segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, AS DINÂMICAS SOMBRIAS DA POLÍTICA E OS DESAFIOS DO JORNALISMO DE QUALIDADE

“Barafunda brasileira
        
         Faustão é mestre em lembrar expressões populares que padeceram com o tempo. Arrastão já foi trabalho de pescadores e, hoje, é assalto coletivo em grandes concentrações urbanas. Quem ainda diz “mandar brasa”, “sujeito pau”, “aquele broto” ou “mocorongo”?
         Deonísio da Silva, mestre em nosso idioma, escreveu o imprescindível De onde vêm as palavras (Mandarim), desnudando-as em suas etimologias, significados e empregos. Palavras, como tudo, se gastam com o tempo. Perdem o brilho, o significado e, portanto, o uso. É o caso de direita e esquerda. No tempo da bipolaridade mundial entre capitalismo e socialismo, elas demarcavam terrenos nítidos. Hoje, o que é ser de direita ou de esquerda?
         No Brasil, a esquerda está no poder? Suponhamos que sim. Mas quem são os líderes de sua base aliada? Todos conhecemos sobejamente: Sarney, Collor, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, Maluf, Romero Jucá, Kátia Abreu. Como um governo de um partido de trabalhadores pode se dar tão bem com o patronato brasileiro e manter relações tensas com movimentos sociais, como indígenas e sem-terra?
         Fora o PSDB e alguns pequenos partidos, todos os setores conservadores da sociedade brasileira apoiam o governo, incluindo empreiteiras, bancos e mineradoras, principais fontes de financiamento de campanhas eleitorais. Espero que a reforma política – quando houver – impeça candidatos de receberem grana de pessoas jurídicas, e as doações de pessoas físicas fiquem limitadas ao teto de um salário mínimo.
         Agora estão presos companheiros meus na luta contra a ditadura, como Dirceu e Genoino. Todos foram condenados por juízes nomeados, em sua maioria, pelo governo petista. Considero ilegal, injusta e despropositada a maneira como foram detidos na data da Proclamação da República. Fazer espetáculo com a dor alheia é tripudiar sobre a dignidade humana.
         Aliados do governo acusam a grande mídia de conivência com a espetacularização do julgamento. Por que então o Planalto não dá andamento aos projetos de regulamentação e democratização da mídia? Por que não impede a formação de oligopólios? Por que a publicidade financiada pelo governo federal privilegia exatamente veículos de oposição ao planalto?
         Em 10 anos de governo petista, o Brasil melhorou muito, graças ao aumento real do salário mínimo, à redução do desemprego, à política externa independente, à solidariedade aos governos progressistas da América Latina e aos programas sociais – embora eu lamente que o Fome Zero, emancipatório, tenha sido trocado pelo Bolsa-Família, compensatório.
         Amigos “de esquerda” se queixam que os aeroportos estão demasiadamente cheios de famílias de baixa renda. No Nordeste, o jegue foi trocado pela moto. E as multinacionais automotivas continuam a entupir nossas ruas de carros, sem que haja investimento em transporte público.
         É o efeito tostines: no Brasil, os produtos são caros porque dependem do sistema rodoviário? Ou os produtos são caros porque os caminhões são abastecidos com petróleo? Temos 8 mil quilômetros de litoral, rios caudalosos navegáveis, e quase nenhuma navegação comercial. E quando se fala em ferrovia se pensa no trem-bala, capaz de transportar a elite no circuito Campinas-São Paulo e não em trilhos que cortem o país de ponta a ponta, facilitando o escoamento barato de nossa produção.
         Sim, o atual governo é muito diferente do governo FHC. E muito semelhante. Prometeu investigar as privatizações – “herança maldita” – do governo anterior e ficou o dito pelo não dito. E adotou o mesmo procedimento: privatização do Campo de Libra, que abriga petróleo, um produto estratégico; e de rodovias, portos e aeroportos, sem prestar atenção na queda do lucro da Vale após ser privatizada e do valor das ações da Petrobras depois que 60% delas passaram às mãos do capital privado e na falência da Vasp. E não houve nenhuma iniciativa de reestatização, como fez Evo Morales na Bolívia.
         Segundo o Ipea, órgão federal, a desigualdade social entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil é de 175 vezes! Por que não são tomadas medidas estruturais para reduzi-la? Em 10 anos de governo petista, houve apenas uma reforma estrutural no Brasil, a da Previdência do funcionalismo público, que favorece o capital privado. Enquanto o orçamento da República destinar 40% do nosso dinheiro para pagar juros, amortização e rolagem da dívida pública, e menos de 8% para a saúde e a educação, o Brasil continuará sonhando em ser o país do futuro."

(FREI BETTO. Escritor, autor do livro O que a vida me ensinou (Saraiva), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de outubro de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Imprensa de efeito moral
        
         Falar da imprensa é sempre um campo minado. As críticas caminham na lâmina de uma adaga: de um lado a acusação paranoica do golpismo; de outro o risco permanente da censura. O que deveria ser um alerta para a inteligência acaba se tornando, no entanto, a impossibilidade do debate. Para alguns, não há saída com o modelo de jornalismo vigente; para outros, sem ele nada vale a pena quando se preza a democracia. Mesmo assim, o mal-estar parece permear o cenário. Os leitores já não confiam tanto nos jornais. Mas seguem precisando, cada vez mais, de informação de qualidade para tomas suas decisões.
         É por isso que é necessário sempre manter o acicate da desconfiança em funcionamento. O bom jornalismo, que é uma criação da sociedade, não dos meios de comunicação, continua sendo uma das garantias de liberdade e crítica na sociedades contemporâneas. E é em nome dele que é preciso entender tantos os limites do modelo tradicional – que parece mergulhar num crise econômica e de valores – quanto a transformação surgida em razão das novas tecnologias e da multiplicação dos polos de enunciação do discurso social. Há uma questão devida à aceleração da técnica que se tornou metáfora social: não precisamos esperar o jornal do dia seguinte para começar a viver.
         Alguns fatos recentes e seu tratamento pelos meios de comunicação acendem a luz de alerta. A tendência à espetacularizaçao do mundo, que Guy Debord dissecou em seu A sociedade do espetáculo, transforma tudo em imagens. Não se trata apenas de uma forma de simplificação do mundo, mas está em marcha uma operação nitidamente interessada: a criação dos padrões que valorizam mais a representação do que a vida. O livro, de 1967, parece um espelho de nossos dias. Para Debord, assim como na economia há a tendência à acumulação de capital, na vida social se observa uma inclinação à acumulação de imagens. A realidade, despida de sua substância e concretude, se torna uma coleção de imagens. A onipresença dos meios de comunicação, guiados por essa lógica, substitui a realidade pela representação. Vivemos num mundo de sombras animadas.
         O que isso significa na prática é um desvio epistemológico, ou, em outras palavras, um esvaziamento do campo do saber em proveito da ideologia. Os jornais em vez de noticiarem a realidade se esforçam para manter a dinâmica do espetáculo, o que atende mais à sensibilidade do que à razão. Num contexto com tal padrão de funcionamento, a verdade é barganhada pelo simulacro. Em tal realidade social, aparecer é o mais importante. O que o “jornalismo” de celebridades dita para o mundo social acaba se tornando padrão para todos os campos da informação, da política à economia, passando pela cultura e esporte. Em todos os campos, as notícias parecem prescindir da realidade, elas cumprem apenas sua dança em torno dos mesmos personagens e valores (quase sempre o dinheiro, o poder e a fama).

FALTA DE EDUCAÇÃO A forma como a imprensa vem cobrindo nos últimos meses as manifestações sociais é um bom exemplo dessa fábrica de simulacros. Mesmo com o grande investimento nas coberturas, com dezenas de repórteres e analistas e vários campos do saber, o que parece vingar é mais um efeito prévio de julgamento do que a capacidade de ir às raízes das situações. Ninguém se sente à vontade com o novo, que quase sempre é denegado, como a Mídia Ninja, por exemplo. A grande notícia foi o tumulto, não o que ele aponta. Assim como as forças repressivas possuem suas bombas de efeito moral, o jornalismo parece ter se armado de notícias de efeito moral, que fazem muito barulho e geram pouca inteligência.
         A recente greve dos professores do Rio de Janeiro (como ocorreu em outras greves do setor, inclusive em Minas) se torna muito mais um campo de confrontação de corpos do que de ideias. O jornalismo, em vez de caminhar em direção ao urgente tema da melhoria da educação, se basta em noticiar manifestações e suas consequências.  Como numa evidência de esquizofrenia política, a mesma imprensa que sempre foi aliada das causas da educação e ajudou a denunciar condições dramáticas do setor deixa de lado seu patrimônio de esclarecimento social e crítica para assumir uma postura de realismo estrito e evasivo das questões de fundo. A sociedade, caso se informasse apenas pelos meios de comunicação tradicionais, teria apenas que ser contra ou a favor da repressão policial ou das estratégias de ação dos grevistas.
         Mais que despolitizar, a cobertura espetacularizada torna as questões políticas em sucedâneos policiais. A mesma operação é visível em outros momentos de confronto social no Brasil e no mundo. Assim, ocupações rurais são vistas como ameaça à propriedade privada, e não como realização política da função social; a luta pelos direitos indígenas é tratada num misto de falsa condescendência (que infantiliza o debate) e decretação de atraso e afronta a interesses econômicos tradicionais; a crise do sistema de saúde é colocada na conta da universalização e dos propósitos mais generosos, e não da oposição do setor privado em defesa de seu negócio. Por outro lado, o desemprego nos países europeus, em vez de demonstrar a crise econômica, é a contraparte punitiva pela falta de radicalismo neoliberal: a culpa, mais uma vez, é das vítimas.

ÍNDIOS E LARANJAS Para cada um desses “espetáculos” há vilões, mocinhos e cenas de apelo emocional: destruição de pobres pés de laranja de multinacionais (que ocupam indevidamente terras públicas); médicos cubanos a disputar um mercado de profissionais brasileiros (que não se interessaram por ele nem por seus pacientes); populações indígenas  como defensoras de bagres e valores animistas. Voltando a Debord, é importante distinguir  de que forma essa vindicação da imagem como elemento de constituição social se realiza entre nós. Para ele, havia duas maneiras de criação do poder a partir do exercício da espetacularização. A primeira era a estratégia concentrada, típica das ditaduras. A segunda, que nos diz respeito, é difusa, e assume a defesa de um modo de vida que se espalha por todos os poros da sociedade, sem que pareça fluir de um núcleo. Nesse padrão de pensamento único, o liberalismo é o nec plus ultra das pessoas responsáveis.
         O pensador francês vai além: na plena vigência da sociedade do espetáculo, não é preciso sequer esconder a realidade e seus problemas mais candentes, apenas direcionar o discurso sobre a verdade para as demandas do sentimento. Assim, é possível mostrar que nosso padrão de consumo é inviável, que os salários dos professores são baixos, que a saúde pública está em crise, sem, contudo, atacar o coração do sistema. Os meios de comunicação estariam mais interessados em discutir números e dados, como se tudo não passasse de uma inevitabilidade civilizacional. Há certa convicção alienada nos rumos da história, que se compraz em indulgência política.
         Outro setor em que tal lógica opera na mesmo pasmaceira é a cobertura das campanhas políticas. Os candidatos já postos para a próxima eleição presidencial e para os governos de estado não precisam se manifestar em torno dos projetos para os diversos setores da administração  e das políticas públicas. As campanhas se tornaram território da desfaçatez: os jornalistas sabem que os candidatos não são o que apresentam em suas campanhas, mesmo assim analisam seus discursos e estratégias tendo como pano de fundo o resultado eleitoral. Jornalismo de resultados. Ou seja, se tornam peças das próprias estratégias de campanha, testando os balões de ensaio e variando, a cada dia, em torno do mesmo chorrilho de alianças, siglas e projetos pessoais. E, o pior, se acham espertos e bem informados.
         O jornalismo de efeito moral gosta de jogar gás de pimenta nos olhos do leitor, acreditando que a turvação da inteligência é permanente. O que ele começa a aprender é que o efeito passa e que há outras fontes de informação. A imprensa séria pode até perder público, mas não pode perder a relevância, sob o risco de deixar o mundo mais pobre.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A QUALIDADE DA ATIVIDADE MENTAL E AS DECISÕES PARA O SUCESSO

“Como podemos estar diante de nossos erros e faltas atualmente
        
         Há uma antiga meta para o ser humano, que ainda não foi atingida: a união do corpo emocional com o mental. Como isso não foi realizado, é comum pensarmos uma coisa e sentirmos outra.
         Na proporção que essa fusão acontece, vamos deixando de nos envolver mental e emocionalmente com as situações. No presente vemos ainda como tantas vezes nos ofendemos, ficamos descontentes e reagimos com o que nos acontece. Esse envolvimento obscurece ainda mais nossa visão, o que nos dificulta alcançar correta compreensão e discernimento. Abre portas para que cometamos atos equivocados, que não correspondem à nossa compreensão interior
         Para superarmos esses estados, tenhamos em conta que ainda que fluência natural da vida possa ser cerceada por alguma falta que cometemos, a vida não para e em seguida retoma seu ritmo próprio. Sendo assim, cada vez que nos punimos por uma falta, retrocedemos ao momento em que ela ocorreu e voltamos a estancar esse fluir.
         Se estamos dispostos a ampliar a consciência, se realmente aspiramos a nos aperfeiçoar e aprender o necessário para não redundar em nossas falhas, não temos porque nos penitenciar por elas. Saberemos que no momento correto o Universo nos trará a oportunidade de reajustá-las da melhor maneira. Tendo isso claro, amplia-se a compreensão e tudo vai adiante com o fluir da vida.
         Ao procedermos desse modo, não estaremos fugindo, mas sim nos entregando à harmonia universal. Com tal entrega, nossa ação pode ser equilibrada sem estacionarmos em um ponto que afinal já não é nosso, uma vez que já reconhecemos a falta e estamos dispostos a transformar-nos. E se após esse reconhecimento tivermos sinceramente aprendido a lição que nos cabe, o indicado é nem pensarmos no que fizemos. Desse modo permitiremos que o equilíbrio se recomponha com mais facilidade.
         Por outro lado, ter pena de nós mesmos faz efeito contrário. A autopiedade é um sentimento que nos fecha o coração e, como resultado, ficamos vulneráveis a ondas de maldade. Isso porque o coração, nosso protetor energético, está fechado.
         Transcender a autopiedade é um grande passo para o ser. Significa cultivar a neutralidade, em relação a nós mesmos, mantendo desse modo o coração receptivo às energias do Alto. A força do coração transmuta as forças negativas, quando o encontram aberto. Mas se temos pena de nós mesmos a maldade nos penetra, domina e se põe a fazer o seu trabalho destrutivo.
         A autocompaixão transforma-se em uma espécie de irritação, deposita-se em nosso centros energéticos sutis e os corrói. Essa irritação só pode ser curada depois de criarmos em nós uma ideia superior sobre as coisas, com a mudança do sistema de pensamentos e de sentimentos.
         O pensamento elevado e a gratidão por compreender tal processo são poderosos instrumentos de cura. A qualidade da nossa atividade mental cura desequilíbrios que nem imaginávamos ter. É a forma de desafogar por completo do nosso ser o vício da autopiedade.
         Quando cometemos algum erro, o ato seguinte é que vai mostrar se o reconhecemos. Se o justificarmos, e se nos desculparmos por ele, estamos deixando de nos renovar. A nós é pedido apenas fazer o melhor dali em diante, a partir de uma transformação interior.
         Atrairemos assim, para a Terra, uma nova forma de vida, que corresponde à de etapas futuras da humanidade.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de dezembro de 2013, caderno MEGACLASSSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2, de autoria de ANTONIO MARCOS PEREIRA, que é administrador e professor universitário, e que merece igualmente integral transcrição:

“A importância das decisões para o sucesso
        
         Desde os primórdios da civilização, o homem é levado a escolher entre as diversas alternativas que, em todos os momentos, a vida lhe apresenta, obrigando-o a se posicionar perante fatos que decidirão o futuro de sua sobrevivência. Trata-se da difícil arte imposta pelo processo decisório. No mundo corporativo, o sucesso das organizações está diretamente ligado em como seus gestores lidam com o processo de tomada de decisões.
         Segundo Peter F. Drucker (1986), “Decidir é julgar”. É escolher entre as alternativas. Raramente, é escolher entre o certo e o errado. Assim, conclui-se que nem sempre uma decisão será na sua totalidade a melhor, pois certamente haverá alguma perda.
          Muitos gestores e executivos quase sempre tomam decisões solitárias, baseadas quase sempre em opiniões e poucas vezes em fatos, pois estes demandam muito tempo e estudos para serem apurados. Existe ainda o fator emocional que quase sempre exerce a maior influência na decisão, levando o indivíduo à alternativa que nem sempre é necessariamente a melhor opção.
         Algumas organizações concentram a tomada de decisões apenas no nível estratégico e, nem sempre, são consideradas as opiniões e as necessidades básicas dos departamentos pertencentes ao nível operacional. Por sua vez, os profissionais que constituem o nível tático nem sempre detêm o poder da decisão e não participam da elaboração do plano estratégico. Às vezes eles são tratados como “feitores”, ou seja, sua função é fazer com que os setores operacionais cumpram as decisões tomadas pelos diretores.
         Aliados a esses fatores, acrescentam-se também as influências externas provenientes de clientes cada vez mais exigentes, pressão dos fornecedores, do governo, o alerta dos concorrentes e as notícias da mídia.
         Tomar decisões nesse contexto é algo complexo e administrar essa complexidade é o desafio de todo dirigente. Segundo Drucker, nenhuma empresa funcionará melhor do que sua alta administração permita; afinal de contas, o gargalo está sempre na cabeça da garrafa.
         Com o crescimento de uma organização, faz-se necessário a divisão de tarefas e responsabilidades entre os níveis gerenciais. Assim, surge o conceito de decisão interdepartamental, ou seja, decisões que devem ser tomadas e as consequências assumidas por vários departamentos da empresa.
         Dentro desse cenário é importante, por parte dos gestores, que se faça uma reflexão sobre os seguintes questionamentos: O que realmente o mercado consumidor? Nossos produtos/serviços irão satisfazer as necessidades das pessoas e organizações consumidoras? Quais são as tendências futuras? O que realmente encantaria nossos clientes? Nossa organização está atendendo aos seus clientes de maneira satisfatória?
         A quantidade de informações a respeito do problema é um fator de extrema importância para o processo decisório. Quanto mais informações forem obtidas a respeito do mesmo, melhor será a sua compreensão e solução. É importante se atentar também com a qualidade e com a veracidade das informações obtidas.
         Para que uma decisão estratégica, seja eficaz é importante que haja a participação integrada dos níveis tático e operacional, pois são eles quem irão desenvolver as ações para que os objetivos propostos sejam atingidos. Como exemplo, podemos dizer que não adianta o cérebro de uma pessoa de 70 anos decidir que ela irá correr 10 quilômetros em 30 minutos. As pernas, os pulmões, ou seja, a estrutura física do corpo corresponderá a essa decisão?”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inequivocamente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;polícia federal; defesa civil; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democráticas, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

         

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A DOENÇA DA TERRA E O DESAFIO DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

“O aquecimento global é a febre que denuncia a doença da Terra
        
         Há negacionistas da Shoah(eliminação de milhões de judeus nos campos nazistas de extermínio) e há negacionistas das mudanças climáticas da Terra. Os primeiros recebem o desdém de toda a humanidade. Os segundos veem, dia a dia, suas convicções sendo refutadas por fatos inegáveis. Só se mantêm coagindo cientistas para não dizerem tudo o que sabem, como foi denunciado por diferentes e sérios meios alternativos de comunicação. É a razão ensandecida que busca a acumulação de riqueza sem qualquer outra consideração. Em tempos recentes, temos conhecido eventos extremos da maior gravidade: Katrina e Sandy nos Estados Unidos, tufões terríveis no Paquistão e em Bangladesh, o tsunami no sudeste da Ásia, o tufão no Japão que danificou as usinas nucleares em Fukushima e, ultimamente, o avassalador tufão Haiyan, nas Filipinas, com milhares de vítimas.
         Nos últimos meses, quatro relatórios  oficiais de organismos ligados à ONU lançaram veemente alerta sobre as graves consequências do crescente aquecimento global. Com 90% de certeza, esse é comprovadamente provocado pela atividade irresponsável dos seres humanos e dos países industrializados. Todos são unânimes em afirmar que não estamos indo ao encontro do aquecimento global: já estamos dentro dele.
         Poucas semanas atrás, a secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, Christina Figueres, em plena entrevista coletiva, desatou em choro incontido ao denunciar que os países quase nada fazem para a adaptação e a mitigação do aquecimento global.  Yeb Sano, das Filipinas, na 19ª Convenção do Clima em Varsóvia, ocorrida entre 11 e 22 deste mês, chorou também, diante de representantes de 190 países, quando contava o horror do tufão que dizimou seu país, atingindo sua própria família.
         Os representantes desses países já trazem no bolso as instruções previamente tomadas por seus governos, e os grandes dificultam por muitos modos qualquer consenso. Lá estão também os donos do poder no mundo. Todos querem que as coisas continuem como estão. É o que de pior nos pode acontecer, porque então o caminho para o abismo se torna mais direto e fatal. Por que essa irracional oposição?
         Esse caos ecológico é tributado ao nosso modo de produção, que devasta a natureza e alimenta a cultura do consumismo ilimitado. Ou mudamos nosso paradigma de relação para com a Terra e para com os bens e serviços naturais, ou vamos irrefreavelmente ao encontro do pior. O paradigma vigente se rege por esta lógica: quanto posso ganhar com o menor investimento possível, no mais curto lapso de tempo, com inovação tecnológica e com maior potência competitiva? A produção é para o puro e simples consumo, que gera acumulação; este, o objetivo principal. A devastação da natureza e o empobrecimento dos ecossistemas aí implicados são meras externalidades (não entram na contabilidade empresarial). Como a economia neoliberal se rege estritamente pela competição e não pela cooperação, estabelece-se uma guerra de mercados, de todos contra todos. Quem paga a conta são os seres humanos (injustiça social) e a natureza (injustiça ecológica). Ocorre que a Terra não aguenta mais esse tipo de guerra total contra ela. O aquecimento global é a febre que denuncia a doença. O planeta está gravemente doente.
         Os começamos a nos sentir parte da natureza, e então a respeitamos como a nós mesmos, passando do paradigma da conquista e da dominação para aquele do cuidado e da convivência, e produzimos respeitando os ritmos naturais e nos limites de cada ecossistema, ou então preparemo-nos para as amargas lições que a mãe-Terra nos dará. Não está excluída a possibilidade de que ela já não nos queira mais sobre sua face e se liberte de nós como nos libertamos de uma célula cancerígena. Ela continuará, coberta de cadáveres, mas sem nós. Que Deus não permita semelhante e trágico destino.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de novembro de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Que educação

QUEREMOS?
        
         Na quarta-feira, a manchete deste jornal gritava: “Colégios mineiros no topo do Enem”. Tudo indicava, inclusive a foto festiva que enfeitava o alto da capa, que se tratava de uma boa notícia. Bastou ler a reportagem, sobretudo os depoimentos de diretores de escolas que não mantiveram lugares de destaque registrados no ano passado, para ver que estamos atravessando um absurdo deserto de valores. Na verdade, a educação foi a grande perdedora nesse evento lamentável, já que a relação fornecida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), nada mais significou que instrumento de marketing para as escolas bem posicionadas na relação, ou alimento de reclamação e choro para as que foram preteridas ou perderam posição no ranking.
         A situação não é nova. Há muito a educação no Brasil se tornou um negócio. Até aí, nada de mais, é o solo em que nos firmamos numa sociedade de mercado. No entanto, mesmo na mais estrita ética de qualquer negócio, o mais importante é a qualidade de seu produto. No caso das escolas, na intangível materialidade da educação, o “produto” pode ser traduzido de muitas formas: civilidade, consciência crítica, conhecimento, capacidade de ação social, solidariedade e humanismo. Ou seja, essas são as habilidades e valores que desejamos ver em nossos filhos ao fim do processo educacional.
         No entanto, a lista do Inep e sua exploração pelas escolas particulares mostra que o cenário é outro. Tanto a direção das instituições de ensino como os professores e alunos se sentem participantes de uma grande gincana, cujo prêmio é a distinção, a diferenciação, o destaque. Estar à frente de outros é mais importante que estar ao lado de todos. Se um colégio, ou para usar nome mais antigo e expressivo, um educandário, vale o nome que tem, deveria buscar a solidariedade, não a competição. Esse clima de disputa, no entanto, não prejudica apenas o aspecto moral, mas também o pedagógico.
         Como dizia Freud, a educação é uma tarefa impossível, seja pela perenidade do processo (por isso medir seria sempre um equívoco e comparar um erro ainda mais grave), seja pela singela realidade de que ninguém ensina ninguém: as pessoas aprendem no contato social, sempre em mão dupla. E é bom lembrar o criador da psicanálise, já que o comportamento dos diretores de escolas que perderam posições no pódio armado pelo Inep demonstra um inequívoco traço persecutório. Eles garantem que vão entrar com recurso no MEC para rever a relação. Se sentiram traídos pelos deuses aos quais fizeram suas libações.
         As declarações dos diretores e supervisores estampadas na reportagem de quarta-feira, neste sentido, não precisam de comentários em sua explícita entrega da frustração em que se encontram por não mais ocupar lugares de destaque. Eles lamentam não poder comemorar os resultados e, o que mais grave, o fato de não poder dar aos alunos o atestado do sucesso do processo pedagógico, como se a chancela do Inep fosse mais importante que outros indicadores qualitativos, aos quais deveriam estar atentos. Como a cidadania e o saber, por exemplo.
         Tudo parece indicar que a pontuação tem um peso forte na valorização dos colégios no mercado da educação privada. Estar em boa posição é argumento para cobrar mais caro. Nisso, a divulgação dos resultados do Enem se mostra equivocado. Ora, ou o resultado serve para identificação de problemas, e com isso deveria contribuir para direcionar ações de apoio e investimento aos estabelecimentos, ou é apenas instrumento de propaganda para majorar preços, que parece ser o caso. E, o que mais grave, há um efeito Pigmalião às avessas: quanto pior o índice, mais isolada ficará a escola. O parâmetro comparativo de realidades distintas incentiva o preconceito. O que incide ainda mais na escola pública em seu descaso com carreira dos professores, traduzindo em salários indignos e abaixo do patamar previsto em lei. Sem que faltem sequer as chicanas que transformam salários em subsídios para burlar a regra constitucional.

SEM AMOR Mas há três outros problemas graves nessa história. O primeiro é a tendência das escolas em criar uma atmosfera interna de cobrança e competitividade, que em nada atende a propósitos pedagógicos e éticos, mas apenas à conquista de degraus mais altos no pódio. Assim, os alunos que estão lá para aprender, e que eventualmente tenham problemas de aprendizagem, são convidados a se retirar do recinto com a pecha de fracassados. Em nome da disputa, vão sendo afastados os sujeitos do processo educacional exatamente pelo fato de precisarem da educação. A melhor escola não é de melhores alunos, mas a que trata melhor diferentes tipos de alunos, sobretudo os com maior dificuldade em aprender.
         O outro desvio grave está ligado muitas vezes à própria ideologia religiosa de algumas escolas da capital, com o Santo Antônio e o Loyola, que reclamaram da exclusão da lista dos “top ten”. Em vez de reafirmarem seus propósitos educativos, evidenciam sua filiação ao ethos da competitividade com a decisão de questionar o Inep. Colégios fundados por congregações de jesuítas (como o papa Francisco) e franciscana (com sua humildade de origem) não ficam bem na missa rezada em nome da disputa e da exclusão da diferença de ritmos e estilos de inteligência. Prestam um desserviço à educação, à religião e à ética e ainda desestimulam seus alunos na senda nobre da solidariedade.
         A teologia católica é fundada em diversos valores, mas a base é a caridade. Uma distorção histórica fez da caridade em nosso país uma espécie de desvio compensador das más intenções. Os caridosos tratam sempre do resto, dividem o que têm de bom e doam o que não presta, acham que os pobres só precisam de comida e que tudo mais é luxo. Essa postura chauvinista, felizmente abandonada por teologias mais humanistas, que recuperaram o sentido de amor presente na palavra caritas, está na base da ligação do Estado brasileiro com a Igreja Católica, em conúbio que gerou uma série de vantagens para as escolas ditas religiosas, da doação de terrenos à isenção de impostos por décadas. Quando os educandários religiosos passam a ser guiados por intentos capitalistas de forma tão desabrida, talvez tenha chegado a hora de cobrar a conta. Quem sabe na forma de cota de bolsas para estudantes sem condições de pagar mensalidades. Não como “caridade”, mas como direito legítimo de usufruir da riqueza gerada socialmente pelo trabalho de várias gerações.
         Por fim, a opção entre a consciência crítica e o adestramento diz muito dos valores do nosso tempo. Uma educação voltada para aprovação em concursos e para a seleção de profissões por classes sociais (que podem pagar colégios mais eficientes) é reprodutora, no sentido indicado por Bourdieu e Passeron: não serve para ler e criticar o mundo, mas para reconstituir a cada geração os mesmos privilégios das anteriores. Uma educação voltada para o mercado é puro treinamento, alienante e alienador, focalizado em avaliações produtivistas. Não ensina a questionar o mundo, mas a como se dar bem nele. Trata-se do cumprimento de uma agenda vinculada à produção e que vê no homem e na mulher apenas a força de trabalho. Não é um acaso que se fale tanto em educação profissionalizante para os pobres (a classe média não quer seus filhos nesses bancos escolares desprestigiados) e se critique tanto o acesso dos pobres ao ensino superior (como se eles conspurcassem a diferenciação de classes e, muitas vezes, de raça, teimando em combater políticas de cotas e outros instrumentos de inclusão).

OUTRO LADO Se o clima de competição conspícua e anti-humanista absorve os colégios ditos de ponta, os bons exemplos não param de vir da ação dos professores realmente comprometidos com a educação. Que são seguramente a maioria. O chororô das escolas da Zona Sul católica de BH não impediu, na mesma semana da divulgação da lista do Enem, que dois exemplos também ganhassem divulgação fora do difícil dia a dia do ensino público. Na Escola Municipal Gracy Vianna Lage, localizada na Rua 63, 23, no Bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, os alunos e professores se uniram para produzir um vídeo sobre o preconceito racial que mostra o verdadeiro sentido da palavra educação.
         Desde que o ensino sobre história e cultura afrobrasileiras passou a ser obrigatório, tem sido um esforço da comunidade escolar encontrar formas de debater o conteúdo que permeia a vida social, mas que ainda não ganhou tradução em instrumentos pedagógicos. Com atuação de meninas de 8 e 9 anos, a E. M. Gracy Vianna Lage realizou o curta-metragem Bom pra quê?, uma brincadeira sobre a diferença dos cabelos das crianças, que vai participar de mostra em Brasília, em 2 de dezembro. Mais que ensinar sobre relações étnico-raciais, trata-se de uma atitude construtiva, integradora e geradora de solidariedade social. Além de desmanchar, com as armas da inteligência e sinceridade, toda a burrice que há por trás da discriminação.
         Outro bom exemplo foi dado pela professora Joana D’Arc Camargo, que, com seu empenho pessoal, levou toda a turma de escola do Morro das Pedras para conhecer de perto os painéis Guerra e Paz, de Portinari, que estiveram expostos no antigo Cine Brasil, no Centro de BH. Para levar adiante seu projeto, ela foi nada menos que 23 vezes à mostra, levando as crianças em seu carro e arcando com toda a despesa do passeio. Com sua sensibilidade e conhecimento da história da arte, ela sabia que as crianças se identificariam com os personagens infantis criados pelo artista brasileiro. João Portinari, filho do pintor, ficou emocionado com a história.
         A alegria dos jovens de Belo Horizonte pode ter origem numa competição que exclui ou numa sensibilidade que agrega. Podemos ser alegres pela distinção ou pelo pertencimento. Quando você ouvir alguém defendendo o investimento em educação, talvez seja um bom momento de perguntar: que mundo queremos construir? A escola que temos não é apenas uma antevisão do que seremos, mas um alerta para o que podemos estar nos tornando.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem;III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratata, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A BOA GESTÃO PÚBLICA E A ALEGRIA DO EVANGELHO (54/6)

(Dezembro = mês 54; faltam 6 meses para a Copa do Mundo)

“Por uma melhor gestão pública
        
         A população foi às ruas nos últimos meses para protestar, em um levante que não se via no Brasil havia um bom tempo. A mensagem foi clara: há algo de errado na condução da política econômica e social do país e a população, no geral, não está satisfeita. Em meio a tantos cartazes expostos nas últimas semanas, o resultado que fica é o de que o Brasil não atua de forma sincronizada com os anseios populares.
         Nota-se um visível descompasso e falta de alinhamento das instituições federais, estaduais e municipais para o atendimento das necessidades básicas da sociedade brasileira. É preciso utilizar melhor os recursos para gerar mais valor à sociedade. Temas estratégicos como saúde, educação, segurança e transporte público não podem estar sujeitos à sazonalidade político-partidária, e sim a planos consistentes estruturados para o longo prazo.
         O ranking do Fórum Mundial de Economia, que funciona como um índice de competitividade global, mostra que o Brasil não está tão bem posicionado frente a outros países. Embora tenha avançado posições no índice geral, ao longo dos anos, o Brasil está entre os últimos colocados em aspectos relacionados ao setor público como desperdício em gastos públicos e eficiência do setor. A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou, em janeiro de 2013, uma pesquisa que procurou entender quais afetam a competitividade brasileira. Em consonância com os pedidos ouvidos nas ruas, surgiram questões bem próximas dos clamores da população: foram citados, como barreiras ao crescimento do país, aspectos como educação (pública e privada), burocracia, legislação trabalhista, política econômica, segurança pública, entre outros.
         Assim como a iniciativa privada já vem fazendo há algum tempo, está na hora de discutir também no setor público temas condizentes com a busca pela excelência da gestão, que, por vezes, já integra a agenda das organizações privadas, como a descentralização da gestão, o pensamento estratégico, o foco em resultados e metas estabelecidas, a implantação de processos claros e o esforço na desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor para o país e para os cidadãos brasileiros.
         A FNQ já observa uma mobilização silenciosa do setor público para implantação de práticas de gestão sistêmica, seguindo os princípios da iniciativa privada. Um exemplo é o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública), que estabeleceu um modelo de gestão permanente, seguindo os fundamentos e critérios do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado pela FNQ, e que atua como instrumento referencial para a melhoria de práticas e o alcance do sucesso de organizações de todos os portes e setores. Adaptados ao setor público, o modelo prevê que governos municipais, estaduais e federal e órgãos e empresas públicas possam melhorar também a sua gestão e contribuir para o aumento da competitividade da economia brasileira.
         O modelo de gestão sistêmico da FNQ, adaptado à realidade do setor público, permite que organizações públicas e privadas façam uma avaliação constante de sua gestão, identificando seus pontos fortes e as oportunidades de melhoria. Ao profissionalizar a sua gestão, a organização consegue atender a população com mais rapidez e eficiência, possibilitando processos mais claros, além de reduzir entraves burocráticos e de infraestrutura, que vêm tornando o Brasil menos competitivo frente a outras economias.
         Talvez seja o momento de ouvir as manifestações de forma positiva, mudar o nosso modelo mental para fazermos uma política mais realizadora, demonstrando uma atitude proativa frente às demandas declaradas, anunciando um plano para o Brasil mais condizente com o que pede a população e menos ligado em ações pontuais e cosméticas. O momento pode ser propício para uma aproximação mais efetiva aos reais anseios da população brasileira, pois temos condições, de sobra, para construirmos um Brasil melhor.”

(JAIRO MARTINS. Superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

Alegria do Evangelho
        
         O papa Francisco define ainda mais nitidamente o horizonte norteador da Igreja Católica neste tempo com a sua recém-publicada Exortação Apostólica, intitulada A alegria do Evangelho. Obviamente, trata-se de uma exortação que nasce da “escuta”, na dinâmica da vida da Igreja e do que é próprio da graça de Deus. O papa Francisco, com frescor próprio do coração de pastor enraizado no chão latino-americano, reaviva, com singularidades, a recuperação de sentidos genuínos na vivência do Evangelho. O conhecimento da exortação do papa é determinante na compreensão e no tratamento do mais importante desafio da Igreja Católica na contemporaneidade: a insubstituível tarefa de anunciar o Evangelho no mundo atual.
         Ao falar sobre alegria, um capítulo determinante na vida e um interesse comum a todos os corações, é imprescindível compreender que o Evangelho de Jesus Cristo não é um simples conjunto conceitual alternativo para aprendizagem, ou simples referência quando necessário. A alegria do Evangelho é duradoura. Enche o coração dos que, no cotidiano, vivenciam a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Trata-se de uma alegria que não é como muitas outras, que seduzem, mas são passageiras e não têm força para resgatar o vazio interior, o isolamento e a tristeza. O papa Francisco adverte que o grande risco do mundo contemporâneo, com a oferta múltipla e opressora de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração acomodado e avarento, da busca doentia de prazeres superficiais.
         Não é possível encontrar uma alegria verdadeira e duradoura quando a vida interior se fecha nos seus próprios interesses. Isto impede a escuta de Deus e faz morrer o entusiasmo de fazer o bem. Um risco que, sublinha o papa Francisco, pode atingir também os que creem e praticam a fé. Um cenário que pode ser constatado quando são encontradas pessoas descontentes, ressentidas, amargas e incapacitadas para cultivar sonhos e projetos, necessários para conduzir a vida na direção da sua estatura própria de dom de Deus. A alegria, necessidade natural do coração humano, expressão de vida vivida com dignidade, vem com o anúncio, conhecimento, experiência e testemunho do Evangelho de Jesus Cristo.
         A Igreja, que tem a missão de promover a experiência dessa alegria duradoura, tem que estar em movimento, isto é, sempre a caminho. Cada membro, tomando a iniciativa de sair e ir ao encontro, deve renunciar às comodidades e acolher o desafio da mudança, da renovação, numa atitude permanente de conversão. É preciso ter coragem de mudar, de ousar novas respostas, em todos os campos da sociedade, dinâmicas e projetos. No caminho contrário, corre-se o risco de se tornar um instrumento inócuo no serviço e no anúncio da fonte inesgotável dessa alegria.
         Por isso, diz o papa Francisco, a Igreja está desafiada por uma exigência de renovação improrrogável. Para se adequar a essa realidade, é preciso reconhecer os muitos desafios postos pelo mundo contemporâneo. A consideração das diferentes culturas urbanas, com um conhecimento mais aprofundado de suas dinâmicas, interesses, linguagens e configurações, tem a propriedade de mostrar o caminho novo que fará a renovação da Igreja. O papa Francisco sublinha que, na atual cultura dominante, o primeiro lugar está ocupado por aquilo que é exterior, imediato, visível, veloz, superficial e provisório. O real dá lugar à aparência. Constata-se uma deterioração de valores culturais, com a assimilação de tendências eticamente fracas. Esse processo de renovação e trabalhosa tarefa de ajudar o mundo a encontrar no Evangelho a fonte perene de alegria duradoura supõe, sem negociação, a coragem e a perseverança no dizer “não” a uma economia da exclusão, “não” à nova idolatria do dinheiro, que dá ao mercado a força de governar e não a de servir, gerando perversidades inadmissíveis. “Não” a todo tipo de iniquidade que gera violência, “não” ao egoísmo mesquinho e ao pessimismo estéril.
         É hora de compreender e  testemunhar a dimensão social da fé, como força e instrumento de uma nova “escuta” prioritária dos pobres, trabalhando para respeitar o povo, de muitos rostos e necessidades. Convida-nos o papa Francisco a buscar, corajosamente, novas configurações organizacionais, institucionais e pessoais, apoiados na certeza daquilo que, luminosamente, está na alegria do Evangelho.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública (a propósito, destaque para a inestimável contribuição da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), com o seu Programa de Excelência da Gestão; vide www.fnq.org.br ); a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; cultura, esporte e lazer; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...