sexta-feira, 8 de abril de 2016

A CIDADANIA, A DEMOCRACIA, A ÉTICA, O PODER E O SUPREMO CONHECIMENTO

“A Democracia, a Ética e o Poder
        Muitas democracias contemporâneas estão em crise, violentadas por formas sofisticadas e extremas de corrupção associadas ao exercício do poder. O poder realmente corrompe? O homem é naturalmente bom e na sociedade se humaniza ou se corrompe? O homem é ruim em sua natureza e na vida em sociedade se humaniza?
         Para Hobbes, o homem é ruim em estado de natureza e fica pior na vida em sociedade. Afirma Locke que ao nascer o homem é um tábula rasa, em si mesmo não sabe o que é o bem ou o mal, mas tende para o bem e se humaniza na vida social. Em oposição, Rousseau diz que o homem nasce livre, mas por toda a parte está acorrentado, em sua natureza o homem é bom, mas a sociedade o corrompe.
         A política é ciência e arte e a ação política que não é capaz de realizar o bem comum serve aos senhores das trevas, que submetem as razões de Estado às perniciosas razões de governo, os legítimos interesses dos governados sufocados por interesses escusos dos governantes e de seus protegidos. Quando a ética não impera sobre a consciência da ação política, a crise pode se transformar em caos.
         A questão é clássica, merece um olhar para o passado com suas lições. De um lado, Sócrates, defendendo a ética de princípios, a justiça como valor supremo, os homens justos e sábios. Temendo a omissão do homem bom e a corrupção, Sócrates insistia há 2.450 anos ser indecoroso pleitear o poder. Para o mestre, os bons não querem governar por dinheiro ou por honras, não são ambiciosos.
         Em oposição, os sofistas propunham a ética de resultados, a justiça como uma mera circunstância, o ser justo apenas quando a ação trouxer vantagem pessoal.
         Falar de poder e de ética impõe lembrar Maquiavel que, em 1513, escreveu De Principatibus, à época a Itália espoliada, dividida por três grandes forças: os príncipes, a Igreja e os exércitos mercenários. O príncipe perfeito teria a força do leão e a astúcia da raposa e governaria um Estado aético comprometido com a eficiência.
         Thomas Hobbes, em O Leviatã, 1651, defendeu que há no homem um desejo perpétuo pelo poder que somente cessa com a morte, e o que  distingue o homem dos demais animais é a razão, que a maioria dos homens não sabe usar. Ultrapassar de qualquer forma quem estiver à frente é vencer.
         O poder e a corrupção voltaram como questões fundamentais em Montesquieu, em 1748. “O poder corrompe... É preciso que o poder limite o poder”. Ao lado de Locke e de Rousseau, em O espírito das leis, Montesquieu estruturou teorias sobre tripartição do poder e sobre freios e contrapesos, pilares do estado democrático de direito.
         No século 21, em algumas democracias o pode não limita o poder, governar é remediar os males alheios e a ética não é essência do poder. A corrupção está em toda parte, nos poderes públicos, praticada por gente que deveria ser exemplo de dignidade e de honra e pautar sua vida na realização do bem comum.
         Ao longo da história do Brasil, a Constituição e outros instrumentos de defesa da sociedade e do Estado têm permitido períodos de trevas entre o arbítrio e a impunidade, subordinando os elevados ideais do bem comum aos interesses de detentores do poder e dos que vivem à sua sombra.
         Sócrates identificou virtudes humanas de que os sofistas conheciam apenas sombras. Quando os homens bons e justos se confortam em suas virtudes, disso se aproveitam leões e raposas humanas. Qualquer forma de corrupção é absolutamente inaceitável. Praticada por autoridades públicas, é crime hediondo. Ou não?”.

(RUY CHAVES. Diretor da Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de maio de 2007, mesmo caderno, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Quem conhece Deus?
        Quem conhece Deus? Esta é a pergunta que explicita o cerne da questão central do discurso inaugural pronunciado pelo papa Bento XVI, dia 13 último, na abertura da 5ª Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe. A interrogação pode parecer uma escolha de entendimento do que dá prioridade a uma fuga em direção ao intimismo, ao individualismo religioso, ou um abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos, sociais e políticos. Foi o próprio para quem assim argumentou, interrogando, enquanto retomava o tema da Conferência Geral, “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n’Ele nossos povos tenham vida”. Sua argumentação teológica e pastoral focaliza no horizonte a tarefa primordial que a Igreja tem de alimentar a fé do povo de Deus. É bem do consenso de hoje que contemporâneo, atualizado e comprometido é quem tem adequada compreensão, envolvimento e inserção atuante na realidade. Ele põe, então, uma pergunta óbvia e necessária na busca de alinhamento dos necessários entendimentos: “O que  é a realidade? O que é real? São realidade só os bens materiais, os problemas sociais econômicos e políticos?” Aqui, diz o papa, precisamente, se localiza o grande erro das tendências dominantes do último século. Ele considera esse erro como nefasto porque destrutivo.
         Essa destrutividade ele a aponta, corajosamente, para agrado ou desagrado de muitos, nos sistemas marxistas, assim como nos sistemas capitalistas. Esses sistemas, ao considerar a realidade, elegem outros valores, obviamente, muitos em si são gritantes contravalores, prescindindo na sua compreensão e entendimento da realidade fundante, Deus. Incontestavelmente, aqui está uma grave mutilação do conceito de realidade enquanto a priva de sua relação, dependência e referência a Deus. Nisso, pois, se comprova o fracasso dos próprios sistemas citados, por colocarem Deus entre parêntese, com seus muitos caminhos equivocados e com suas receitas destrutivas. Aqui se pergunta sobre uma saída. Ela não vai nascer simplesmente de uma definição conceitual estratégica, senão de uma experiência diferente que só a experiência com Deus pode proporcionar. É a experiência do amor revelado por Cristo Jesus, na oferta suprema de sua própria vida, garantindo a todos a fonte perene de graça que cura e dá a salvação. Essa compreensão é uma experiência que não permite o isolamento, recorda o papa na sua reflexão. Antes, leva à comunhão, tendo o outro sempre como o mais importante. Assim, que, o encontro com Deus é, em si mesmo e como tal, sublinha o papa Bento XVI, encontro com os irmãos enquanto ato de convocação, de unificação e de responsabilidade em relação ao outro e aos demais. Nesse ponto de sua argumentação, o sumo pontífice introduz a justificação incontestável e a marca definitória da identidade do discípulo ao afirmar que nesse contexto a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica, isto é, naquele Deus que se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza, como diz o apóstolo Paulo, na 2ª Carta aos Coríntios 8, 9. A abordagem e compreensão comprovam que o serviço da fé tem uma importância insubstituível na vida dos povos da América Latina e do Caribe, como de todo homem e mulher em qualquer parte do mundo.
         Na América Latina e no Caribe, tenha-se presente o serviço da fé prestado pela Igreja Católica, reconhecidas as sombras e contradições inegáveis, até mesmo essa de ser o maior contingente cristão entre as diferentes partes do mundo, tendo, no entanto, um cenário vergonhoso e asqueroso de desigualdades e exclusões, é um serviço que anima a vida e a cultura destes povos. É um serviço para proporcionar o encontro com a verdade, o único que garante caminho e dinâmica para se alcançar a felicidade que anela todo coração humano. Uma verdade que não é um conceito ou uma simples teoria. Uma verdade que é amor e tem um nome; é uma pessoa. É Cristo Jesus. O conhecimento de sua pessoa e missão e a adesão amorosa e apaixonada a Ele, assumindo, as aventuras e alegrias de sua oferta, é o segredo do novo que, em meio a uma cultura em profunda mudança, por isso tão difusa e confusa, compõem a busca e nela se tem certeza de uma resposta definitiva. O serviço evangelizador da Igreja, nas suas diferentes frentes de trabalho, particularmente na centralidade da experiência da fé, como encontro pessoal com o Cristo vivo e ressuscitado, é imprescindível no turbilhão de mudança de época vivida neste momento. Perdê-lo ou enfraquecê-lo é correr o riso de perder-se. Essa consciência desafia seus pastores a encontrarem novos métodos, caminhos e dinâmicas para fortalecer nos corações e nas culturas a genuinidade do crer em Cristo e do ser discípulo dele, como resposta corajosa, ética e comprometida, agora e para a vida vindoura. É sábia e incontestável a indicação do papa Bento XVI para esta 5ª Conferência, quando a Igreja busca qualificar o seu serviço à humanidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  


  


quarta-feira, 6 de abril de 2016

A CIDADANIA, O RESGATE DA UTOPIA E A INADIÁVEL REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO

“O resgate da utopia no sombrio 
contexto atual do Brasil e do mundo
        Face ao desamparo que grassa no Brasil e na humanidade atual, faz-se urgente resgatar o sentido libertador da utopia. Na verdade, vivemos no olho de uma crise da ordem política e do tipo de democracia que temos. Mais ainda, uma crise civilizacional de proporções planetárias.
         Toda crise oferece chances de transformação, bem como riscos de fracasso. Na crise, medo e esperança, expressões de raiva e de violência real ou simbólica se mesclam, especialmente nesse momento crítico da sociedade.
         Precisamos de esperança. Ela se expressa na linguagem das utopias. Estas, por sua natureza, nunca vão se realizar totalmente, mas nos mantêm caminhando. Acertadamente, observou o poeta Mário Quintana: “Se as coisas são inatingíveis... Ora!/ Não é motivo para não querê-las/ Que tristes os caminhos se não fora/ A mágica presença das estrelas”.
         A utopia não se opõe à realidade, antes pertence a ela, porque não é feita apenas por aquilo que é dado, mas por aquilo que é potencial e que pode um dia se transformar em dado. A utopia nasce desse “transfundo” de virtualidades presentes na história, na sociedade e em cada pessoa.
         O filósofo Ernst Bloch cunhou a expressão “princípio-esperança”, que entende o inesgotável potencial da existência humana e da história, que permite dizer “não” a qualquer realidade concreta, às limitações espaço-temporais, aos modelos políticos e às barreiras que cerceiam o viver, o saber, o querer e o amar.
         O ser humano diz “não” porque primeiro diz “sim”: sim à vida, ao sentido, a uma sociedade com menos corrupção e mais justa, aos sonhos e à plenitude ansiada. Embora realisticamente não entreveja a total plenitude no horizonte das concretizações históricas, nem por isso ele deixa de ansiar por ela com uma esperança jamais arrefecida.
         Jó, quase nas vascas da morte, podia gritar a Deus: “Mesmo que Tu me mates, ainda assim espero em Ti”. O paraíso terrenal narrado no Gênesis 2-3 é um texto de esperança. Não se trata do relato de um passado perdido e do qual guardamos saudades, mas é antes uma promessa, uma esperança de futuro ao encontro do qual estamos caminhando. Como comentava Bloch: “O verdadeiro Gênese não está no começo, mas no fim”. Só no termo do processo da evolução serão verdadeiras as palavras das Escrituras: “E Deus viu que tudo era bom”. Enquanto evoluímos, nem tudo é bom, só perfectível;
         O essencial do cristianismo não reside em afirmar a encarnação de Deus. Outras religiões também o fizeram. Mas é afirmar que a utopia virou eutopia (um lugar bom). Em alguém, não apenas a morte foi vencida, o que seria muito, mas ocorreu algo maior: todas as virtualidades escondidas no ser humano explodiram e implodiram. Jesus é o “Adão novíssimo” na expressão de São Paulo, o homem abscôndito agora revelado. Mas é apenas o primeiro dentre muitos; nós seguiremos a ele.
         Anunciar tal esperança no sombrio contexto atual do Brasil e do mundo não é irrelevante. Transforma a eventual tragédia da política, da Terra e da humanidade devido à dissolução social e às ameaças sociais e ecológicas numa crise purificadora.
         Vamos fazer uma travessia perigosa, mas a vida será garantida, e o Brasil, bem como o planeta, ainda se regenerará e encontrará um caminho que nos abra um futuro “esperançador”.
         Para os cristãos, a grama não cresceu sobre a sepultura de Jesus. A partir da crise da sexta-feira da crucificação, a vida trinfou. Por isso a tragédia não pode escrever o último capítulo da história, nem do Brasil, nem da Mãe Terra. Aquele o escreverá a vida em seu esplendor solar.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de RAFAEL ÁVILA, professor de relações internacionais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH e diretor de inovação do Grupo Ânima, e que merece igualmente integral transcrição:

“Revolução na educação
        Se você perguntar a qualquer cidadão se ele pensa a educação como algo que promove a transformação individual, que modifica fundamentalmente a sociedade, que possibilita a introdução de uma mão de obra melhor qualificada, não há qualquer ponto de divergência. Todos dirão de maneira uníssona que sim, a educação é o caminho dessas transformações. Mas, da mesma forma que a educação é tratada como algo relevante no discurso, vemos que ela tem sido tratada como um objeto de menor empenho político e econômico.
         Também é notório para as pessoas que trabalham com a educação que estamos diante de desafios fora e dentro das salas de aula: estudantes desengajados; um ensino distante do mundo real; professores sem suporte mudanças; escolas que reproduzem um modelo que não dá conta do contemporâneo. Neste sentido, muitos propagandeiam a necessidade de uma revolução na educação. Mas o que é esta revolução?
         A proposta de (r) evolução na educação que pensamos passa pelas seguintes mudanças e ressignificações:
1)Dos objetos de aprendizagem. O que isso significa, senão o repensar de que, se queremos formar profissionais do futuro, as estruturas curriculares não podem reproduzir uma formação do passado ou orientada na perspectiva do presente? É preciso que o currículo tenha espaço para o que é essencialmente disruptivo e orientado para o futuro mesmo. Também, é preciso incorporar no ensino o desenvolvimento de habilidades suaves (soft skills), habilidades analíticas e não rotineiras combinadas com as habilidades socioemocionais. Vemos um geração inteira de bons técnicos, de dominadores de conteúdos, mas carentes de determinadas habilidades comportamentais.
2)Das formas de aprender e ensinar. Ou seja, precisamos aprimorar também os métodos e as metodologias de ensino e aprendizagem. Como disse acima, é precisos balancear conteúdos, conhecimentos técnicos, com soft skills. Porém, precisamos ainda introduzir um pouco mais de “mão na massa”. É o saber aliado com o fazer. Combinar boas doses de metodologias ativas com o ensino clássico, teórico-conceitual.
3)Dos papéis na educação. Não há mudanças sem ressignificação dos papéis dos estudantes, dos professores e da escola. Quem é responsável pelo quê? Uma proposta é o professor retomar a função de mentor, permitindo e incentivando legitimamente que o estudante se torne um ser auto direcionado, autônomo e autoproposto. Um professor mentor dará lugar ao professor conteudista, transmissor.
4)Dos espaços de aprendizagem. Espaços produzem efeitos na interação das pessoas e nas possibilidades de educação. Uma sala de aula tradicional permite um tipo de ensino; quando as carteiras se reúnem em círculos, isso possibilita outras configurações e, portanto, outras formas de interagir e aprender. Assim, uma verdadeira (r)evolução na educação entende que novos e renovados espaços de socialização de conhecimento e de aprendizagem potencializam novas formas de ensinar e aprender.
5)Das novas linguagens de educação. O digital entra não para substituir, mas para agregar. Falamos muito em uma educação móvel, educação em movimento, que acompanha o estudante onde ele estiver. Não é ensino presencial ou a distância somente, mas blended (híbrido). Porém, é ir além do blended, buscando uma educação realmente móvel, de e em múltiplas plataformas, com múltiplas linguagens. Falamos na incorporação de vídeos, pod-casts, microblogs, instrumentos de comunicação instantânea, jogos, redes sociais, todos com o propósito de educar também. A (r)evolução na educação faz com que ela ocorra de todas as formas, a todos os momentos e em todos os lugares. São novos papéis, novas mentalidades, um novo ecossistema.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

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segunda-feira, 4 de abril de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA E A SEGURANÇA NOS PLANOS ESPIRITUAIS E A CULTURA DA VIDA E DA SUSTENTABILIDADE

(Abril = mês 20; faltam 4 meses para a Olimpíada 2016)

“A segurança que reside 
nos níveis espirituais
        Vivemos em uma época de insegurança psicológica e material quase generalizada. Muitos não encontram mais apoio em instituições e organizações deste mundo. Já perceberam que atualmente só podem sentir-se seguros no nível espiritual, área da consciência que fica além do corpo físico, das emoções e da mente. É nesse nível que se encontra a alma, núcleo de consciência universal presente em nós.
         Chamamos de segurança o estado que quase todos buscam, mas essa não é a palavra que melhor traduz o que experimentamos ao contatar os níveis espirituais. Nesses níveis sutis de consciência tudo é tão dinâmico que não existe a estabilidade ou a tranquilidade como normalmente as entendemos.
         Que tipo de segurança então necessitamos?
         Dizem os livros antigos que, quando o mundo atinge uma grande decadência aparente, algo muito maior do que o mundo, em consciência,  manifesta-se nele.
         Seguindo essa lei, há dois mil anos uma grande força cósmica  encarnou num homem e “caminhou sobre a Terra”. Naquele tempo, Jesus Cristo ia de cidade em cidade e hospedava-se em casa de conhecidos. Um dia parou na casa de duas mulheres, Marta e Maria. Logo que chegou, ambas demonstram íntima alegria por recebê-lo, cada uma tomando a atitude que lhe era mais característica: Marta pôs-se a lidar, a limpar a casa, a preparar-lhe alimentos, ao passo que Maria sentou-se, recostou a cabeça e ficou em silêncio, junto a Cristo.
Como o labor era grande, Marta perguntou a Jesus se aquilo era justo: ela a trabalhar sozinha, enquanto Maria contemplava. Jesus respondeu que Marta fazia muitas coisas, mas que Maria fazia a única coisa realmente necessária.
Essa mensagem nos dá a chave da compreensão para uma ação verdadeira, que nenhuma relação tem com inércia. Sem desmerecer e tampouco anular a atividade externa em si, também necessária, a referida história simboliza uma atitude real diante dos fatos da vida.
         A necessidade premente de quietude, de silêncio e de privacidade, que quase todos sentem profundamente hoje em dia, provém do centro interior do homem, raramente buscado em virtude dessa atividade contínua à qual quase todos se entregaram na época moderna. Vivemos sem pausas, sem equilíbrio entre os momentos de ação exterior e os de recolhimento interior.
         De uma ação interior vem uma união com a totalidade da vida, e nessa totalidade todos são “um”. A transição de uma vida exteriorizada para uma vida equilibrada, onde o processo superior tem início, não se faz por um caminho rápido e fácil. Grandes caminhadas, porém, sempre começam com um primeiro passo, e aqui procuramos estimular aqueles que estiverem abertos para dá-lo.
         Aquela atitude interna de silêncio e de solidão, a que nos referimos, se compreendida amplamente, abre canais para que algo mais sutil desça para os níveis físico, emocional e mental.
         Neste ponto da evolução humana é preciso fazer certo esforço e ter certa concentração para sair desses esquemas distorcidos da atividade interessada em resultados, do trabalho que tem apenas metas humanas. Transformá-lo em ação livre, que acontece como consequência dessa abertura inocente, entregar o próprio ser ao Único, a Deus, assim como ele é, em uma oferta íntima, silenciosa e secreta – eis a chave para se compreender nossa época e o modo de serví-la.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cultura esgarçada
        O maior e mais grave desafio da sociedade brasileira é recompor o tecido da cultura, cheio de buracos. Aí está uma dos mais relevantes desarranjos a serem enfrentados para encontrar saídas diante dos muitos problemas que afligem o país. A cultura sustenta as dinâmicas da sociedade e, por isso, os muitos buracos em seu tecido são preocupantes. Não se pode deixar de constatar que a extrema fragilidade no mundo da política deve-se a esse horrendo fenômeno: o esgarçamento da cultura. No conjunto de tudo o que precisa ser corrigido está a política partidária, atualmente uma das mais potentes ameaças ao tecido cultural. Fragilizado, esse tecido não contribui suficientemente para o surgimento de líderes capazes de apontar novos rumos e promover a união.
         Pensar o Brasil, neste momento, não é apenas uma questão de intervenção no mundo da política. Incontestavelmente, isso se configura em necessidade urgente em razão do lamaçal que se permitiu formar. Contudo, é preciso ir além e considerar o seríssimo problema de ordem antropológica, que é mais abrangente. A cultura brasileira precisa de reparos, seu tecido carece de remendos para que não aumentem os rasgões. Necessita de investimento para recompô-la, permitindo-a sustentar dinâmicas exigidas pela complexidade da vida moderna. No palco das discussões e preocupações não podem estar simplesmente mudanças de poder partidário, nem mesmo o considerável e relevante cumprimento da Constituição. A sociedade brasileira precisa de algo mais: uma correção de relevância antropológica que qualifique a cultura, sustentáculo indispensável para o funcionamento social, configuração com capacidade para fazer surgirem ações inspiradas no bem e na justiça.
         Essa urgente necessidade precisa estar na pauta de todos os segmentos da sociedade. Não se pode ficar somente, e, ao mesmo tempo, vendo “o circo pegar fogo” na política. Desconsiderar a importância de reformular a cultura é assistir passivamente suicídio de uma sociedade, com tristes consequências. Todos estão ameaçados diante dos graves desarranjos culturais, como a generalizada indiferença relativista, apontada pelo papa Francisco na sua exortação apostólica A alegria do Evangelho, relacionada com a desilusão e a crise de ideologias. Por um lado, há uma reação a tudo o que parece totalitário. Por outro, recrudescem-se os fundamentalismos, inclusive religiosos, que alavancam terrorismos de todo tipo. A vida social está prejudicada, portanto, não apenas pelos números da economia, mas, entre outros fatores, por uma cultura em que cada um pretende ser portador da verdade. Isso compromete a cidadania, pois inviabiliza a união de cidadãos em busca de projetos comuns, necessários ao bem de todos, que estão além de simplesmente contemplar ambições pessoais.
         Os desgastes da cultura que a incapacitam na tarefa de sustentar o bem a justiça têm uma lista enorme de razões. Consequentemente, para corrigi-la, várias atitudes precisam ser assumidas, a cada dia, e por todos. Uma exigência que pede, de todos os segmentos, urgente inovação para que possam contribuir na busca da solução dos problemas da contemporaneidade. É triste constatar que instituições – religiosas, governamentais, educacionais e tantas outras – continuem a funcionar como há 30, 40 anos, sem se atualizar. Gastam muito, inclusive tempo e a paciência alheia, e não trazem novas respostas. Não conseguem ser força para refazer o tecido da cultura e alavancar mudanças.
         As consequências são muitas e graves, a exemplo da crescente violência, claro reflexo do desgaste da cultura. O número de homicídios na capital mineira ultrapassa índices de guerra. No entanto, parece algo normal. Há lugares na região metropolitana em que, apenas uma noite, já se alcança o patamar de tolerância indicado pela ONU. Imagine se essa realidade for ainda mais temperada por fundamentalismos, pela cultura das facções e pelo ódio. A cultura brasileira não pode, inclusive, viver mais da ilusão de se considerar como pacata, de índole fortemente solidária e outros adjetivos que não correspondem aos cenários de desafeição, desrespeito e massacre, sobretudo dos indefesos e mais pobres. A situação é grave. Há de se incluí-la diariamente na pauta, e envolver, a partir de programas e ações, as instituições e segmentos todos da sociedade brasileira na recomposição do tecido de nossa cultura.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  


  
  


quarta-feira, 30 de março de 2016

A CIDADANIA, A UNIVERSALIDADE DA ENERGIA CRÍSTICA E A LUZ NA ECOLOGIA HUMANA E INTEGRAL

“A época do despertar do Cristo 
interno na humanidade
        Quando no ser humano foram despertadas as potencialidades mentais, uma dádiva rara estava-lhe sendo concedida: por intermédio delas ela poderia conectar-se com realidades internas e espirituais e relacionar-se com a vida material, segundo a compreensão de leis superiores, divinas, que então atuariam em auxílio ao desenvolvimento da humanidade em geral. Porém, essa dádiva encerrava uma prova: ela somente revelaria seu valor se o homem a utilizasse em favor da harmonia universal.
         A suprema Consciência, Deus, sempre enviou seus Mensageiros à humanidade, a fim de transmitir-lhe as verdades eternas e os preceitos que a conduziriam pelos caminhos da retidão, luz e paz. O ápice de uma importante fase desse processo, que ocorreu por ocasião da vinda do próprio Cristo aos níveis materiais, consuma-se no atual momento planetário e no que é chamado “o Reaparecimento do Cristo”, que diz respeito ao retorno da Energia Crística entre os homens, há muito profetizado. Esse despertar do Cristo interno já é uma realidade para muitos de nós.
         Em Jesus, a Energia Crística esteve presente em meio à humanidade, expressando-se da maneira mais plena que então era possível, por intermédio de um ser encarnado no nível físico da superfície da Terra; a maioria dos homens, porém, não quis acolhê-la.
         Na época atual, processo semelhante ocorre, e, de toda a humanidade da superfície, apenas 10% responde positivamente ao Chamado Crístico que, ecoando desde milênios, nesta etapa do planeta reapresenta-se de modo peculiar.
         Os que respondem são os discípulos da Luz, aqueles que reconhecem a Luz do Amor e da Sabedoria. Sua coligação com essa Luz independe de crenças, dogmas ou religiões organizadas. Está embasada na unificação do ser à Essência Crística, que é cósmica.
         Os caminhos para o Espírito sempre estiveram abertos a todos, mas a maioria preferiu as falsas promessas da vida material e, assim, negou o propósito de sua existência.
         O despertar da consciência é estimulado pela Energia Divina, Espiritual, que utiliza os mais adequados recursos disponíveis para auxiliar cada ser; também o Espírito usa os meios de maior penetração para alcançar o consciente do homem. Muitas vezes, porém, as aspirações da vida interior de um indivíduo não encontram abertura para se manifestar na existência da vida material. Como foi dito: “o Espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca”. (Mateus 26,41).
         Por terem optado pelo prazer dos sentidos e pelo poder terreno, os seres humanos foram influenciados por energias dissuasivas e, ofuscados assim pelas trevas, perderam a consciência de suas próprias ações. Iludidos, entregaram a vida planetária à destruição, contudo como disse Cristo: “O Filho do homem vai certamente, como está escrito Dele, mas aí daquele homem por quem será entregue o Filho do homem! Melhor fora se não tivesse nascido”. (Mateus 26,24).
         A Energia Crística não se oculta aos olhos de ninguém, está presente nos menores fatos da vida das pessoas, indicando-lhes o caminho à Unidade, procurando dissolver a separatividade e a disputa, fato bem pouco compreendido.
         A vida do Espírito é o portal dessa existência e, por caminhos traçados pelo Amor infinito, a ela é conduzido o indivíduo; porém, só aquele que continuamente renuncia à violência própria do ego consegue cruzar esse portal.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição 20 de março de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de março de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Rasgou-se o véu
        ‘Rasgou-se o véu do templo de alto a baixo, em duas partes!’ O evangelista Marcos registra assim a morte de Cristo, o Salvador, com força simbólica, no contexto da narração da Paixão de Jesus. Independentemente das diferenças e possíveis interpretações alusivas às rupturas com aristocracias políticas e religiosas, relativização de celebrações, tradições e cultos, firma-se o marco entre o antes e o depois. A história irremediavelmente passa a ser interpretada, entendida e contada de modo novo e diferente. Uma pessoa torna-se divisor de água para o mundo. Emoldura o horizonte da humanidade com o singular jeito de ser do Messias, Profeta e Salvador. Rasga-se o véu do templo pela força do forte grito de Jesus que entrega o seu espírito. Ele morreu! Uma morte vencida pela força do amor misericordioso de Deus.
         A história já não é mais a mesma. Abre-se nova perspectiva, balizada pela justiça e pelo amor, pela força de dinâmicas advindas dos valores do evangelho, que inova e transforma. Por esses valores, o tecido cultural de cada sociedade pode ganhar – como já ganhou e ganha – nova qualidade e força de congregação. Mudanças que permitem reconhecer e respeitar a dignidade de toda pessoa. O cristianismo é incontestavelmente uma via qualificada por balizar-se no diálogo, na força de transformação das diferenças em riquezas e pela sagrada consideração da sacralidade de cada indivíduo. Exige, por isso mesmo, uma ambientação sociopolítica que jamais sacrifique ou funcione na contramão dessa dignidade maior. A fé cristã tem força que aponta permanentemente para um compromisso político e cidadão: privilegiar dinâmicas que façam da convivência social uma modelagem baseada nos parâmetros da paz e da justiça. Não há espaço para feições autoritárias, absolutistas, mecanicistas e de fácil manipulação, que ameaçam o bem comum.
         A morte de Cristo é redentora e não, obviamente, um fracasso. É mergulho que resgata o ser humano para reabilitá-lo com força sustentadora e de plenitude. Neste dia, Sexta-feira Santa, os cristãos celebram a morte que fecunda a esperança, reestrutura compreensões e possibilita um entendimento que rompe as jaulas dos partidarismos, das miopias políticas e das estreitezas mesquinhas. A morte de Jesus é um horizonte novo, abertura para o desabrochar da vida. Uma conquista vitoriosa, que faz da morte uma porta de passagem para a plenitude. Oferece sentido ao viver em meio às circunstâncias desafiadoras da existência humana, inclusive as que se relacionam ao contexto social e político.
         O poder político que provocou a morte de Jesus, redentora pela vontade de Deus, projetou os acontecimentos que rasgaram, com força simbólica, o véu do templo, “de alto a baixo”. E de alto a baixo está rasgado também o véu da cidadania no Brasil. A política, particularmente a partidária, na sociedade brasileira, fez precipitar um terrível rasgão. Urgente é recompor essa ferida terrível que alentou esquemas de corrupção e obscureceu a nobreza do exercício da política partidária e representativa. Há um longo caminho a ser percorrido para recompor esse véu rasgado. O percurso exige competência política para alcançar a unidade cidadã capaz de dignificar os governantes, que devem ser representantes e servidores do povo.
         Na escuridão que paira está escondida a oportunidade para que se possa viver um recomeço. Assim, é preciso procurar a solução capaz de garantir à política brasileira uma qualidade própria. Para além de radicalizações e desordens, a cidadania brasileira está desafiada a pautar seu caminho à luz de valores que proporcionem o exercício permanente do diálogo, evitando ódios e execrações vingativas. É preciso cultivar a abertura para encontrar saídas e novas respostas. Isso é tarefa de todos. Acima de tudo, pela representatividade e alto grau de responsabilidade dos que integram os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Cada pessoa está desafiada a contribuir, a partir da lucidez de diálogos, para vencer as artimanhas interesseiras e o caos político. Somente assim a sociedade não se precipitará nos horrores e nos fundamentalismos. Que se consiga, com a participação cidadã, reconquistar a inteireza do véu que se rasgou de alto a baixo; seja preservada a democracia e, acima de tudo, o bem do povo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 419,60% para um período de doze meses; e mais, também em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...