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quarta-feira, 19 de março de 2014

A CIDADANIA, O PRAZER E A ALEGRIA NO RELAXAMENTO E OS DESAFIOS DAS MUDANÇAS INADIÁVEIS

“Relaxamento: passaporte para o prazer e a alegria
        
         Desconectemos, e assim será mais fácil entendermos o paradoxo dessa nossa era. Deus nos criou para a busca de prazer, recompensa, satisfação, alegria, e para o exercício desta finalidade existencial, criou o cérebro com arquitetura, precisão e funcionalidade inigualáveis.
         Ok, e daí, não é? Somos tão incompetentes e mal-aproveitados, que conseguimos criar uma sociedade na qual amarguras, ansiedade e angústias nos conduzem aos portões do mal viver. Quem sabe pela consciência de nossa transitoriedade, o caminho diuturno em direção a morte e, ainda mais lastimável, o temor desse mal-explicado fenômeno, que tanta controvérsia traz: afinal, somos eternos? Seremos julgados e colheremos, numa outra dimensão, a recompensa celestial, ou será uma segunda chance, algo assim como um purgatório, onde a possibilidade de luz ou trevas dependerá de arrependimentos, perdão, cura de ódios e outras lições libertadoras?
         Mas e o tal do inferno, tão belamente descrito por Dante, onde o pesadelo sem alívio de acordar nos torturará “ad aeternum”? Para os céticos e ateus, é o fim da frequência, decomposição dos elementos de uma tabela periódica, onde carnes, ossos e órgãos se desmancham em carbonos, cálcio, ferro, nitrogênios e tudo que habita nossa vida celular e molecular. Meio que um filme que acaba sem conclusão nem compreensão: “the end”!
         Que a ciência e as religiões se digladiem sem vendedores, pois radicais começam a perder espaço para cientistas e crentes que associam fé e ciência. Entendem que fé não é a prática de rituais religiosos, e sim uma energia imaterial, já quantificável, com possível sede no lobo temporal direito. E insisto na maior fé constatável: o efeito placebo, que cura entre 27 e 31% dos pacientes submetidos a controle duplo cego (nem o médico sabe que está dando pílulas da substância pesquisada, ou uma cápsula de farinha de trigo, nem o paciente sabe se recebeu a substância terapêutica ou a falsa cápsula). Daí a razão de só s autorizar um novo remédio se tiver ao menos o dobro do “efeito placebo”.
         Assim, a “fé” do médico e do paciente desencadeia um mecanismo de reestruturação do órgão lesado ou disfuncional, e água com açúcar ou farinha em comprimidos e ativações eletroquímicas no lobo temporal direito emitem a mais poderosa energia de cura, cessando sintomas e lesões. É indiscutível que temos circuitos ativadores de sensações prazerosíssimas, mediadas por uma química da dopamina, da noradrenalina, opióides naturais, que geram paixões viciantes e de tal forma recompensadoras que é difícil manter o prazer saudável, a alegria espontânea, pois tais situações são tão extracorpóreas. Há um êxtase de tal monta que o risco do vício patológico, overdoses, abusos de álcool, drogas e sexomania destruirão a vida pessoal, familiar e laborativa.
         Benditos são os orientais, que ao não pensar, entram no estágio máximo do relaxamento, da transcendência e, ao chegar ao “Nirvana”, encontram o paraíso (sem drogas, sem esforço, sem pensações e preocupações doentias). Quebram o tempo e espaço, viajam sem distinção “parte e todo” e frequentam a eternidade, com seu passaporte chamado relaxamento. Ali, nada é explicado pois a compreensão é total.
         A divinização é de tal forma simples e sábia que indianos e budistas são seres desprovidos da patologia do apego material, dos medos humanos, dos sentimentos animalescos que nos leva à violência sem sentido, guerras tribais e nacionalistas, a ilusão da matéria como pré-requisito ao bem-estar, a felicidade comprada em Miami. A ilusão consumista, vaidosa dos “selfies”, o pueril exibicionismo, sem a paz de espírito interna, a serenidade pessoal. Quer mudar? Eis algumas dicas:
         Primeiro, a preocupação é o câncer da mente, o princípio da infelicidade, a burrice em estado bruto, pois, ao antecipar sofrimentos, projetar problemas, imaginar sempre o pior e angustiante, adoece o corpo e alma, e ativa o desprazer, a dor, ativando um estresse imaginário, mas sintomático.
         Segundo, não dependa de ninguém para reciclar seus conceitos e comportamentos. Você e suas circunstâncias determinam suas opções por ser infeliz ou pleno existencialmente. Os príncipes e princesas encantados habitam apenas nossa capacidade interna de sermos lúdicos, serenos e felizes. Quem nos circunda receberá nossos fluxos de plenitude, e ainda que por osmose, tende a ser companheiro de viagem, cada qual dono de seu arbítrio e merecimento de suas construções terrenas. Cada um é o único responsável pela sua evolução e pelo seu destino, escreve seu enredo de vida. E daí sairão dramas, romances, tragédias, ficção, comédias e filmes “B”.
         E terceiro, cada um vê e constrói suas possibilidades de realidade. “Vê esse pôr de sol lindo, a mata, a cachoeira, as araras azuis e os tucanos, que me extasiam e fazem com que agradeça esse êxtase?”. E a parceira responde: “mas será que não viu aquele veado pantaneiro morto e devorado por urubus na beira da estrada?”. Cada um de nós vê a vida com a liberdade e olhar que generosamente nos gratifica ou gera desprazer. A natureza não é boa ou má, a vida pode ser uma cruz ou um gozo de sensações e satisfações. Cada um de nós é único, divino e fantástico, ainda que não tenhamos nos descoberto. Portanto, relaxe, tudo é um aprendizado evolutivo. Faça sua limonada com os belos limões que a vida lhe ofertar!
         Fé, força e luz!”.

(Eduardo Aquino. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de março de 2014, caderno GERAL, coluna Crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 12).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 14 de março de 2014, caderno OPINIÃO, página 20, de autoria de LEONARDO BOFF, filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Prolongar a dependência ou completar a invenção do Brasil?
        
         A atual sociedade brasileira, há que se reconhecer, conheceu avanços significativos sob os governos do Partido dos Trabalhadores. A inclusão social realizada e as políticas sociais benéficas para aqueles milhões que sempre estiveram à margem possuem uma magnitude história cujo significado ainda não acabamos de avaliar, especialmente se nos confrontarmos com as fases históricas anteriores, hegemonizadas pelas elites tradicionais que sempre detiveram o poder de Estado.
         Mas esses avanços não são ainda proporcionais à grandeza de nosso país e de seu povo. As manifestações de junho de 2013 mostraram que boa parte da população, particularmente dos jovens, está insatisfeita. Esses manifestantes querem mais. Querem outro tipo de democracia, a participativa, querem uma República de caráter popular, exigem, com razão, transportes que não lhes roubem tanto tempo, serviços básicos que os habilitem a entender melhor o mundo e a melhorar o tipo de trabalho que escolherem, reclamam saúde com um mínimo de decência e qualidade. Cresce em todos a convicção de que um povo doente e ignorante jamais dará um salto de qualidade rumo a outro tipo de sociedade menos desigual. O PT deverá estar à altura desses novos desafios e renovar sua agenda ao preço de não continuar jamais no poder.
         As próximas eleições possuirão, a meu ver, uma qualidade singular. Dada a aceleração da história, impulsionada pela crise sistêmica mundial, seremos forçados a tomar uma decisão: ou aproveitamos as oportunidades que os países centrais, em profunda Cris, nos propiciam, reafirmando nossa autonomia e garantindo nosso futuro autônomo, ou as desperdiçamos e viveremos atrelados ao destino decidido sempre por eles, que nos querem condenar a sermos apenas os fornecedores dos produtos in natura que lhes faltam e, assim, voltam a nos recolonizar.
         Não podemos aceitar essa estranha divisão internacional do trabalho. Temos que retomar o sonho de alguns de nossos melhores analistas, que propuseram uma reinvenção do Brasil sobre bases nossas, gestadas pelo nosso ensaio civilizatório.
         Esse é o desafio lançado de forma urgente a todas as instâncias sociais: elas ajudam na invenção do Brasil como nação soberana, repensada nos quadros da nova consciência planetária e do destino comum da Terra e da humanidade? Poderão elas  ser coparteiras de uma cidadania nova, que articula o cidadão com o Estado, o cidadão com o outro cidadão, o nacional com o mundial, a cidadania brasileira com a cidadania planetária, ajudando assim a moldar o devenir humano? Ou elas se farão cúmplices daquelas forças que não estão interessadas na construção do projeto Brasil porque se propõem inserir o país no projeto globalizado de forma subalterna e dependente, com as vantagens concedidas às classes opulentas, beneficiadas com esse tipo de aliança?
         As próximas eleições vão trazer à luz esses dois projetos. Devemos decidir de que lado estaremos. A situação é urgente, pois, como advertia, pesaroso, Celso Furtado, “tudo aponta para a inviabilização do país como projeto nacional”. Mas não queremos aceitar como tal essa severa advertência. Não devemos reconhecer as derrotas sem antes dar as batalhas, como nos ensina dom Quixote em sua gaia sabedoria..
         Ainda há tempo para mudanças que podem reorientar o país para o seu rumo certo, especialmente agora que, com a crise ecológica, o ambiente se transformou num peso decisivo da balança e do equilíbrio buscado pelo planeta Terra. Importa crer em nossas virtualidades, diria mais, em nossa missão planetária.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas)e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (a propósito, a proximidade das eleições – a cada dois anos, e ainda com uma permissividade cruel e desafiadora –, afetando brutalmente o desempenho dos governos);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana; logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana(trânsito, transporte, acessibilidade) ; minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A CIDADANIA, UMA HOMENAGEM AOS PROFESSORES E A VERDADE NA EDUCAÇÃO

“Aos professores, com carinho
        
         Queridos mestres, me perdoem a falta de jeito, o estilo saudoso de enviar-lhes esta cartinha. Coisa de aluno antigo, do tempo que os mestres eram sagrados, respeitados, admirados por todos nós. As coisas mudam, mas nunca mudará a importância e nobreza de quem transfere conhecimentos e cultura.
         Ao me ver hoje, sei que sou uma extensão de um universo em que fui apresentado por vocês. Indescritível a emoção de começar a ler e, na mesma medida após esforço e luta, ser recompensado com uma nota máxima.
         Na minha ante-sala da memória, quadros afetivos povoam a galeria de heroicos e dedicados mestres: dona Guilhermina e Violeta, professoras da pré-escola, são lembranças vivas do entusiasmo de lecionar.
         E como descrever os rígidos Dalmi ou Maria Helena? Um imenso desejo de que aprendêssemos, iluminando o caminho do saber. Dona Marina de biologia, ou o Zé Mauro, mascarado e achista!
         A beleza e ingenuidade da Amélia dando a química, uma tabela periódica charmosa e o desejo da alquimia que nos transformasse em mocinhos em busca da musa.
         Ensinar é uma arte, uma missão cada vez mais árdua e heroica. Olhando para trás, revejo os milagres que o Português trouxe à minha vida ao ensinar que o sujeito, se usar um verbo sagrado, agirá direta ou indiretamente sobre o objeto, que pode muito bem ser promovido ou destratado por um adjetivo, e olhe que uma única vírgula pode atrapalhar tudo!
         Aprendi com dona Emília que palavras têm alma, e lamento que o estudo delas tenha abolido o latim e o grego.
         Quisera eu dizer a uma musa que ela me “inspira” (“ins”: dentro de, “piros”: chama sagrada! Ou saber que o universo é “um Deus derramado” ou que entusiasmo significa, na sua etimologia, “trazer um Deus dentro de si”.
         Agradeço ao professor Dalmi esta revelação de que palavras são códigos que traduzem as três energias da mente: o que eu penso, o que eu sinto, o que eu desejo fazer. Pensar, sentir, agir e então me apresentar ao mundo.
         Lamento quando mostra-se que um adolescente atual sabe e convive com no máximo 200 palavras, são analfabetos funcionais, vivem sem poesia, sem expressão, sem inspiração.
         E falar de história, desvendando todo o caminho que meus antepassados percorreram, guerreando, inventando, construindo o mundo que habitamos.
         Pensar na biologia, que mostra que cada célula minha é uma cópia de mim mesmo e se clonado me ressuscitará daqui a mil anos.
         Ou a física, que me faz matéria e energia e a química, que mostra que somos nada mais que uma tabela periódica de elementos universais: carbono, hidrogênio, oxigênio, ferro, cálcio e por aí vai, portanto, do “pó vieste e ao pó voltará”. Não há ouro que sobreviva ao fim certo e a eternidade esperada.
         Termino esta coluna após ver um estudo que mostra que cada vez menos pessoas querem ser professores e que já faltam docentes em milhares de escolas. E lamento que nós, alunos, os pais, a comunidade em geral, estejamos tão viciados em celulares e eletrônicos.
         Lamento que pessoas reais não recebam um abraço, um cumprimento carinhoso, o respeito mínimo de quem nos forma e, generosamente, doa conhecimentos.
         Que nesta volta a mais um ano letivo, desejo do fundo do meu coração que todos os professores sejam abençoados com a saúde, a paz, a serenidade e, assim, sejam reconhecidos como patrimônio da humanidade!
         Agradeço aos mestres citados e perdão aos que não o foram pois homenageei professores de mais de 40 anos atrás sem os quais esta coluna não teria sido escrita!”

(Eduardo Aquino. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 12 de janeiro de 2014, caderno CIDADES, página 4, coluna Crônicas sobre o comportamento e o relacionamentos humano).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2356 – ano 47 – nº 3, de 15 de janeiro de 2014, páginas  76 e 77, de autoria de Gustavo Ioschpe, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Por que não falar a verdade, ministro?
        
         Em dezembro, foram divulgados os resultados do Pisa, o mais importante teste de qualidade da educação do mundo, realizado a cada três anos com alunos de 15 anos. Como vem ocorrendo desde a primeira edição, no ano 2000, os resultados do Brasil foram péssimos. Ficamos em 58º lugar em matemática, 59º em ciências e 55º em leitura, entre os 65 países que participaram. Caímos no ranking nas três áreas, em relação à prova anterior. Como já havia acontecido em edições passadas, nem nossa elite se salvou: os 25% mais ricos entre os alunos brasileiros tiveram desempenho pior que os 25% mais pobres dos países desenvolvidos (437 pontos versus 452 pontos em matemática).
         A Alemanha, assim como o Brasil, também participa do Pisa desde 2000. Quando os resultados daquele ano foram divulgados, os alemães descobriram que o país de Goethe, Hegel e Weber tinha ficado em 21º lugar entre os 31 participantes daquela edição, abaixo da média dos países da OCDE. Os dados caíram como uma bomba. A presidente da Comissão de Educação do Parlamento alemão disse que os resultados eram uma “tragédia para a educação alemã”. A Der Spiegel, a mais importante revista do país, refletiu a tragédia com a seguinte manchete de capa: “Os alunos alemães são burros?”. O alvoroço levou inclusive à criação de um game show na TV alemã.
         No dia do anúncio dos resultados da última edição do Pisa, a reação brasileira foi bem diferente. Nosso ministro da Educação, Aloizio Mercadante, convocou uma coletiva de imprensa para declarar que o Pisa era uma “grande vitória” da educação brasileira e um sinal de que “estamos no caminho certo” (rumo ao fundo do poço?). Recorreu à mesma cantilena de seu antecessor, Fernando Hadad: “A foto é ruim, mas o filme é muito bom”. Ou seja, a situação atual ainda não é boa, mas o que importa é a evolução dos resultados. E nesse quesito Mercadante fez um corte bastante particular dos resultados (focando apenas matemática, e só de 2003 para cá) para afirmar que o Brasil era “o primeiro aluno da sala”, o país que mais havia evoluído. Sem mencionar, é claro, que evoluímos tanto porque partimos de uma base baixíssima. Quando se parte de quase nada, qualquer pitoco é um salto enorme.
         Essas reações são tão previsíveis que escrevi um artigo, disponível em VEJA.com, um dia antes da fala do ministro, não só prevendo o teor da resposta como até o recurso à sétima arte (todos os links disponíveis em twitter.com/gioschpe). Mas, apesar de esperada, a resposta do ministro me causa perplexidade e espanto. Ela é muito negativa para o futuro da educação brasileira.
         Eis o motivo da minha perplexidade: Mercadante e seu MEC não administram as escolas em que estudam nossos alunos de 15 anos. Dos mais de 50 milhões de estudantes da nossa educação básica, mero 0,5% está na rede federal. No Brasil, a responsabilidade por alunos do ensino médio é fundamentalmente de estados (85% da matrícula) e da iniciativa privada (13%). O MEC administra as universidades federais e cria alguns balizamentos para a educação básica, além de pilotar programas de reforço orçamentário para questões como transporte e merenda escolar, entre outras funções. A tarefa de construir as escolas, contratar e treinar os professores e estruturar o sistema é dos estados. No ensino fundamental, dos municípios. Portanto, os resultados do Pisa não representam um atestado de incompetência do Ministério da Educação. A maior parte da responsabilidade está certamente com estados e municípios. Além do mais, a tolerância do brasileiro para indicadores medíocres na área educacional é sabida e, ao contrário da Alemanha em 2000, não havia nenhuma expectativa de que tivéssemos um desempenho estelar no Piso. Por que, então, o ministro não pode vir a público e dizer a verdade: que nossa situação é desastrosa, e que enquanto não melhorarmos a qualidade do nosso ensino continuaremos a chafurdar no pântano do subdesenvolvimento e da desigualdade? Não haveria custo político para Mercadante nem para o PT, já que o problema da nossa educação vem de antes da era lulista, e estados administrados por partidos de oposição tiveram resultados tão ruins quanto os da situação. Até entendo que seu antecessor se valesse dessa patacoada, pois teve uma gestão sofrível e era um neófito político em busca de divulgação, mas Mercadante já é um político consagrado e está fazendo uma boa gestão, a melhor da era petista; não era preciso disso.
         Antes que os patrulheiros venham com suas pedras, eu me adianto: o ministro não mentiu em suas declarações, apenas tapou o sol com a peneira. Fez uma seleção de dados destinada a conferir uma pátina brilhante a um cenário que na verdade é calamitoso. E esse malabarismo político, longe de ser apenas mera questão de conveniência pessoal, é muito ruim para o país.
         Vocês que me leem há algum tempo sabem que estou convencido de que o grande entrave para a melhoria da qualidade educacional brasileira é o fato de que nossa população está satisfeita com nossa escola (em pesquisa do Inep com amostra representativa de pais de alunos da escola pública, a qualidade do ensino da escola do filho teve uma inacreditável nota média de 8,6. Realidade africana, percepção coreana...). Enquanto a população não demanda nem apoia mudanças, os governantes não têm capital político para encarar a força obstrucionista dos sindicatos de  professores e funcionários (um contingente absurdamente inchado de 5 milhões de pessoas). Excetuando VEJA, este colunista e mais meia dúzia de quixotes, toda a discussão nacional sobre o tema é dominada por mantenedores do status quo. Canais de TV buscam sempre alguma história de superação individual, para dar um contorno feliz a uma história triste. Rádios estão preocupadas com debates inflamados, a despeito da veracidade do que é discutido, quer o assunto seja educação, política ou futebol. Jornais acham que aprofundar um assunto é dar os dois lados da moeda, como se a educação fosse questão de opinião, não de pesquisa. Empresários não querem falar nada que gere conflito; a maioria dos intelectuais é também professor e tem interesses pecuniários; políticos em geral querem se tornar prefeitos ou governadores. Nesse cenário, quem é que vai falar para o brasileiro aquilo que ele não quer ouvir? O candidato natural é o ministro da Educação. Imaginem que fantástico seria se o Mercadante tivesse vindo a público para dizer: “O Brasil foi muito mal no Pisa. Nossos alunos não estão aprendendo o que precisam. Está na hora de encararmos essa realidade. Temos uma enorme crise educacional – o que, na Era do Conhecimento, significa que enfrentamos um gravíssimo problema. Para vencê-lo, todos teremos de arregaçar as mangas e trabalhar mais. Este ministério não administra as escolas, mas estamos à disposição de todos os prefeitos, governadores e secretários de Educação que querem melhorar”.
         Essas palavras poderiam marcar o início de uma nova era. E isso não traria custo político ao ministro. Acho até que geraria benefícios. São palavras de um estadista, de alguém que se preocupa com o futuro de milhões de alunos que hoje estão sendo massacrados por uma sistema educacional inepto.
         P.S.: Depois da comoção de 2000, a Alemanha deu um salto. Neste último Pisa, ficou bem acima de média obtida pelos países da OCDE, abocanhando o 12º em ciências, o 16º em matemática e o 19º em leitura.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irrecuperáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional  –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade; entre  outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

    

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A CIDADANIA E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA, DA DEMOCRACIA E DO JORNALISMO

“Escola pública: tristeza e dor!
        
         Esta semana, conversando com um dos professores mais dedicados, talentosos e idealistas que conheci nestes trinta anos, ouvi ao final de uma avaliação que fazíamos sobre a crise na educação: Aquino, estou morrendo a cada dia que entro na escola. E essa doença é mais terrível que qualquer outra, morro diariamente de tristeza e dor na alma, da angústia de quem ama a educação!”.
         Fiquei triste pois tenho um especial carinho pela educação. Em especial, pela classe dos professores, heróis anônimos de guerras diárias e anônimas. Fui, nesta últimas três décadas, testemunha e parceiro em diversas tentativas de valorização, estruturação e renovação da mais nobre das instituições criada pela civilização que é a escola. Base de tudo, início de tudo, ela tem a maior das responsabilidades dentro de uma sociedade que se pretende minimamente saudável e justa. Que o diga países como a Coréia do Sul e outros asiáticos que radicalizaram e colocaram a formação escolar como o bem mais crucial e duradouro para se pensar uma nação. Dito e feito: passou de uma nação subdesenvolvida, pobre e inviável para uma potência de ponta, um “tigre” que hoje da aula para o mundo! Um professor coreano é quase um ídolo, tal a nobreza, a admiração que desperta. Alguns, ao darem aulas na internet, têm mais acesso que cantores pop, atletas famosos, artistas de cinema. Carreira disputada, bem remunerada, mas, principalmente, respeitada por alunos, pais, governo e sociedade.
         Mas por que começar por um caso de sucesso absoluto se o tema é a triste realidade da Educação no Brasil? Singelamente para lembrar que até o mais caótico e desesperador caso de abandono, carência e abuso tem sempre um contraponto profundo, uma esperança perseverante. Por que um psiquiatra vem aqui para falar do atual momento das comunidades escolares? Passeis 25 anos da minha vida dando palestras, fazendo cursos, projetos, escrevendo livros parapedagógicos para escolas privadas e publicas, assim como atendendo pais, alunos e educadores na minha clínica. E fui constatando o adoecimento crônico desta comunidade. Está havendo uma falência múltipla de órgãos: começa no MEC e vai impiedosamente devastando o setor, os políticos, a péssima formação universitária, o abominável avanço de ano automático e seus analfabetos funcionais em ensino médio, o abandono absoluto das escolas, infectadas pela violência, desinteresse absoluto das últimas gerações de estudantes, pais ausentes, absenteísmo de professores, salários incompatíveis com o alto grau de estresse e periculosidade que é a profissão de educador.
         Volto a advertir e disponibilizo para quem se interessar o site www.bemvindoavida.com.br. Nele, o projeto Ecologia Humana nas Escolas mostra a inserção das Ciências do Comportamento como matéria paradidática. Mostra também que toda comunidade escolar deveria ter uma equipe de saúde ligada ao psiquismo, como psiquiatra, psicólogo, psicopedagoga e professores que se interessam por temas como neurociência e outras ciências comportamentais, permitindo atendimento nas comunidades escolares, ainda que à distância.
         Quem dera se a grande mídia tivesse espaço para programas lúdicos e interessantes que democratizassem para todos temas que andam espalhando a angústia pela humanidade. Afinal, parte grande destas escolas doentes” está contaminada por transtornos e distúrbios comportamentais que acometem igualmente professores, pais, alunos e funcionários.
         Há muitos falsos diagnósticos de hiperatividade infantil, desordens escolares e distúrbios de aprendizagem que, no fundo, são causados por sono insuficiente, excesso de telas, falta de limites, bebidas, drogas e sexo banalizado. Impressiona o número de professores com distúrbios mentais, desanimados, infelizes e temerosos da agressividade dos alunos (com a Síndrome de Burnout).  Hoje, mal ou bem comparando, vejo uma similaridade com os antigos instrutores da Febem, que enfrentavam a cada dia o inferno da “reeducação de infratores”.
         O primeiro passo é repensar a estrutura física das escolas, achar uma alternativa aos arqueológicos quadros negros, criar um ambiente que volte a dar, desculpe o termo, mais “tesão” para quem ensina, aprende e frequenta a escola.
         Quem age constrói, quem reage destrói. Sei que a maioria das pessoas tem ótima índole, mas pecam por serem silenciosas e passivas. De escândalo em escândalo, nos roubam as verbas da merenda escolar, desviam dinheiro para equipar a saúde pública, enterram na Suíça o orçamento das moradias e sanitarismo. E nós não falamos nada. Que direito teremos de reclamar da pocilga que habitamos?
         Só lembrando: a palavra mestra é ESTÍMULO! Pois só ele gera resposta. Chega desse papo de motivação. Ninguém aguenta a cada dia criar “motivos” para viver, mudar, criar um novo tempo!”.

(EDUARDO AQUINO. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 13 de outubro de 2013, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à Vida – Crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 4).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Democracia e jornalismo
        
         A democracia reclama um jornalismo vigoroso e independente. A agenda pública é determinada pela imprensa tradicional. Não há um único assunto relevante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualidade. As redes sociais reverberam, multiplicam, agitam. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteúdo independentes. Sem elas a democracia não funciona. Por isso são tão fustigadas pelos que costuram projetos autoritários de poder.
         Num momento de crise no modelo de negócio, evidente e desafiante, o que não podemos é perder o norte. E o foco é claro: produzir conteúdo de alta qualidade técnica e ética. Só isso atrairá consumidores, no papel, no tablet, no celular, em qualquer plataforma. E só isso garantirá a permanência na democracia. Por isso, os governos autoritários, apoiados em currais eleitorais comprados com o preço da cruel perenização da ignorância e, consequentemente, da falta de senso crítico, investem contra a imprensa de qualidade e contra os formadores de opinião que não admitem barganha com a verdade.
         A crise do jornalismo está intimamente relacionada com a perda de qualidade do conteúdo, com o perigoso abandono de sua vocação pública e com sua equivocada transformação em produto mais próprio para consumo privado. É preciso recuperar o entusiasmo do “velho ofício”. É urgente investir fortemente na formação e qualificação dos profissionais. Sem jornalismo público, independente e qualificado, o futuro da democracia é incerto e preocupante.
         A sobrevivência dos meios tradicionais demanda foco absoluto na qualidade de seu conteúdo. A internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro aguarda os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Só nos resta uma saída: produzir informação de alta qualidade técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de verdade, fiel à verdade dos fatos, verdadeiramente fiscalizador dos poderes públicos e com excelência na prestação de serviço, ou seremos descartados por um consumidor cada vez mais fascinado pelo aparente autocontrole da informação na plataforma virtual.
         Os diários têm conseguido preservar seu maior capital: a credibilidade. A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção e o enquadramento de históricos caciques da política nacional, alguns sofrendo o ostracismo do poder e outros no ocaso do seu exercício, só foi possível graças à força do binômio que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada.
         A revalorização da reportagem, pautas próprias e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso atiçar o leitor em matérias que rompam a monotonia do jornalismo de registro. Menos aspas e mais apuração. Menos Brasília e mais país real. O leitor quer menos show político e mais informação de qualidade. O prestígio de uma publicação não é fruto do acaso. É uma conquista diária. A credibilidade não se edifica com descargas de adrenalina.
         Apostar em boas pautas – não muitas, mas relevantes – é outra saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede reportagem. Quando jornalistas, entrincheirados e hipnotizados pelas telas dos computadores, não saem à luta, as redações se convertem em centros de informação pasteurizada. O lugar do repórter é na rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.
         Quem tem menos de 30 anos gosta de sensações, mensagens instantâneas. Para isso a internet é imbatível. Mas há quem queira, e necessite, entender o mundo. Para esse público deve existir leitura reflexiva, a grande reportagem. Antes os periódicos cumpriam muitas funções. Hoje não cumprem algumas delas. Não servem mais para contar o imediato. E as empresas jornalísticas precisam assimilar isso e se converter em marcas multiplataformas, com produtos adequados a cada uma delas. Um bom texto, para um público que adquire a imprensa de qualidade, sempre vai ter interessados.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas  e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inquestionavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; turismo; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; cultura, esporte e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A CIDADANIA, O PODER, A CORRUPÇÃO E A ARTE DE TRABALHAR EM EQUIPE

“Reflexões sobre poder e corrupção
         
          Partirei do princípio de que o conceito “poder” é, foi e sempre será o maior desejo do ser humano. De pequenos poderes – ser chefe numa empresa, síndico de um prédio, o preferido da turma, o mais temido da galera – passando por poderes que a sociedade valoriza – chefe de família, líder comunitário, presidente de alguma associação ou clube –, chegando ao poder constituído – vereador, deputado, senador, ministro, juiz e por aí vai. O certo é que, desde que o mundo é mundo e em busca dos poderes econômico, político, social, religioso, milhões morrem em guerras e catástrofes e por fome e ódio. Os poucos líderes que manipulam o poder se vão, após “venderem caro suas almas”.
         Desfazendo-se aos nossos olhos, queimando em fogueiras de vaidades! Viciados pela doença do poder, contaminados pela “mosca azul” que infecta a política, a economia e os três Poderes constituídos, nossos falsos messias se embriagam nas ilusões, na idolatria falsa que ergue monumentos, depois os depreda, que os ama e, logo após, os odeia, pois é assim que a humanidade sempre caminhou.
         Assistimos impassíveis – afinal brasileiros são pacíficos e bastam futebol, samba, cerveja, carnaval e baladas decadentes, porém eternos políticos – “autoridades”, incluindo religiosas, sociais, classistas, jurídicas, executivas, empresariais e semelhantes, nos conduzindo a abismos colossais e seguimos, ainda que injuriados, espantados com a cara de pau dos nossos líderes falando que moramos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza! Apertado em ônibus, preso em trânsito, com péssimas saúde e educação, pagando absurdos por serviços horrorosos, ficamos esperando “opa disso, Olimpíada daquilo”, ou “bolsa-faz-de-conta-que-tá-tudo-bem”. Afinal, nunca antes no Brasil ... Cada líder descobre que foi ele que descobriu o país.
         Nesse filme, somos apenas os espectadores, que pagamos caro o ingresso, apanhamos na fila para entrar, não conseguimos sentar na sala vip, passamos fome e sede e, ainda, perdemos o jogo. Somos lanterninhas, segunda divisão em saúde, educação, moradia! Mas, calma, hão que comemorar, afinal, brasileiro adora título: somos a quinta economia do mundo! E campeões na corrupção!
         Por falar em corrupção, ela é tudo isso que fazemos no dia a dia: molhar a mão do guarda, comprar do cambista, fingir que está doente para não trabalhar e matar aula. Sim, tudo que é grande começou minúsculo. Mas a corrupção do outro é sempre o pior!
         Fica a sabedoria do ditado indígena: “a consciência é uma pedra pontiaguda: se age mal, a pedra rola e a consciência dói. Se continua com as más ações, a pedra esmerilha e já não há mais dor”! Quanto a mim, desejo que minha consciência sempre doa, quando eu transgredir meus parâmetros, moralidades. Pois tentação nunca falta! Uma coisa: meus 30 anos lidando com comportamento e mais de 64 mil clientes atendidos permitem que eu diga: nunca vi um poderoso, corrupto, feliz e com paz de espírito!
         Acorda Brasil! Acorda mundo! Vamos construir um novo tempo!”

(EDUARDO AQUINO. Escritor e neurocientista em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 2 de junho de 2013, caderno CIDADES, coluna Bem-vindo à Vida, crônicas sobre o comportamento e o relacionamento humano, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de junho de 2013, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE,  coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2, de autoria de HOMERO REIS, que é coach, e que merece igualmente integral transcrição:

“A difícil arte de trabalhar em equipe
        
          As transformações que ocorrem nas organizações não são apenas relacionadas com processos e estruturas, abrangem especialmente as relações entre as pessoas e dessas com o trabalho. A transição do trabalho individualizado para o trabalho em equipe  exige o desenvolvimento de novas habilidades nos gestores. Com essas mudanças nas características do mundo do trabalho, cresce cada vez mais a importância de desenvolver habilidades para lidar com as pessoas e com as equipes.
         Trabalhar em equipe é parte essencial da vida profissional. O trabalho em equipe tornou-se a prática preferida das instituições, à medida que sistemas hierárquicos tradicionais dão lugar a métodos de trabalho mais polivalentes e horizontalizados. Para que os gestores desenvolvam um bom trabalho em suas equipes, é preciso integrar seus componentes, envolver todos em torno do mesmo objetivo, manter a motivação, maximizar o desempenho do grupo, conduzir os trabalhos mantendo o foco na missão corporativa, avaliar os resultados alcançados, entre outras coisas.
         Nesse sentido, coordenar os trabalhos de uma equipe envolve uma série de habilidades e competências para a gestão. É necessário criar integração entre os membros do grupo para que o trabalho flua em direção às metas coletivas.
         Mediante o trabalho, o ser humano, ao produzir algo, produz também a si próprio. A atividade individualizada, isolada, muitas vezes não consegue alcançar os resultados esperados, dada a fragmentação existente na divisão do trabalho e os limites do próprio ser humano no desenvolvimento da tarefa. A interação propiciada pelo trabalho em grupo vem contribuir, e muito, para que haja um enriquecimento sempre maior dos membros que participam da atividade pela influência inevitável que ocorre entre todos.
         Os melhores talentos de uma pessoa impulsionam os melhores de outra e de mais outra, para produzir resultados muito além do que qualquer uma delas poderia conseguir individualmente.
         Tornam-se cada vez mais vitais as equipes de pessoas a que podemos recorrer para obter informação e conhecimento especializado – isto inclui companheiros de repartição, colegas de profissão, parceiros e outros a quem podemos enviar mensagens eletrônicas. Não há dúvida de que a capacidade do grupo pode ser mais poderosa do que a do indivíduo.
         O grupo surge oferecendo mais vantagens para a organização do trabalho de uma forma geral. Mas o fato de as pessoas estarem trabalhando juntas não é suficiente para garantir a eficácia do que está sendo feito.
         Ao interagir, cada grupo constrói um clima emocional próprio por meio das relações de troca entre seus membros. Um grupo dificilmente trabalhará como equipe se não desenvolver uma razoável competência interpessoal. Aperfeiçoando suas habilidades de comunicação, de liderança, de divisão de tarefas e papéis, de negociação e de abertura para a mudança. O clima criado no grupo afeta o trabalho e o desempenho global, caracterizando tendências de coesão e integração de esforços ou competição e desagregação.
         Um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua forma de trabalhar e procura resolver os problemas que afetam o seu funcionamento. Seu crescimento e desenvolvimento resultam no modo como os conflitos são enfrentados e resolvidos. Quando as equipes trabalham no seu ponto máximo, com participação ativa de seus integrantes, os resultados podem, mais do que apenas se somar, se multiplicar. A explicação desse aspecto do desempenho da equipe está nos relacionamentos dos seus membros, na química entre eles.
         Os seres humanos  são os componentes essenciais da equipe. Nossos relacionamentos sociais singularmente complexos constituem uma vantagem crucial para a sobrevivência desde os tempos mais remotos. O próprio Darwin foi o primeiro a considerar que “os grupos humanos cujos membros estavam prontos para trabalhar em conjunto em prol do bem comum sobreviviam melhor e tinham mais descendentes do que aqueles cujos membros agiam em benefício próprio, ou do que os indivíduos que não faziam parte de grupo algum”.
         É verdade que o futuro pertence a organizações baseadas em equipes. O trabalho de equipe é considerado um caminho testado para aumentar a qualidade do serviço, reduzir os custos, aumentar a produtividade e promover a satisfação de todos os envolvidos.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história  - que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), também a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos);  a educação; a saúde; a moradia; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; logística; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários  previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações neste mês, a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, A DISLEXIA, A EDUCAÇÃO E AS VIAS VENENOSAS DA OBESIDADE (44/16)

(Fevereiro = Mês 44; Faltam 16 meses para a Copa do Mundo de 2014)

“Parabéns! Você tem dislexia!

Dedico a coluna desta semana aos milhares de pais, alunos, adultos, aos grandes profissionais da área da educação, da saúde que não se acomodam e nem se acovardam quando recebem alunos, clientes rotulados (muitas vezes erroneamente) de disléxicos, hiperativos, portanto “problemáticos” e com problemas de aprendizado.

Como sou polêmico, vivo na contramão do senso comum, de cara aviso: essa coluna se baseia no premiado documentário da HBO “Journey Into Dyslexia” (Viagem para a Dislexia) de Alan e Susan Raymond.

Aos que não podem, não tem tempo ou não assistirão. A dislexia está presente em 10% da população de crianças e adultos, sendo uma alteração neurobiológica que dificulta o aprendizado para leitura, soletração, compreensão de palavras ou em matemática, com troca de sílabas, palavras.

No entanto, quando adultos ou mesmo jovens são notavelmente hábeis para esportes, artes, ciências, criatividade, invenção ou matemática avançada e tecnologia, mesmo mantendo padrões de domínio da língua (em nosso país, o português) em padrões primários ou sofríveis.

Cada disléxico é único! Tal um mosaico já que as limitações e habilidades flutuam entre o medíocre para algumas funções (dificuldade extrema em ler, soletrar, escrever, por exemplo) até para o genial, inimaginável em outras áreas (equações não lineares em matemática ou neurogenética, no caso da PhD Dra. Carol Greider, Nobel de Medicina de 2009 – problemática aluna que tirava “E” e “F” e passou raspando em língua pátria, em sala especial de recuperação e alunos “lentos” e teve níveis baixos para entrar na Universidade em que hoje é celebridade – John Hopkins). Dra. Carol Greider, que ganhou o Nobel por desvendar a função dos telômeros na reprodução do DNA das células, sofria bullyng. Era a burra, lesada, “songa-monga” quando estava no ensino fundamental e médio, pois não conseguia ler e tinha que “decorar” ouvindo.

As habilidades de leitura, compreensão, associando sons, símbolos e significados dependem de uma área que está muito ativada dos 4 aos 7 anos, o giro angular do hemisfério esquerdo e circuitos complexos que integram os lobos parietal, temporal e pré-frontal do cérebro. Nos disléxicos, essas áreas não funcionam bem e é torturante as aulas de português, ler na frente da turma, repetir o be-a-bá! Mas foi descoberto que o hemisfério direito deles é cinco vezes mais ativo que os “normais” e se houvessem métodos como o do Orton-Gillingham, simples, com tutores bem treinados e turmas pequenas, os disléxicos teriam outra vida e não seriam desprezados por colegas, escolas despreparadas, usar Ritalina (pois um terço deles tem hiperatividade) e cair na marginalidade.

Repito o que vi e disse para meus clientes e seus pais a vida inteira: “quando forem adultos jovens serão geniais!” Que bom quando um documentário me reafirma o que a experiência de 30 anos e 60 mil pessoas atendidas me mostrou. Nada sabemos sobre o ser humano quando se considera que corpo, cérebro, mente e alma são uma coisa só! E as energias vitais, psíquicas e da fé harmonizadas nos revelam milagres! Deus dá, Deus tira, Deus tira, Deus dá! Disléxicos não leem, mas são artistas, empresários, geniais, sensíveis inventores (pois se reinventam)! Ora, só faz 50 anos que a maior parte do mundo se alfabetizou, então, como dito no documentário: inteligência nada tem a ver com capacidade de aprender a ler ou escrever bem. Antes a sabedoria era só oral e inventava-se, construía-se, curava-se e não havia dificuldades, nem livros, escolas e nem internet!

Graças a Deus, não havia diagnóstico de dislexia e Einstein tinha dificuldades escolares e não usou Ritalina, nem foi ao médico. Quando vamos parar de complicar a vida? Assistam ao documentário, médicos, educadores, fonos, psicólogos e afins!”

(EDUARDO AQUINO. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 20 de janeiro de 2013, caderno GERAL, página 8, coluna Reaprendendo a viver – pequenas lições sobre comportamente humanamento, relacionamento e a mente humana ).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor, em parceria com Maria Stella Libânio Christo, de Saborosa viagem pelo Brasil (Mercuryo Jovem), entre outros livros, e que igualmente merece integral transcrição:

“Venenos saborosos

É obrigatório ver Muito além do peso, documentário de Estela Renner produzido por Marcos Nisti, em escolas e famílias. Jamais tive conhecimento de um filme tão pedagógico quanto à alimentação infantil.

Nossas crianças estão sendo silenciosamente envenenadas por ingerirem bebidas e comidas nocivas, todas amplamente anunciadas na TV e na internet, de modo a criar hábitos perenes de consumo. Embora as legislações de muitos países já proíbam publicidade de alimentos prejudiciais à saúde das crianças, como são os casos do Chile, da França e do Reino Unido, o governo brasileiro teima em ficar submisso à pressão das empresas produtoras. Reluta em assegurar qualidade de vida à nossa população. Enquanto a Vigilância Sanitária libera, o Ministério da Saúde arca com os bilhões de reais gastos em doenças evitáveis.

Pesquisas indicam que os produtos expostos à publicidade chegam a ter suas vendas aumentadas em 134%. No Brasil, 30% das crianças apresentam sobrepeso e 15% delas já são obesas. Cresce de modo alarmante a incidência de obesidade infantil, colesterol alto, distúrbios glandulares, diabetes tipo 2, cânceres, sem que se consiga dar um basta à indústria do envenenamento saboroso.

Há escolas que, inclusive, abrem suas portas aos atrativos de redes de lanchonetes, sem consciência de que a qualidade do alimento oferecido equivale a deixar entrar um assassino portando armas. A diferença é que o alimento nocivo mata lentamente e causa maior e mais longo sofrimento.

Esses dados falam por si: uma embalagem de 300g de sucrilhos contém 120g de açúcar. Ou seja, 40% do produto são puro açúcar. Uma garrafa de 1 litro de bebida láctea contém 165g de açúcar. É como ingerir um copo americano repleto de açúcar. Uma lata de 350ml de refrigerante da cor da roupa do Papai Noel contém 37g de açúcar, o que equivale a 7 saquinhos de açúcar, desses oferecidos nos bares para adoçar o cafezinho. Se a criança toma uma lata por dia, em uma semana serão 259g de açúcar. Em um mês, pouco mais de 1kg de açúcar.

O brasileiro consome 51kg de açúcar por ano. São mais de 4kg por pessoa a cada mês. No mundo, 35 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo excessivo de açúcar. Uma caixa de 355ml de suco de uva contém 48g de açúcar, o que equivale a nova saquinhos de açúcar.

Um pacote de 200g de batatas fritas contém 77g de gordura. Ou seja, 38,5% do produto são pura gordura. É como ingerir meio copo americano de óleo para frituras. Um pacote de 154g de bolachas contém 30g de gordura e 50g de açúcar. Ou seja, 50% do produto são de substâncias prejudiciais à saúde. Um tubo de biscoito recheado contém 30g de gordura e 50g de açúcar, o que equivale ao consumo de 8 pãezinhos franceses. Uma caixa de 200ml de achocolatado e um pacote de 400g de vitamina instantânea contém, cada um, 29g de açúcar. O que equivale a seis saquinhos de açúcar.

Um pote de 400g de farinha láctea contém 146g de açúcar. Ou seja, 36,5% são puro açúcar. Uma garrafa de 2 litros de suco de uva contém 270g de açúcar (equivalente a ingerir 1 copo e 1/2 de açúcar) e apenas 10% de sumo de uva. A caixa de 1 litro do mesmo suco contém 145g de açúcar, equivalente a um copo repleto de açúcar.

Um pacote de 35g de suco em pó contém 28g de açúcar e 1% de fruta. Ou seja, 80% do produto são puro açúcar. Nas embalagens quase nunca aparece a palavra “açúcar”. É substituída por carboidrato. Há crianças que consomem, por dia, 250 calorias em produtos açucarados. Basta ingerir 100 calorias para engordar 4 quilos por ano. E é bom lembrar que hoje em dia as crianças são mais sedentárias, pulam e brincam menos, o que favorece a engorda.

Nossas escolas ensinam quase tudo, menos educação nutricional. Ninguém recorre todos os dias a seus conhecimentos de história ou química, faz operações algébricas ou fala em idioma estrangeiro. No entanto, todos nós comemos várias vezes ao dia. E, em geral, o fazemos sem critério e noção de como o organismo reage aos alimentos, e em que medida são benéficos ou prejudiciais à nossa saúde.

Em 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa de SP aprovou dois importantes projetos de lei proibindo a venda de lanches associados a oferta de brindes ou brinquedos e a publicidade de alimentos e bebidas não saudáveis (pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio) em TVs e rádios das 6h às 21h, e em qualquer horário nas escolas públicas e particulares. Espera-se que o Governador Geraldo Alckmin sancione os dois projetos pioneiros no combate à obesidade infantil no Brasil.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas nesta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética,educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações de junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as diretrizes do século 21, da era da globalização, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da paz, da liberdade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...