instituições significa aprofundar a crise, criando dificuldades ainda maiores para a retomada do crescimento.
         Segundo, a desigualdade de acesso à educação superior não será superada nem sequer minimizada, com a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Ao contrário, a tendência é de aumento de uma massa de jovens altamente endividados, que, ao aumentar a demanda por contratação imediata, tende a diminuir os já extremamente baixos salários praticados no Brasil, gerando graves problemas sociais e econômicos. Os efeitos negativos de políticas como essas são cada vez mais reconhecidos nos EUA, como mostra o estudo de Goldrick-Rab, Paying the price: college costs, financial aid, and the betrayat of the american dream (2016), e os documentários Ivory Tower (2014) e Starving the Beast (2016).
         Historicamente, a cobrança de taxas no sistema público de educação superior foi justificada em países como os EUA como forma de cofinanciamento de um sistema em expansão. Ao contrário, o que se está propondo ao Brasil não é a expansão, mas a simples transferência de responsabilidade pelo pagamento dos custos atuais do sistema, ou seja, do financiamento que hoje é feito com os impostos já pagos pelos cidadãos para os bolsos individuais das famílias do estudante ou através do seu próprio endividamento. O relatório argumenta que isso seria justo, pois a maioria dos estudantes das universidades públicas brasileiras pertence à parcela 40% mais “rica” do país. O que o relatório, curiosamente, deixa de salientar é que, no Brasil, esses 40% mais "ricos" incluem todas as pessoas cuja renda familiar mensal é igual ou superior a R$ 1.356. Segundo o Datafolha (2013), apenas 30% das famílias brasileiras têm renda mensal superior a R$ 2.034 e, destas, apenas 9% ganham mais de R$ 3.390. Ao propor a criação de bolsas para os 40%, mais pobres, o relatório exclui da possibilidade de elegibilidade, portanto, todos os jovens da classe média intermediária e classe média baixa brasileira. Isso significa não uma maior inclusão, mas perda do direito à educação superior por uma parte considerável da população brasileira que, ao contrário do que o relatório leva a entender, não pode, em absoluto, ser considerada rica.
         A cobrança de mensalidade só poderia ser justificada se, além de acompanhada da ampliação do sistema, atingisse, de fato, as famílias mais ricas do Brasil, o que corresponderia a, no máximo, 14% da população. Porém, essa é uma política que o atual governo não tem se mostrado disposto a adotar. Como o próprio relatório reconhece, “certamente, há escopo para aumentar a tributação dos grupos de alta renda (por exemplo, por meio de impostos sobre a renda, patrimônio ou ganhos de capital) e reduzir a dependência dos tributos indiretos, que sobrecarregam os mais pobres. [Porém,] Tais medidas não são discutidas em detalhe neste relatório”. Cabe perguntar, então, em que momento o governo Temer irá recomendar ao Banco Mundial um relatório para tratar dos privilégios daqueles que realmente se beneficiam da estrutura aristocrática que, ainda hoje, prevalece no nosso país, em vez de buscar justificativas enganosas para um arrocho ainda mais violento sobre a população brasileira assalariada e um golpe inaceitável nos direitos básicos a ela assegurados pela nossa Constituição.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, democráticas, soberanas, educadas, civilizadas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.





    

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA E A FORÇA DA COP 23 NA SUSTENTABILIDADE

“Educação para novos cidadãos
        Cidadãos conscientes e globais, preparados para encarar os desafios da sociedade e transformar o mundo em um lugar mais justo, criativo e igualitário. Essa deveria ser a qualidade primordial dos nossos jovens e é por isso que as habilidades socioemocionais estão entre as 10 competências determinadas pela Base Nacional Comum Curricular, que estabelece um conjunto de diretrizes de aprendizagem comuns para todos os alunos do país. Sem deixar de contemplar as diferenças regionais, o novo modelo, que está em análise pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), propõe um passo rumo à igualdade e unificação do ensino, norteando professores para o desenvolvimento das competências exigidas e estabelecendo o conteúdo mínimo a ser garantido em comum a todas as escolas.
         Em tempos de tantas mudanças na sociedade, a escola muitas vezes ainda se encontra em descompasso, não acompanhando a nova realidade das crianças e jovens. Soma-se a isso a diversidade socioeconômica do país e temos um ambiente que parece ser a antítese daquilo que almejamos alcançar em um futuro próximo. Infelizmente, o Brasil ainda se encontra entre os piores indicativos dos estudos globais sobre a educação básica.
         A escola precisa se reinventar e se modernizar para atender às novas demandas dos dias de hoje. Assegurar que todos possam de fato aprender e vincular a aprendizagem a uma habilidade ou propósito, estimulando a aplicação prática do conhecimento em projetos dinâmicos e significativos em seus contextos. A Base Nacional Comum Curricular orienta o desenvolvimento de 10 competências, cognitivas e socioemocionais, não apenas para igualar o nível de aprendizagem, mas também para construir jovens cidadãos responsáveis, éticos, autônomos, inventivos, abertos às diferenças e conscientes a respeito de seu papel na sociedade. Por isso, um dos desafios que enfrentaremos será o investimento em formação humana, para que os professores tenham condições de estabelecer a ponte para uma educação mais profunda e humanística.
         Com aulas menos expositivas e mais participativas, o estímulo às competências socioemocionais será essencial para equilibrar emoções, pensamentos e sentimentos, incentivando o exercício do diálogo, da empatia, do autoconhecimento e do pensamento crítico. É permitir que os jovens possam ver florescer as suas habilidades. Para isso, é preciso levar melhores oportunidades a todas as regiões do país, mesmo as que enfrentam limitações estruturais, não apenas com o objetivo de transformar as instalações e materiais didáticos das escolas, mas também para que os estudantes se desenvolvam em sua plenitude e os pais possam participar mais ativamente da vida escolar dos filhos.
         Esse conjunto de mudanças pretende garantir aos jovens uma educação de qualidade para o século 21. Para que a reforma do ensino brasileiro tenha sucesso, é necessário que as escolas públicas e privadas se transformem em espaços de encantamento, tanto para os alunos como para os professores. Afinal, guardamos na memória de longo prazo aquilo que tem significado, que é revestido de emoção, vivência e relações com a vida. É preciso investir no professor, no fortalecimento da sua paixão por ensinar, para que dessa forma ele transforme a sua prática pedagógica em momentos profundos de crescimento.
         Não será um caminho fácil levar essa nova visão educacional às salas de aula, algo que requer o trabalho conjunto entre a iniciativa privada, os municípios e estados. Também não será simples superar os obstáculos históricos que dificultam a concretização de um ensino digno a todos. Por mais complexo que possa parecer, caso as ações que estão sendo planejadas sejam efetivamente implementadas, estaremos mais próximos da transformação da educação básica no Brasil.”.

(SANDRA GARCIA. Diretora pedagógica da Mind Lab, um dos líderes mundiais em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias educacionais inovadoras, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de novembro de 2017, mesmo caderno, página 7, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro agrônomo, e que merece igualmente integral transcrição:

“COP 23 e a existência futura
        A sabedoria verdadeira é construída sob o fogo das intempéries da vida. Requerendo milênios para que seja constituída ao tratar da cruel vida humana. Pois revela com lucidez todas as ilusões e contratempos concernentes ao viver diário. Tornando-se inquestionável apenas ao ser aceita e partilhada por gerações como inequívoca constatação da realidade humana.
         E toda essa riqueza sapiente chegou até os dias atuais preservada em alguns poucos livros. Entre todos, um dos mais antigos é o que conta o sofrimento de um homem íntegro e reto chamado Jó. Nesse relato, se encontra literariamente a realidade do mistério que permeia a vida diante da inclemência diária presente no ato de existir. E cujas explicações fogem ao limitado entendimento humano.
         No entanto, a sabedoria ali disponível em abundância se revela mais atual do que nunca, principalmente, quando diz a certa altura: “Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova”. Ou seja, fazendo uso de uma ilustração biológica, o autor desconhecido revela o aparente milagre do renascer.
         E tal veracidade pode ser transportada para a vida humana, pois nenhuma tragédia dura para sempre, nem existe vacilo algum que não possa ser restaurado. Tudo depende da reação manifestada diante dos tropeços da vida. Afinal, não existe outra atitude a ser tomada que não seja encarar os problemas e buscar soluções. Pois só assim a raiz seca brotará em novas oportunidades, visando um novo amanhecer. E com a possibilidade de a vida continuar existindo.
         E tudo se aplica ao adiantado estrago provocado no ecossistema do planeta, fruto de um desenvolvimento desordenado e ausente de sabedoria que preserve a futura existência das próximas gerações. Só restando hoje, ao mundo, uma retomada de consciência que nem todo e desregrado modo de vida humana deve ser apoiado.
         Isso é precisamente o que está em pauta até sexta-feira, em Bonn, na Alemanha, na Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 23). Tudo no intuito de discutir a implementação do Acordo de Paris e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), visando colocar limites no aumento da temperatura global do planeta.
         Portanto, hoje mais do que nunca, a humanidade necessita urgentemente de uma nova esperança. Pois se continuar a destruição da natureza e dos recursos naturais, que se encontram a beira da exaustão, em breve a existência humana corre o risco de ser extinta. Pois os eventos extremos já estão presentes em quase todo o planeta. Conforme revela o relatório da ONU, onde as secas violentas e as tempestades devastadoras aparecem com números que revelam prejuízos incalculáveis. Já as ondas calor que têm dizimado vidas em lugares diversos são, às vezes, sucedidas por alagamentos que provocam, por sua vez, prejuízos ainda maiores. Além do apocalíptico alagamento que está será provocado pelo descongelamento dos polos. Que já se encontra em marcha. Onde muitas pequenas nações-ilhas desaparecerão. E todas as áreas litorâneas densamente povoadas serão atingidas com severidade.
         Por tudo isso, a luta pela existência futura não pode se restringir apenas a cerimônias produtoras de acordos, que na prática quase nunca são cumpridos. Na verdade, a urgência é tanta que só mesmo com a proposta de novos modelos de desenvolvimento econômico, que repense, erradicando ou amenizando bastante os fatores causadores desses terríveis efeitos climáticos, será possível resultar em uma solução de fato.
         Porque, quando se parte de ideias cristalizadas que a mudança de modelos de desenvolvimento econômicos, por parte das nações, promoverá desaceleração econômica, e consequentemente, desemprego, em verdade o que se está defendendo é que ideias erradas devem levadas à frente sem se importar com os custo maléficos delas advindos. Mesmo que sejam maiores que seus aparentes benefícios. Portanto, não resta outra opção aos estadistas de todo o mundo que não seja liderar uma radical mudança no modo de viver de toda a população. E isso exige enorme capacidade de liderança e imensa sabedoria.
         Pois, só assim será possível resgatar a esperança de um viver mais harmonioso e saudável. Preservando a vida futura em todo o planeta, antes que todos se tornem irrelevante passado. E isso não admite adiamentos. Pois, conforme ensina a sabedoria milenar, a vida passa rápido, tal qual a neblina do alvorecer, e logo se esvai.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.






segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DA ECOLOGIA INTEGRAL E A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DA DEMOCRACIA NA SUSTENTABILIDADE (14/156)


(Dezembro = mês 14; faltam 156 meses para a Primavera Brasileira)

“A concepção do ser humano nos 
limites de uma ecologia integral
        Em sua encíclica “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, o papa Francisco submeteu a uma rigorosa crítica o clássico antropocentrismo de nossa cultura a partir da visão de uma ecologia integral, cosmocentrada, dentro da qual o ser humano nos limites dessa ecologia integral.
         Perguntamo-nos, não sem certa perplexidade: quem somos, afinal, enquanto humanos? Tentando responder: o ser humano é uma manifestação da energia de fundo, de onde tudo provém (vácuo quântico ou fonte originária de todo ser); um ser cósmico, parte de um universo, possivelmente entre outros paralelos, articulado em 11 dimensões (teoria das cordas); formado pelos mesmos elementos físico-químicos e pelas mesmas energias que compõem todos os seres; somos habitantes de uma galáxia média e circulamos ao redor do Sol, estrela de quinta magnitude, uma entre outras 300 bilhões, situada a 27 mil anos-luz do centro da Via Láctea, no braço interior do espiral de Órion; morando num planeta minúsculo, a Terra, tida como como um superorganismo vivo, que funciona como um sistema que se autorregula, chamado Gaia.
         Somos um elo da corrente da vida; um animal, portador da psique ordenado por emoções e pela estrutura do desejo, de arquétipos ancestrais e coroada pelo espírito que é aquele momento da consciência pelo qual se sente parte de um Todo maior, que o faz sempre aberto ao outro e ao infinito; capaz de intervir na natureza e, assim, de fazer cultura, de criar e captar significados e valores e se indagar sobre o sentido derradeiro do Todo e da Terra, hoje em sua fase planetária, rumo à nooesfera, pela qual mentes e corações convergirão numa humanidade unificada.
         E somos mortais. Custa-nos acolher a morte dentro da vida e a dramaticidade do destino humano. Pelo amor, pela arte e pela fé pressentimos que nos transfiguramos através da morte. E suspeitamos que, no balanço final das coisas, um pequeno gesto de amor verdadeiro e incondicional vale mais que toda a matéria e a energia juntas. Por isso, só vale falar, crer e esperar em Deus se Ele for sentido como prolongamento do amor, na forma do infinito.
         Pertence à singularidade do ser humano não apenas apreender uma presença, Deus, perpassando todos os seres, senão entreter com ele um diálogo de amizade e de amor. Intuir que Ele seja o correspondente ao infinito desejo que sente, infinito que lhe é adequado e no qual pode respousar.
         Esse Deus não é um objeto entre outros, nem uma energia entre outras. Se assim fosse, poderia ser detectado pela ciência. Comparece como aquele suporte, cuja natureza é mistério, que tudo sustenta, alimenta e mantém na existência. Sem Ele, tudo voltaria ao nada ou ao vácuo quântico de onde cada ser irrompeu. Ele é a força pela qual o pensamento pensa, mas que não pode ser pensado. O olho que tudo vê, mas que não pode ser visto. Ele é o mistério sempre conhecido e sempre por conhecer, indefinidamente. Ele perpassa e penetra até as entranhas de cada ser humano e do universo.
         Podemos pensar, meditar e interiorizar essa complexa realidade, feita de realidades. Mas é nessa direção que deve ser concebido o ser humano. Quem ele é e qual é seu destino derradeiro se perde no incognoscível, sempre de alguma forma cognoscível, que é o espaço do mistério de Deus ou do Deus do mistério. Somos seres sendo sem parar. Por isso, é uma equação que nunca se fecha e que permanece sempre em aberto. Quem revelará quem somos?”.

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de novembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR., advogado, vice-presidente da Federasul, e que merece igualmente integral transcrição:

“O pós-estadolatria
        É lugar-comum dizer que o Brasil precisa mudar. Nosso principal desafio é romper o círculo vicioso da irracionalidade crônica e passar a impor uma lógica funcional para o desarranjo institucional estabelecido. Não dá mais para negar uma realidade que pulsa. Os sinais de exaurimento do modelo vigente são sensíveis e incontornáveis.
         Comecemos pelos parlamentos, outrora referências de alta cultura e inteligência. Hoje, não mais conseguem fazer a reflexão crítica necessária aos complexos desafios da contemporaneidade. Já os governos, entre dívidas impagáveis e uma burocracia inorgânica, perdem capacidade de decisão e agilidade de resolução eficaz. Por sua vez, o sistema judicial, diante da invencível enxurrada de processos, tem extrema dificuldade em prestar uma jurisdição materialmente justa com celeridade. Enfim, os sintomas do presente impõem o dever de repensarmos as estruturas de poder.
         Como bem aponta Tom Nichols em seu excelente The death of expertise, as soluções tradicionais não funcionam mais. Estamos a viver uma grande transformação em escala global com o surgimento frenético de novos players, negócios e possibilidades de futuro. Consequentemente, há em curso uma substantiva alteração das variáveis da equação do poder geopolítico. Daí a instabilidade dos tempos atuais.
         Nesse mundo em mudança acelerada, não podemos mais incentivar o mau hábito da dependência estatal, da paralisia econômica e da agressiva implosão das contas públicas. Especialmente a partir do Estado Novo, desenvolvemos um cacoete de que tudo deveria passar direta ou indiretamente pelas bênçãos palacianas. Se em um período histórico de precária urbanização e incipiente iniciativa privada isso fez algum sentido, é hora de admitirmos que tal modelo de indução estatal acabou. Objetivamente, a tecnologia é a maior arma criada pelo inteligência humana para atacar o monopólio e a excessiva burocracia de máquinas públicas fisiológicas, assistemáticas e ineficientes.
         Por mais que as forças do atraso gritem contra os ventos do progresso, estamos diante de um jogo jogado. Assim como vendedores de lampião e querosene se insurgiram contra a eletricidade, o cupim da burocracia será varrido pela eficiência tecnológica. No todo, é incrível que, em uma época de progressiva desmaterialização da economia, agilidade de procedimentos, inteligência artificial e versatilidade dinâmica, o Brasil siga a investir em elefantes brancos e em bonecos de palha que custam muito para fazer muito pouco.
         Nossa “estadolatria”, em vez de um ídolo, criou um monstro – um bicho feio, inchado e egoísta a seus próprios interesses. Por assim ser, antes de ser apto a pensar o Brasil e promover o bem comum em largo espectro, o Estado brasileiro ficou refém de profundas amarras classistas que se projetaram sobre gigantescas fatias do orçamento público, imobilizando-o.
         Após quase morrer de inanição, o Estado respira com o auxílio de aparelhos. Ano após ano, vamos empurrando com a barriga como se a dívida pública pudesse tender ao infinito. Não pode. É hora de interrompermos esta estratégia perversa de comprometimento do futuro dos brasileiros. Chega de irresponsabilidade e populismo demagógico. É preciso, urgentemente, explicar às pessoas que os modelos legislativos do ontem são inaptos a regrar o hoje, além de impedir o progresso do amanhã.
         Entre sonhos inatingíveis e possibilidades concretas, a vida ensina que só muda quem tem a coragem de romper com hábitos vencidos, quebrando paradigmas ultrapassados. Estamos diante da fronteira de um novo mundo. Hora de romper com os bloqueios físicos, psíquicos e emocionais que caracterizam a pacata cidadania do velho Brasil. Uma democracia viva requer uma mentalidade criativa, livre e ousada, pois o mundo será dos não conformistas.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.





  

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS GRAVES DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E O PODER DA ÉTICA SOCIAL NA SUSTENTABILIDADE

“O desenvolvimento e as bases da moral social
        Diz a tradição católica que boa parte das almas, antes de ir para o céu, passa pelo purgatório. Nós, brasileiros, sempre criativos, estamos fazendo em vida trajetória inversa, indo do purgatório direto para o inferno em que se transformou a vida neste país. Como já andei dizendo aqui, nossa desordem política e social tem raízes profundas, semelhantes às de muitas ex-colônias que, até meados do século XX, não conheciam fronteiras e que ainda lutam para constituir-se enquanto Estados-nações.
         A diferença é que o Brasil não é um país jovem, como costumamos dizer para justificar nossas mazelas. Fizemos nossa independência ainda no primeiro quartel do século XIX, com fronteiras políticas definidas, unidade linguística, ausência de disputas tribais e um governo central relativamente forte. Tínhamos tudo para dar certo e, no entanto, continuamos marcando passo, com uma economia claudicante e altamente dependente da exportação de produtos primários, às voltas com níveis de violência insuportáveis, instituições político-jurídicas desacreditadas, enfim, uma sociedade à beira do colapso.
         Apesar de havermos alcançado patamares mais elevados de desenvolvimento econômico, nossas mazelas políticas e sociais pouco se distinguem daquelas encontradas nas ex-colônias africanas, onde, além das extremas desigualdades sociais, grassam o mandonismo político, a corrupção generalizada, a insegurança e a desagregação social.
         Nosso êxodo populacional não aparece em frágeis embarcações lotadas de famintos, ele é mais difuso e inclui não apenas jovens em busca de oportunidades de trabalho no Primeiro Mundo, mas, também, uma leva de gente com renda suficiente para se instalar em solo seguro, longe da violência urbana e das incertezas econômicas. Isso para não falar da fuga de capitais e, com eles, de capitalistas e profissionais especializados, numa verdadeira sangria de capital social.
         Tais mazelas não desaparecem senão acima de certo patamar de desenvolvimento econômico, da formação de um mercado interno robusto, do pleno emprego ou da ampliação do mercado de trabalho formal e consequente redução das ocupações informais e do subemprego.
         São essas as condições para a emergência de uma sociedade mais igualitária, cuja sólida interdependência das funções e, consequentemente, dos indivíduos que ocupam essas funções é a fonte da solidariedade moderna, civilizada. Em outras palavras, são essas as condições para a emergência da cidadania civil, que, uma vez consolidada, se incumbirá de forjar instituições jurídicas e políticas efetivamente democráticas.
         Caso contrário, prevalece o chamado “capitalismo selvagem”, predador, que depende e alimenta elites políticas corruptas, antidemocráticas e incapazes de fazer frente às crescentes demandas populares por segurança, saúde, educação, transporte e saneamento, incapazes de oferecer, por exemplo, as bases morais indispensáveis à instauração da confiança nas instituições e entre os próprios cidadãos.”.

(Flávio Saliba Cunha. Sociólogo e professor (UFMG), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Avanços e retrocessos
        A sociedade sofre com as consequências das mentalidades equivocadas de seus cidadãos, particularmente dos atores políticos, formadores de opinião e líderes diversos. Incontestavelmente, as percepções, interpretações e juízos definem dinâmicas e rumos, determinam avanços e retrocessos. E as perdas não são poucas, pesam sobre a vida de todos. Esse passivo relaciona-se com graves problemas na articulação entre conhecimentos, informações, interesses, sentido social e político, exercício da cidadania. Por subjugar-se a mentalidades questionáveis, a sociedade brasileira não aproveita todo o seu potencial, considerando o privilégio das riquezas naturais que integram o tesouro do Brasil. Perde-se a chance de edificar uma nação mais solidária, fraterna, com apreço à justiça e à cultura da paz.
         Na contramão dessas possibilidades todas, a sociedade brasileira desconsidera suas riquezas naturais, culturais, artísticas e relacionadas à religiosidade, que poderiam qualificar sua identidade. Com isso, naufraga no lamaçal da corrupção, da indiferença com os mais pobres, dos interesses que favorecem as oligarquias. As mentalidades oligárquicas – um sentido falso de cidadania – impedem o surgimento de novos cenários no contexto nacional. Não há compromisso com a igualdade e, desse modo, convive-se passivamente com situações de miséria. A doença da ganância limita entendimentos, impede que demandas urgentes sejam consideradas, gerando, assim, incompetência para que se dê um passo novo no caminho que leva ao bem de todos.
         A falta de dinâmicas capazes de imprimir velocidade no desenvolvimento integral do conjunto da sociedade não se deve à carência de referências tecnológicas ou de recursos intelectuais. Um percurso acadêmico, a conquista de conhecimentos técnicos, pouco vale para promover avanços sociais se não houver também qualificada mentalidade, pois se torna inviável o lúcido entendimento do contexto atual, da cultura e das oportunidades para que o bem de todos seja alcançado. Se o conhecimento técnico não se alicerça em valores, princípios e inventividades que configurem o compromisso com o bem comum, os retrocessos são inevitáveis. Esse conhecimento permanece enjaulado nos interesses mesquinhos ou na leitura equivocada da realidade.
         Fenômeno estarrecedor é a distorcida visão de indivíduos que não conseguem enxergar “para além de um palmo do nariz”, conforme o dito popular. Essa cegueira causa impactos não apenas no âmbito pessoal, mas também no contexto familiar, na comunidade religiosa, nas dinâmicas de uma cidade – grande ou pequena. Sem enxergar o que está para além dos próprios interesses, todos permanecem na mediocridade e sacrificam o bem comum. E diante dessa situação, a sociedade continua a conviver de forma apática com os retrocessos.
         A falta de lucidez tem sérias consequências que requerem muito tempo e esforço para ser reparadas. Urge um tratamento sistêmico da mentalidade vigente e, sobretudo no mundo da política e em todos os outros segmentos que deveriam ser construtores de uma sociedade pluralista. Trata-se de caminho que leva à clarividência necessária para compreender o verdadeiro sentido de desenvolvimento integral. Trilhá-lo permitirá conquistar práticas e legislações que poderão tirar o Brasil da obscuridade.
         Muitas situações devem ser ponto de partida para romper com a mediocridade, que se manifesta, claramente, nas dificuldades que a representação política tem para elaborar as reformas, a exemplo da trabalhista, para que sejam vetores de avanços, e nunca de retrocessos, no respeito à dignidade humana. Entre muitos parâmetros e princípios, a mentalidade contemporânea precisa orientar-se pela busca do bem comum. Esse é o fundamento da ética social, que possibilita o respeito à vida humana, o reconhecimento de sua sacralidade. A ética social, quando assumida como princípio, resulta no desabrochar da competência para a criatividade e o discernimento, permitindo o aproveitamento das oportunidades que levam a novas e esperadas respostas. Por isso, desafiadora e muito necessária é a tarefa de retrabalhar mentalidades para que, em lugar de retrocessos, a sociedade deslize sobre os trilhos dos avanços.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.