“Trote
nosso de cada dia
Um dos fatos marcantes
desta semana foi a divulgação de fotografias de calouros da Faculdade de
Direito da UFMG em situação de constrangimento, com atitudes de racismo,
fascismo e sexismo comandadas por alguns sorridentes alunos veteranos.
Tratava-se do trote, uma instituição tão antiga como odiosa, que tem como
“justificativa” o cumprimento de provas iniciáticas para que se configure o
pertencimento dos novos postulantes a um lugar social de destaque. Com as
mesmas explicações, atitudes semelhantes são observadas em outros contextos e
sociedades. O que mostra que podemos ser ruins em matéria de humanismo em todos
os lugares do mundo.
O que seria a repetição
de um ritual ultrapassado e violento, cobrando ações de vigilância mais
estritas e punições mais exemplares, no entanto parece simbolizar uma forma de
autoritarismo que teima em deixar marcas numa sociedade pretensamente
democrática e republicana. O que se viu guardado pelos muros da universidade
foi uma atitude que repercute valores de exclusão social, discriminação,
violência e certa arrogância de impunidade, dado o jeito orgulhoso com os
torturadores morais possam para fotos.
Curiosamente, a
imprensa de todo o país, mesmo condenando o ato, foi bastante condescendente
com seus agentes, que, em atitude criminosa explícita (pelo menos racismo e
cárcere privado – um estudante foi atado a um poste e outra acorrentada),
tiveram seus rostos desfocados nas fotos, empenho que não se observa quando se
trata de pessoas de outro meio social. Além disso, num exercício de negaceio,
os crimes eram apresentados mais como decorrentes do sucesso do vazamento das
imagens nas redes sociais do que por seu potencial de violência explícita.
Essa ambiguidade talvez
retrate alguns aspectos que caracterizam o autoritarismo brasileiro, que tem
nítidos elementos de classe. Não somos mais autoritários que os outros, mas
possuímos elementos de distinção que vêm se fortalecendo historicamente. O fato
de o trote ter sido flagrado numa universidade pública (de acesso mais difícil)
e num curso de direito (território da legitimação social) torna ainda mais
significativo o viés classista, em sua utilização de signos como a escravidão e
a saudação nazista, típica da nova direita, que recusa a convivência com outras
etnias e com migrantes.
O que caracteriza o
autoritarismo brasileiro, do qual a atitude dos alunos, em sua
irresponsabilidade, seria um exemplo selvagem, sem mediação aparente da cultura
e das normas internalizadas? Quem melhor dissecou a face tipicamente brasileira
do nosso autoritarismo foi a pensadora Chauí, em textos que servem ao mesmo
tempo como instrumento de análise, reflexão e chamamento ético à ação
transformadora da sociedade.
DESIGUALDADE
Em
primeiro lugar, o autoritarismo no Brasil parte da recusa da aceitação da
igualdade. O mais básico dos princípios liberais, no país, se torna quase uma
postulação política. A igualdade formal no Brasil é sempre coadjuvante da
desigualdade nas relações sociais. O que era para ser diferença é tornado, na
prática social, como inferioridade. É o que explica a homofobia, o racismo e o
machismo, observados todos os dias, e, num extremo de anomia, a capacidade de
guindar um deputado confessadamente racista e homofóbico ao posto de presidente
da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ( o grave é que, no
terreno da formalidade, tudo parece ser um desvio pessoal, quando se trata de
um arranjo político que envolve todo o sistema representativo e a integralidade
do processo de elaboração do ordenamento jurídico nacional).
O
segundo aspecto do autoritarismo pátrio é a tradução do princípio anterior (a recusa da igualdade) numa impossibilidade
prática de atitudes críticas e de contestação. Em outras palavras, marcados de
nascença pela desigualdade estrutural, a sociedade traduz esse prejuízo em leis
e atitudes (repressão) que tendem a
naturalizar o que é uma violência social. As normas existem para preservar
privilégios, a repressão tem a função de silenciar as camadas populares, o
aparelho jurídico é estruturado para garantir vantagens históricas, e não para
instituir novos direitos.
Vem
daí, por exemplo, a noção de democracia praticada no país, que fortalece o polo
do consenso e criminaliza o do conflito. Democracia deveria supor os dois
lados, o acordo e o debate. Assim, o exercício dos protestos, a agitação social
contra as injustiças, as ações de ocupação de terras improdutivas e áreas
urbanas com déficit de moradia são sinal de vitalidade democrática. No entanto,
a resposta, em nome da democracia fundada nos acordos de interesses particulares,
traduzida em consensos que deveriam ser reformados, é sempre o cumprimento
estrito das atitudes de repressão contra aquelas ações.
O
terceiro elemento do autoritarismo no Brasil, também identificado no caso do
trote, é a indistinção entre as esferas pública e privada. Não parece haver no
país uma percepção do público como espaço coletivo, mas apenas como terreno de
exercício dos apetites privados de setores privilegiados. Do mesmo modo que o
público é privatizado, o privado perde sua dimensão de intimidade quando serve
aos interesses econômicos e políticos. Nosso autoritarismo é mestre em se
apropriar do que é de todos e em invalidar a manifestação da individualidade
dos cidadãos comuns.
Por
fim, na lista de defeitos de origem do autoritarismo tipicamente nacional estão
a naturalização das desigualdades, operadas a partir do consenso vicário
oferecido pelos meios de comunicação, e o fascínio pelos sinas de riqueza,
poder e prestígio. Para adentrar no território dos doutores (é impressionante como
os advogados gostam tanto do título que se chamam entre si de doutores o tempo
todo, até mesmo nas relações menos formais) é preciso merecer. O merecimento,
no caso brasileiro, é dado pela submissão a todos os preceitos acima e até
mesmo a provas bem menos nobres, como trotes e outras ações de constrangimento
ilegal, entre elas o puxa-saquismo explícito, pragas das mais reincidentes.
Somos
autoritários ao nosso modo. E, também com singular disposição, validamos a
injustiça que daí decorre em vários momentos de nossa vida. Estudantes que se
submetem ao vexame dos trotes apenas reproduzem, onde seria de esperar que
estivessem livres em razão de sua posição social, atitudes consideradas
justificadas na vida do trabalhador
comum. São situações diárias, como a revista no local de trabalho, a ameaça à
participação sindical ou política, a cobrança de comportamento evasivo em
matéria de sexualidade, a exigência de silêncio frente aos inúmeros assédios
morais, entre outros. Trotes invisíveis que humilham no dia a dia. Isso para
ficar apenas no campo do trabalho.
A
saída para o autoritarismo é um misto de denúncia tenaz e corajosa e de
postulação de novos contextos de sociabilidade. Em outras palavras, de criação
de um campo social de lutas que vá além do jogo viciado de um Estado
sacralizado, de uma sociedade satisfeita em sua desigualdade, de uma política
reduzida ao marketing narcisista e de uma democracia de meros procedimentos.
A
academia, que agora está no centro da roda com o trote dos acadêmicos de
direito, tem obrigação não apenas de resolver essa questão de forma exemplar,
como também de iluminar com conhecimento uma sociedade que permite tais abusos.
Esse retrato não pode ser desfocado: é preciso que a universidade mostre sua
cara.”
(JOÃO PAULO. Editor
de Cultura, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 23 de março de 2013, caderno PENSAR, coluna OLHAR, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2313 – ano 46 – nº 12, de
20 de março de 2013, páginas 94 a 96, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é
economista, e que merece igualmente integral transcrição:
“A
visão evolutiva do aprendizado
Até Freud, que só
pensava... naquilo, reconheceu a descoberta mental como uma importante fonte de
prazer para o homem em “A civilização e seus descontentes”. De fato, há poucas
atividades mais estimulantes do que aprender coisas novas, conseguir perceber a
luz onde antes só havia trevas.
O
aprendizado ocorre no cérebro. Durante muitos séculos, o cérebro foi tratado
como uma caixa-preta, à qual não podíamos ter acesso direto, e cujas
maquinações só poderiam ser depreendidas por meio da observação cuidadosa e
perspicaz do comportamento de pessoas. A maioria dos profissionais de educação
ainda subscreve esse paradigma. Sua visão sobre o funcionamento cerebral e,
portanto, formada pelas hipóteses não científicas de pensadores da virada do
século XIX para o XX, especialmente Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon
(1879-1962).
Desde
essa época, porém, a compreensão que temos do cérebro fez grandes avanços, e a
neurociência está conseguindo ligar habilidades e comportamentos humanos a
áreas e processos cerebrais específicos, abandonando o modelo “caixa-preta” por
outro em que o cérebro é percebido como um órgão material, que tem uma
fisiologia, no qual agem células, neurotransmissores etc. Uma das descobertas
que essa ciência já conseguiu fazer é que, ao aprendermos, mudamos a própria
arquitetura física do órgão. Como bem descreve, no fascinante In Search of Memory, Eric Kandel – um
dos líderes da pesquisa nesse campo, vencedor do Nobel de Medicina por suas
contribuições –, a formação de uma memória de longo prazo altera nossa rede
neuronal em pelo menos duas maneiras: não só aumenta a força do sinal da
sinapse na área relevante como cria novas sinapses (as estruturas neuronais que
permitem a passagem de um sinal químico ou elétrico entre neurônios vizinhos).
É tão impossível entender como seres humanos aprendem sem compreender o
funcionamento do cérebro quanto querer chegar de um lugar a outro sem saber o
que são ruas, estradas, rios e pontes. E a maneira responsável de buscar esse
conhecimento é por meio da ciência. Por mais brilhante que seja um observador
da fase pré-científica, ignorar todo o avanço da ciência nas últimas décadas
seria não apenas anacrônico como irresponsável.
Um dos
insights mais importantes desse
período de pesquisa é que o cérebro é, assim como um olho ou braço, fruto de um
processo evolutivo, moldado ao longo de centenas de milhares de anos para
aumentar nossas possibilidades de reprodução e sobrevivência. Como bem mostra
Steven Pinker em livros como How the Mind
Works e The Blank Slate, a ideia de que nosso cérebro é uma tábula rasa
cujos conteúdos são preenchidos exclusivamente por processos culturais é
equivocada. Entre os muitos achados dessa visão evolutiva está a descoberta de
que o cérebro evita o pensar. Pensar é uma atividade dispendiosa, tanto em
termos de tempo como de energia, e sempre que possível o cérebro substitui o
pensamento por um procedimento automático gravado na memória. (Já imaginou como
seria impossível, por exemplo, dirigir um carro, se a cada esquina
precisássemos pensar como fazer uma curva, como indicar aos outros motoristas
que estamos dobrando, calcular o ângulo certo da virada do volante, pensar onde
está a alavanca do pisca-alerta etc.?)
Como
mostra o psicólogo cognitivo Daniel Willingham em Why Don’t Students Like School?, o cérebro pensa em duas situações:
quando é estritamente necessário (não há procedimento na memória que nos ajude)
e quando nós acreditamos que seremos recompensados por resolver determinado
problema. A recompensa? Pequenas doses de dopamina, um poderoso
neurotransmissor associado aos circuitos de prazer do cérebro, liberado quando
se resolve uma questão (e também durante o consumo de cocaína). Para que a
dopamina seja liberada, o fundamental é calibrar a dificuldade do problema. Se
ele é fácil demais e o aprendiz já sabe a resposta antes de pensar, não há
pensamento nem, portanto, dopamina. Se ele é difícil demais e a pessoa já
pressente que não conseguirá encontrar a solução, o cérebro “desliga-se”: não
havendo a possibilidade de dopamina, não vale a pena gastar o maquinário
neural.
Mas o
que é, em termos neurológicos, pensar? Pensar é combinar informações de maneira
diferente. Essas informações podem vir do ambiente externo e/ou da memória de
longo prazo. A memória de longo prazo é aquela que armazena informações e
processos que estão fora da nossa consciência imediata. A tabuada, por exemplo:
ela não estava na sua mente antes de eu mencioná-la e desaparecerá de nova em
alguns minutos, mas, sempre que você precisar fazer uma multiplicação, ela
virá, facilmente, à mente. O local do cérebro em que esse novo processamento de
informações se dá é a memória operacional (ou de “trabalho”, do inglês working memory). A memória operacional
tem capacidade limitada – e, quanto mais perto ela estiver de seu limite, mais
difícil vai ficando pensar. Sua capacidade é determinada geneticamente. Pensar
bem, portanto, envolve quatro variáveis: informações externas, do ambiente;
fatos na memória de longo prazo; procedimentos na memória de longo prazo; e o
tamanho do espaço disponível na memória operacional.
A
primeira implicação dessa descoberta é que o domínio de fatos não apenas ajuda
no ato de pensar: ele é indispensável. Como mostra Willingham, décadas de
pesquisa em ciência cognitiva revelam que, se você não domina as informações
básicas de determinado assunto, não conseguirá ter um raciocínio
analítico/crítico a seu respeito. Até a leitura se torna mais fácil se o
cérebro já conhece o assunto em questão: a pesquisa mostra que uma pessoa com
ótima habilidade de leitura e pouco conhecimento de um assunto entende menos de
um texto sobre aquele tema do que outra pessoa que lê mal mas conhece o
assunto. A ideia atualmente em voga de que não é necessário ensinar informações
a alunos, já que elas estão disponíveis na internet, é, portanto, furada. O
desafio não é ensinar sem memorização (o que é impossível), mas memorizar
apenas o necessário para desenvolver as habilidades de pensamento crítico,
descartando aquilo que é memorizado somente com o objetivo de ser regurgitado
novamente em uma prova.
Se a
memória é importante, surge a outra pergunta fundamental: como o cérebro
memoriza? Nosso cérebro ficaria sobrecarregado se memorizássemos tudo o que
aprendemos? A maioria do que aprendemos passa pela memória de trabalho e é
descartada, não chegando nunca à memória de longo prazo. Como decidimos o que é
armazenado? Infelizmente isso não depende da nossa vontade de memorizar algo ou
apenas da quantidade de vezes que tenhamos tentado. O cérebro decide da
seguinte maneira: se você pensa cuidadosamente sobre algo, é porque é
importante para você e provavelmente precisará ser pensado novamente – e,
assim, deve ser retido. Na formulação de feliz de Willingham, “a memória é o
resíduo do pensamento”. Se você pensar sobre algo e o entender, provavelmente
vai se lembrar depois. Veja que essa compreensão deixa claro que o processo do
pensamento é cumulativo: quanto mais se pensa, mais se conhece – e, quanto mais
se conhece, mais fácil é o pensamento, e assim sucessivamente. Por isso é que
crianças que vêm de situações de menos estímulo intelectual em casa precisam de
uma escola excepcionalmente boa, e nos primeiros anos de ensino, para equiparar
o jogo. Do contrário, os filhos de privilegiados terão uma vantagem exponencial
e insuperável ao fim do processo escolar.
E como
um instrutor faz para que um aluno pense em algo? Provavelmente a resposta mais
comum dos nossos professores seja “fazer com que aquele conteúdo tenha
relevância para a vida do estudante”, apostando que a ligação emocional do
assunto com a vida do aprendiz desperte sua atenção. A ciência da cognição
sugere que essa não é uma boa aposta: existe uma relação entre emoção e
memória, mas a emoção precisa ser bastante forte para que tenha impacto na
memória, e claramente há poucos assuntos de um currículo que poderão ser
ensinados assim. A chave para o aprendizado não está no que é ensinado, mas em
quem o ensina e como. Deve haver uma conexão pessoal entre o aluno e seu
mestre, e para que haja essa ligação o instrutor precisa ser percebido como uma
pessoa do bem por seus alunos e ter uma aula bem organizada. Se não existir
essa conexão pessoal ou se o material a ser ensinado não estiver bem
organizado, não haverá aprendizagem. (Uma dica dos neurocientistas sobre como
organizar o material: o cérebro humano adora histórias. Conte uma história.)
A
última lição da ciência da cognição é sobre a importância da repetição. Repetir
um aprendizado aumenta nossas chances de dominá-lo. Primeiro, porque a
repetição espaçada é um antídoto contra o esquecimento. Segundo, porque a
repetição faz com que certos procedimentos sejam automatizados e, assim, possam
sair da memória operacional e ir para a memória de longo prazo. Lembre-se:
pensar ocorre quando combinamos novas informações, vindas do ambiente e/ou da
memória de longo prazo, e isso acontece na memória de trabalho. Quanto mais
espaço livre tivermos na memória de trabalho e quanto mais informações tivermos
na memória de longo prazo, melhor será nossa capacidade de pensamento. A
prática importa porque faz as duas coisas: ao automatizar processos, libera
espaço na memória de trabalho e enriquece a memória de longo prazo.
Talvez
seja por isso que, apesar das reclamações de milhões de alunos e de séculos de
tentativas de reforma educacional, a maioria das boas escolas de hoje não
difere muito da Academia de Platão, de quase 2 500 anos atrás. O modelo
socrático-platônico – no qual um professor emocionalmente envolvido com seus
alunos é capaz de transmitir seus conhecimentos de maneira organizada e
estimulante, exigindo ao mesmo tempo esforço contínuo de seus alunos – parece
ter descoberto intuitivamente o que a ciência de dois milênios depois
referendaria sobre o funcionamento de nosso cérebro. A escola continuará
passando por muitas evoluções e refinamentos, mas revoluções só devem dar certo
se nosso cérebro for significativamente alterado.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, inexoravelmente irreparáveis;
c) a dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas,
necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das
desigualdades sociais e regionais e
nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção
de uma Nação verdadeiramente justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática,
desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e
abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no
Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de
2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias,
da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...