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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A CIDADANIA, A IDEOLOGIA DO SEMPRE TRIUNFAR E A SÍNDROME DA CENSURA

“A prova do Enem e a ideologia do triunfo permanente
        
         No atual sistema capitalista, mas bem além dele, com raízes longínquas na cultura do Ocidente, viceja o espírito de competição. Deixa para trás os que perdem e seleciona cada vez mais os da ponta. Depois tudo se converte em salários polpudos. A prova do Enem não se isenta de tal maratona intelectual.
         O aspecto positivo da concorrência mostra-se na força de motivar os jovens para estudar seriamente. E, de fato, muitos sacrificam o tempo, entregando-se aos livros a fim de alcançar resultados que lhes abram as melhores universidades do país.
         No entanto, existem motivações mais dignas do ser humano do que a disputa para vencer. A mais sublime vai na direção de pôr à disposição dos outros os talentos recebidos, quer preparando-se bem para a vida profissional futura, quer ajudando os colegas a também eles se disporem para tal. Afasta-se da mente o espírito de vitória para pensar unicamente no serviço.
         E os que fracassam e tiram notas baixas? Há aqueles que “não estão nem aí”. Então não há nada a fazer. Fizeram o exame como tomar um copo d’água sem nenhum interesse, preparação e sentido de responsabilidade. O fracasso no resultado não representa nada. Deixemos de lado tais casos.
         Constitui-se tema de reflexão o fato dos que se esforçaram , se prepararam e se viram frustrados nos resultados nos resultados. Pinta logo sentimento de inferioridade, de abatimento, de baixa autoestima. Tal situação merece consideração especial. Não se trata de palavras banais de consolo, nem de explicações estereotipadas. A reflexão vai na linha psicológica e sociológica.
         Ninguém se identifica, em profundidade, com determinada ação, com sucesso ou fracasso. Somos mais ou menos, conforme o ângulo de análise. Valemos mais porque habita em nós um infinito que tem espaços ilimitados de expansão, não necessariamente aquele em que falhamos. Haja vista o exemplo do genial Albert Einsten, que foi expulso da escola e recusado pela Escola Politécnica de Zurique. Se ele se resumisse a tal fracasso, não conheceríamos a Teoria da Relatividade. Nem teríamos o eminente estadista Winston Churchill, que foi reprovado na sexta série e perdeu várias eleições. Os exemplos multiplicam-se até hoje em todos os setores.
         Quantos e quantos tiveram insucessos solenes e depois se refizeram e tornaram-se até exímios no campo em que fracassaram? Além de provar a distância enorme entre a pessoa na totalidade e um evento concreto da vida, mostra que o fracasso, em certos casos, serve como aguilhão para a pessoa avançar. Mais: a ideologia que obriga a pessoa a sempre triunfar nos exames do Enem, do vestibular e de seleção vem comandada por pobre concepção do ser humano. A maior riqueza humana não reside nos rincões da intelectualidade escolar, mas na capacidade de relação afetiva, de amar, de cuidar de outros, de ser companheiro e amigo. Tais qualidades não dependem do sucesso do Enem, mas do trabalho no próprio caráter e personalidade. Aí, sim, deveríamos cultivar os jovens para se criar geração sadia e de valor humano ético em vez de fomentar vitoriosos individualistas de triunfos papagueados pela mídia.”

(J. B. Libanio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de setembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 23).

Mais um importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de setembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Síndrome da censura
        
         O mais recente caso de proibição  judicial ao trabalho jornalístico – a proibição de que o jornal Gazeta do Povo, do Paraná, publique informações sobre investigações abertas contra o presidente do Tribunal de Justiça do estado, Cleyton Camargo – reacende a síndrome da censura prévia no Brasil.
         Vamos aos fatos que serviram de gancho para o rebrotar da censura. Em abril, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu investigação para apurar a suspeita de venda de sentença pelo desembargador Cleyton Camargo. A advogada de uma das partes de uma ação que ele julgou, quanto atuava como magistrado da área de família, o acusou de ter recebido dinheiro para decidir em favor da outra parte, em uma ação que envolvia disputa da guarda de filhos, em 2011. No mês passado, a corregedoria do CNJ abriu outro procedimento, desta vez para investigar suspeita de que Cleyton Camargo teria usado sua influência para favorecer a candidatura do filho, o deputado estadual Fábio Camargo (PTB), à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Fábio tomou posse no final de julho.
         A liminar garantindo que as notícias sobre as denúncias não fossem publicadas no jornal foi concedida há um mês. O desembargador, no pedido, sustenta que “os fatos em notícia (...) vieram impregnados pelo ranço odioso da mais torpe mentira”. Pediu, ainda, que as reportagens sejam banidas do portal do jornal na internet. Quer dizer: censura prévia multiplataforma. Proíbe-se a sociedade de ter acesso a informação de indiscutível interesse público.
         Sem prejuízo do meu sincero respeito pelas decisões do Judiciário, a censura prévia é uma bofetada na democracia. O controle ao jornal é mais um precedente gravíssimo. É importante que a sociedade reaja. Caso contrário, a violência judicial pode se transformar em rotina.
         “Nada mais nocivo que a pretensão do Estado de regular a liberdade de expressão, pois o pensamento há que ser livre, essencialmente livre. Liberdade de imprensa concerne a todos e a cada cidadão. Essa garantia básica, que resulta da liberdade de expressão do pensamento, representa um dos pilares em que repousa a ordem democrática.” São palavras do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, um sensível defensor dos valores democráticos.
         O que está em jogo, para além da garantia constitucional da liberdade de imprensa, é o direito que tema sociedade de ser informada. É difícil imaginar que o Brasil possa superar a gravíssima crise ética que transformou amplos setores do serviço público num exercício de cinismo e arrogância sem ampla liberdade de imprensa e de expressão.
         Além de inconstitucional, a liminar que censura o trabalho da Gazeta do Povo caminha na contramão do anseio de transparência no comportamento dos homens públicos que domina a sociedade brasileira. A experiência demonstra que a escassez de informação tem sido uma aliada da perpetuação da impunidade. É claro que os veículos podem e devem ser responsabilizados judicialmente por eventuais abusos cometidos na sua atividade noticiosa. Mas isso nada tem a ver com a permissão para a prática da censura prévia.
 Mas não são apenas decisões judiciais equivocadas, mesmo por pouco tempo, que ameaçam a liberdade de expressão e de imprensa. Preocupa, também, e muito, o controle da mídia por grupos com projetos de poder e perfil marcadamente radical e antidemocrático. A democracia cresce quando os meios de comunicação têm trajetórias transparentes. A defesa do Estado de direito passa, necessariamente, por um compromisso claro e histórico com plataformas de informação. Pode-se concordar ou discordar com a linha editorial das empresas de comunicação, mas há um valor inegociável: a transparência do negócio e o compromisso com valores éticos básicos. Jornalismo não é, e não deve ser, propaganda ideológica ou passaporte para ações pouco claras.
O combate à corrupção e o enquadramento de históricos caciques da vida pública só tem sido possível graças à força do binômio da democracia: jornalismo livre e opinião pública informada.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem;    III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; sistema financeiro nacional; logística; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil;turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, dos gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  


quarta-feira, 24 de julho de 2013

A CIDADANIA, A LUZ DA DIREÇÃO SEGURA E UM LÍDER DE HUMANIDADE

“A cura dos apegos: luz que pode indicar uma direção segura
        
         Sabemos que o apego é algo que um dia todos teremos de superar. Surge quando não compreendemos o lado interno, espiritual da vida, quando não estamos em contato com a essência das coisas. Por falta desse contato, ficamos habituados, acostumados à forma que reveste toda e qualquer essência, e nos apegamos a ela.
         A vida pode levar-nos  a mudar de atividade externa frequentemente. Em certas circunstâncias, podemos ficar numa profissão algum tempo e depois ir para outra bem diferente. Mas, se o que nos move é a intenção de evoluir e de servir melhor, e não alguma predileção pela forma externa do trabalho, podemos perceber continuidade mesmo quando passamos para uma atividade aparentemente oposta. Nossa intenção de servir e de melhorar, e não a forma externa das atividades, é o fio que pode interligar as diferentes etapas por que passamos, dando-nos impressão de coerência e harmonia, em vez que percalços e contrastes.
         Se considerarmos as mudanças com superficialidade, como se fossem  incômodos, as transformações podem parecer-nos drásticas. Entretanto, se as vemos com mais atenção, percebemos que não há diferença alguma entre as várias atividades quando as exercemos com o mesmo espírito. O espírito com que se fazem as coisas, isso é o importante. O espírito, a intenção, é o que traz unidade.
         A cura dos apegos soluciona os mais diversos problemas. Por meio dela, podemos encontrar resposta para muitas perguntas: “Como perceber a essência do que nos rodeia?”, “Como não perder a harmonia e a beleza que conhecemos em antigas civilizações?”, “Como não perder o amor daqueles que partem?”, “Como não nos sentirmos inativos se nosso trabalho termina ou é interrompido, ou se ficamos impossibilitados de trabalhar por algum motivo?”, “Se perdemos bens materiais, como não nos sentirmos privados deles?”, “Como, enfim, encontrar a essência das coisas?”.
         A resposta para todas essas perguntas é uma só: ir para dentro do próprio coração, para dentro do próprio ser. Lá, a consciência da alma, que é universal, desde sempre nos aguarda.
         “Como faço para me desapegar de uma ideia?”. Vá para dentro, para o seu coração. “Como faço para me desapegar de minha atual maneira de ser?”. Vá para o seu coração. “Como faço para me soltar do que me prende?”. Vá para o seu coração, na direção do seu centro. “Como faço para transcender os meus defeitos?”. Vá para a sua essência, para o seu coração. “Como faço para superar os meus complexos?”. Vá para o seu coração, para dentro de si, para o seu ser profundo. “Como faço com essa enfermidade que os médios não sabem tratar?”. Busque luz em seu coração. “Como faço com meus filhos, que não sei educar?”. Vá para dentro do seu ser, e lá encontrará o amor para tratá-los. “Como faço para preencher o vazio que sinto em minha vida?”. Vá para o seu coração. “Como faço para resolver a minha insegurança, os meus medos?”. Vá para o seu coração.
         É no coração que se curam os apegos, porque ali está a essência de tudo. Ali, nada nos falta.
         As dificuldades são resolvidas de forma simples quando nos é dado penetrar a essência das coisas, quando enfim conhecemos a força universal do próprio coração.
         No caminho interior, as únicas bagagens necessárias são o amor e a prontidão para servir. Acima da mente há uma luz indicando a direção segura.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de julho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 21, de autoria de J. B. Libanio, que é teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, e que merece igualmente integral transcrição:

“A visita do papa Francisco ao Brasil
        
          Quando no Brasil reinava tranqüila a maioria católica, a visita de um papa seria somente sinal de júbilo, confirmação e reforço da religião. Caracterizava-se fundamentalmente como ato religioso. Vivemos outros tempos. Além de crescer a faixa dos não crentes e de crentes sem vínculos religiosos, modificam profundamente o cenário religioso grupos evangélicos hostis às religiões tradicionais, inclusive as oriundas da Reforma. Com mais razão, opõem-se à religião majoritária católica. E a visita do papa Francisco provoca reações de desconforto, apelando para o argumento de que um Estado laico não pode  favorecer e gastar por causa de tal visita.
         A distinção entre religioso e civil perdeu muito da validez. Seja porque a esfera religiosa ocupa cada vez mais papel no mundo político, haja vista a bancada evangélica na Câmara, seja porque o próprio Estado necessita, não raro, do refrigério religioso para encontrar valores éticos perdidos na cultura. O Estado salva a religião e a religião salva o Estado.
         Vimos na fatídica experiência do Leste europeu o que aconteceu com Estados hostis e perseguidores das religiões. Hoje, são lembranças. Mesmo a secularizada Europa convive com surtos religiosos importantes que influenciam a política. Logo após a Segunda Guerra Mundial, a Europa viu dois países ditatoriais ruírem. E os primeiros ministros que a refizeram vieram de alas cristãs e impregnados de seus valores: De Gaspari, Adenauer, Schuman.
         Voltando à visita do papa Francisco. Ele transcende a simples figura de líder da Igreja católica. Paulo VI definiu bem a presença de um papa nos dias de hoje. Quando discursou na ONU, disse que se sentia representante de “humanidade”, e não da Igreja católica. A ausência do artigo antes de humanidade alude aos valores que ele pretende defender no fórum mundial de democracia.
         No momento em que o Brasil experimenta mobilizações populares, a presença de um líder de humanidade calha perfeitamente. Ele não vem animar os jovens simplesmente para manterem-se fiéis à religião católica, mas para despertá-los para a defesa dos direitos fundamentais do ser humano contra a injustiça social, a arrogância e a corrupção dos poderes.
         Desde os primeiros gestos do seu pontificado, a tônica principal bate no ponto chave da proximidade com os pobres, com o povo sofrido. E disso deu magistral exemplo ao escolher Lampedusa para a primeira viagem apostólica do pontificado. Ilha italiana do Mediterrâneo que tem sido palco de enorme tragédia humana. Os migrantes, sobretudo da África, lá aportam e recebem humilhante tratamento, sem falar dos mortos. E o paga lá esteve na primeira viagem. Algo extremamente simbólico e auspicioso para que ele continue na linha de humanidade.
         A visita ao Brasil não se restringe ao mundo católico, mas ao todo da realidade  brasileira, como alguém que vem reforçar o que as ruas estão a pedir na linha da justiça, da igualdade, da honestidade, da rejeição dos privilégios. Cada dia ele tem mostrado que não quer privilégios, mas viver o mais simples possível no cargo que ocupa. Precisamos de um exemplo como esse!”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, lúcidas  e oportunas abordagens que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; turismo; comunicações; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

A CIDADANIA, A ÉTICA DA PRIVACIDADE E OS NOVOS DESAFIOS DA NAÇÃO

“A ética da privacidade na guerra contra o terror
        
         Poucas realidades, como o mundo da informática, traduzem no concreto a ambiguidade da existência humana. Maravilhamo-nos a cada dia com  as novas engenhocas que a eletrônica nos disponibiliza. Nem conseguimos pensar-nos sem celular sofisticado, sem outros aparelhos que nos oferecem acesso a dados e conhecimentos antes incalculáveis.
         Está a surgir nova geração de pessoas, formadas e plasmadas pela sofisticação eletrônica. Louvamos a inteligência humana. A saúde deve muito aos exames diversificados que a medicina, com o auxílio da tecnologia, realiza. Quantas vidas se salvam e se prolongam com os recursos hoje disponíveis. Tudo maravilhoso! Lado luminoso.
         Mas, infelizmente, assaltam o coração humano interesses, desejos, ambições desmedidas que usam a mesma tecnologia para fins perversos. Estamos a viver em sociedade panóptica em que tudo se torna visível. Devassam-se os segredos do coração e do amor por meio de olhos eletrônicos que espiam sem que a pessoa o saiba. Filmam-se, fotografam-se e não raro lançam-se ao público cenas que pertencem ao mundo privado das pessoas.
         As intromissões na “privaticidade” organizam-se pelos Estados, por instituições públicas e particulares e até por curiosos voyeurs ou chantagistas. Estourou na imprensa o fato denunciado por E. Snowden de que os Estados Unidos desenvolveram o programa Prism. Ele registra e arquiva bilhões de mensagens que recebe de redes sociais como Google, YouTube, Facebook, Skype, Hotmail, Yahoo e outras tantas. A intimidade das pessoas nas conversas eletrônicas, nos desejos e sonhos manifestados caem sob a inspeção fria de interesses militares e econômicos.
         Terrível violação da ética da “privaticidade”. A justificativa da guerra contra o terror ou da busca de melhores funcionários e empregados para as empresas sobrepõem-se ao direito de autonomia, de liberdade, de intimidade das pessoas.
         O país, que mais cantou a liberdade individual e a plasmou em estátua na entrada de Nova York, assume, por meio do governo, a vergonhosa violação do direito dos indivíduos, ao ler e arquivar as informações colhidas nas redes sociais. A advertência de Jesus de que o dito no escondimento será proclamado sobre os telhados se realiza ironicamente por obra da perversidade do coração humano, e não como expressão do sentido ético de responsabilidade diante de Deus. Jesus não defende a revelação dos segredos para e pela publicidade mundana, mas aconselha-nos a prudência e o respeito à nossa própria dignidade em tudo o que fazemos.
         Que os Estados, as empresas e as pessoas corruptas farão do depósito gigantesco de confidências e informações pessoais nos escapa até da imaginação. O quinto mandamento – não matarás – começa a assumir formas novas. Já não se reduz a tirar a vida física, mas alcança a fama, a dignidade, a autoestima, destruindo a pessoa. E algumas, como ultimamente a imprensa tem noticiado, ao não suportar a destruição da própria imagem de maneira pública, terminam por suicidar. Da morte simbólica passa-se à morte física. Duplo assassinato cometido na frieza das imagens, dos ditos colhidos pelas redes sociais. Que nos despertemos para a ética da privacidade!”

(J. B. Libanio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de junho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 27).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno ECONOMIA, página 13, de autoria de MIRIAM LEITÃO, e que merece igualmente integral transcrição:

“Entender o Brasil
        
         A explosão das ruas apareceu para mim pela primeira vez no quarto dia. Estava havia uma semana numa área da Amazônia, sem qualquer comunicação, iniciando uma reportagem que está longe de acabar. Aquele havia sido um dia doloroso, de ver o crime sem castigo no Brasil profundo. Entrei num restaurante de estrada e na TV vi a violência da Polícia de São Paulo. Fiquei atônita.
         Na última sexta-feira, passei pela cozinha da minha casa, e Érica, a nova arrumadeira, me pediu para fazer uma pergunta. Pensei ser dúvida sobre a organização da casa, e a pergunta foi:
         “O que é a PEC 37?”
         Surpresas há em todo canto do Brasil. A gravidade da conjuntura me fez voltar mais cedo para a coluna antes de processar tudo o que vi no mergulho amazônico. O Brasil é um país imenso e, quando você pensa que começou a entender, surpresas maiores aparecem.
         Uma coisa é certa: erramos todos. Cada comentarista ou analista da cena brasileira, sejam em que área atue, pode dizer que alertou para erros na política ou na economia, mas ninguém previu a eclosão de um movimento desta magnitude. Quando estourou a rebelião contra governos árabes, um especialista conhecido nos Estados Unidos, F. Gregory Gause III, que há 20 anos é professor das melhores universidades americanas sobre Oriente Médio, teve a coragem de dizer que estava “totalmente errado”. Num artigo da “Foreing Affairs”, ele disse que não tinha olhado para o lado certo. Havia dedicado seu tempo a explicar por que as ditaduras da Líbia, do Egito, da Tunísia eram tão longevas e não viu o movimento se formando contra elas.
         No caso do Brasil, é mais complexo porque é uma democracia forte em que a presidente foi eleita e exerce legitimamente seu mandato. O movimento é um difuso sentimento de insatisfação diante da incapacidade de o Estado atender às aspirações das pessoas.  Há, claro, um cansaço transbordante com os casos de corrupção. É preciso separar o que é a fúria de quem praticou atos de violência e o que é a maioria da população, que vestiu branco e foi às ruas com a intenção de manifestar seus sonhos de um país melhor.
         Sabe-se pouco da dinâmica dos movimentos na era digital. Sabe-se que eles não têm líderes claros e surpreendem pela rapidez do crescimento. É o velho contágio, que a sociologia estudou, mas em escala muito maior. O mestre Manuel Castells, que esteve aqui rapidamente, tem traçado algumas linhas do que é este mundo novo das redes de indignação e esperança, mas nem quem o lê com atenção imaginaria o que aconteceu no Brasil. Temos que ter a humildade de admitir que é preciso estudar mais o país, sua juventude, suas mudanças. E as pesquisas de opinião? O que é mesmo que perguntaram para captar tanta popularidade do governo? Como isso se encaixa com o que vimos agora?
         O Brasil viveu um sufocante período de gritos e sussurros depois de reprimidas as passeatas de 1968. O movimento espontâneo da Praça da Sé na morte de Herzog, em 1975, foi surpreendente e decisivo para mostrar a exaustão com tão longo autoritarismo. A manifestação dos trabalhadores da Vila Euclides revelou a força dos nos líderes. As passeatas gigantes das Diretas surpreenderam até os organizadores pela sua força e dimensão, mas elas tinham lideranças sólidas em coalizão. Os caras-pintadas foram um efeito bumerangue. O ex-presidente Collor, que havia aprisionado o dinheiro das famílias, sem debelar a inflação, estava envolvido em denúncias de corrupção. Acuado, pediu que o povo fosse para a rua apoiá-lo. Colheu o oposto do que pediu.
         O passado é completamente diferente do presente. Não se pode recorrer a ele. A rejeição a todos os políticos, que aparece nas manifestações, é compreensível, mas não é a solução. O atual sistema de representação está gasto, mas não se sabe o que pôr no lugar. Estamos numa transição para um mundo diferente. Minha esperança é que ao fim dos protestos o país tenha cidadãos mais bem informados.
         Expliquei para a Érica o que era a PEC 37. Avisei que ela tem defensores, mas que eu sou contra tirar poderes do Ministério Público. Disse que a Polícia deve investigar, mas também o MP. Detalhes da organização da casa ficaram para ser explicados no dia em que ambas tivermos menos mobilizadas pela tarefa maior de entender o Brasil.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...   

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A CIDADANIA, O HORIZONTE DA CRIMINALIDADE E A ÉTICA DA VIDA

“BH manchada de sangue
        
         Até quando continuarão a matar moradores de rua na capital dos mineiros? Esse crime e muitos outros estão manchando de sangue a história jovem, bela e promissora desta nossa amada cidade. Belo Horizonte reúne possibilidades incontáveis para ser uma sociedade exemplar, fazendo jus à condição de centro desta terra mineira, o lugar atraente da síntese das muitas Minas que configuram um tesouro nacional: a mineiridade. Contudo, desafiadores problemas nos afligem e demandam a todos nós, do poder público especialmente, qualificada, velocidade e audácia para atingir metas mais cidadãs na constituição de uma sociedade mais justa e solidária, servidora de todos, sobretudo dos pobres.
         Como se não bastassem os desafios que nos afligem na contemporaneidade, ao se pensar a urgente necessidade de garantir moradia digna para todos, de resguardar o atendimento cidadão no âmbito da saúde pública, bem como o acesso à educação e ao mundo do trabalho, Belo Horizonte está se tornando palco do horrendo massacre de moradores de rua. Nesses últimos dois anos, a cifra chega a cem. Parafraseando o horror das destruições profetizadas por Jesus, quando a sociedade perde parâmetros éticos, tratada com descaso os problemas urgentes que afligem a vida das pessoas, é a “abominação da desolação”.
         A pauta de urgências para superar esse cenário envolve muitos itens e demandas que estão exigindo de todos os cidadãos uma redobrada atenção, um sentido de realidade mais apurado e um comprometimento diuturno, que inclui tanto as pequenas ações de solidariedade com aquelas mais encorpadas pela articulação de pessoas e instituições. Abrange também os indispensáveis projetos estratégicos e sistêmicos dos governos em vista do bem comum. Nesse sentido, ao se considerar o processo construtivo da sociedade belo-horizontina, o que vale para cada cidadão desta amada terra, desafiados pela conturbada realidade das regiões metropolitanas, são as ações rápidas e eficazes, medidas urgentes para que cessem aqui as mortes de moradores de rua.
         A razão primeira é o respeito integral à dignidade de cada pessoa, merecedora de todo o cuidado e zelo, por obrigação governamental, por autenticidade de cidadania e pela força do amor que a fé verdadeira guarda. É urgente, pois, um “acordar a sociedade inteira” para este problema gravíssimo: a violência contra moradores de rua, que está manchando ainda mais de sangue a nossa história e os nossos dias. Serve de alerta o Livro do Apocalipse, abertura do quinto selo; uma referência simbólica à história da humanidade e seu destino. Conforme narra São João, os que estavam debaixo do altar, imolados, gritaram em voz forte: “Senhor santo e verdadeiro, até quando tardarás em fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra?” (Ap 6,10). Deus tem a condução da história. Todos nós seremos julgados, pelo amor a cada pessoa que gera o respeito e compromisso cidadãos. Particularmente, pelo amor que demonstrarmos pelos inocentes, pobres e indefesos.
         O tesouro da fé cristã que se mistura ao patrimônio admirável das riquezas deste chão mineiro deve renovar na sua capital e em cada recanto desta terra bendita uma vivaz, profética e inspiradora opção preferencial pelos pobres. Trata-se de um capítulo anterior, mais consistente em razões e raízes , aos projetos sociais advindos das obrigações governamentais, pois é fundamental para que sejam bem cumpridos. A opção preferencial pelos pobres nasce da fé em Jesus Cristo, incontestavelmente o grande patrimônio de nossa cultura. O Evangelho é fonte inesgotável de valores, educador da simplicidade de coração, da audácia na busca do bem e da justiça. Um caminho para incentivar ações e atitudes coerentes.
         É hora de limpar o sangue que mancha BH com o assassinato de moradores de rua. Que essa urgência inspire campanhas para que não se mergulhe uma sociedade na violência, para que não sejam configuradas realidades quase irreversíveis de insegurança e injustiça. Ainda está em tempo para que cidades iluminadas pelo sol, que desponta do alto de suas montanhas, cultivem o querer bem à dignidade de toda pessoa. Da abominação dos assassinatos deve nascer, por gestos e palavras, um tempo novo que seja para todos o “belo horizonte”.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de junho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 19, de autoria de J. B. Libânio, que é teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, e que merece igualmente integral transcrição:

“A ética da vida: prezar a própria e a dos outros
        
         Impressionam-nos as manchetes de violência por futilidades. Analista financeiro é queimado vivo após assalto na zona sul de São Paulo. Ladrões teriam ficado insatisfeitos com R$ 100. Aquela jovem assassina a própria mãe para ilusoriamente herdar bens materiais. Jovem entra na universidade ou na escola e metralha crianças e jovens. Enfim, as notícias rodam por aí em quantidade e horror. Casos singulares que revelam a brutalidade do coração humano.
         Quando mergulhamos nas estatísticas, o espanto cresce. No século passado, mais de 100 milhões morreram de maneira violenta. E as guerras? E as câmaras de gás dos nazistas? E a bomba atômica jogada sobre civis em duas cidades do Japão? E o bombardeio aliado sobre a multidão de alemães praticamente derrotados, acampados em Dresden?
         Surgem perguntas angustiantes. De onde viemos, por sermos assim tão violentos? Onde estamos por praticar tanta truculência? E assustados nos interrogamos: e para onde caminha tanta perversidade humana?
         A história nos relata inícios sombrios da humanidade. A Bíblia, nas primeiras páginas, narra o simbólico assassinato de Abel pelo irmão Caim. A própria Escritura se enche de cenas de muita violência, sofrida e praticada pelo povo judeu. A descrição da conquista da Terra Prometida se faz com alta taxa de limpeza étnica.
         Jesus inverte a história sagrada. Prefere sofrer a violência a praticá-la. Ordena que Pedro embainhe a espada depois de cortar a orelha do soldado Malco, a quem ele cura. As bem-aventuranças invertem a história da humanidade e insuflam novos ares. Mas, mesmo assim, os cristãos não aprenderam. A Inquisição, a caça às bruxas, as condenações de hereges obscureceram o céu do perdão, da misericórdia, da pacificidade anunciado e realizado por Jesus.
         Há, sem dúvida, dose de terrível intolerância a morar no coração humano. O poeta Plauto e depois Hobbes, repetem que “homo homini lupus” – o ser humano é lobo para o outro ser humano. Por outro lado, J. J. Rousseau acredita na bondade radical do ser humano, mas a sociedade o corrompe.
         Em geral, a verdade balança entre extremos. Certamente, todos não somos lobos. Nem também a inocência imaculada. Os psicanalistas descobrem no inconsciente pulsões de vida e de morte. E a de morte volta-se ora contra si ora contra outro. A teologia nos fala de falta original, mas redimível pela graça.
         Vale para todos o cultivo da ética da vida. Significa prezar a vida própria e a dos outros como maior valor, intangível, não comerciável, não disponível. Esbarramos no santuário sagrado que cada pessoa encerra. Funda-se no ato criativo de Deus que nos chama a todos à comunhão. O dado teológico presta-se para excelente base ética. Paulo chega a dizer que somos “Templo do Espírito Divino”. Tanta dignidade humana impõe-nos a responsabilidade de não profanarmos  em nós tal beleza e de respeitar a alheia. Infelizmente, o universo de fatos e o imaginário que criamos sobre o ser humano dificultam-nos vê-lo em tal esplendor. Cabe-nos falar mais da grandeza do ser humano que de sua miséria para melhorar a imagem que fazemos dele e assim baixemos a violência contra ele.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente  e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos  sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; assistência social; previdência social; sistema financeiro nacional; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; esporte, cultura e lazer; comunicações; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações, a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

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quarta-feira, 12 de junho de 2013

A CIDADANIA, A ÉTICA E A HUMANIDADE NA PESQUISA CIENTÍFICA E NO JORNALISMO DE QUALIDADE

“A ética da pesquisa científica
        
          Tema crucial. A pesquisa alimenta o sistema moderno em todos os campos. A inteligência humana caracteriza-se pela inquietude, e, no Ocidente, assumiu forma extremamente aguda. As linhas da ansiedade variam enormemente. Ora, o ser humano busca resposta às efervescências interiores no Infinito de Deus. Santo Agostinho, os místicos a sede do Absoluto como supremo grito do coração humano à espera da contemplação eterna. E aí estão as obras de espiritualidade a traçar-nos a subida do monte Carmelo ou o galgar das Moradas de Deus.
         Ora, essa mesma força interior volta-se para a conquista da Terra. Os colonizadores venceram mares, enfrentaram procelas, descobriram continentes. E, por isso, aqui estamos, nas Américas.
         Ora, outros mergulharam nas profundidades do eu psíquico. Atingiram esferas até então vividas e sofridas, mas desconhecidas, chamando-as de Ide, superego. Reino na psicanálise, da psicologia profunda.
         Ora, o desafio veio da matéria, das leis físicas, dos corpos, das estruturas constitutivas das coisas. Os sentidos empenham-se em pôr ordem na floresta de seres. Seduziu-os o mistério das leis que regem tanto o universo grandioso dos astros como o micro das partículas. Mais. Não lhe bastou o funcionamento já dado. Quis ir mais longe. E foi. Começou a inventar,  a partir das coisas conhecidas, outras imaginadas que viessem modificar o modo humano de agir. E a pesquisa científica pôs-se a transitar por mares nunca dantes navegados. Entrou pela estrada da criação. Qual o limite dessa aventura?
         Nesse ponto, nasce o conflito com a ética. Enquanto conhecia as leis postas pelo Criador, seguia tranquilo na consciência de que louvava a Deus. Desde as formas mais simples até as mais sofisticadas de conhecimento científico permitiram o louvor de Deus. No início e no fim, estava Ele, Alfa e Ômega. E quando começou a sair da rota, veio-lhe a pergunta: Cabe-nos também o papel de criador? Quem nos dirá os caminhos a trilhar, se nos sentimos onipotentes?
         A ética parou para responder. Não encontrou resposta na própria matéria. Ela permanece muda, disponível. Teve que voltar-se para o ser humano. Que transformações do mundo, das coisas nos fazem humanos? Que pesquisas favorecem o caminhar da humanidade pelas vias do bem, da verdade, da beleza, da solidariedade? Perguntas gerais. Difícil resposta porque nem sempre se veem claros os frutos das pesquisas.
         Talvez o critério se estabeleça de maneira clara se o olhar se voltar pela lado negativo. Que não podemos tocar, qual terreno misterioso, sem profanar o sacrário da existência humana, sobretudo lá onde se gera a vida?
         Complica-se gravemente a ética quando se apossam das pesquisas não o ser humano na transparência do próprio mistério, mas forças econômicas e políticas sem nenhuma referência ética. Interessa-lhes o resultado da materialidade a fim de obter mais lucro ou poder. A maior ameaça da pesquisa à ética vem da primazia absoluta do interesse comercial chamado lucro. Ao ídolo maior do capitalismo se queima o incenso da ciência. Os seus nefastos e perversos efeitos cedem diante do tilintar do capital ambicionado.”

(J. B. Libânio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de junho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Iluminar a cena
        
          O jornalista Carl Bernstein – famoso no mundo inteiro depois da série de reportagens, escrita com Bob Woodward, que revelou o escândalo Watergate e derrubou o presidente Richard Nixon – não forma com o time dos corporativistas da mídia. Sua crítica, aberta e direta, aos eventuais desvios das reportagens representa excelente contribuição ao jornalismo de qualidade. “O importante é saber escutar”, diz Bernstein. “As respostas são sempre mais importantes que as perguntas que você faz. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos.”
         O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história. A distorção, no entanto, escapa à perspicácia do leitor médio. Daí a gravidade do dolo. Na verdade, a batalha da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada, da preguiça profissional e da incompetência arrogante. Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Mas alguns procedimentos, próprios de opções ideológicas invencíveis, transformam um princípio irretocável num jogo de aparência.
         A apuração de mentira representa uma das mais graves agressões à ética e à qualidade informativa. Matérias previamente decididas em guetos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é honesta, não se apóia na busca da verdade, mas num artifício que transmite um simulacro de isenção, uma ficção de imparcialidade. O assalto à verdade culmina com uma estratégia exemplar: repercussão seletiva. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a notícia. Cria-se a versão.
         A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta de apuração. É importante que os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento.
         A precipitação e a falta de rigor são outros vírus que ameaçam a qualidade. A incompetência foge dos bancos de dados. Na falta de pergunta inteligente, a ditadura das aspas ocupa o lugar da informação. O jornalismo de registro, burocrático e insosso é o resultado acabado de uma perversa patologia: o despreparo de repórteres e a obsessão de editores com o fechamento. Quando editores não formam os seus repórteres, quando a qualidade é expulsa pela ditadura do deadline, quando as pautas não nascem da vida real, mas de pauteiros anestesiados pelo clima rarefeito das redações, é preciso ter a coragem de repensar todos os processos.
         Autor do mais famoso livro sobre a história do jornal The New York Times, Gay Talese vê alguns problemas a partir da crise que atingiu um dos jornais mais influentes do mundo. Embora faça uma vibrante defesa do Times, “uma instituição que está no negócio há mais de cem anos”, Talese põe o dedo em algumas chagas que, no fundo, não são exclusividade do diário americano. Elas ameaçam, de fato, a credibilidade da própria imprensa. “Não fazemos matéria direito, porque a reportagem se tornou muito tática, confiando em e-mail, telefones, gravações. Não é cara a cara. Quando eu era repórter, nunca usava o telefone. Queria ver o rosto das pessoas. Não se anda na rua, não se pega o metrô ou um ônibus, um avião, não se vê, cara a cara, a pessoa com  que se está conversando”, conclui Talese.
         A autocrítica interna deve ser acompanhada por um firme propósito de transparência e de retificação. Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e,por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; turismo; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


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