“O
místico de hoje compartilha com todos as graças que recebe
O misticismo é uma fase
da evolução humana, e por ela todos, mais cedo ou mais tarde, temos de passar.
É um dos processos de aproximação à alma, núcleo profundo e elevado do ser.
À
certa altura da evolução, somos atraídos pela alma. A união com esse núcleo é,
então, aos poucos desejada, e a atenção da personalidade se volta para ele. É
aí que começa o misticismo. Sentimentos, pensamentos e ações interagem e se
juntam em busca de algo maior.
No
processo do misticismo, a alma vai se revelando cada vez mais à personalidade.
Procura influir de forma que seja percebida, para que o eu externo possa seguir
suas indicações e colaborar com o trabalho que ela está fazendo. Desse modo, os
anseios profundos do místico revestem-se das coisas que ela mais ama.
O
verdadeiro místico não procura consolo nem paz para si mesmo. À medida que
ascende, compartilha o seu estado de alegria e bem-estar. Verte sobre a vida
planetária o que lhe vem do mundo interior, embora nem sempre tenha consciência
de estar fazendo isso. Se sua busca é de união superior, tudo o que lhe sucede
reverte em ações benéficas.
O
verdadeiro místico não retém as graças que recebe. Mesmo que viva uma
experiência profunda e importante para si, entrega-a ao Alto com desapego e a
deixa fluir sem alimentar desejo de continuá-la. Sua principal função é a de
irradiar para todos o que está desenvolvendo em si.
O
verdadeiro místico deve permanecer tranquilo, neutro e impassível. Assim, por
seu intermédio a alma pode canalizar energias. É importante frisar que ele
trabalha de maneira efetiva também na vida externa, e pode-se ver que sua
atuação é bem mais convincente e forte
do que a das pessoas comuns.
Há
casos em que o místico nem mesmo sabe que é místico. Atravessa longos períodos
sem ser sinal algum da vida interior. Mas persevera, sem nada ver, nada saber e
nada sentir dos planos sutis. Mantém-se paciente, voltado para a alma. É observador
e sabe valorizar o que de positivo vai acontecendo em sua vida, sem se esquecer
de que a maior parte da sua atenção deve estar nos fatos interiores, ainda que
deles não tenha indícios conscientes.
Tal
místico não despreza solicitações externas e está pronto a servir, sem perder
sua sintonia com o mundo interior. Sua necessidade é a de ir para dentro de si,
e precisa aprender a fazer isso sem deixar de realizar o que lhe cabe no plano
material. Esses são os místicos práticos, cujas presenças representam uma
grande força para o mundo.
O
místico prático tem de sintetizar sua experiência nos diversos planos de
consciência, fundi-los. Este é um dos seus trabalhos de hoje: manifestar algo
que reúna sentimento, mente e alma. O resultado já não é tão pessoal, mas muito
mais abrangente. É uma expressão universal, receptiva e intuitiva. Os místicos
práticos não se submetem ao tempo material do mesmo modo que as pessoas comuns.
Eles veem-se num eterno agora e, assim, mais próximos da realidade.
Os que
vivem essa espécie de misticismo têm nesta época sua evolução acelerada. Apesar
de tudo o que se observa na sociedade, há muitas forças positivas
introduzindo-se na Terra. Compete aos místicos práticos abrirem-se a essas
novas energias e irradiá-las sem se darem a perceber. Aspectos ainda virgens
estão para ser descobertos no interior dos seres.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de julho de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de julho
de 2014, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de MILTON ALVES SANTOS, pedagogo
graduado pela USP, gerente do Centro de Desenvolvimento Integral da Organização
Não Governamental Ação Comunitária do Brasil, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Avaliar
a educação
O que deve ser avaliado
na educação brasileira? A pergunta é capciosa. O aprendizado que crianças e
adolescentes brasileiros têm nas escolas deveria ser resultado do tipo de
educação a que eles tiveram acesso. Seria simples se aprendizado e educação não
fossem conceitos abstratos, que variam de pessoa para pessoa, dependem da
classe social, da escolaridade, da percepção e, principalmente, da bagagem que
cada um carrega consigo. Se cada pessoa atribui valores diferentes para tudo devido à vivência individual, como
generalizar o tema? Portanto, na prática, não existe uma resposta e segura para
a pergunta, a questão merece reflexão.
Avaliar
significa estabelecer parâmetros de qualidade e a qualidade da educação está
ligada ao projeto de sociedade que cada país quer para si. Nesse sentido,
torna-se imprescindível a definição dos objetivos e ambições para a educação
brasileira. De algum modo, isso já está consolidado em nossa constituição, mas
precisa ser constantemente reafirmado e esclarecido, pois ainda há resistências
em cumprir o que determina a lei.
Na
Constituição, o Art. 205 determina que a educação deve buscar o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. A lei diz ainda que a educação é um direito de
todos, um dever do Estado e da família e sua realização deve contar com a
participação ativa da sociedade. Há uma grande complexidade nesse artigo porque
ele não define o que deve ser avaliado, mas apenas estabelece os objetivos e
atores do processo educacional. Afinal, como saber se uma pessoa foi plenamente
desenvolvida?
Para a
Unesco, o pleno desenvolvimento da pessoa não é uma meta estática que, uma vez
atingida, se estabiliza. Pelo contrário. Trata-se de um processo dinâmico que
nos persegue ao longo da vida. Sendo assim, o pleno desenvolvimento é alcançado
continuamente quando a pessoa satisfaz suas necessidades básicas de
aprendizagem.
Essas
necessidades compreendem tanto aspectos formais ensinados nas escolas, como a
leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo, conhecimentos específicos e a
solução de problemas, quanto aspectos sociais, que dependem da vida em
sociedade para serem transmitidos, como conhecimentos gerais, habilidades,
valores e atitudes.
Ainda
segundo a Unesco, todas essas necessidades estão submetidas a quatro domínios
fundamentais: 1) Aprender a conhecer – a aquisição do conhecimento propriamente
dito; 2) Aprender a fazer – o domínio de competências que permitem aplicar o
conhecimento em problemas concretos; 3) Aprender a conviver – as habilidades de
convívio pacifico, democrático e colaborativo; e 4) Aprender a ser – dependente
das três anteriores e materializa os efeitos do pleno desenvolvimento em cada
um, tornando uma pessoa mais feliz e apta a enfrentar os vários desafios da
vida na sociedade contemporânea.
Diante
do exposto, é possível afirmar que as avaliações oficiais medem uma parte do
pleno desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes. Basicamente, apenas a
parte advinda de suas experiências escolares.
Um
exemplo é o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), uma espécie
de Copa do Mundo da Educação realizada a cada três anos pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais ricas
do planeta e alguns membros convidados, entre eles, o Brasil. Essas avaliações
medem o conhecimento em leitura, matemática e ciências. O resultado ranqueia os
países de acordo com seu desempenho em cada um dos itens e, quanto menor o
resultado, entende-se que maior deve ser o investimento naquele quesito. Após
três anos, uma nova avaliação é feita nos mesmos moldes e o ciclo recomeça.
Por
mais que seja aceita a ideia de que é fundamental avaliar essas três áreas do
conhecimento, é preciso reconhecer que elas não representam a totalidade do
pleno desenvolvimento de uma pessoa. Mantendo a metáfora do esporte, no lugar
de uma Copa do Mundo precisamos de uma Olimpíada da Educação, com várias
modalidades educativas e não apenas uma pequena expressão de nossas capacidades
e necessidades.
Assim,
resgatando a pergunta inicial, para determinar o que deve ser avaliado na
educação brasileira, é necessário produzir novas abordagens que combinem as
habilidades escolares com as sociais e pessoais, acrescentando no processo
avaliativo temas como colaboração, sociabilidade, curiosidade, ética,
cidadania, consumo responsável, gosto pelas artes, respeito aos direitos
humanos, entre outros.
Trata-se
mais de uma soma do que de uma divisão. Não se propõe o abandono de avaliações
como o Pisa, mas a criação de um método de avaliação que integre os campos
fundamentais do pleno desenvolvimento , permitindo um novo olhar sobre a
educação brasileira e a criação de um plano de longo prazo para nossa
sociedade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, as Nações Unidas estimam que as empresas
brasileiras gastam 2.600 horas por ano com burocracias tributárias, isso dá 108
dias, ou seja, um terço do ano...);
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$
654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e
os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...