quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA HARMONIA E SERENIDADE E OS CAMINHOS DA SUSTENTABILIDADE

“Como alcançar a harmonia e 
a serenidade nos dias atuais
        No decorrer da vida podemos perceber que para estar sadios é importante cultivarmos a serenidade. Mas como conseguir isso? Como não nos deixarmos afetar pelo que sucede à nossa volta?
         Primeiro, temos de tomar consciência de que a serenidade é um estado que vem de dentro de nós, do nosso interior. Dessa forma, nada que esteja fora de nós deve ser empecilho para manifestarmos esse estado. Podemos desenvolvê-lo quando adquirimos neutralidade diante dos acontecimentos e seguimos nosso caminho sem dispersão ou desordem. Quem conquista essa atitude se torna como uma fortaleza e não se abala com circunstâncias.
         A serenidade não depende de fatores externos; por isso, é inútil busca-la em pessoas, em situações ou em ambientes. E, como já dissemos, poderá ser encontrada somente dentro de nós. Por outro lado, o mundo é o nosso campo de trabalho para exercitá-la. A vida atual, tão atribulada para a maioria, é uma prova para testar o grau de serenidade que podemos atingir e, ao mesmo tempo, um estímulo para robustecê-la.
         Desenvolvemos a serenidade ao estabelecermos um ritmo ordenado e harmonioso em nosso dia a dia.
         A maioria das pessoas não cuida disso espontaneamente e, para que possam desenvolver ordem e disciplina, quase sempre a vida lhes apresenta um ritmo compulsório, como por exemplo: horários rígidos a cumprir, dias certos de repouso. Mas quem voluntariamente distribui as atividades em horários regulares, de modo flexível e com atenção à ordem, tem como resultado um cotidiano que facilita a serenidade.
         Ao nos adestrarmos na disciplina de uma vida ritmada, deixamos de ficar ansiosos para que as coisas comecem ou terminem segundo nossas expectativas, quase sempre sem fundamento real. Assim, podemos canalizar a atenção, o pensamento e o sentimento para o momento presente, e não para um futuro que imaginamos. Assim, a rotina diária não mais nos incomodará e, finalmente, poderemos perceber que a vida jamais termina – nossa existência, então, liberta-se dos limites do tempo.
         Vivendo o ritmo diário com sabedoria, aprendemos a usar o tempo corretamente. Isso permite que, ao iniciarmos uma nova tarefa, nos sintamos restaurados. E, mesmo quando necessitamos de repouso, nosso estado físico já não será de desgaste ou inquietação, porque evitamos dispersões e permanecemos inteiros, atentos ao que estávamos fazendo. Desse modo, os períodos de renovação, tais como sono e repouso, têm efeitos mais abrangentes.
         Alcançamos a serenidade pelo alinhamento da nossa consciência humana, exterior, com níveis espirituais da alma. Isso pode ser conseguido mais facilmente depois de termos imprimido um ritmo harmonioso na vida diária.
         Importante seria reservarmos um momento durante o dia para estar em quietude. Nesse momento, com o cérebro descansado, assistimos ao que se passa na mente. O que faremos a partir daí vai depender do nosso temperamento e do tipo de pensamentos que emergirem. Podemos simplesmente vê-los passar ou procurar transformá-los. Com o tempo, os pensamentos vão-se acalmando e entramos então em outra fase: a de observar a respiração, sem interferir, entretanto, em seu ritmo natural.
         Esse aquietamento deve ser realizado sem preocupação com resultados. Podemos praticá-lo durante anos a fio, aparentemente sem resultado algum. Mas um dia nos damos conta de que nossa mente ficou mais calma, mais concentrada, e por fim nos encontramos serenos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de OLAVO MACHADO, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg), e que merece igualmente integral transcrição:

“Carta da Indústria
        O Brasil atravessa um dos momentos mais complexos de sua história. Nesta conjuntura, são fundamentais correção de rotas, sentido de3 urgência e enfrentamento de questões econômicas, políticas e institucionais, que são obstáculos ao desenvolvimento pleno do país. Essas questões estão explicitadas na Carta da Indústria, divulgada no 10º Encontro Nacional da Indústria (Enai)), que contou com a participação de uma delegação de 55 industriais mineiros coordenados pela Fiemg. O documento identifica os principais problemas e contém propostas para a superação da crise.
         A raiz dos problemas do Estado brasileiro está nas dificuldades de governança e de governabilidade. Entre os obstáculos, estão o aumento contínuo dos gastos públicos, as pressões pelo aumento da carga tributária, a insegurança jurídica e a ineficiência do Estado. Entendemos que tudo isso reduz a produtividade, a única forma de crescimento sustentável com aumento do bem-estar. A combinação dos problemas de governança com a complexidade regulatória gera uma percepção de paralisia, inércia e falta de evolução em temas centrais para a competitividade da economia.
         A Carta da Indústria aponta as ações indispensáveis para o país voltar a crescer. Na visão dos empresários, os compromissos fundamentais são:
         Ajuste macroeconômico. A estabilidade e a previsibilidade são fundamentais para o crescimento. É essencial garantir as condições para o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação. Mas esse ajuste tem de ser alcançado com uma agenda crível e com uma trajetória que gere confiança nos agentes sobre a sua sustentabilidade e eficácia.
         Sustar iniciativas fiscais desequilibradoras. É fundamental sustar iniciativas que agravam o quadro fiscal de longo prazo, aumentam os custos para as empresas, deterioram as condições de competitividade e geram incertezas sobre o futuro.
         Qualidade do ajuste fiscal. O problema fiscal brasileira deve ser enfrentado de forma estrutural. As fontes de pressão sobre o gasto público precisam ser combatidas na origem. Regras automáticas de expansão das despesas e falta de atenção às mudanças demográficas precisam ser revistas. Ao não enfrentar as fontes de pressão, criam-se as condições para ajustes provisórios e de baixa qualidade que penalizam investimentos e elevam a ineficiência do Estado. E mais grave: antecipam a necessidade de ajustes que amplificam a insegurança sobre o futuro.
         Carga tributária. É inaceitável o aumento da carga tributária, seja pela criação de novos tributos ou pela elevação das alíquotas dos existentes. O aumento de recursos precisa vir da racionalização das despesas e do crescimento da economia.
         Simplificação radical do ambiente de negócios e melhoria da qualidade regulatória. É preciso mudanças na percepção dos produtores e investidores sobre a qualidade do ambiente de negócios no Brasil – notadamente nas áreas tributária e de relações de trabalho – e que se destravem os obstáculos regulatórios que inibem as decisões de investimentos de vários setores da economia brasileira.
         Foco nas exportações. Garantir foco nas exportações por meio de iniciativas que promovam a desburocratização, facilitação do comércio, abertura de mercados e mudança de preços relativos que tornem atraente a atividade exportadora.
         Infraestrutura. É a grande oportunidade para a economia brasileira. As mudanças mais expressivas dos marcos regulatórios foram feitas. O fundamental é atuar para que as condições de atração de investimento sejam realistas, rentáveis e seguras. A qualificação e independência das agências reguladoras é uma condição importante para aumentar a segurança jurídica dos investidores.
         Produtividade e inovação. O desenho das políticas e as iniciativas  empresariais devem privilegiar a produtividade e a inovação. É importante que o ajuste macroeconômico não desative instrumentos e ativos que não podem sofrer interrupções, a exemplo das atividades de pesquisa & desenvolvimento.
         O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou que é preciso ação, construção de consensos e firme decisão política para fazer as reformas de que o pais necessita para crescer. Ele defendeu uma reforma da Previdência, avanços no sistema tributário, nas relações de trabalho e na regulação das concessões. E destacou a importância de os empresários se mobilizarem para viabilizar as reformas que vão elevar a competitividade.
         O momento exige transformações abrangentes. É preciso que o setor público se comprometa com uma profunda melhoria do ambiente de negócios no Brasil. A agenda passa pelo reequilíbrio macroeconômico, pois a estabilidade e a previsibilidade são condições fundamentais para o crescimento. Mas o ajuste precisa ser rápido e cirúrgico para minimizar os custos que o acompanham.
         O problema fiscal deve ser enfrentado de forma estrutural. Neste sentido, é necessário rever regras automáticas de expansão dos gastos, assim como se deve dar atenção às mudanças demográficas que afetam a Previdência Social.
         A CNI defende a aprovação de outros avanços, como na estrutura tributária, nas relações de trabalho, na regulação das concessões e na abertura de mercados para facilitar as trocas no comércio exterior. Em um momento como este, torna-se inoportuna a proposta do governo de elevar impostos. Fazemos coro às palavras do presidente Robson Andrade e rejeitamos, peremptoriamente, as constantes propostas de criação de impostos e de aumento dos já existentes. Não aceitamos a ressurreição da CPMF. Quem produz e cria empregos neste país não suporta mais tantos obstáculos e burocracia à produtividade e à competitividade. São desiguais os sacrifícios impostos aos empresários e empresas. O setor bancário precisa ser mais transparente, assim como o tratamento da dívida e seu serviço. A população não aguenta mais tanto imposto a receber serviços de péssima qualidade. Revisar de maneira independente nossa Constituição é fundamental para equalizar os muitos direitos e poucos deveres. A conta não fecha.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  


 
     

        

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DA ARTE DIGITAL NA EDUCAÇÃO E AS ONDAS DE LAMA

“A arte digital na educação
        Começou como um desafio, aliar tecnologia e arte e ter como resultado a possibilidade de enxergar e documentar as mais diversas manifestações culturais. Essa é a proposta do TIM ArtEducAção Digital, projeto idealizado pela ONG Humanizante e que oferece a jovens oficinas de arte digital que estimulam a criação e transformação de conhecimentos para dispositivos de tecnologia digital. Hoje não conseguimos imaginar o mundo sem toda a tecnologia disponível. E na educação não poderia ser diferente.
         Por isso, apostamos na oficina de arte digital com objetivo de desenvolver uma metodologia específica de ensino, que amplia o conhecimento digital como meio de criação cultural e artística. E os resultados são encantadores nas 13 cidades em que o programa TIM ArtEducAção está presente. As oficinas são o registro audiovisual das manifestações artísticas captadas pelos alunos através de equipamentos de mídias móveis como câmeras portáteis, amadoras e de celulares. Algumas atividades desenvolvidas pelos alunos são a criação de microdocumentários sobre as suas cidades, a documentação de pílulas videográficas e o registro das demais atividades desenvolvidas pelas oficinas do programa. Nas aulas, a tecnologia é trazidas para a discussão como ferramenta para leitura, produção de textos e interpretação de imagens e produção de conteúdo. A oficina ArtEducAção Digital faz interagir a linguagem tecnológica que o jovem gosta com todas as demais modalidades artísticas. Mostramos a eles o que essa nova linguagem digital pode acrescentar em suas vidas, ampliando o olhar e enriquecendo o aprendizado. A forma de educar estará sempre em constante transformação, e por isso é tão importante que os educadores estejam abertos às novas tecnologias disponíveis, que agregam valor e encantam os alunos. Durante alguns anos, trabalhei como professor de matemática em Viçosa e foi o momento em que vivenciei de perto o verdadeiro poder transformador da arte. Comecei a fazer a fazer leitura de poesias e crônicas no início das minhas aulas, o que relaxava a tensão causada pela matéria. Com isso, a emoção aflorava, os sentimentos fluíam e a criatividade se manifestava. O resultado foi estarrecedor: 95% de aprovação. Sem dúvida, temos muito que caminhar para transformar a educação. Mas pequenos gestos e progressos são essenciais e devem ser considerados grandes avanços. Acredito que um bom começo para essa transformação seja por meio da quebra dos paradigmas e inserção da interatividade nas aulas, que contribuem para o aprendizado dos alunos. E A arte digital é uma ferramenta multidisciplinar ideal para dar o start necessário para essa mudança.
         O que se vê hoje é um nível elevado de informações que chegam de todos os lugares, com um ritmo tão acelerado que os jovens não sabem como absorver tudo o que chega até eles. E a arte tem o poder de mudar esse cenário, pois, quando entra nas escolas, leva prazer aos alunos, permitindo concentração, desenvolvimento do conhecimento e reflexão. É gratificante perceber o brilho no olhar dos alunos, que se encantam com seus trabalhos desenvolvidos nas oficinas de arte digital, nos motivando ainda mais a trilhar um dos mais belos caminhos, o da construção do conhecimento."

(MARCELO SOARES DE ANDRADE. Ator, diretor de teatro, produtor cultural, presidente da ONG Humanizante, idealizador do programa TIM ArtEducAção, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ondas de lama
        As ondas de lama vindas do desastre ambiental no arrasado Subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, afetam não apenas pontos específicos dos estados diretamente atingidos. Atolam toda a sociedade. Uma tragédia anunciada que ultrapassa os limites do município de origem e as divisas do estado. Invade todo o ecossistema, sufoca a vida. A crueldade com a natureza é atingida e, sobretudo, a dor dos pobres que perdem familiares e o pouco que têm contracenam com a terrível destruição de casas e de outros cenários urbanos.
         Os desdobramentos dessa tragédia exigem repensar definitivamente a vocação e o destino das Minas Gerais, diante do risco de novas irresponsabilidades recaírem sobre a população em forma de desastres ainda mais graves. Impõe-se a necessidade de um direcionamento novo, fora dos parâmetros da ganância e até mesmo da justificativa de que a economia do estado só se sustenta e avança por meio dessas atividades. Tarefa que deve ser assumida, com urgência, pelo governo do estado, prefeituras. Poder Legislativo e setores privados – especialmente o minerário – mas, principalmente, pelos órgãos de controle público. É indispensável que sejam ouvidas as vozes sensatas de igrejas e outros segmentos sérios e representativos da sociedade.
         Agir a partir de compreensão simplista sobre a geração de riquezas e empregos, sem considerar a complexidade da realidade, gera consequências devastadoras. É, incontestavelmente, “assinar atestado de incompetência”. É comodismo e falta de inventividade para a necessária produção de bens.
         No horizonte desenhado por essa tragédia, os representantes do povo no poder público têm o compromisso moral de redirecionar a história minerária do estado de Minas Gerais. Uma história controversa. Para além da lucratividade e dos benefícios apresentados como decorrentes da mineração, exige-se um ordenamento jurídico novo, não apenas fundamentado no rigor das burocracias para licenciamentos, mas fruto de um entendimento que a lucidez da carta encíclica ‘Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum do papa Francisco, trata com inigualável propriedade. O documento traça o horizonte de transformações radicais e de mudanças urgentes em procedimentos e atividades, e no compromisso de consertar, no ambiente e na vida das pessoas, o que absurdamente já se tem produzido.
         A voracidade das atividades minerárias, fermentada pelo entendimento que configura a economia – com os royalties pífios em comparação com outras atividades, como a petroleira bilionária que cega a honestidade de políticos, empresas e outros –, há de ser controlada definitivamente. Há caminhos para isso. Ações são possíveis. Segmentos da sociedade têm voz e poder para intervir e dar novos rumos a essa história, agora, ainda mais, reforçados pelo ocorrido no subdistrito de Bento Rodrigues. Tragédia que também anuncia outras catástrofes, como bombas-relógio a explodir a qualquer hora.
         É exigência lançar o olhar compassivo e politicamente indignado sobre esses cenários todos, para garantir atuação corajosa de movimentos e instituições em defesa e salvaguarda do ambiente. Caso contrário, ao satisfazer os ditames cegos da economia, a consequência será a destruição e o caos. As possibilidades de vitória são reais. São exemplares a conquista do Movimento SOS Serra da Piedade, o comprometimento da Arquidiocese de Belo Horizonte e o ato de lucidez governamental impedindo o absurdo da continuidade da atividade mineradora na região. Pode-se ver, hoje, os cenários de desolação, verdadeiras ameaças ao mais importante monumento histórico, paisagístico, cultural e religioso dos mineiros, a Serra da Piedade, o Santuário da Mãe da Piedade, Padroeira de Minas.
         Uma grande frente de solidariedade cuida dos que sofrem as consequências do desastre, atendendo urgências e necessidades. E os responsáveis pela tragédia? Devem ressarcir as perdas. Parem tudo, não importam os prejuízos econômicos. Que encontrem outros meios mais justos para a sustentação da economia. Parem tudo e busquem a lucidez capaz de compreender a ecologia integral, inteligentemente indicada no capítulo quarto da encíclica interpelante do papa Francisco. Diante dos problemas atuais, é necessário “um olhar que leve em conta todos os aspectos da crise mundial e que nos detenhamos a refletir sobre os diferentes elementos de uma ecologia integral, que inclua, claramente, a dimensões humanas e sociais”. Essa deve ser a palavra de ordem para que o povo não sofra com outras ondas de lama.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  



  

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A CIDADANIA, O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO E OS HORIZONTES DA INDÚSTRIA COMPETITIVA

“Despertar de competências e habilidades
        O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) provocou uma grande revolução na forma de entrada dos alunos da educação básica nas universidades brasileiras e, consequentemente, gerou uma mudança no perfil do professor em sala de aula. Os cursos de licenciatura não acompanham as mudanças que têm sido feitas, levando em conta novos estudos e resultados de pesquisa. Isso fez com que os docentes manifestassem a mesma prática pedagógica, isto é, não fazendo de sua sala de aula um grande espaço de diálogo. Ensinava-se um conteúdo extenso em um curto período, esperando que os estudantes fossem capazes de decorá-lo para os antigos vestibulares.
         A Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada para correção do Enem, leva em conta, entre outras coisas, as competências e habilidades usadas pelo candidato para responder cada questão, ou seja, os alunos devem saber problematizar as disciplinas. Atualmente, pensar o ensino por habilidades e competências é estabelecer uma metodologia de trabalho que privilegie a aprendizagem significativa por parte dos estudantes. A situação não é simples, pois requer esforços de todos os envolvidos no processo educativo, exigindo profundas alterações no foco do ensino para a aprendizagem, procurando construir um novo significado para os conteúdos trabalhados em sala de aula. O cenário obriga a refletir que um ensino para a transmissão de conhecimento pronto e fechado não é mais válido. Apesar de ser esse um modelo muito utilizado, pois facilita a vida e o grande elo entre as famílias e a escola, ele não atende mais às demandas sociais. Não basta somente reter diversas informações. É necessário que essas informações se transformem em conhecimento e possam ser articuladas para a resolução de problemas. Portanto, é fundamental professores que perguntem e famílias que não busquem apenas respostas quando, por exemplo, ajudam seus filhos a resolver um “para casa” ou a estudar para provas. A formação de competências e habilidades multidisciplinares deve ser promovida antes e, acima de tudo, adotando uma postura incondicional de investigador e de aprendiz. Promovendo uma educação dialógica em que nós, professores, nos livremos do estigma de “senhores do saber” e possamos exercer a postura de construtores de cidadãos. Uma educação que não tema os “nãos” a serem enfrentados e crie ecos na mente de cada estudante. Também não podemos esquecer a época em que fazer um curso de datilografia era importante. O mundo mudou com o acesso a uma tecnologia que não tínhamos anteriormente. É preciso, então, entender essa evolução como uma aliada, sendo um instrumento para transformar informação em conhecimento, avaliar a razoabilidade de um argumento, estabelecer comparações e fazer estimativas, habilidades essenciais para o homem do século 21. A educação por competências e habilidades pode ser uma alternativa ao modelo positivista, deslocando o foco do ensino para o aprendizado e colocando professores e alunos na posição de agentes investigadores, possibilitando que o alune se torne agente de seu próprio conhecimento e o professor um mobilizador da pesquisa e das perguntas e problemas.
         É no ensino básico que o estudante começa a compreender fenômenos, a enfrentar problemas e construir argumentos. É quando se constrói um cidadão capaz de pensar os problemas em seu entorno e elaborar propostas de intervenção solidária na sociedade. Assim, pensar a formação integral nessa fase da educação é pensar um indivíduo que seja consciente. Trata-se de uma função para todos nós, professores da educação básica: despertar consciências. A nossa missão e o nosso dever.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ROBERTO DE SOUZA PINTO, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), e que merece igualmente integral transcrição:

“Indústria competitiva
        O Brasil é um país com enorme potencialidades, diversidades e riquezas, que, se bem aproveitadas e incentivadas, são decisivas para a construção de uma estrutura econômica, social e cultural mais sólida e eficiente. Na formação de nossa identidade nacional, no âmbito macroeconômico, o Brasil ficou conhecido por ser um país exportador de commodities, principalmente porque os principais produtos que vão para o exterior são minério de ferro, soja, óleos brutos de petróleo, café e açúcar. Mas isso não basta. Precisamos assumir um protagonismo no cenário internacional e construir uma identidade que mostre a nossa força no desenvolvimento e fabricação de produtos de transformação.
         Temos exemplos concretos de companhias brasileiras que ganharam destaque internacional, exportando tecnologia 100% nacional para todo o mundo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), líder do mercado global de jatos comerciais. Mas precisamos multiplicar esses exemplos para que as nossas forças não sejam apenas as belezas naturais, carnaval e futebol (enquanto ainda podemos). Apesar desses casos de sucesso, o Brasil ainda precisa avançar a passos largos para criar subsídios para o desenvolvimento constante da nossa indústria. E isso passa, necessariamente, pelo aprimoramento das nossas tecnologias de produção, para fazermos frente às maiores potências do planeta, como a Alemanha. O país europeu ocupa, hoje, o terceiro lugar na lista de países exportadores de café (atrás do Brasil e do Vietnã), tendo conseguido esse feito sem cultivar uma muda. Por meio do investimento em soluções tecnológicas, infraestrutura e logística (facilitada por uma eficiente malha ferroviária), os alemães se tornaram os maiores compradores do grão brasileiro e passaram a revender uma parte do volume importado para outros países por um preço mais elevado. A outra parcela começou a ser transformada em cápsulas, cujo destino também é o exterior.
         Um artigo publicado recentemente pela revista inglesa The Economist diz que, em vez de construir indústrias e investir na ampliação da nossa produção e na formação de mão de obra qualificada, o Brasil optou por erguer shoppings e outros espaços destinados ao consumo final. É verdade. Precisamos investir em capital humano, necessitamos de uma indústria inovadora e arrojada e do apoio do governo para transformar esse cenário. E esse modelo já existe no país, conhecido como tríplice-hélice, que traz resultados incríveis, uma vez que cria uma sinergia perfeita e uma atuação conjunta de três agentes: as instituições de ensino, que formam pessoas, a indústria, que absorve a mão de obra e estimula o seu constante aprimoramento, e o governo, que cria subsídios e políticas de apoio e incentivo a esses atividades.
         A tríplice-hélice é empregada, por exemplo, no Vale da Eletrônica, um dos maiores polos de tecnologia do país, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. A estrutura de gestão permitiu que o Arranjo Produtivo Local (APL) construísse uma identidade própria e consolidasse a imagem de um cluster que é sinônimo de qualidade, inovação e que compete diretamente com os principais players no Brasil e no mundo. Com isso, o APL criou uma ambiência propícia para que as 153 empresas da região desenvolvessem 45 novos produtos com alta tecnologia a cada 30 dias, que concorrem, por exemplo, com os eletrônicos chineses. O Vale da Eletrônica, atualmente, é referência em diversos segmentos, como radiodifusão e segurança. Abriga empresas líderes de mercado e fabrica soluções que se destacam em todo o mundo, como o Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial (ISDB-T), modelo nacional de TV Digital, que é um dos mais avançados do mercado internacional e o segundo mais utilizado no planeta, alcançando 562 milhões de pessoas em 16 países.
         O APL também possui um dos mais importantes programas de incubação de empresas do Brasil, que oferece capacitação e consultorias para que jovens empreendedores montem o seu próprio negócio, resultando no surgimento de novas empresas todos os anos no polo. Somado à atuação dos agentes envolvidos no modelo da tríplice-hélice, também está o trabalho de entidades que realizam a gestão e desenvolvem iniciativas para alavancar ainda mais o potencial da produção industrial local, como o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), que está completando 25 anos de atuação em Santa Rita do Sapucaí.
         A indústria brasileira precisa se reinventar. Para isso, é necessário desenvolvermos novas tecnologias e pensarmos modos de produção e gestão mais eficientes, como a tríplice-hélice, para tornar nossos produtos e processos mais inteligentes e competitivos no cenário internacional. Por meio da atuação estratégica e da integração entre governo, empresas e instituições de ensino, é possível haver um melhor aproveitamento dos nossos recursos, com o objetivo de tornar a nossa atividade industrial mais moderna e complexa. Somente dessa forma iremos construir de fato uma identidade de país protagonista no mundo, que também exporta tecnologia e que possui uma economia estruturada, sólida e sustentável.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

    b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  




        

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A CIDADANIA, A ÂNCORA DO DIREITO E DA JUSTIÇA E O VIGOR DA IMPRENSA DE QUALIDADE

“Advocacia e cidadania
        Advogar é muito mais que defender, colocar-se ao lado ou interceder pelo interesse do cliente. Advogar é saber escutar e interpretar à luz da legalidade as alegações que se lhes apresentam.
         A arte da advocacia não está apenas no saber jurídico, nos documentos ou nos atos dos processos. Está na sublime capacidade de abraçar a causa sem prometer vitórias. Aceitar o desafio, mas jamais subestimar a parte contrária. Lidar com as dificuldades, sem, contudo, demonstrar fraqueza. Evidenciar a transparência de profissional ético, que se empenha na busca da aplicação do direito, sem negligenciar no respeito devido a suas indeclináveis prerrogativas.
         O maior jurista brasileiro de todos os tempos, Ruy Barbosa, declarava em texto intimista, por palavras que não prescrevem:
         “A profissão do advogado tem, aos nossos olhos, uma dignidade quase sacerdotal. Toda vez que a exercemos com a nossa consciência, consideramos desempenhada a nossa responsabilidade. Empreitada é a dos que contratam vitórias forenses. Nós nunca endossamos saques sobre a consciência dos tribunais. Damos aos nossos clientes o nosso juízo com o nosso conselho, a nossa convicção com o nosso zelo; e, depois, quanto ao prognóstico e à responsabilidade, temos a nossa condição por igual à do médico honesto, que não conta vitórias antecipadas como os curandeiros, nem se há por desonrado quando não debela casos fatais (...), não é no bom ou no mau êxito dos pleitos que está o critério da honestidade dos litígios ou o do merecimento dos patronos”.
         Diante da citação exemplar, impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços. Além disso, cabe ao advogado promover a inclusão dos excluídos, fazer chegar a justiça aos injustiçados e intervir no sentido do estabelecimento digno da cidadania. Ou seja, o indispensável ato de advogar é, também, o de ser partícipe da cidadania incondicional.
         A intransigente forma de operar o direito deve ser sinônima de destemor, independência, honestidade, decoro, lealdade, dignidade, ética e boa-fé. A conciliação, sempre que possível, deve ser buscada e constituída nos liames da Justiça e do Estado democrático de direito.
         Sem o advogado, o conceito elementar de justiça, “ipso facto”, se perde no vasto mundo da injustiça, e a segurança jurídica não prospera, posto que dela ninguém cuida melhor que o advogado, sendo ele o elo entre a cidadania e a justiça, não admitindo, sob hipótese alguma, o julgamento sem a ampla defesa e o contraditório.
         Por fim, advogar é somar direito, justiça e cidadania, não abrindo mão das prerrogativas da profissão, irrenunciáveis sob todos os aspectos, haja vista que as prerrogativas do advogado são, implicitamente, prerrogativas do cidadão, para o qual os operadores do direito continuarão indispensáveis à administração da justiça.”.

(Wilson Campos. Presidente da Comissão da OAB-MG de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“A ‘mcdonaldização’ da imprensa
        Algumas críticas ideológicas ao jornalismo, amargas e corrosivas, têm a garra do pessimismo amargo e do sectarismo ressentido. Irritam-se, alguns, com o vigor do jornalismo de denúncia e vislumbram interesses espúrios ou engajamentos partidários. Um retrospectiva honesta, contudo, evidencia que os jornais nunca tiveram uma relação amorosa com governos, independentemente do colorido ideológico dos poderosos de turno. E é assim que deve ser. As relações entre jornalismo e poder devem ser pautadas por certa tensão. O estranhamento civilizado é bom para a sociedade e essencial para a democracia.
         O jornalismo brasileiro, não obstante suas deficiências, tem desempenhado papel relevante. Ao lancetar os tumores da corrupção, por exemplo, cumpre um dever ético intransferível. A mídia, num país dominado por esquemas cartoriais e assustadora delinquência pública, assume significativa parcela de responsabilidade. O Brasil, graças à varredura dos jornais, está mudando. Para melhor. A cultura da impunidade, responsável pela rotina do acobertamento e dos panos quentes, está, aos poucos, sendo substituída pelo exercício da cidadania responsável.
         Os pessimistas, no entanto, querem que as coisas mudem pela ação dos outros. Esquecem que a democracia não é compatível com a omissão rançosa. As críticas à imprensa, necessárias e pertinentes, são sempre bem-vindas. Espera-se, no entanto, que sejam construtivas e equilibradas.
         Ouvi, recentemente, uma dessas críticas certeiras num seminário de mídia. Os jornais, dizia meu interlocutor, estão cada vez mais parecidos e sem graça. Concordo, embora parcialmente.
         A “macdonaldização” dos jornais é um risco que convém evitar. A crescente exploração do entretenimento e da superficialidade informativa em prejuízo da informação de qualidade tem frustrado inúmeros consumidores de jornais. O público-alvo dos jornais não se satisfaz com o hambúrguer jornalístico. Trata-se de uma fatia qualificada do mercado. Quer informação aprofundada, analítica, precisa e confiável.
         É preciso investir na leveza formal e no fascinante mundo digital. Sem dúvida. O investimento em didatismo, clareza, pautas próprias e agenda positiva são, entre outras, algumas das alavancas do crescimento. Mas nada disso, nada mesmo, supera a qualidade do conteúdo. É aí que se trava a verdadeira batalha. Só um produto consistente tem a marca da permanência. O The New York Times sabe disso como nenhum outro: “produzir jornalismo de qualidade e matérias sérias de maneira mais atraente”. Qualidade e bom humor. É isso.
         Outro detalhe: os jornalistas precisam escrever para os leitores. É preciso superar a mentalidade de gueto, que transforma o jornalismo num exercício de arrogância. Cadernos culturais e econômicos, frequentemente, dialogam consigo mesmos. O leitor é considerado um estorvo ou um chato. É preciso escrever com simplicidade e explicar os fatos.
         O jornal precisa moldar o seu conceito de informação, ajustando-o às necessidades do público a que se dirige. Outro detalhe importante sobretudo em épocas de envelhecimento demográfico: a tipologia empregada pelos jornais tem de levar em conta os problemas visuais dos seus consumidores. Falando claramente: os jornais precisam trabalhar com letras grandes.
         Apostar em boas pautas (não muitas, mas relevantes) é outra saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede, em todas as pesquisas, reportagem. Quando jornalistas, entrincheirados e hipnotizados pelas telas dos computadores, não saem à luta, as redações se convertem em centros de informação pasteurizada. O lugar do repórter é a rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.
         O jornalismo moderno, mais do que qualquer outra atividade humana, reclama rigor, curiosidade, ética e paixão. É isso que faz a diferença.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”