sexta-feira, 24 de abril de 2015

A CIDADANIA, A VIVÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE, A CNBB E AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS

“Vivências internas no caminho da busca espiritual
        Posso dizer que nunca tive dúvidas de que participo de uma realidade maior e de que há outros níveis de consciência. Também nunca duvidei de que sou guiado por algo interno. Mesmo na infância e na adolescência, quando não me ocupava conscientemente da busca, essa certeza sempre esteve presente em meu íntimo.
         Assim, pude ver que os fatos marcantes da minha vida estavam traçados e que só me cabia reconhece-los. O que parecia novo, na verdade acontecia desde sempre, e no momento da experiência real apenas se projetava externamente. Apesar disso, quando os vivia, eram “novos” para mim, e nem sempre podia controlar seu desfecho.
         Por causa da certeza de ser guiado, ao sucederem fatos incomuns, eu não opunha resistência a eles; entrava na experiência sem conflitos – e por estar inteiro, decidido a caminhar, não me preocupava com resultados.
         Nunca me perguntei onde tudo aquilo iria acabar. Aprendi que, se não interferimos no fluxo das coisas quando elas são guiadas internamente, tudo se dirige para o bem. Temos de vigiar sempre, estar atentos, mas sem preocupações.
         Fazer essas constatações é sinal para todos os que fazem a busca espiritual. Conheci pessoas cujo eu interior as guiava para tomarem decisões graduais. Na verdade, podemos receber vários tipos de orientação interna. Algumas indicam o que não fazer, mas não o que deve ser feito. Outras mostram determinadas coisas nos níveis superiores e o modo de concretizá-la na vida prática. Tanto num caso como no outro, a preocupação com os resultados tem de ser eliminada para que a entrega à condução interna seja incondicional. Obviamente é necessário fé. Só ela elimina a tendência natural a interferir no curso indicado..
         A fé é um estado da alma, do próprio eu interior, e que não nasce na mente humana. Como todos têm alma, todos têm fé, embora a maioria se distancie dessa realidade fundamental. Mas, mesmo que não se reconheça a existência da fé, ela se encontra no centro de cada ser, e sem ela ninguém estaria vivo.
         A certa altura, mais cedo ou mais tarde, todos entram na busca espiritual e descobrem a fé. Mas enquanto esse amadurecimento não se dá, grandes são os desvios e as vacilações a que se expõem.
         A entrega ao eu interior não quer dizer ausência de razão. A razão continua existindo, e não temos de aboli-la. O exercício é usá-la sempre que necessário, da melhor forma, porém a serviço de algo maior. É oferta-la continuamente à sabedoria que está além, para que as energias superiores a alimentem e transfigurem.
         Algumas vezes nos é dado esquecer que somos guiados, para vermos a diferença entre agir conduzidos interiormente e agir por conta própria. Nessas situações, fazemos coisas com as quais não estamos de acordo. Perceber isso nos leva a querer deixar de agir por nós mesmos o mais depressa possível.
         Ao ficarmos inteiramente receptivos às energias superiores, à ajuda que vem do Alto, usamos os atributos que temos, sabendo que jamais estamos sós. As energias que agem por nosso intermédio acabam por nos ampliar a consciência, e vemos então que não existe uma vida e nós, separados dela. Nossa própria vida fica à disposição da grande Vida que a inclui, e nada mais resta de fora.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 12 de abril de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“CNBB e a vida do povo
        A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conclui nesta sexta-feira, 24 de abril, sua 53ª Assembleia Geral, que reuniu temas de grande relevância para a vida da Igreja Católica na tarefa missionária de anunciar, a todos, o evangelho de Jesus Cristo. Durante a assembleia, a CNBB – força da Igreja Católica de reconhecida credibilidade a serviço do povo brasileiro – elegeu a sua nova presidência para o período 2015-2018. Um competente corpo de presidentes de comissões episcopais levará adiante projetos e programas de evangelização. Os trabalhos serão desenvolvidos com o apoio de assessorias eficientes, em diálogo permanente com os segmentos diversos da sociedade. Em cooperação, busca-se construir uma sociedade mais justa e solidária.
         Especialmente nesse tempo de assembleia, compartilhamos ricas experiências e reforçamos o compromisso de sempre buscar o diálogo, a inovação interna e, permanentemente, caminhar com o povo, particularmente ao lado dos mais pobres. Desse modo, investimos para sempre uma “Igreja em saída”, conforme orienta o papa Francisco. Essas importantes metas estão desenhadas pelo horizonte das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas durante a assembleia. As diretrizes orientam o caminhar da Igreja na realidade sociocultural diversificada da sociedade brasileira. As definições de projetos, programas e planos de pastoral, em cada lugar do país com a presença da Igreja, têm nessas diretrizes ricos parâmetros e efetivas linhas de ação.
         Ao definir seus planejamentos, a Igreja está consciente de que, para além de aspectos técnicos, são fundamentais o testemunho e a disponibilidade para o encontro. Como diz o papa Francisco, é imprescindível a coragem de ser uma Igreja “acidentada” e, até, “enlameada”, jamais autocentrada. No horizonte desse desafio, a Assembleia Geral da CNBB analisou a complexidade da realidade social e política que interpela a fé cristã a dar a sua indispensável contribuição. Por isso, foi incluído um segundo passo no projeto Pensando o Brasil, criado em 2014 no contexto das eleições. A Igreja Católica olha, com preocupação e apreensão, a realidade da desigualdade social no país. Os avanços e conquistas alcançados até hoje não são suficientes para apaziguar o coração de cada cidadão brasileiro. É uma situação grave e a sociedade brasileira será julgada pelo modo como trata os mais pobres.
         O tratamento equivocado imposto aos mais pobres traz consequências lamentáveis como a perda da indispensável humanização. Certo é que não se pode acostumar e acomodar-se com as situações de desigualdades e injustiças sociais. A Igreja sabe que a fé vivida e testemunhada tem força para remover esses espectros desoladores do contexto social. A paz verdadeira só se efetivará quando a cidadania e a fé impulsionarem novas posturas, sensíveis ao clamor dos pobres, que respeitem o direito dos povos. Daí nascerá a paz verdadeira. A condição humana e o exercício da cidadania precisam ser reconfigurados por meio de densa espiritualidade e mística fecunda. Por isso, os bispos do Brasil aprofundaram o estudo e o planejamento de ações determinantes no âmbito da fé vivida e testemunhada.
         O grande dom da fé é o tesouro da Igreja, com as riquezas inesgotáveis de conceitos e conteúdos, particularmente presentes na Palavra de Deus e na tradição. Esse tesouro desafia permanentemente a Igreja a revitalizar suas instituições, dinâmicas e funcionamentos para se alcançarem novas respostas. Nessa perspectiva, a liturgia é o sustentáculo da ação evangelizadora. A Igreja, quando transmite a fé, ajuda a humanidade a abrir-se ao amor inesgotável de Deus, fonte de sabedoria necessária para reequilibrar a vida e encontrar as saídas urgentes para as crises em curso na sociedade.
         A vivência dessa tarefa tem como horizonte inspirador e esperançoso a convocação feita pelo papa Francisco ao anunciar a celebração do Ano da Misericórdia. Um momento especial, promovido pela Igreja, que interpela a sociedade a compreender e a viver mais intensamente o amor de Deus. Será um jubileu, tempo de graça, de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016. A sociedade, pelo testemunho e anúncio da Igreja, precisa conhecer mais Jesus Cristo, o rosto misericordioso de Deus, a misericórdia encarnada.
         Vivenciar, de modo profundo, a espiritualidade do perdão, da justiça e da misericórdia pode ser contraponto à vigente cultura hedonista e materialista que retarda avanços. A sociedade precisa de qualificação que não é meramente técnica. A misericórdia é um saber vivencial e experiencial imprescindível.
         De modo coerente com essa perspectiva, a CNBB renovou em sua Assembleia Geral o compromisso de trabalhar para construir uma sociedade mais justa e solidária, sem medo dos desafios e pronta a dialogar com o pluralismo de ideias. Assim, está decidida a inovar-se para anunciar com autenticidade o evangelho, sempre a serviço da vida do povo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            

   

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A CIDADANIA, A VONTADE SUPERIOR E AS EXIGÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E COMPROMISSO SOCIAL


"O momento de seguir o caminho da vida guiado pela vontade da Alma
        As escolhas mais decisivas para o curso da vida partem do centro do ser, da nossa Alma. Mas, embora seja ela que determine os rumos básicos que temos de seguir, a personalidade, o eu externo, também possui certo poder de decisão.
         Como personalidade, usamos o livre-arbítrio, e por meio dele aprendemos a escolher. É pelo exercício de inumeráveis escolhas que vamos aprendendo a abandonar o que prejudica a evolução, até o momento em que começamos a perceber a voz da Alma e a sermos atraídos por ela.
         A capacidade de decisão da personalidade varia segundo os graus evolutivos que vamos atingindo, varia de acordo com nossa receptividade ao mundo da Alma, um mundo espiritual.
         Essa capacidade de decisão é bastante forte e dominante enquanto nos deixamos conduzir pelos aspectos materiais do nosso ser: o físico, o emocional e o mental. Redimensiona-se gradualmente, todavia, à medida que optamos pela evolução, crescimento superior. A partir dessa opção, a vontade da Alma vai prevalecendo nas nossas escolhas. Passamos a aceitar razoavelmente essa orientação que vem de dentro de nós. Passamos a permitir que conduza nossos atos.
         Quando transferimos nossas decisões para a Alma, dela começam a vir oportunidades para evoluirmos. A personalidade então se vai tornando mais flexível e obediente e, por fim, compreendemos qual é a tarefa que nos cabe neste planeta.
         Para cumprir essa tarefa necessitamos de indicações do nosso interior, provindas da Alma, que conhece as Leis Maiores e o nosso destino. Assim, quando nos entregamos à vontade da Alma, quando é ela que nos guia os atos, consuma-se o que está previsto para nossa vida sobre a Terra.
         Um período de purificações e ajustes acontece antecede a vida regida pela vontade da Alma. Desse período pode fazer parte o que se costuma chamar de “fase do arrependimento”.
         No sentido espiritual, arrependimento é a predisposição para reconhecer erros e imediatamente agir de modo a equilibrá-los. Não é apenas lamentação e não deve ser confundido com a tendência de chorar pela dor que causamos ou de pedir desculpas sem que nada se transforme em nós.
         O arrependimento verdadeiro é um impulso para sanar as desarmonias que causamos no passado. Se nos arrependemos dessa maneira, isto é, se passamos a agir equilibradamente, preparamo-nos de fato para novas etapas da vida.
         Importante saber que quando estamos sendo guiados pela Alma, amplia-se a nossa capacidade de servir, de ajudar os semelhantes. Vemos dentro de cada ser uma essência espiritual. Sabemos que todos vêm de uma única fonte criadora, e que o amor é a primeira lei do sistema solar.
         O amor é a capacidade de coesão, de união. Se não existisse, prevaleceriam no universo as forças contrárias à unidade, e este se desintegraria.
         Pela lei do amor, todo ser tem seu lugar no universo, onde melhor pode desenvolver sua aptidão, sua forma de doar-se. Mas ninguém é capaz de reconhecer esse lugar usando apenas a mente ou o desejo de servir. Só no profundo do ser sabemos onde está.
         O fundamental é buscar nosso ser interior como prioridade na vida. É a partir disso que nossos dias se vão tornando puro serviço da Alma, em benefício de qualquer pessoa que precise de auxílio.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e a Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia  e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação, compromisso social
        Apesar de investimentos e boas políticas, o Brasil ainda não conseguiu alcançar as metas para a educação de qualidade. Dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que o Brasil está entre os dois terços dos países que não conseguiram alcançar todas as metas traçadas para o período de 2000 a 2015. O Brasil cumpriu apenas duas das seis metas mundiais para a educação. Somente um terço dos países atingiram todos os objetivos. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o país avançou no acesso à educação e vê grandes avanços na educação na pré-escola, no ensino profissionalizante e no combate ao analfabetismo. Segundo o relatório, o Brasil atingiu duas metas: universalizar o acesso à educação primária (1º ao 5º ano do ensino fundamental) e igualdade de gênero, levando meninos e meninas para as escolas.
         As metas foram estabelecidas na Cúpula Mundial de Educação em Dakar (Senegal), em 2000, com 164 países. O objetivo global era que todos eles pudessem chegar a 2015 cumprindo seis metas: 1) expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis; 2) alcançar a educação primária universal, particularmente para as meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas; 3) garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e às habilidades para a vida; 4) alcançar uma redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015; 5) conseguir a paridade e a igualdade de gênero, e 6) melhorar a qualidade da educação e garantir resultados mensuráveis de aprendizagem para todos. Apenas 57 países alcançaram os seus objetivos. “O Brasil faz esforço grande para expandir o ensino público de educação infantil, mas ainda precisa avançar mais para cumprir essa meta”, diz a coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, em relação à meta 1.
         O Inep questiona: “Em 2002, tínhamos 3 mil creches públicas e em 2015 temos 35 mil. Implantamos boas políticas na área e trouxemos a educação da primeira infância para o centro das discussões”. A Unesco vê progressos nos programas de educação tecnológica, como o Pronatec. O país dobrou o número de matrículas em cursos profissionalizantes de 2 milhões para 4 milhões. A maior qualidade da educação e a valorização do professor no Brasil são apontadas como grande desafio, metas 4 e 6. Segundo a Unesco, faltam 4 milhões de professores no mundo. Novas metas para 2015 a 2030 serão traçadas em Seul em maio deste ano.
         O novo ministro da educação assume com boas propostas: investir ainda mais na qualificação e eficiência da educação brasileira. Apesar da crise econômica, o governo pretende construir 6 mil creches no país nos próximos quatro anos, sendo prioridade a educação básica. A proposta de engajar as universidades federais e seus estudantes na tarefa de melhorias na educação básica é muito positiva. Penso ser fundamental qualificar e estimular ainda mais os cursos de licenciatura que formam professores nas universidades, estimulando talentos com compromisso social. As nossas universidades federais constituem importante rede em todo o país com competentes profissionais e pesquisadores de todas as áreas, que muito podem contribuir para a melhoria da educação básica. Grande parte dos recursos para educação vai para as universidades federais. Em 1968, eram 100 mil estudantes universitários, hoje são 8 milhões. A responsabilidade com a educação deve começar em casa com pais incentivando os filhos para estudar. Esse importante estímulo pode formar gerações de crianças e jovens talentos comprometidos com o saber e com a educação. Felizmente, pais e escolas estão mais empenhados nessa tarefa no Brasil.
         Fomentar a responsabilidade social de professores, alunos e pais desde a educação básica é fundamental. Isso pode se dar de diversas formas: nos trabalhos e projetos escolares e nos trabalhos comunitários. Nas universidades, especialmente nas públicas, é importante que alunos  pratiquem maior compromisso social, engajando-se em projetos comunitários e grandes projetos de pesquisa nas escolas da educação básica para o salto qualitativo que tanto queremos. Essa importante contribuição social e senso de cidadania pode se dar em todas as áreas do conhecimento nas universidades – jovens estudantes em salas de aula e/ou projetos nas escolas públicas país afora, disseminando conhecimentos, ciência e inovações tecnológicas, proporcionando a maravilhosa e democrática popularização da ciência e da tecnologia para fins educativos e de cidadania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            



segunda-feira, 20 de abril de 2015

A CIDADANIA, AS NOVAS FACES DA EDUCAÇÃO E O DESAFIO DO DIÁLOGO

“Educação para o nosso século
        Como preparar estudantes para uma sociedade marcada pela velocidade das mudanças e pelos desafios socioeconômicos do nosso século? Esse, talvez, seja um dos principais desafios da escola contemporânea. Fazendo uma breve contextualização desse assunto, as instituições de ensino, em um passado próximo, eram responsáveis pela transmissão de conteúdos, o que se dava com enfoque, quase exclusivo, nas habilidades cognitivas. Isto é, nas habilidades relacionadas aos conhecimentos programáticos descritos nas matrizes das diferentes disciplinas curriculares. Porém, cada tempo tem seu imperativo e, nesse sentido, nossa demanda acadêmica, em alguma medida, mais complexa.
         Como ilustração, fiquemos com a questão da globalização das economias, das novas organizações sociais do trabalho e das exigências postas pela sociedade atual. Esses substanciais recortes ilustram a necessidade de se conjugar, com maior profundidade, as inter-relações entre emoção, cognição e socialização na aprendizagem humana. Valendo ressaltar que esse novo lugar não desprestigia a importância, já sedimentada, dos conteúdos, mas aponta para a necessidade do desenvolvimento de um outro conjunto de habilidades, quais sejam: as não cognitivas ou socioemocionais. Essa nova configuração do ensino tem gerado movimentação intelectual, como o Fórum Internacional de Políticas Públicas, realizado conjuntamente pelo Ministério da Educação (MEC), pelo Instituto Ayrton Senna e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Evento esse que teve, como linha condutora, reflexões sobre a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais para o sucesso individual e coletivo de uma sociedade. Durante esse encontro, os participantes destacaram que o desenvolvimento dessas habilidades depende de um programa intencional e estruturado a ser efetivado por toda a comunidade escolar, ou seja, pelos gestores, professores e família, uma vez que elas não são talentos inatos, o que implica dizer que demandam um projeto altamente qualificado para serem adequadamente trabalhadas. Exemplificando as potencialidades dessa nova diretriz no que toca à vida escolar, perseverança, equilíbrio emocional, compaixão e proatividade são habilidades socioemocionais que, quando desenvolvidas com excelência, permitem aos alunos, entre tantos outros avanços, prevenir problemas de aprendizagem sua significação mais abrangente.
Nessa linha, muitos estudos revelam o impacto positivo de um trabalho intencional de desenvolvimento dessas habilidades sobre a vida das pessoas, permitindo uma constatação: promover uma formação integral dos estudantes vai além da disponibilização de informações e conhecimentos. Formação integral é mais do que isso, pois depende da sedimentação de diversas competências, tanto cognitivas como socioemocionais, aptas a prover os alunos de experiências pessoais e coletivas atreladas aos valores humanos mais nobres, como boa convivência, cooperação, responsabilidade socioambiental e engajamento na construção de uma sociedade melhor.”

(MARCO ANTÔNIO BARBOSA. Coordenador pedagógico do Colégio Magnum Cidade Nova, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de16 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de abril de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Aventuras do diálogo
        A referência ao diálogo como aventura, embora cause certo estranhamento, é algo a se considerar no estágio atual da situação sociopolítica, cultural e mesmo religiosa da sociedade brasileira. Cenários diversos revelam a dificuldade generalizada para se estabelecerem diálogos. E o diálogo é condição sem a qual não se edifica a sociedade, particularmente a contemporânea, na sua constituição plural. Prejudica esse necessário processo de interação o enquadramento de pessoas e de situações que pode levar a arbitrariedades e a desrespeitos, criando, consequentemente, verdadeira anarquia.
         As concepções monolíticas a respeito de situações plurais na política, na cultura e mesmo na vida religiosa provocam grande confusão. Evidentemente, é preciso observar certos parâmetros. Princípios éticos e valores inegociáveis devem sempre pautar as condutas. Porém, o diálogo só é exitoso quando se reconhece a pluralidade, compreendendo que ninguém é dono da verdade. O respeito ao outro e às diferenças é condição para se avançar em discernimentos e, assim, fazer escolhas acertadas, corrigir rumos e alcançar novas respostas. Só o diálogo e a capacidade de dialogar revelam e comprovam a envergadura moral e cidadã.
         Uma das mais terríveis crises da sociedade brasileira é a generalizada incompetência para o diálogo entre instituições, grupos e pessoas. Para complicar esse quadro desafiador, aparecem os oportunistas e também aqueles que buscam travar as possibilidades do intercâmbio de ideias e opiniões. Prenúncio para radicalismos e outras perdas no necessário processo de se reconstruir a nação. Para superar a falta generalizada de diálogo, são necessários exercícios que alarguem corações e mentes, que iluminem visões capazes de contribuir para o enfrentamento dos muitos problemas que se abatem sobre a sociedade.
         O papa Francisco, na sua exortação apostólica Alegria do Evangelho, fala sobre a crise do compromisso comunitário. O enfrentamento desse problema, com respostas assertivas, é que pode permitir o revigoramento da cidadania, em vista de uma nação civilizada, estabelecida nos trilhos da igualdade social, da justiça e da participação de todos. A solução não é simples e demanda mais que análises de caráter sociológico ou político. É necessário ultrapassar a defesa egoísta dos próprios interesses, de pequenos grupos ou classes, para empreender esforços e garantir soluções que gerem benefícios para a coletividade.
         Essa nova postura é que possibilita um processo de interpretação de fatos e de acontecimentos capaz de suscitar nos corações o desejo e a prática do diálogo. Urgente é considerar os rápidos processos de desumanização em curso, muitos deles até com consequências irreversíveis. Uma conta a ser paga no restante da história dessa sociedade que acata e acelera esses processos. Em vez de se defenderem interesses partidários ou de poucos, é preciso considerar os descompassos do mundo contemporâneo. Enormes avanços e conquista, progressos científicos e inovações tecnológicas contracenam com a violência, a miséria e o medo.
         É irracional aguçar a simples defesa de interesses particulares e não percorrer a circularidade existencial, exercício indispensável para conseguir ver a partir do lugar do outro, especialmente de quem é mais pobre. A sensibilidade necessária para enxergar além do que é particular constitui condição para abrir-se ao diálogo. Exercitar esse discernimento possibilita reconhecer que todos partilham a mesma estatura e merecem respeito. Assim, é possível o diálogo, caminho para superar a mesquinhez e a indiferença que alimentam, entre outros males, o desarvorado desejo de acumular dinheiro e poder, verdadeira porta para a corrupção.
         Para promover a abertura ao diálogo, em todos os níveis, na sociedade brasileira, vale a pena começar por dizer “não”, como ressalta o papa Francisco, conselheiro admirável, na exortação apostólica Alegria do Evangelho: não a uma economia da exclusão, pela superação da globalização da indiferença; não à nova idolatria do dinheiro, pelo reconhecimento de que a crise econômica é, acima de tudo, antropológica, pois é desconsiderado o primado da pessoa humana; não à desigualdade vergonhosa, fonte de violência, pois é necessária uma profunda reforma que inclua mais simplicidade nos gestos de ricos, que precisam ajudar os pobres. É preciso reduzir distâncias, aproximar do outro, para que se possa construir um futuro melhor. Essa tarefa tem dinâmica própria, que desafia a sociedade brasileira a entrar nas aventuras do diálogo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de 
     R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            





quarta-feira, 15 de abril de 2015

A CIDADANIA, OS DIREITOS NA SUSTENTABILIDADE E A BUSCA DE NOVOS TALENTOS

“A realização dos direitos humanos e da natureza
        O tema “direitos humanos” é uma constante em todas as agendas. Há momentos em que se torna um clamor universal, como atualmente, com a criação do Estado Islâmico, que comete sistemático genocídio das minorias. Por que não conseguimos fazer valer efetivamente os direitos não só humanos, mas também os da natureza?
         A Carta da ONU de 1948 confia ao Estado a obrigação de criar as condições concretas para que os direitos possam ser realizados para todos. Ocorre que o tipo de Estado dominante é classista. Como tal, é perpassado pelas desigualdades que as classes sociais originam. A ideologia política desse Estado é o neoliberalismo, que se expressa pela democracia representativa e pela exaltação dos valores do indivíduo; a economista é capitalista, vigora  hegemonia da propriedade privada, o mercado livre e a lógica da concorrência. Esse Estado é controlado pelos grandes conglomerados, que hegemonizam o poder. Estender os direitos sociais para todos seria contraditório com sua lógica interna.
         A solução que as classes subalternas encontraram para enfrentar essa contradição foi elas mesmas se organizarem e criarem as condições para impor seus direitos. Assim surgiram vários movimentos sociais e populares. É mais que uma luta por direitos; é uma luta política para a transformação do tipo de sociedade e do tipo de Estado vigentes. A alternativa social, participativa, de baixo para cima, na qual todos possam caber. Enquanto isso não ocorrer, não haverá uma real universalização dos direitos humanos.
         As classes subalternas expandiram o conceito de cidadania. Não se trata mais daquela burguesa, que coloca o indivíduo diante do Estado e organiza as relações entre ambos. Agora se trata de cidadãos para, juntos, enfrentarem o Estado privatizado e a sociedade desigual de classe. Daí nasce a concidadania: cidadãos que se unem entre si, sem o Estado, e muitas vezes contra o Estado, para fazer valer seus direitos e levar avante a bandeira política de uma real democracia social.
         Esses movimentos fizeram crescer a consciência da dignidade humana, a verdadeira fonte de todos os direitos, que remete à preservação das condições de continuidade do planeta Terra, da espécie e da vida.
         Por isso, os valores e direitos básicos que devem entrar mais e mais na consciência coletiva são: como preservar a Terra? E como garantir ass condições ecológicas para que o experimento Homo sapiens/Homo demens possa continuar, se desenvolver e coevoluir? Ao redor desse núcleo, se estruturarão os demais direitos. Eles serão não somente humanos, mas também sociocósmicos. O ser humano tem a função, já assinalada no Gênesis, de ser o guardião da vida. Daqui resulta o sentimento de responsabilidade e de veneração que facilita a preservação e o cuidado por todo o criado e por tudo o que vive.
         Ou faremos a viragem necessária para essa nova ética, ou poderemos conhecer o pior – a era das grandes devastações. Até hoje, todos davam por descontada a continuidade da natureza e da Terra. Essa situação se modificou totalmente, pois os seres humanos projetaram o princípio de sua autodestruição.
         A consciência dessa nova situação fez surgir o tema dos direitos humanos-sociocósmicos e a urgência de que, se não nos mobilizarmos para as mudanças, a contagem regressiva do tempo se coloca contra nós e pode nos surpreender com um bioecoenfarte de consequências devastadoras. Devemos estar à altura dessa emergência.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de setembro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OFIR DE VILHENA GAZZI e PEDRO ELIAS FERREIRA PINTO, sócios-diretores da Academia Brasileira de Talentos, e que merece igualmente integral transcrição:

“Depois da crise
        Como tantas outras, a crise atual veio e vai passar. Mas o que vem depois? Como as organizações vão se comportar? Juntar os cacos e chorar o leite derramado? Alívio e euforia? Olhar para a frente e seguir com projeto traçado, sem sobressaltos? A resposta depende de como cada organização vai agir no presente e, mais, como cada uma vislumbra o futuro. O ajuste fiscal e monetário certamente será implementado, mesmo que parcialmente e talvez sem muitas das reformas estruturantes que a população clama nas ruas. Mas será que depois da crise tudo voltará a ser como antes? Pouco provável. Tudo aponta para novos tempos quando olhamos para o que está acontecendo no mundo e no Brasil.
         Não bastará, portanto, repetir o passado. Será necessário sincronizar-se com a nova realidade, atualizar e inovar e, menos comentado, mas igualmente importante, estar tranquilo e em paz consigo mesmo para lidar com o vazio, com a transição e encontrar sabedoria que conduz aos caminhos mais saudáveis e promissores. Parece certo que vamos precisar de profissionais e de parceiros preparados para atuar no desconhecido, sem caminhos preconcebidos, dispostos a captar as novas tendências, ler e interpretar cenários e propor novos arranjos e soluções, além de serem firmes o suficiente para manter foco nos objetivos, metas e resultados importantes para a empresa. Por essa razão, as palavras “serenidade” e “equilíbrio emocional” assumem proporções até agora pouco consideradas nos negócios.
         Temos essas pessoas? Com quem podemos contar? Quem são os líderes ou talentos com competência e ao mesmo tempo integridade e serenidade para conduzir projetos e times? Eles serão capazes de criar ambientes produtivos, gerar a confiança necessária, manter as equipes unidas, focadas e atuantes? Quem já está pronto e pode ajudar? Quem precisa ser cuidado, melhorar sua base pessoal ou passar por programa de formação, treinamento ou desenvolvimento? Por outro lado, quem não tem o perfil, a vontade e não se ajusta às necessidades da empresa hoje e, principalmente, para o novo amanhã que virá?
         São muitas perguntas e todas elas fundamentais para a reflexão e a tomada de decisões neste momento tão delicado para as organizações e para as pessoas.
         A revisão do projeto empresarial diante do novo cenário mundial e nacional talvez seja a ferramenta mais adequada no momento para ajustar o foco dos negócios estratégicos mais importantes, para otimizar as vantagens competitivas existentes, para utilizar de modo mais eficaz as competências essenciais disponíveis e para construir, agora, as bases para aproveitar as novas oportunidades por vir.
         Atenção especial deve ser dada para não contar, no sufoco gerado pela crise, processos, sistemas e, principalmente, pessoas e competências fundamentais para a retomada no pós-crise, engano comum quando o financeiro, isoladamente, passa a orientar o ajuste das empresas durante períodos de dificuldades. Porém, o pragmatismo deve imperar para evitar o desperdício de recursos, bem como a dispersão de tempo e de energia em produtos, serviços, projetos e iniciativas de pouco retorno e de viabilidade duvidosa quando se pensa um pouco mais adiante. Afinal, dispor de capital de giro e de liquidez são armas igualmente poderosas nas estratégias de enfrentamento de crises, pois, de um lado, o crédito costuma ficar escasso e com custos proibitivos se for preciso deficiências de caixa com financiamentos de mercado, e, de outro, oportunidades únicas podem ser perdidas para aquisições de negócios sinérgicos e complementares por falta de capacidade de investimento.
         Parece óbvio que, quanto maior a crise, maior e mais qualificado deve ser o trabalho em recursos humanos, pois as pessoas podem estar mais fragilizadas, inseguras e/ou necessitando de informação, apoio e perspectiva de futuro. Porém, paradoxalmente, muitas empresas se fecham e fazem muito pouco em relação a essa dimensão. Aproximar, estreitar e tornar mais frequente o contato com as equipes podem ser fatores decisivos para manter a unidade, a motivação, a parceria e o comprometimento com a empresa e com seu desempenho. Animar sem esconder a realidade, montar grupos de trabalho com missões especiais, seja para discutir cenários e propor estratégias, seja para economizar recursos e melhorar a eficiência e a produtividade da organização, pode ser um bom caminho para manter o moral, a participação, a energia e a confiança em alta. Se puder, reforce seu time. Na crise, boas empresas têm maior facilidade para atrair talentos insatisfeitos ou não aproveitados de outras organizações.
         Manter o foco, gerar perspectiva, dar resposta, motivar pessoas, sobreviver, inovar e crescer em um mundo repleto de conflitos de várias ordens, e onde a complexidade, a ambiguidade e os paradoxos parecem comandar a vida de todos nós, estão, sem dúvida, entre os grandes desafios da atualidade. Para isso, mobilizar, alinhar e integrar as pessoas e os times são condições sine qua non para reduzir o risco dos sobressaltos e atingir o sucesso.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            




         

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A CIDADANIA, A BOA GOVERNANÇA GLOBAL E A FORÇA DA ALEGRIA

“As opções políticas e seus humores e interpretações
        Uma situação de crise generalizada no mundo e em nosso país permite muitos humores e não poucas interpretações. Toda crise é angustiante e dolorosa porque desaparecem as estrelas-guia e ela nos dá a impressão de um voo cego.
         Todo grupo, comunidade e sociedade precisa sempre criar um bode expiatório sobre o qual recaem todas as frustrações e queixas das pessoas. Ora são os comunistas, ora os subversivos, ora os homoafetivos, ora os fundamentalistas, geralmente os políticos e os governantes. Modernamente chamam a esse fenômeno social “complexo de bouling”. Com isso se aliviam as tensões sociais, e a sociedade encontra relativo equilíbrio, sempre frágil e instável. Mas criam-se também muitas vítimas, deixa-se de reforçar o valor da convivência pacífica, e abre-se lugar para o preconceito e para atitudes fundamentalistas. Tal situação está se verificando claramente no Brasil. Praticamente não há pessoa que não expresse algum tipo de desconforto.
         Quem conhece um pouco o discurso psicanalítico não se admira. Sabe que no ser humano agem, ao mesmo tempo, duas forças: a de sombra, sob a qual cabem decepções e descontentamentos, e a de luz, que representa tudo o que há de bom no ser humano. O desafio é sempre este: a que damos mais primazia? À sombra ou à luz?
         O desafio é buscar a justa medida, que representa o ótimo relativo, o equilíbrio entre o mais e o menos; ou a autolimitação, que significa o sacrifício necessário para que nossa ação não seja destrutiva das relações, mas boa para todos.
         Atualmente, constata-se que leque grande de expressões políticas (direita, centro, esquerda etc.), cada qual com suas nuances. Há os que são conservadores em política, mas economicamente são até progressistas.
         Há os que olham o cenário mundial, onde as grandes potências ditam os rumos da história, e pensam: não somos suficientemente desenvolvidos e fortes para termos um projeto próprio. É mais vantajoso caminhar com eles, mesmo como sócios menores e agregados. Assim não ficamos marginalizados.
         Há os que dizem que não devemos pisar nas pegadas deixadas por outros. Temos que fazer a nossa própria pisada com recursos de que dispomos. Esses são alternativos e se opõem diretamente à perspectiva imperial de alinhamento ao projeto da globalização.
         Há os que não esperam nada de cima, pois a história tem mostrado que todos os projetos elaborados pelos do andar de cima sempre deixaram as grandes maiorias do andar de baixo onde estavam ou simplesmente de fora. Visam a uma democracia participativa e a políticas públicas que beneficiem os milhões historicamente deixados para trás. Esses, no Brasil e em outros países da América Latina, com seus partidos, ocuparam o poder de Estado. Melhoraram a situação dos mais penalizados, e todos de alguma forma ganharam. Lutam para se garantir no poder e levar avante o projeto popular.
         Mas não basta essa vontade generosa. Ela precisa vir revestida de ética, transparência e figuras de políticos exemplares que dão corpo ao que pregam. Infelizmente, isso não ocorreu, ou aconteceu de forma fragmentada e insuficiente. Não poucos sucumbiram ao poder, porque este nos dá a ilusão de onipotência divina, de poder decidir o destino das pessoas, além de inúmeras vantagens pessoais.
         Max Weber, o mestre do estudo do poder, sentenciou: só exerce bem o poder quem toma distância dele e considera-o passageiro e a serviço desinteressado da comunidade.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Em busca da alegria
        ‘Este é o dia que o Senhor fez para nós, exultemos e nele alegremo-nos!’ Essa é a antífona que emoldura os 50 dias do tempo da Páscoa, a vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, da luz sobre as trevas, porque Cristo Jesus passa pela paixão, morte e ressuscita. Eis uma referência que, certamente, pode soar de modo estranho em ambientes que ultrapassam os limiares das igrejas cristãs. Porém, trata-se de uma compreensão que pode garantir ao coração humano o que se procura tão intensamente: a alegria. É importante não confundir alegria com satisfação, que remete a uma sensação passageira. A satisfação, muitas vezes, é transformada em necessidade pela dinâmica da cultura contemporânea e, assim, converte-se na extenuante busca de “coisas e circunstâncias” que produzem, momentaneamente, apenas o prazer da alegria.
         Essa busca alimentada e produzida como necessidade impede que o ser humano encontre a alegria que dura. A consequência é uma desarvorada procura, de maneira cega, que produz absurdos, perversidades e esvaziamentos. Na busca equivocada pela alegria, volta-se, repetidamente, ao ponto de partida. Isso gera permanente insatisfação, que produz loucuras e irracionalidades revestidas de arbitrariedades. É reforçado, por exemplo, o caráter dominador do dinheiro, patrocinador do impulso de se querer e tentar encontrar a alegria em coisas, em situações meramente prazerosas, em posses. É um erro entender que a alegria necessária está na superficialidade do que dá prazer. Nesse equívoco, a humanidade se afunda numa lógica perversa de disputas e de perda da essencialidade, do sentido da verdade e do bem. Ser alegre se torna uma louca aventura que custa alto preço, produz sérios prejuízos.
         O tempo da Páscoa é o anúncio e o convite para que se tome consciência e se torne experiência a busca pela fonte da verdadeira alegria. Essa fonte não é um “ajuntamento” de coisas produtoras de satisfações passageiras e superficiais. É a pessoa de Cristo ressuscitado. Não são coisas que garantem a conquista da alegria. O caminho que perpassa a humanidade é desenhado e percorrido pelo Filho de Deus, Salvador e Redentor, o homem perfeito que assume sobre si as dores, dissabores e esvaziamentos da condição humana e os transforma por sua paixão, morte e ressurreição vitoriosa. Ele, Cristo, portanto, é o ponto referencial de encontro, iluminando e dando sentido a todos os outros encontros. O Mestre redimensiona tudo e garante as condições para que se busque e se encontre a alegria verdadeira.
         O tempo pascal é oportunidade para que se compreenda, pela claridade da razão e pela singularidade do amor, o que concluiu Santo Agostinho, ao refletir sobre os equívocos que cometeu na busca desarvorada pela felicidade. Dirigindo-se a Deus, o Santo de Hipona diz, enfaticamente: “A vida feliz consiste em nos alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós. Eis a vida feliz e não há outra. Os que julgam que existe outra apegam-se a uma alegria que não é verdadeira”. A alegria que nasce do encontro com Deus é terapêutica, pois a tristeza infinita que dizima o coração humano só se cura com um amor infinito. Põe-se o desafio de uma experiência pessoal de encontro com Cristo para saborear a sua amizade e a sua mensagem. Eis o caminho para configurar a busca da alegria verdadeira, que ultrapassa as satisfações momentâneas e contentamentos passageiros.
         A lógica da alegria que se sustenta no encontro com Cristo ressuscitado, sem medo de estar próximo de suas chagas e sofrimentos, que são também dores da humanidade, capacita o coração para não se acovardar diante do drama humano. Essa lógica permite avanços nas relações e uma compreensão alicerçada na alegria que dura. É antídoto para a ganância que envenena, para a indiferença que corrói e empurra a sociedade na direção de um lento suicídio, encoberto por tudo o que apenas contenta e dá prazer fugaz. A alegria verdadeira e que dura é encontrada quando se comprova que não se vive melhor ao fugir do outro, por negar-se a partilhar e por fechar-se em comodidades. O tempo pascal é para exercitar o coração e a inteligência em busca da alegria.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...