sexta-feira, 14 de junho de 2013

A CIDADANIA, A CORRUPÇÃO, A EDUCAÇÃO E O IDEAL DEMOCRÁTICO

“O problema da corrupção
        
         Dados de recente estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revelam que a corrupção no Brasil faz desaparecer dos cofres do Estado entre R$ 41,5 bilhões a R$ 69,1 bilhões. Esse montante, em última análise, é dinheiro subtraído  do meu e do seu bolso, caro leitor, vez que pagamos impostos elevadíssimos ao Estado e, em contrapartida, observamos atônitos os sinuosos caminhos desses recursos sendo desviados e fomentando a exclusão e a desigualdade social e econômica. Os escândalos no mundo político fazem parte do cotidiano: licitações de cartas marcadas, obras superfaturadas e inacabadas, uso indevido da máquina administrativa e ainda muito mais, pois receio que não tenhamos ciência de boa parte da podridão junto aos poderes estatais brasileiros. Esse cenário sombrio cria um enorme mal-estar no meio social, que, todavia, não se traduz em explícita indignação, já que grande parte da sociedade brasileira não prima pela intolerância à corrupção, passividade que alimenta uma sucessão de escândalos de maior ou menor monta.
         Sem dúvida, essa repulsa “adormecida” de boa parte da sociedade brasileira a tão grave e relevante problema se dá pela ausência de uma formação cultural e humana adequada. Assim, as questões éticas e morais perdem terreno no âmbito da lógica do mercado global, em que o importa é a busca descomedida e desenfreada pela enriquecimento pessoal e incentivo constante ao consumismo. Nessa linha de raciocínio, os agentes públicos escolhidos pelos cidadãos para administrar e legislar em seu nome, evidentemente, fazem parte dessa mesma sociedade, o que leva o eminente professor de direito penal André Estefam a se referir à “fragilidade ética de um povo”, afirmando, ainda, que “um povo que preza a honestidade não escolherá governantes sabidamente desonestos”. No nosso atual nível cultural e educacional não é de se esperar que o cidadão comum entenda e exercite o conceito de cidadania, que tenha a exata noção da diferença entre o público e o privado e compreenda, enfim, que se um agente público, em proveito próprio, desvia verba do Estado está roubando a todos nós. Assim, o grau de desenvolvimento social, cultural e financeiro de um país expõe o grau de corrupção instalado em suas instituições.
         De outro lado, nossa legislação criminal dispõe de vários tipos penais conferindo sanções aos delitos cometidos contra a administração pública. Por exemplo, o título XI do Código Penal, a lei de improbidade administrativa (de natureza não penal) etc. Entretanto, a aplicação desses comandos legais não costuma resultar em condenações, seja pelas possibilidades de recursos oferecidos a bons advogados pela lei processual penal, seja pela morosidade no trâmite da instrução processual,  o que, não raras vezes, leva à extinção da punibilidade pela prescrição. Por fim, ainda que seja o caminho mais árduo, não temos como nos afastar do consignado por Cesare Beccaria em sua obra Dos delitos e das penas: “O mais seguro, mas o mais difícil meio de prevenir o delito é o de aperfeiçoar a educação”.”

(GLAUCO NAVES CORRÊA. Advogado, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 23 de junho de 1993, caderno OPINIÃO, página 6, de autoria de AUSTREGÉSILO DE ATHAYDE, e que merece igualmente integral transcrição:

“Preponderância ao ensino particular
        
          RIO – Como Rui Barbosa disse, um dia, a respeito da liberdade, posso repetir agora, a propósito da democracia: muitos trazem-na na boca, sem a sentirem no coração. Nunca se falou tanto no assunto, jamais foram apresentadas tantas definições. Aqui mesmo devemos encontrar uma das prerrogativas do regime, a de permitir, e mais do que permitir, aceitar de bom grado que todos se manifestem, dizendo franca e livremente o que pensam. A própria balbúrdia das opiniões, a contradição e o contra-senso acham-se na essência da democracia, fazem parte integrante dela, pois, se todas as opiniões se canalizassem no mesmo sentido, deixaria de haver o debate, a divisão, o antagonismo, as facções e os partidos, sem os quais o que resta é a negação totalitária, a ausência do confronto pacífico, não apenas de idéias como também de interesses, cerne e vida do regime democrático. Não falta, porém, quem confunda a fermentação com a desordem e, ao mesmo tempo que se proclama democrata, arrepela-se e condena aquilo que está nas entranhas mesmas do regime. Enchem-se a boca, mas não sentem.
         É, por meio da imprensa escrita e falada, da televisão, da cátedra e do púlpito, cada qual servindo-se de acordo com a natureza da missão que desempenha na sociedade, que se chega a constituir um eleitorado esclarecido. “Sobretudo, escreveu Jefferson quando se faziam os primeiros ensaios da democracia norte-americana, espero que seja prestada atenção à educação pública da população, pois estou convencido de que do seu bom senso dependemos para a preservação de um certo grau de liberdade”. Na mesma ocasião John Adams mostrava a grande necessidade da educação “de todas as classes do povo, das mais altas às mais pobres”, sendo essa a condição para que o País sejam bem governado e permaneça unido. No lar, pelo ensinamento dos pais, e na escola, pela palavra dos mestres, fora da influência imediata dos governos, semeia-se a liberdade no espírito da juventude e foi esse o princípio dominante na formação política do povo norte-americano, desde os primeiros dias da independência.
         Vejo que se discute aqui, agora, o problema do ensino particular, havendo quem ponha em dúvida a sua eficiência e acredite que cabe ao Estado promovê-lo como assunto de sua responsabilidade específica.
         Nada menos consoante com o ideal democrático, que é chegar à unidade pelos caminhos múltiplos e vários. O Estado aponta apenas um caminho único, ditado pela visão às vezes muito estreita dos seus interesses ideológicos ou partidários. Dentro das regras acauteladoras da moralidade e do bem comum deve prevalecer a máxima liberdade da iniciativa privada, pois, quanto maior for a sua participação, criando e sustentando escolas em todos os níveis, mais garantido ficará o papel que lhe cumpre desempenhar na promoção do progresso intelectual, social e político. Escolas do povo, pelo povo e para o povo, eis o que Lincoln transpôs em termos de governo para definir a democracia.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o  amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial de Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A CIDADANIA, A ÉTICA E A HUMANIDADE NA PESQUISA CIENTÍFICA E NO JORNALISMO DE QUALIDADE

“A ética da pesquisa científica
        
          Tema crucial. A pesquisa alimenta o sistema moderno em todos os campos. A inteligência humana caracteriza-se pela inquietude, e, no Ocidente, assumiu forma extremamente aguda. As linhas da ansiedade variam enormemente. Ora, o ser humano busca resposta às efervescências interiores no Infinito de Deus. Santo Agostinho, os místicos a sede do Absoluto como supremo grito do coração humano à espera da contemplação eterna. E aí estão as obras de espiritualidade a traçar-nos a subida do monte Carmelo ou o galgar das Moradas de Deus.
         Ora, essa mesma força interior volta-se para a conquista da Terra. Os colonizadores venceram mares, enfrentaram procelas, descobriram continentes. E, por isso, aqui estamos, nas Américas.
         Ora, outros mergulharam nas profundidades do eu psíquico. Atingiram esferas até então vividas e sofridas, mas desconhecidas, chamando-as de Ide, superego. Reino na psicanálise, da psicologia profunda.
         Ora, o desafio veio da matéria, das leis físicas, dos corpos, das estruturas constitutivas das coisas. Os sentidos empenham-se em pôr ordem na floresta de seres. Seduziu-os o mistério das leis que regem tanto o universo grandioso dos astros como o micro das partículas. Mais. Não lhe bastou o funcionamento já dado. Quis ir mais longe. E foi. Começou a inventar,  a partir das coisas conhecidas, outras imaginadas que viessem modificar o modo humano de agir. E a pesquisa científica pôs-se a transitar por mares nunca dantes navegados. Entrou pela estrada da criação. Qual o limite dessa aventura?
         Nesse ponto, nasce o conflito com a ética. Enquanto conhecia as leis postas pelo Criador, seguia tranquilo na consciência de que louvava a Deus. Desde as formas mais simples até as mais sofisticadas de conhecimento científico permitiram o louvor de Deus. No início e no fim, estava Ele, Alfa e Ômega. E quando começou a sair da rota, veio-lhe a pergunta: Cabe-nos também o papel de criador? Quem nos dirá os caminhos a trilhar, se nos sentimos onipotentes?
         A ética parou para responder. Não encontrou resposta na própria matéria. Ela permanece muda, disponível. Teve que voltar-se para o ser humano. Que transformações do mundo, das coisas nos fazem humanos? Que pesquisas favorecem o caminhar da humanidade pelas vias do bem, da verdade, da beleza, da solidariedade? Perguntas gerais. Difícil resposta porque nem sempre se veem claros os frutos das pesquisas.
         Talvez o critério se estabeleça de maneira clara se o olhar se voltar pela lado negativo. Que não podemos tocar, qual terreno misterioso, sem profanar o sacrário da existência humana, sobretudo lá onde se gera a vida?
         Complica-se gravemente a ética quando se apossam das pesquisas não o ser humano na transparência do próprio mistério, mas forças econômicas e políticas sem nenhuma referência ética. Interessa-lhes o resultado da materialidade a fim de obter mais lucro ou poder. A maior ameaça da pesquisa à ética vem da primazia absoluta do interesse comercial chamado lucro. Ao ídolo maior do capitalismo se queima o incenso da ciência. Os seus nefastos e perversos efeitos cedem diante do tilintar do capital ambicionado.”

(J. B. Libânio. Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de junho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Iluminar a cena
        
          O jornalista Carl Bernstein – famoso no mundo inteiro depois da série de reportagens, escrita com Bob Woodward, que revelou o escândalo Watergate e derrubou o presidente Richard Nixon – não forma com o time dos corporativistas da mídia. Sua crítica, aberta e direta, aos eventuais desvios das reportagens representa excelente contribuição ao jornalismo de qualidade. “O importante é saber escutar”, diz Bernstein. “As respostas são sempre mais importantes que as perguntas que você faz. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos.”
         O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história. A distorção, no entanto, escapa à perspicácia do leitor médio. Daí a gravidade do dolo. Na verdade, a batalha da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada, da preguiça profissional e da incompetência arrogante. Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Mas alguns procedimentos, próprios de opções ideológicas invencíveis, transformam um princípio irretocável num jogo de aparência.
         A apuração de mentira representa uma das mais graves agressões à ética e à qualidade informativa. Matérias previamente decididas em guetos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é honesta, não se apóia na busca da verdade, mas num artifício que transmite um simulacro de isenção, uma ficção de imparcialidade. O assalto à verdade culmina com uma estratégia exemplar: repercussão seletiva. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a notícia. Cria-se a versão.
         A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta de apuração. É importante que os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento.
         A precipitação e a falta de rigor são outros vírus que ameaçam a qualidade. A incompetência foge dos bancos de dados. Na falta de pergunta inteligente, a ditadura das aspas ocupa o lugar da informação. O jornalismo de registro, burocrático e insosso é o resultado acabado de uma perversa patologia: o despreparo de repórteres e a obsessão de editores com o fechamento. Quando editores não formam os seus repórteres, quando a qualidade é expulsa pela ditadura do deadline, quando as pautas não nascem da vida real, mas de pauteiros anestesiados pelo clima rarefeito das redações, é preciso ter a coragem de repensar todos os processos.
         Autor do mais famoso livro sobre a história do jornal The New York Times, Gay Talese vê alguns problemas a partir da crise que atingiu um dos jornais mais influentes do mundo. Embora faça uma vibrante defesa do Times, “uma instituição que está no negócio há mais de cem anos”, Talese põe o dedo em algumas chagas que, no fundo, não são exclusividade do diário americano. Elas ameaçam, de fato, a credibilidade da própria imprensa. “Não fazemos matéria direito, porque a reportagem se tornou muito tática, confiando em e-mail, telefones, gravações. Não é cara a cara. Quando eu era repórter, nunca usava o telefone. Queria ver o rosto das pessoas. Não se anda na rua, não se pega o metrô ou um ônibus, um avião, não se vê, cara a cara, a pessoa com  que se está conversando”, conclui Talese.
         A autocrítica interna deve ser acompanhada por um firme propósito de transparência e de retificação. Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e,por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; turismo; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A CIDADANIA, O CENTENÁRIO DE UM MESTRE, A CRACOLÂNDIA E A CRISTOLÂNDIA

“Centenário de um mestre
        
         São mais do que justas as homenagens prestadas ao saudoso professor Edgard Godoy da Matta Machado para assinalar o transcurso de seu centenário de nascimento.
         Descendente de tradicional família diamantinense, ele herdou aqueles atributos morais que tanto caracterizam os mineiros, seguindo em sua vida particular e pública a trajetória firme e impecável que tanto marcou a sua personalidade.
         Em sua dadivosa existência, não foram poucos os exemplos de comportamento pessoal, de chefe de família exemplar, de amigo e companheiro leal, de homem íntegro e de incorruptível caráter.
         Neste sentido, bem se poderia dizer que ele pautou sua vida dentro dos melhores padrões de dignidade, honradez, honestidade, probidade e fraterna convivência.
         Sua nobre atividade política levou-o a exercer destacadas funções na vida pública, onde seguiu sempre uma segura e retilínea linha de conduta. Homem de pensamento, de cultura e inteligência, haveria de ser brilhante como professor, atividade em que soube demonstrar toda a sua bagagem intelectual e sólida formação universitária.
         Escritor e pensador católico, deixou vasta bibliografia, à qual se somam preciosas traduções de autores franceses.
         Fujamos, porém, da exaltação de seus méritos pessoais – engrandecidos hoje diante da amoralização dos costumes – para focalizar, ainda que ligeiramente , toda a dimensão do homem público e do pensador católico. Pois, na verdade, não se sabe bem o que mais nele se poderia realçar: se a grandeza humana, ou a lúcida visão dos problemas sociais e religiosos que atormentam e desafiam a geração contemporânea.
         E é oportuno observar que Edgard da Matta Machado soube, com arguta inteligência, seguir uma linha filosófica tão bem definida por Maritain, em busca da liberdade individual e da verdade eterna do cristianismo.
         Diante dessas tímidas observações, indagamos: não estaria, nesta conciliação, o caminho iluminado das luzes do futuro?”

(JOSÉ BENTO TEIXEIRA DE SALLES, em crônica publicada no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2013, caderno CULTURA, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 1º de junho de 2013, caderno PENSAR, página 3, de autoria de OSCAR CIRINO, que é psicanalista e integra a equipe do Centro Mineiro de Toxicomania, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cracolândia e

CRISTOLÂNDIA
        
         Na recente discussão sobre as internações compulsórias, internações de dependentes de drogas determinadas pela Justiça, o promotor paulista Marcelo Barone propõe que coloquemos na balança: “O que é mais importante: o direito à saúde ou o direito de ir e vir?” E conclui: “O bem maior garantido pela Constituição é a vida do ser humano”. Essa questão, para a qual o promotor de Justiça já deu sua resposta, nos leva a perguntar se é possível gozar de saúde sem liberdade e se em nome da vida tudo é permitido.
         Michel Foucault destacou a emergência de um biopoder, de um controle do saber e da intervenção do poder sobre o corpo, que se exerce ela vida a partir da vida, e não mais ameaçando de morte: “O homem, durante milênios, permaneceu o que era para Aristóteles: um animal vivo e, além disso, capaz de existência política; o homem moderno é um animal, em cuja política, sua vida de ser vivo está em questão”.
         Exemplo dessa apreensão da vida pelo poder são as internações compulsórias e involuntárias efetivadas em algumas cidades brasileiras. Elas se configuram como iniciativas que visariam acabar com as chamadas cracolândias. Nas línguas anglo-saxônicas, o pospositivo “lândia” remete a uma região ou país, como, por exemplo, Finlândia. No Brasil, além dessa referência a um lugar, essa designação ganhou conotação com valor afetivo e pitoresco: Pagolândia, Cinelândia, Gurilândia. Já as cracolândias são difundidas como o território da sujeira, da marginalidade, da desesperança e da doença, constituindo um fenômeno social, que suscita ações impactantes e desesperadas de quem não pensa em respostas de médio e longo prazo para lidar com a situação.
         Há algum tempo escutei de colega da área da saúde mental que “as cracolândias não existem”. Sua intenção com essa enunciação certamente era enfraquecer a força dessas significações reducionistas relacionadas a essa forma de perceber o fenômeno. No entanto, no campo da linguagem, a cracolândia existe e valendo-se desse pressuposto algumas igrejas evangélicas denominam sua missão de acolhimento de usuários e dependentes de crack, em Belo Horizonte e em outras capitais brasileiras, de Cristolândia – “pronto-socorro para os que buscam libertação”.
         Não se trata apenas de uma astúcia de linguagem, mas de iniciativa, com repercussão social, efeito da dispersão provocada pelo combate policial às cracolândias e da anêmica incidência das políticas públicas de saúde e outros setores. Os refugiados e desassistidos dessas ações encontram nesse misto de igreja e centro comunitário, que funciona 24 horas em regiões centrais das capitais, “alimento espiritual” e material (refeições, banho, roupa limpa). Como pensar essa substituição do crack por Cristo, efetivada a partir da cosmovisão evangélica e de seus elementos doutrinários?

TRIUNFO DA RELIGIÃO O aumento do fenômeno religioso, como forma de objeção às soluções oferecidas pela ciência ao mal-estar da vida em sociedade, é mundial e não apenas brasileiro. Lacan anunciava, já em 1794, o “triunfo da religião”. Para ele, o fato de a ciência introduzir uma série de invenções perturbadoras (bomba atômica, fecundação in vitro, clonagem, eutanásia, internet) na vida de todos faria empuxo à necessidade de dar um sentido a todas essas reviravoltas introduzidas pela ciência, que chegam a angustiar até os próprios cientistas.
         No importante artigo “Escravos de Deus: algumas considerações sobre toxicomania e religião evangélica” (2003), a psicanalista carioca Lígia Bittencourt parte da constatação da existência de inúmeras instituições evangélicas que se propõem ao tratamento de dependentes de drogas e busca analisar as especificidades dessa religião -  especialmente na vertente pentecostal -  que facilitariam seus fiéis a lidar com a questão do consumo excessivo de drogas.
         Destaca inicialmente a “conversão”, que promove rupturas marcantes no comportamento de seus seguidores. Há um antes e um depois da conversão, que se configura como solução para uma grave crise pessoal.
         O caminho da conversão implica o arrependimento e a fé. Querer mudar de vida é um ato de fé, a demonstração da confiança em Deus. O novo nascimento a partir da conversão implica a comunhão com o Espírito de Deus. Passa-se de uma posição de desconhecimento do outro para posição de crença e total submissão a ele. Este nascer de novo faz com que todos tenham o mesmo pai, tornando-se “irmãos de fé”.
         Nesse processo de identificação simbólica com Deus e sua verdade, acontece um exercício gradual de desintegração e morte do eu, em nome da identificação ao outro. “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Todo esse processo contribui para reforçar a inscrição simbólica do sujeito.
         O segundo aspecto diz respeito ao culto de cura ou libertação. Os evangélicos se distinguem pela ênfase religiosa em questões morais e com isso os fatos da moralidade e dos costumes são objeto de exame atento por parte da coletividade. Em geral, “desvios” e “tentações” sofridos por algum membro são motivo de intervenções, orações coletivas, provações e até medidas punitivas.
         O aforismo “o mundo jaz no maligno” explica os valores deformados da vida secular e justifica o afastamento das coisas do mundo em favor da proximidade da igreja, lugar de culto e adoração. Por conta do pecado original, os crentes creem que o home deu legalidade ao demônio, uma das facetas do real, para que fosse príncipe do mundo. Neste sentido, os valores do mundo não são os valores de Deus, mas sim do demônio. Por isso, a dependência de drogas e a própria droga são vistas como obra do maligno.
         A noção do corpo na doutrina evangélica também merece realce. O corpo é o templo do Espírito Santo, e o sujeito apenas o inquilino daquilo que Deus lhe deu. Nesse sentido, o usuário de drogas (seja dependente ou não) é alguém que está cuidando mal do dono do corpo. Já a saúde é compreendida pelos pentecostais como fruto apenas de problemas físicos, mas também como reflexo de questões morais e espirituais. Perspectiva interessante, pois supera o debate sobre se a toxicomania é uma doença orgânica, genética ou não, ao mesmo tempo em que apela para a responsabilidade do sujeito que se droga.
         Desta forma, doença/pecado/falha moral se confundem, recebem a mesma atribuição de sentido e podem ser combatidas com fé em Deus. Nas palavras de um fiel “a relação com Deus dá tanto prazer, é tão boa que retira a necessidade da droga. Deus preenche qualquer vazio”.
         Outro aspecto notável refere-se ao valor concedido ao poder transformador da palavra: ela cura, profetiza, exorciza.
         Portanto, o toxicômano disposto a reformular sua existência encontra na religião evangélica uma espécie de outro mundo dotado de regras, crenças e valores próprios, que propiciarão a produção de uma nova subjetividade e de uma nova experiência de sociabilidade em torno de uma comunidade fraterna.
         Na verdade, esse tipo de cura, de acordo com Bittencourt, não trata a dependência, mas oferece outra, uma vez que o centro da vida não é o homem, mas sim Deus, invenção substitutiva. A posição do sujeito enquanto servo do outro o inscreve numa espécie de tutela totalitária, pois não há espaço para a sua divisão (conflitos, incertezas, sonhos, pesadelos). O crente constrói sua vida sob os auspícios de um pai ideal, extremamente forte, onipotente, que determina o que pode e o que não pode, o que está certo e o que está errado, enfim, o que é bom para viver.

PARTICIPAÇÃO SOCIAL Em 28 e 29 de junho será realizada a 1ª Conferência Municipal de Políticas Públicas sobre Drogas de Belo Horizonte, oportunidade inédita de participação de diferentes segmentos sociais na formulação e no controle das políticas públicas sobre o tema. Todos residentes e trabalhadores, maiores de 16 anos, de cada uma das nove regionais administrativas da capital, poderão se inscrever e discutir nos grupos temáticos sobre tratamento, prevenção, redes locais e marcos regulatórios. As pré-conferências, em cada uma das regionais, estão sendo realizadas desde 27 de abril, estendendo-se até 8 de junho.
         A organização da conferência parte de um pressuposto fundamental: a temática das drogas envolve diferentes áreas públicas e por isso sua discussão não pode estar restrita à segurança pública e à saúde, devendo considerar também o âmbito da educação, da cultura, do esporte, do trabalho, da habitação e da justiça.
         No campo específico do tratamento, haverá a possibilidade de se demarcar a importância de se efetivar uma política pública consistente que contemple a constituição de uma rede de atenção psicossocial, com o aumento do número de Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (Capsad), a ampliação do número de consultórios de rua, de unidades de acolhimento e de leitos em hospitais gerais.
         Outro ponto central de debate diz respeito à internação: sua prática, objetivos e modalidades, além das expectativas a ela imputadas. Os cidadãos e os profissionais de saúde não podem recuar diante desse tema, a fim de que não fique relegado às iniciativas de cunho religioso ou judicial, constituindo-se muitas vezes em práticas de confinamento. As internações involuntárias e compulsórias se justificam apenas em situações específicas de risco de morte e raramente implicam a adesão ao tratamento, chegando frequentemente  a prejudicar possibilidades futuras. Por sua vez, quando efetivada com pertinência e consentimento do sujeito, a partir da construção de uma relação de confiança, a internação pode representar o início de mudança da relação privilegiada estabelecida com a susbstância psicoativa.
         O fundamental é entender que esse sujeito não pode se refugiar em sua “doença”, como uma vítima, recusando sua capacidade de dizer, de dar resposta. Enfim, ele não pode deixar de se responsabilizar e de ser responsabilizado pelo modo como conduz sua vida.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; turismo; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações neste mês; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

     

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A CIDADANIA, A ÉTICA NA SUSTENTABILIDADE PLANETÁRIA E O DESAFIO DAS DROGAS

“A urgência de uma ética ante a iminência de desastres ambientais
        
         Em alguns lugares da Terra se rompeu, há dias a barreira dos 400 ppm de CO2, o que pode acarretar desastres socioambientais de grande magnitude. Se nada consistente fizermos, podemos conhecer dias tenebrosos. Se não podemos frear a roda, podemos no entanto diminuir-lhe a velocidade. Agora, se trata de viver radicalmente os quatro erres: reduzir, reutilizar, reciclar e rearborizar.
         Nesse quadro dramático, como fundar um discurso ético minimamente consistente que valha para todos? Até agora, as éticas e as morais se baseavam nas culturas regionais. Hoje, na fase planetária da espécie humana, precisamos refundar a ética a partir de algo que seja comum a todos e que todos a possam entender e realizar.
         Olhando para trás, identificamos duas fontes que orientaram e ainda orientam, ética e moralmente, as sociedades: as religiões e a razão.
         As religiões continuam sendo os nichos de valor privilegiados para a maioria da humanidade. Muitos pensadores reconhecem que a religião, mais que a economia e a política, é a força central que mobiliza as pessoas e as leva até a entregar a própria vida. Outros chegam até a propor as religiões como a base mais realista e eficaz para se construir  “uma ética global para a política e a economia mundiais”. Para isso, as religiões devem dialogar entre si. Com isso, pode-se inaugurar a paz entre as religiões que deve animar a paz entre todos os povos.
         A razão crítica, desde que irrompeu, tentou estatuir códigos éticos universalmente válidos, baseados fundamentalmente nas virtudes, cuja centralidade ocupava a justiça, mas afirma também a liberdade, a verdade, o amor e o respeito ao outro.
         A fundamentação racional da ética e da moral representou um esforço admirável do pensamento humano. Entretanto, a nível de convencimento dessa ética racional foi parco e restrito aos ambientes ilustrados. Por isso, com limitada incidência no cotidiano das populações.
         Esses dois paradigmas não ficam inválidos pela crise atual, mas precisam ser enriquecidos se quisermos estar à altura dos desafios que nos vêm da realidade, hoje profundamente modificada. A ética, para ganhar um mínimo de consenso, deve brotar da base comum e última da existência humana. Essa base não reside na razão, como sempre pretendeu o Ocidente.
         A razão não é nem o primeiro nem o último momento da existência. Por isso não explica nem abarca tudo. É a partir do coração, e não da cabeça, que vivenciamos os valores. E é por valores que nos movemos e somos. Essa ética pode nos engajar em práticas para enfrentar o aquecimento global.
         Mas temos que ser realistas: a paixão é habitada por um demônio que pode ser destruidor. É um caudal fantástico de energia que, como águas de um rio, precisa das margens, de limites e da justa medida. Caso contrário, irrompe avassaladora. É aqui que entra a função insubstituível da razão. É próprio da razão ver claro e ordenar, disciplinar e definir a direção da paixão.
         Eis que surge uma dialética dramática entre paixão e razão. Se a razão reprimir a paixão, triunfa a rigidez e a tirania da ordem. Se a paixão dispensar a razão, vigora o delírio das pulsões do puro desfrute das coisas. Mas, se vigorar a justa medida e a paixão se servir da razão para um autodesenvolvimento regrado, então pode surgir uma consciência ética que nos torna responsáveis face ao caos ecológico e ao aquecimento global. Por aí há caminho a ser percorrido. Para um novo tempo, uma nova ética.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 31 de maio de 2013, caderno O.PINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor do romance sobre drogas O vencedor (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Drogas e soluções
        
         O fenômeno das drogas atinge a todos nós. Não há exceção. Ainda que você não tenha um dependente químico na família, o perigo reside no assalto. Nada pior do que ser assaltado por uma pessoa drogada. Qualquer gesto, por mais inocente, pode representar na cabeça dele uma reação que merece a morte. Não é apenas nas ruas que a existência de grande número de viciados preocupa. Em todas as classes sociais há quem seja dependente de drogas. Não somente das proibidas, como cocaína e ópio, mas também das que se podem adquirir em farmácias (com receitas falsas) ou em hospitais (por desvio). Nos dois casos, uma grana extra faz do funcionário um corrupto, e a droga de tarja preta chega fácil às mãos do usuário.
         Famílias de classes média e alta conhecem a tortura do que significa ter um parente dependente químico. Por sua vez, o poder público, incomodado com a paisagem urbana das cracolândias, advoga a internação compulsória. Medida, aliás, adotada por certas famílias com recursos para pagar internação em clínicas de (suposta) recuperação. Restam as perguntas que não querem calar, mas que família e poder público insistem em abafar: o que induz uma pessoa a consumir drogas? Qual a solução para o problema?
         Se amanhã hóstia de igreja, que é oferecida gratuitamente, virar grife, terá preço de mercado, como jeans esfarrapados vendidos em lojas sofisticadas. Ocorre que só quem comunga por razões religiosas consome hóstias. Do mesmo modo, o narcotráfico – que deve ser combatido com todo o rigor – só existe porque há um amplo e voraz mercado de consumo.
         O que leva uma pessoa a consumir drogas é a carência de autoestima. Sentindo-se inferior, desamada, pressionada pelo estresse competitivo, ela encontra nas drogas o recurso para alterar seu estado de consciência. Assim, se sente bem melhor do que ao enfrentar, de cuca limpa, a realidade. Sobretudo com certas drogas, como a cocaína, que imprimem sensação de onipotência.
         Todo drogado é um místico em potencial. Sabe que a felicidade é uma experiência da subjetividade. Nada fora do ser humano é capaz de trazer felicidade. Dê a um dependente químico barras de ouro para que abandone a droga e inicie vida nova. Ele logo tratará de vendê-las para comprar drogas. A droga decorre de nossa escala de valores. Há nisso forte componente educativo. Se um jovem é educado priorizando como valores riqueza, sucesso, poder e beleza, tende a se tornar vulnerável às drogas. Elas funcionarão, periódica e provisoriamente, como cobertor ao frio de suas ambições frustradas.
         Alerto meus amigos que têm filhos pequenos: deem a eles muita atenção e carinho até que completem 12 anos. Internações podem ser úteis em situações de crise ou surto. Nunca como solução. Todo drogado grita em outra linguagem: “Eu quero ser amado!” E o poder público, o que fazer diante desta epidemia química? Internação compulsória? Funciona provisoriamente como limpeza da paisagem urbana. Em um país como o nosso, em que o sistema de saúde é tão precário, difícil acreditar que existam  clínicas de internação em número suficiente para atender todos os dependentes e que tenham suficiente pedagogia de recuperação.
         A solução talvez não seja fácil para aqueles que já romperam vínculos familiares. Contudo, há, sim, solução preventiva se o poder público cumprir seu dever de assegurar a todas as crianças e jovens educação de qualidade. Um jovem que sonha ser um profissional competente jamais entrará nas drogas se tiver educação garantida, sobretudo centrada em valores altruístas, solidários, espirituais.
         Morei cinco anos em favela. Aprendi que nenhum traficante deseja que seu filho siga os seus passos. O sonho é que o filho seja doutor. Portanto, no dia em que o poder público levar aos ninhos do tráfico mais escolas, música, teatro, academias de ginástica, bibliotecas, e menos batidas policiais e balas “perdidas”, teremos menos viciados e traficantes.
         Portugal ensinou muito ao Brasil: o idioma, o prazer do queijo, a religiosidade cristã, a arte sacra, o gosto pela literatura etc. É hora de aprendermos também com Portugal como lidar com as drogas. Lisboa é a capital europeia com menos índice de homicídios.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômica, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis  perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
    c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações neste mês; a 27ª Jornada Mundial de Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A CIDADANIA, O PODER, A CORRUPÇÃO E A ARTE DE TRABALHAR EM EQUIPE

“Reflexões sobre poder e corrupção
         
          Partirei do princípio de que o conceito “poder” é, foi e sempre será o maior desejo do ser humano. De pequenos poderes – ser chefe numa empresa, síndico de um prédio, o preferido da turma, o mais temido da galera – passando por poderes que a sociedade valoriza – chefe de família, líder comunitário, presidente de alguma associação ou clube –, chegando ao poder constituído – vereador, deputado, senador, ministro, juiz e por aí vai. O certo é que, desde que o mundo é mundo e em busca dos poderes econômico, político, social, religioso, milhões morrem em guerras e catástrofes e por fome e ódio. Os poucos líderes que manipulam o poder se vão, após “venderem caro suas almas”.
         Desfazendo-se aos nossos olhos, queimando em fogueiras de vaidades! Viciados pela doença do poder, contaminados pela “mosca azul” que infecta a política, a economia e os três Poderes constituídos, nossos falsos messias se embriagam nas ilusões, na idolatria falsa que ergue monumentos, depois os depreda, que os ama e, logo após, os odeia, pois é assim que a humanidade sempre caminhou.
         Assistimos impassíveis – afinal brasileiros são pacíficos e bastam futebol, samba, cerveja, carnaval e baladas decadentes, porém eternos políticos – “autoridades”, incluindo religiosas, sociais, classistas, jurídicas, executivas, empresariais e semelhantes, nos conduzindo a abismos colossais e seguimos, ainda que injuriados, espantados com a cara de pau dos nossos líderes falando que moramos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Apertado em ônibus, preso em trânsito, com péssimas saúde e educação, pagando absurdos por serviços horrorosos, ficamos esperando “opa disso, Olimpíada daquilo”, ou “bolsa-faz-de-conta-que-tá-tudo-bem”. Afinal, nunca antes no Brasil ... Cada líder descobre que foi ele que descobriu o país.
         Nesse filme, somos apenas os espectadores, que pagamos caro o ingresso, apanhamos na fila para entrar, não conseguimos sentar na sala vip, passamos fome e sede e, ainda, perdemos o jogo. Somos lanterninhas, segunda divisão em saúde, educação, moradia! Mas, calma, hão que comemorar, afinal, brasileiro adora título: somos a quinta economia do mundo! E campeões na corrupção!
         Por falar em corrupção, ela é tudo isso que fazemos no dia a dia: molhar a mão do guarda, comprar do cambista, fingir que está doente para não trabalhar e matar aula. Sim, tudo que é grande começou minúsculo. Mas a corrupção do outro é sempre o pior!
         Fica a sabedoria do ditado indígena: “a consciência é uma pedra pontiaguda: se age mal, a pedra rola e a consciência dói. Se continua com as más ações, a pedra esmerilha e já não há mais dor”! Quanto a mim, desejo que minha consciência sempre doa, quando eu transgredir meus parâmetros, moralidades. Pois tentação nunca falta! Uma coisa: meus 30 anos lidando com comportamento e mais de 64 mil clientes atendidos permitem que eu diga: nunca vi um poderoso, corrupto, feliz e com paz de espírito!
         Acorda Brasil! Acorda mundo! Vamos construir um novo tempo!”

(EDUARDO AQUINO. Escritor e neurocientista em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 2 de junho de 2013, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à Vida, crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de junho de 2013, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE,  coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2, de autoria de HOMERO REIS, que é coach, e que merece igualmente integral transcrição:

“A difícil arte de trabalhar em equipe
        
          As transformações que ocorrem nas organizações não são apenas relacionadas com processos e estruturas, abrangem especialmente as relações entre as pessoas e dessas com o trabalho. A transição do trabalho individualizado para o trabalho em equipe  exige o desenvolvimento de novas habilidades nos gestores. Com essas mudanças nas características do mundo do trabalho, cresce cada vez mais a importância de desenvolver habilidades para lidar com as pessoas e com as equipes.
         Trabalhar em equipe é parte essencial da vida profissional. O trabalho em equipe tornou-se a prática preferida das instituições, à medida que sistemas hierárquicos tradicionais dão lugar a métodos de trabalho mais polivalentes e horizontalizados. Para que os gestores desenvolvam um bom trabalho em suas equipes, é preciso integrar seus componentes, envolver todos em torno do mesmo objetivo, manter a motivação, maximizar o desempenho do grupo, conduzir os trabalhos mantendo o foco na missão corporativa, avaliar os resultados alcançados, entre outras coisas.
         Nesse sentido, coordenar os trabalhos de uma equipe envolve uma série de habilidades e competências para a gestão. É necessário criar integração entre os membros do grupo para que o trabalho flua em direção às metas coletivas.
         Mediante o trabalho, o ser humano, ao produzir algo, produz também a si próprio. A atividade individualizada, isolada, muitas vezes não consegue alcançar os resultados esperados, dada a fragmentação existente na divisão do trabalho e os limites do próprio ser humano no desenvolvimento da tarefa. A interação propiciada pelo trabalho em grupo vem contribuir, e muito, para que haja um enriquecimento sempre maior dos membros que participam da atividade pela influência inevitável que ocorre entre todos.
         Os melhores talentos de uma pessoa impulsionam os melhores de outra e de mais outra, para produzir resultados muito além do que qualquer uma delas poderia conseguir individualmente.
         Tornam-se cada vez mais vitais as equipes de pessoas a que podemos recorrer para obter informação e conhecimento especializado – isto inclui companheiros de repartição, colegas de profissão, parceiros e outros a quem podemos enviar mensagens eletrônicas. Não há dúvida de que a capacidade do grupo pode ser mais poderosa do que a do indivíduo.
         O grupo surge oferecendo mais vantagens para a organização do trabalho de uma forma geral. Mas o fato de as pessoas estarem trabalhando juntas não é suficiente para garantir a eficácia do que está sendo feito.
         Ao interagir, cada grupo constrói um clima emocional próprio por meio das relações de troca entre seus membros. Um grupo dificilmente trabalhará como equipe se não desenvolver uma razoável competência interpessoal. Aperfeiçoando suas habilidades de comunicação, de liderança, de divisão de tarefas e papéis, de negociação e de abertura para a mudança. O clima criado no grupo afeta o trabalho e o desempenho global, caracterizando tendências de coesão e integração de esforços ou competição e desagregação.
         Um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua forma de trabalhar e procura resolver os problemas que afetam o seu funcionamento. Seu crescimento e desenvolvimento resultam no modo como os conflitos são enfrentados e resolvidos. Quando as equipes trabalham no seu ponto máximo, com participação ativa de seus integrantes, os resultados podem, mais do que apenas se somar, se multiplicar. A explicação desse aspecto do desempenho da equipe está nos relacionamentos dos seus membros, na química entre eles.
         Os seres humanos  são os componentes essenciais da equipe. Nossos relacionamentos sociais singularmente complexos constituem uma vantagem crucial para a sobrevivência desde os tempos mais remotos. O próprio Darwin foi o primeiro a considerar que “os grupos humanos cujos membros estavam prontos para trabalhar em conjunto em prol do bem comum sobreviviam melhor e tinham mais descendentes do que aqueles cujos membros agiam em benefício próprio, ou do que os indivíduos que não faziam parte de grupo algum”.
         É verdade que o futuro pertence a organizações baseadas em equipes. O trabalho de equipe é considerado um caminho testado para aumentar a qualidade do serviço, reduzir os custos, aumentar a produtividade e promover a satisfação de todos os envolvidos.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história  - que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), também a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos);  a educação; a saúde; a moradia; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; logística; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários  previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações neste mês, a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...