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segunda-feira, 21 de julho de 2014

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A PRODUTIVIDADE E UM NOVO JOGO CULTURAL

“Educação e produtividade
        
         Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável a um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de uma forma sistêmica e generalizada. Mas, para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E, para isso, é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho.
         O Brasil é perfeitamente capaz disso. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespacial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada a pesquisa e desenvolvimento no passado, que continuam com muito investimento ainda hoje. Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha, no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5%. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para que os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando, assim, o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.
         Para o país tornar-se competitivo, é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e, para isso, é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que, por sua vez, só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.
         O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no Congresso Nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.
         A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que, entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas.
         O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres, com o mestrado em engenharia e gestão de sistemas e processos. A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país. O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desses, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte exercendo cargos de gestão, e outros estão na área de pesquisa e desenvolvimento.
         Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando, assim, profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático. Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.”

(RONALDO GUSMÃO. Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de julho, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente transcrição:

“Novo jogo cultural
        
   Jogadas as partidas da Copa do Mundo, concluído o evento, com os saldos positivos, a sociedade brasileira, incontestavelmente, está emoldurada pela exigência de investir em um novo jogo cultural. É pobre o discurso que considera apenas a avaliação exitosa do Mundial, como vitorioso contraponto às vozes dos que “torciam contra”, apostando no caos em aeroportos, trânsito e outros serviços. Não foi assim, felizmente. Contudo, poderia ter sido bem melhor se governantes agissem com mais lucidez, as burocracias não atrasassem processos e os interesses espúrios não fossem tão determinantes. Avanços mais expressivos seriam alcançados se prevalecesse um sentido cidadão por parte daqueles que têm tarefas determinantes na condução da sociedade plural.
         Não menos ingênuo, depois de sinalizações e posturas populares, nos estádios e nas ruas, é apontar aspectos negativos do evento para construir o discurso político da corrida eleitoral em processo. É inteligente saber que o sentimento popular resiste a essas estratégias utilizadas na confecção de linguagens políticas que buscam captar a benevolência de eleitores. O Mundial, junto das manifestações populares que ocorreram em meados de 2013, desenhou no horizonte da sociedade brasileira que é indispensável investir num novo jogo cultural, sob pena de atrasos e de vergonhosas goleadas em muitos campos, não só do futebol.
         Essa intuição não é de um político iluminado, de uma estrela do futebol e nem mesmo de reverenciados intelectuais de diferentes campos das ciências. O povo fez essa indicação não por um programa formal escrito, divulgado em redes sociais ou outros meios de comunicação. A postura popular, desde a presença nos estádios, suas manifestações de apoio ou descontentamento, a interação com diferentes culturas representadas por turistas e delegações esportivas, com as marcas da proximidade, do respeito e da alegria, sacramentou a grande necessidade de um novo jogo cultural na sociedade brasileira. Discursos repetitivos, consequentemente estéreis, e dificuldade de ouvir e dialogar, especialmente com os pobres e excluídos, tenderão a processual desmoronamento. Sem a necessária alma de caráter antropológico, capaz de compreender o conjunto da existência humana com suas demandas sociais, culturais, religiosas e políticas, perpetuarão os políticos com campanhas eleitorais de tempos passados, com discursos de recíprocos ataques. Predominará a superficial busca de construção de uma imagem de candidato perfeito e salvador da pátria, uma entediante comunicação que ninguém mais consegue ver e, sem alternativa, desliga a TV, o rádio. Prevalece a desilusão.
         A reivindicação desse novo jogo cultural torna-se mais intensa, particularmente, quando se avalia o percurso do grupo campeão da Copa – sua cultura, suas escolhas de planejamento, sua aptidão de cultivar uma autoestima que sustenta a capacidade de lutar, conjuntamente, por metas e ideais. Olhar para essa realidade mostra que a sociedade brasileira precisa analisar e desmontar os esquemas de elitização, que pouco ajudam nos avanços possíveis na atualidade. Incontestavelmente, é hora de aproveitar melhor a oportunidade para a instauração de processos em níveis diferentes da sociedade e nos seus funcionamentos, investindo numa grande obra educativa e cultural. Não se pode perder a chance de aprofundar análises para amadurecer intuições e alcançar indicadores novos, diante da necessidade de novas respostas. Torna-se inoportuno, simplesmente, contentar-se com as conquistas obtidas, pois ficaram abaixo do que era possível, por entraves ideológicos, incompetências de gestão e aprisionamento da cidadania em defesa dos interesses grupais.
         A condição continental do Brasil não pode dispensar a peculiaridade das diferentes regiões nos estados da Federação, com seus valores, tradições e patrimônios próprios. Será sempre inoperante tratar uma realidade grande e complexa sem considerar aquilo que a constitui: suas tradições e valores regionais. Esse raciocínio vale também para os campos da política, economia e religião. Não existe pessoa, ou instância, que, de modo solitário, possa reger um processo de dimensões continentais. Buscar uma nova realidade a partir do diálogo – com a competência de programas governamentais menos genéricos e teóricos, cultivo da autoestima e o investimento de base, iluminado por um horizonte marcado por valores humanísticos – poderá conduzir a sociedade brasileira no caminho indicado pelo povo. É hora de investir num novo jogo cultural.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, competente e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, O LAMAÇAL DA SEGURANÇA PÚBLICA E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DA INOVAÇÃO

“Contas de chegar e de sair
        
         Não é de hoje que o Brasil vive o dilema de administrar duas contas: a de chegar e a de sair. A primeira abriga repertório, programas e atos que impulsionam o país, garantindo uma escalada crescente na esfera das nações, o que lhe confere respeito, credibilidade para levar a cabo metas e aspirações.
         A segunda reúne o acervo de demandas e carências, erros, falhas e ausências do Estado no exercício de suas funções constitucionais, que mancham a imagem do país na paisagem internacional e, por consequência, o impedem de ostentar a marca de grandeza. Exemplo, os recentes episódios no presídio de Pedrinhas, no Maranhão. Uma vergonha.
         Afinal, a maior ambição brasileira na esfera da política internacional não é ter assento permanente no Conselho de Segurança da ONU? Mesmo que reunisse condições para tal, é irrefutável que uma nação democrática precisa demonstrar compromisso com sólida política de segurança interna. Não é o nosso caso.
         Um território inseguro, assolado pela violência, estaria confortável numa cadeira do órgão que define diretrizes para a segurança mundial?
         Somos uma potência emergente, com elevado papel nos fóruns de decisão política e econômica graças ao desenvolvimento obtido nas últimas décadas. O Brasil encontrou o fio da meada, pagou a dívida ao FMI, exerce papel de liderança entre os países da América do Sul, tem razoável influência na América Central e ajuda países da África.
         Nossa democracia dá sinais de vitalidade. A população anima-se na trilha da mobilização.
         Nosso sistema de consumo se expande sob o empuxo de políticas de redistribuição de renda. Dispomos de moderna estrutura de produção. O país conquistou, mais recentemente, o comando da Organização Mundial do Comércio, tem a China como principal parceiro comercial, sinaliza expansão na política multilateral e vontade de fortalecer vínculos com os Estados Unidos e a Europa.
         Essa é a base da conta de chegar para disputar espaços de mando e influência na textura das nações.
         O que falta, agora, é estreitar a conta de sair, ou seja, atenuar as tintas que enfeiam a paisagem dos nossos campos e cidades, a começar por declives e despenhadeiros nos vãos da segurança pública. O país tem afundado nesse lamaçal.
         As projeções são sombrias. Frágeis índices de escolaridade, desigualdade, tortura em delegacias e centros de detenção, quadros policiais muito violentos, execuções extrajudiciais, superlotação das prisões, impunidade, salários vergonhosos de policiais, pobreza, ausência de espaços de lazer, falta de treinamento, desaparelhamento de estruturas arrematam a descosturada malha da segurança e elevam às alturas os índices de violência.
         O corpo das águas destoantes transborda. Os direitos humanos são hasteados nos mastros da cidadania, mas o vento das ruas rasga os discursos. Ora, o velho barão de Montesquieu já lidava com esse mote, dizendo: “Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se são executadas as que há, pois há boas leis por toda parte.”

(Gaudêncio Torquato. Jornalista e professor (USP), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de janeiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de janeiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de RONALDO GUSMÃO, que é presidente do Ietec, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação e inovação
        
         No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa), realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede a capacidade de leitura e aprendizado de matemática e ciências dos estudantes de 15 anos em 65 países, o Brasil ocupou a vergonhosa 55ª posição em leitura, 59º em ciências e 58º em matemática.
         Dos 18 mil alunos brasileiros que fizeram o exame, 67,1% estão abaixo do nível de aprendizagem considerado bom ou adequado em matemática, e somente 1,1% estão num nível elevado. Enquanto na média geral dos alunos examinados da OCDE, somente 23,1% estão abaixo do nível e 12,6º estão num nível elevado. Em leitura, somente 0,5% dos estudantes brasileiros estão num nível elevado. Em ciências – ah, para que mesmo serve a ciência hoje em dia? –, somente 0,3% dos nossos alunos estão num nível elevado. Como faremos inovação com esse nível de conhecimento?
         Segundo a OCDE, no ritmo atual de desempenho levaremos 25 anos para alcançar as médias dos alunos dos países pesquisados. Isso, levando-se em consideração que os outros países ficarão com as médias estacionadas, algo improvável, o que indica que esse número deverá ser ainda maior.
         E mais, a média de pontos em matemática dos estudantes examinados foi de 494, enquanto a dos brasileiros foi de 391 pontos, com uma taxa de crescimento anual de 4,1 pontos nos últimos 12 anos. Em ciências, a média dos examinados foi de 50l pontos e a dos brasileiros foi de 405, com taxa de crescimento anual de 2,3 pontos. Portanto, levaremos 41 anos para alcançar a média da OCDE. E fica ainda pior quando comparamos ao nível de leitura: serão 71 anos para alcançar a mesma média. É de perder o fôlego!
         A classe média brasileira, há muito tempo, não está conformada com a qualidade do ensino público fundamental. Prova disso é que 41% estão com seus filhos em escolas particulares. Mas, agora que descobriram que esse ensino não é lá essas maravilhas, irão reagir?
         Uma outra pesquisa, “indicadores de desenvolvimento sustentável-2012” (PNAD 2011), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mediu a taxa de escolaridade do brasileiro, que representa a média de anos de estudo da população com idade a partir de 10 anos. A média nacional foi de 7,3 anos de estudo, com crescimento de somente 1,8 anos nos últimos 16 anos. Nesse ritmo, levaremos 50 anos para alcançar a taxa de escolaridade dos países mais avançados: a média dos Estados Unidos é de 12,4 anos; Alemanha tem 12,2; Coreia do Sul tem 11,6; e Japão tem 11,5 anos. No Brasil, somente 24,5% da população com mais de 25 anos tem 11 anos ou mais de estudo.
         O Brasil ainda tem 8,7% da população de analfabetos absolutos, sem falar dos funcionais, que têm capacidade mínima de leitura e escrita. Mas, o mais importante não é o valor percentual, e sim o valor absoluto: são 12,9 milhões de pessoas nessa situação, segundo a mesma pesquisa.
         Antes de ser um problema econômico, como é tratado por grande parte do poder público, essa é uma questão de justiça social, de ética e moral de toda a sociedade brasileira, representada pelos inúmeros governos ditatoriais e democráticos das últimas décadas. Temos que trocar a taxa de retorno econômico pela inclusão social. Aliás, não devemos nem usar taxa de inclusão, pois temos que tratar as pessoas individualmente, e não como número dentro de uma estatística.
         Traçando uma relação com outra pesquisa realizada também pelo IBGE, vemos que a falta de pessoal qualificado para 72,5% das empresas pesquisadas é um gargalo para o avanço da inovação. A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, 45,9 mil implementaram um produto e/ou processo novo entre 2009 e 2011, ou seja, 35,6% das empresas pesquisadas haviam sido inovadoras. O que chama a atenção é o segmento de serviços de engenharia e arquitetura, em que somente 29,6% foram inovadoras. Como alcançar o desenvolvimento dessa forma?
         As 45,9 mil empresas inovadoras empregavam 103,3 mil pessoas nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento, isto é, 2,24 profissionais por empresa, quantidade muito pequena. E somente 11 mil profissionais era pós-graduados.
         O mundo está a cada dia mais complexo, exige pessoas mais instruídas, com capacidade de adquirir informações por conta própria, que saibam fazer suas escolhas e cobrar resultados, comprometimento e decência. Como um país pode ser próspero sem ser inovador? Como  ser inovador sem ter uma população educada, com seus alunos com proficiência em leitura, matemática e ciências? A educação é a base para o desenvolvimento humano e econômico de qualquer nação.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção  para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente e qualificada auditoria...

Isto posto, torna-se absoluta inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda,  afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor à commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, O PRÉ-SAL, A EDUCAÇÃO E O BOM PROFESSOR


“A educação e o pré-sal

O estudo Indicadores de desenvolvimento sustentável-2012 e a Pesquisa por Amostragem de Domicílios (Pnad 2011), realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos oferecem preciosas informações para consulta e tomada de decisões. Tais publicações nos permitem cruzar inúmeros indicadores das dimensões social, econômica, ambiental e institucional. Vamos fazer aqui uma análise de um indicador da dimensão social: a taxa de escolaridade. No perfil ideal de escolaridade para um país como o Brasil, o recomendável seria que a população dedicasse de 11 a 13 anos de sua vida aos estudos, mas somente 24,5% da população brasileira com mais de 25 anos tem 11 anos ou mais de estudo. Nos Estados Unidos, para efeito comparativo, 85,3% da população tem o equivalente ao nosso ensino médio e 27,9% tem curso superior.
         Mas a realidade aqui é outra. O que faremos para reverter essa situação? Ao relacionar a taxa de escolaridade nos últimos 16 anos com outros indicadores, podemos chegar a algumas conclusões. O índice Gini, que expressa o grau de concentração de renda da distribuição do rendimento da população (quanto mais próximo de zero maior a igualdade), passou, no Brasil, de 0,592 para 0,501, um decréscimo de 15,32%; a taxa de fecundidade, de 2,5 filhos para 1,9 filhos por família, um decréscimo de 24%. Todos esses índices têm relação entre si e mostram a importância da taxa de escolaridade para a geração de riquezas e consequente bem-estar para uma nação. Outro indicador relacionado à educação é a taxa de escolarização (percentual da população que frequenta a escola na sua faixa etária). Com idade entre 15 e 17 anos, a taxa de escolarização é de 83,7%, e entre 18 e 24 anos, é de 28,9%. Isso significa que temos hoje, no Brasil – pasmem – mais de 17 milhões de jovens fora da escola. Trata-se de um desafio gigantesco que temos pela frente: colocar nossos jovens na sala de aula.
Mas o que tem a ver a escolaridade do brasileiro com royalties do petróleo do pré-sal? Vejamos. Em 2011, havia no Brasil 53,8 milhões de estudantes, sendo que a rede pública era responsável por 78% desse total. Isso nos mostra que para melhorar a educação significativamente no país é preciso mais recursos financeiros e melhor gestão sobre esse montante e sobre o sistema educacional com um todo.
O Congresso Nacional, que vem discutindo esse assunto há anos, apresentou recentemente uma proposta de distribuição dos royalties entre os governos federal, estaduais e municipais, além da destinação desses para investimentos na educação. Houve um debate nacional entre os congressistas, mas não vimos nenhuma manifestação dos professores nem de seus representantes e muito menos dos estudantes.
Se os recursos financeiros dos royalties fossem destinados à educação, tomando como base a produção anual de petróleo brasileiro, somente isso corresponderia a um acréscimo de pelo menos o equivalente a 10% do investimento brasileiro atual em educação. Sabemos que isso não é o suficiente para mudar radicalmente a educação, mas também não é pouca coisa. Sem educação não haverá desenvolvimento sustentável, nem crescimento econômico que se sustente porque não haverá sociedade justa sem oportunidades para todos. A educação é a base.”
(RONALDO GUSMÃO. Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de fevereiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2308 – ano 46 – nº 7, de 13 de fevereiro de 2013, páginas 80 e 81, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Como identificar um bom professor
         
          Vou fazer uma pergunta fácil: você teve algum professor especial, que fez diferença na sua vida? Se você passou mais de dez anos estudando, aposto que não apenas a resposta foi positiva, como imediatamente lhe veio à mente aquele (a) professor (a). Agora, uma pergunta mais difícil: você poderia descrever as qualidades desse professor especial, de forma que seus atributos pudessem ser copiados por todos os outros professores em atividade?
         Uma série de estudos demonstra que um bom professor exerce influência substancial sobre seus alunos, não apenas durante o período escolar mas por toda a vida. Boa educação melhora a saúde, diminui a criminalidade e aumenta o salário. Eric Hamushec, pesquisador de Stanford, calcula que um professor esteja entre os 25% do topo da categoria e que tenha uma turma de trinta alunos gera, a cada ano, um aumento na massa salarial desses alunos de quase 500 000 dólares ao longo da vida deles. O problema é que, mesmo que todos saibam intuitivamente quem é um bom professor, ainda não conseguimos explicar e decompor o seu comportamento de forma que seja possível identificar os bons profissionais, promovê-los e reproduzir a sua atuação. Os estudos estatísticos, que se valem de dados facilmente quantificáveis, nos trazem alguns bons indícios – por exemplo, a experiência do professor só importa nos dois a cinco primeiros anos de carreira; professores que faltam às aulas têm alunos que aprendem menos; professores que obtiveram notas melhores em testes padronizados, estudaram em universidades mais competitivas e têm mais habilidade verbal exercem impacto positivo sobre o aprendizado dos alunos; quanto mais sindicalizados os professores, mais elas faltam e mais insatisfeitos estão com a carreira; e professores com expectativas mais altas para seus alunos também obtêm resultados superiores. Essas são todas variáveis “de fora”; estudos mais recentes começam a entrar na escola e na sala de aula e tentam explicar os componentes de um bom professor.
         Um estudo lançado em janeiro representa um grande passo à frente (esse e todos os outros estudos citados aqui estão em www.twitter.com/gioschpe). Patrocinado pela fundação Bill & Melinda Gates, ele conseguiu criar um “mapa da mina” para a identificação de bons professores, depois de acompanhar milhares de professores e alunos em sete distritos escolares americanos (incluindo Nova York, Dallas e Denver) ao longo de três anos. Normalmente, só cito neste espaço estudos publicados em revistas acadêmicas ou simpósios, que são revisados e criticados por outros acadêmicos, porque é pequena a probabilidade de uma fundação privada reconhecer em um relatório que, “depois de três anos de esforços e milhões de dólares gastos, não encontramos nada de relevante”.  Nesse caso, porém, creio que a exceção é justificada, não apenas por se tratar de uma fundação séria, que chamou pesquisadores renomados para o trabalho, mas também por seu design inovador.
         Em 2009-2010, o estudo tentou criar instrumentos que identificassem professores competentes. Chegou a um menu de três itens: observação de professores em sala de aula, questionários preenchidos pelos alunos e ganhos dos alunos em testes padronizados, ou seja, quanto os alunos daquele determinado professor ganhavam em aprendizado de um ano a outro nesses testes (equivalente ao nosso Enem ou Prova Brasil). Fez-se um trabalho cuidadoso para estabelecer quem deveria observar os professores, quantas vezes e olhando para quais dimensões; como inquirir alunos; e, no quesito valor agregado, teve-se a precaução de controlar  uma série de variáveis dos alunos (status social, situação familiar etc.) para que se pudesse isolar a qualidade do professor, não do aluno.
         Mesmo com todos esses cuidados, ainda há muito que não sabemos nem controlamos que pode interferir nos resultados. Pode ser que os melhores alunos procurem os melhores professores, os que os melhores professores escolham dar aulas para turmas ou séries melhores, e aí o que pareceria o impacto do professor seria uma complexa interação entre professores e alunos que inviabilizaria qualquer análise. (Seria como examinar a eficácia de um médico julgando apenas a taxa de cura de seus pacientes. Se os casos mais complicados procuram os melhores médicos, ou se os melhores médicos procuram os pacientes mais intratáveis, é provável que os melhores médios e os piores tenham pacientes com expectativa de vida similar, apesar e de terem competências radicalmente distintas.) A fundação então conseguiu fazer o que se faz nas ciências exatas para isolar o efeito de uma variável: no ano seguinte, distribuiu os professores aleatoriamente. A turma a que cada um ensinaria foi totalmente determinada por sorteio. Mais de 1 000 professores, atendendo mais de    60 000 alunos, participaram. E os resultados são fascinantes.
         Em primeiro lugar, a performance esperada dos professores ficou muito próxima da performance real (ambas medidas pelo aprendizado de seus alunos). Ou seja, os professores identificados como bons através das observações de seus pares, questionários de alunos e valor agregado em anos anteriores continuaram, grosso modo, sendo bons professores ensinando a turmas aleatoriamente escolhidas.
         Em segundo lugar, foi possível sofisticar o modelo. Testaram-se quatro variações das ferramentas de avaliação dos professores, e notou-se que uma das melhores combinações era aquela que dava peso igual (33% a cada um) aos três componentes (performance em teste, observação e questionário de alunos). Quando alguns professores reclamam que é reducionismo avaliá-los somente pela performance de seus alunos em testes, aparentemente têm razão: é melhor adicionar essas duas outras variáveis. Também se testaram vários modelos diferentes de observação docente, desde aquele em que o professor é avaliado por seu diretor até versões mais complexas. Os modelos mais confiáveis se mostraram aqueles em que o professor foi avaliado por pelo menos quatro observadores, em aulas diferentes, sendo dois deles pessoas da administração da escola (é importante que seja mais de uma para evitar a influência de conflitos/preferências pessoais) e dois, outros professores, treinados para a tarefa.
         Nenhum estudo é definitivo, muito menos um feito por uma fundação, e nada garante que os mesmos achados serão encontrados no Brasil, ainda que  normalmente o que apareça nos Estados Unidos também se verifique aqui. Mas, ante o modelo atual, obviamente fracassado, em que o professor é contratado por concurso no início da carreira e depois fica esquecido em sua sala de aula, fazendo o que bem entender e sendo promovido por nível de estudo e experiência, o horizonte descortinado por essa pesquisa é bem mais promissor. Precisamos encontrar e premiar os bons professores. E ter ferramentas objetivas e mensuráveis para tirar os maus profissionais da sala de aula. Sem isso, dificilmente sairemos dessa pasmaceira.”

Eis, portanto, mais importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
      
     a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até à pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; emprego, trabalho e renda; moradia; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; sistema financeiro nacional; minas e energia; qualidade (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, qualificada, civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!... 





  
        







sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A CIDADANIA, A PROSPERIDADE E A CONSTRUÇÃO DA PAZ

“Por um Brasil próspero

Se quiser ter prosperidade por um ano, cultive grãos. Por 10, cultive árvores. Mas para ter sucesso por 100 anos, cultive gente. Próspero, segundo o dicionário Houaiss, é o adjetivo que caracteriza quem têm êxito, quem progride, quem é bem-sucedido. Qualquer brasileiro, de todas as faixas de renda e educação, entende esse definição. Todos almejamos a felicidade. De na adianta alguns de nós sermos prósperos, se o país como um todo não o for. Para que o Brasil tenha êxito e se torne, definitivamente, uma grande nação é necessário bem mais do que crescer. É necessário desenvolver. Assim como ocorre com as pessoas, que para ser prósperas precisam primeiro ter o básico – moradia, alimentação, mobilidade, segurança, saúde e educação –, um país deve proporcionar a todas as pessoas o acesso a esses serviços, compreendidos como básicos para a prosperidade individual. A prosperidade também pode ser traduzida como a esperança e o estado de felicidade das pessoas ou de uma nação. Hoje mais do nunca poupar para assegurar um futuro melhor e investimentos em educação nos proporcionam esse estado de felicidade.

Segundo o estudo “O observador Brasil 2012”, os brasileiros têm investido mais na poupança e em outras aplicações. Entre 2005 e 2011, houve crescimento de 61,4% no valor poupado. Esse novo cenário reflete uma maior e melhor percepção do brasileiro do valor do seu dinheiro, ainda, uma mudança de cultura, com o cidadão privilegiando investimentos de médio e longo prazo, como a aquisição da casa própria. Além de poupar mais, há um número maior de pessoas em guardar em detrimento de compras supérfluas. De acordo com o censo semestral divulgado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), pela primeira vez na história, mais da metade dos brasileiros têm alguma economia depositada na caderneta de poupança. São mais de 100 milhões de poupadores, um fato inédito e digno de registro. Nós, brasileiros, precisamos desenvolver uma nova mentalidade, onde o planejamento e a disciplina sejam valorizados. Precisamos valorizar o trabalho em detrimento da Lei de Gerson, de levar vantagem em tudo.

Em relação ao investimento em educação, o que tem crescido de forma consistente são os valores investidos em treinamento e educação profissional. A Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) realiza a pesquisa “Retrato do treinamento no Brasil”, divulgando os números em dezembro. De acordo com o levantamento, os investimentos em treinamento e desenvolvimento seriam 36,9% maiores ao aferido no ano anterior, com um valor médio superior ao verificado em 2011, que foi de R$ 3.627. A regra é clara: fazer mais com menos, melhor e mais rápido. Esse contexto, de poupança interna e de maiores investimentos em educação profissionalizante, gera uma expectativa de que, enfim, estejamos no caminho certo.

O momento mais propício ao aumento da produtividade é agora, em que vivemos o pleno emprego. Necessitamos valorizar, mais e mais, a educação e o treinamento para o trabalho, pois a produtividade do trabalhador brasileiro não aumentou quase nada, comparada à dos trabalhadores dos países desenvolvidos, nas últimas décadas. Maior produtividade, poupança, investimento em educação e melhor distribuição de renda. Só assim nos tornaremos uma nação próspera, de fato e de direito.”

(RONALDO GUSMÃO, Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Responsáveis pela paz

Os bons augúrios trocados na entrada de 2013 devem guardar o compromisso responsável de quem deseja e de quem recebe os votos, na construção e na manutenção da paz. É mister concluir que a paz desejada e almejada precisa ser cultivada e efetivada como uma espécie de bóson na interioridade de cada pessoa para fazer dela um construtor apaixonado da paz. Não me refiro ao bóson, cuja existência foi comprovada pelos físicos. É algo de grandeza ainda maior. Antecede a tudo e tem origem e raízes em fonte que ultrapassa a complexidade e a grandeza apaixonante do universo.

O papa Bento XVI, na sua tradicional mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro, faz referência à expectativa de um mundo melhor, unindo corações, mentes, culturas e diferentes realidades num coro único. Essa expectativa pode se tornar realidade também à medida que cada pessoa ilumina sua consciência com a bem-aventurança de ser obreiro da paz. O papa enfatiza: “O nosso tempo, caracterizado pela globalização, com seus aspectos positivos e negativos, e também por sangrentos conflitos ainda em curso e por ameaças de guerra, requer um renovado e concorde empenho na busca do bem comum, do desenvolvimento de todo o homem e do homem todo”.

Esse olhar global sobre o andamento da vida no globo terrestre alcança também os lamentáveis episódios trágicos da morte de um pai, acompanhado da família e de amigos, quando comemorava o ano-novo apenas iniciado; ou a jovem universitária, cheia de vida, acompanhada do seu namorado, coração exultante de esperanças para a vida e cheio de amor, a caminho da igreja para vivenciar a passagem do ano, em vigília de oração, vítima de uma bala perdida. O papa chama a atenção para a grande apreensão ante os focos de tensão como os conflitos causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, a mentalidade egoísta e individualista alimentada por um capitalismo financeiro desregrado, assim como variadas formas de terrorismo, criminalidade internacional, fundamentalismos e fanatismos distorcendo e pondo em perigo a paz, distanciando a meta dos augúrios no novo ano, a comunhão e a reconciliação entre os homens.

Essas referências não têm a intenção de sombrear o horizonte do novo ano. Ao contrário. É preciso lançar o olhar com esperança sobre as inúmeras obras de paz, de que é rico o mundo. Elas testemunham a vocação natural da humanidade para a paz. Em cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial. Por isso mesmo, é indispensável trabalhar a articulação de cada pessoa no conjunto dos engenhos estratégicos na promoção e conquista da paz, em se considerando que cada um de nós carrega o desejo vivo por uma vida humana plena, feliz e bem-sucedida. Na verdade, lembra Bento XVI em sua mensagem, o homem é feito para a paz, que é dom de Deus. Por isso, Jesus Cristo, na sua maestria e traçando programa de vida para seus discípulos, indica e convoca ao dizer: “Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus, 5,9). Essa palavra de Jesus engloba a compreensão de que a paz é dom de Deus e obra do homem. Como obra do homem supõe o desenvolvimento da consciência e de uma conduta própria de construtor da paz.

Sabiamente, o papa sublinha: “A paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência. É fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de Deus e nos permite viver com os outros e para os outros”. Portanto, a obra da paz exige de cada pessoa o esforço para a comunhão e a solidariedade para a partilha. O construtor da paz não apenas oferece, mas ganha no ato de partilhar e de viver em comunhão. Ora, a ética da paz é uma ética de comunhão e partilha. Ser obreiro da paz inclui o envolvimento integral do ser humano. Trata-se de buscar e viver a paz com Deus. Envolve também a busca da paz interior, o desenvolvimento da capacidade de amar e perdoar para estabelecer a paz exterior com o próximo.

O papa Bento XVI destaca que, para ser construtor e obreiro da paz, é preciso dar atenção à dimensão transcendente e ao diálogo constante com Deus para vencer aquele germe de obscurecimento e negação da paz que está presente nas formas do pecado do egoísmo, da violência, da avidez e do desejo de poder e domínio, da intolerância, do ódio e estruturas injustas. Indispensável é reconhecer que somos, em Deus, uma única família humana, sentido como próprias as necessidades e exigências alheias. Obreiros da paz são aqueles que amam, defendem e promovem a vida na sua integridade. Que transformam a paz em um sonho possível. O obreiro da paz, segundo a bem-aventurança de Jesus, é aquele que procura o bem do outro, o bem da alma e do corpo, no tempo presente e na eternidade. Que cresça em cada um de nós a consciência, como pessoa e comunidade, religiosa e civil, educativa e cultural, como família e como diferentes instituições dessa importante tarefa, com incidências significativas no modelo de desenvolvimento e economia, nos direitos sociais, particularmente no direito ao trabalho, à saúde e à moradia, comprometidos com a justiça. Porque somos todos responsáveis pela paz.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento, até a pós-granduação, como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já frágil dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade – e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A UNIVERSIDADE, A INOVAÇÃO E A POBREZA

“Universidade e pobreza

Falou-se muito, recentemente, nos gastos astronômicos do governo federal com a educação no ensino universitário. E que isso se daria em detrimento dos ensinos médio e fundamental. O Ministério da Educação (MEC) destina quase a totalidade de seus recursos ao ensino superior e quase nada no ensino de base. Não vou citar porcentagens, nem nomes de pesquisadores ou de revistas que publicaram as denúncias, pois é lastimável comprovar uma constatação como essa, que, aliás, não é de hoje conhecida.

O governo, na prática, acaba usando o dinheiro de origem fiscal, isto é, público, para beneficiar estudantes universitários que poderiam pagar uma faculdade, enquanto aqueles que não podem pagar ficam de fora da escola pública. Ah, diriam alguns, mas por que aqueles não podem pagar não passam no vestibular? Ora, é porque esses estudantes não podem pagar ensino fundamental e de segundo grau em escolas particulares, nem cursinhos pré-vestibulares. E é justamente o ensino fundamental e também o de segundo grau, que tem sido relegados a último plano. São eles que estão sucateados, não dando a menor base para os alunos que saem deles fazer um bom vestibular ou conseguir um bom desempenho no Enem (argh!).

As escolas públicas, além de pagarem pouco aos professores, estão mal equipadas, sem manutenção, sem segurança, sem qualidade de ensino. Não é via de regra, mas grande parte dela está nessas condições. Então, os alunos que saem dela não logram êxito nos testes para adentrar a universidade pública, acabam dando lugar àqueles estudantes que podem pagar escola particular e que poderiam pagar, também, o ensino superior.

Há quem defenda a cobrança da universidade pública. Se considerarmos que a grande maioria que estuda lá pode pagar, isso seria justo. Mas o que aqueles menos favorecidos que querem e precisam estudar esperam, é que a educação brasileira mude e seja mais coerente, mais justa na distribuição dos recursos que, na verdade, saem não só do bolso do aluno da escola particular, mas também de todos os outros, porque todos pagamos impostos. É preciso que a qualidade da escola pública melhore, que se dê mais qualidade a ela, que ela seja melhor equipada, que se pague melhor os professores e que eles sejam qualificados, para que os estudantes que saem dela possam ter acesso à universidade pública.”

(LUIZ CARLOS AMORIM, Escritor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de maio de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 8 de maio de 2011, página 7, de autoria de RONALDO GUSMÃO, Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), coordenador-geral da Conferência Latino-Americana sobre Sustentabilidade (Ecolatina) e vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Educação e inovação para todos

O discursos na inovação está em todos os lugares: nos governos estaduais recém-empossados, em vários ministérios do governo federal, na Confederação Nacional da Indústria (CNI) e nas federações estaduais. Mas por que esse discurso, ou melhor, as práticas inovadoras não mobilizam os profissionais da educação e suas instituições?

Países desenvolvidos que já deram um salto educacional têm incentivado a criatividade e incrementado a capacidade de inovar de seus estudantes e professores. Isso acontece porque tais nações já perceberam que estamos em uma sociedade do conhecimento, na qual a informação é matéria-prima abundante que precisa ser transformada pela criatividade e pelo espírito inovador em serviços e produtos.

No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa) – que mede a capacidade de leitura e o aprendizado de estudantes de 15 anos de idade sobre matemática e ciências de 65 países –, o Brasil ocupou a vergonhosa 53ª posição. Numa tentativa de melhorar a educação no país, o governo federal encaminhou para a aprovação do Congresso o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos. Esse plano pretende fixar o investimento na área em 7% do PIB, dois ponto percentuais acima do praticado atualmente.

O aumento é necessário. Sem educação não há mão de obra qualificada, sem qualificação de não há melhores salários. Ou seja, sem educação e qualificação continuaremos com sérios problemas de distribuição de renda no país. O problema vai além e é cíclico. Sem educação e qualificação estamos, ainda, fadados a inovar cada vez menos, movimento que reduz a competitividade nacional. Como conseqüência, os salários diminuem e cresce a má distribuição da renda. Voltamos, portanto, ao início da questão.

A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada recentemente, mostrou que, das 106,8 empresas pesquisadas, 41,3 mil implementaram um produto e/ou processo novo entre 2006 e 2008. O percentual de empresas que investem vem caindo ao longo das quatro edições: de 1988 a 2000, 10,29% ; de 2001 a 2003, 5,8%; de 2003 a 2005, 5,5% e de 2005 a 2008, 4,2%.

Em relação à quantidade de patentes registradas no país, os números são positivos, mas não suficientes. De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), o número de patentes brasileiras cresceu 75% entre 2005 e 2009, saltando de 9,643 mil para 16,878 mil, contra as 300 mil patentes requeridas pela China no mesmo período. Porém, os asiáticos não estão satisfeitos. Até 2015, a China tem como objetivo requerer 1 milhão de patentes ao ano.

Se a indústria brasileira já sofre com a ameaça dos produtos chineses, imagine como será no futuro. Imaginou? Ótimo. Agora, aja. Faça, hoje, o necessário para evitar os males de amanhã. É necessário investir, hoje, em qualificação de mão de obra, principalmente no que diz respeito à gestão da inovação. O brasileiro é um povo criativo, tem garra. Falta, porém, conhecimento para transformar as ideias em projetos que tragam resultados concretos. Educação e inovação para todos, dos estudantes aos professores, dos empresários aos políticos.”

Eis, portanto, nossa ENCRUZILHADA histórica: de um lado, COMBATER IMPLACAVELMENTE os RALOS do DINHEIRO PÚBLICO – a CORRUPÇÃO, a INFLAÇÃO, o DESPERDÍCIO, a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, que SANGRAM nossa ECONOMIA e MINAM nossa CAPACIDADE de INVESTIMENTO e POUPANÇA; do outro, a IMPERIOSA e INADIÁVEL necessidade de PONTIFICAR a EDUCAÇÃO e sua filhas PREDILETAS – a CIÊNCIA, a TECNOLOGIA, a PESQUISA, o DESENVOLVIMENTO, a INOVAÇÃO, a CRIATIVIDADE, a QUALIDADE, a PRODUTIVIDADE, a COMPETITIVIDADE – com PRIORIDADE ABSOLUTA, do GOVERNO e da SOCIEDADE...

E, então, nos DEFRONTAMOS com GIGANTESCOS DESAFIOS que, no entanto, longe de nos ABATER o ÂNIMO e o ENTUSIASMO, mais ainda nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO + 20 – em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INOVAÇÃO, da CRIATIVIDADE, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...