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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA E A LIDERANÇA

“Ética no mundo corporativo

Falar de ética é falar de valores, de moral, de comportamento. O homem é um produto da natureza e da cultura, sujeito às leis naturais e da sociedade, que, por sua vez, são conflitantes. À medida que o homem organiza socialmente sua vida, a ética se estabelece na busca de orientações para “o agir” para tornar a convivência mais harmoniosa. Daí a necessidade ética estar entre as que despontam como mais prementes. A ética é moldada por valores e por princípios aceitos pela sociedade e pautada por comportamentos esperados dos indivíduos em determinadas situações. No mundo dos negócios, o estabelecimento de comportamentos e condutas, também apresentado nos códigos de ética e conduta corporativos com o propósito de uniformizar o entendimento dos princípios, normas e valores a serem seguidos pelos integrantes, é de fundamental importância para o desenvolvimento e o crescimento da organização. [...]”.
(ELMA BERNARDES SANTIAGO, Coordenadora pedagógica e professora da Faculdade IBS/Fundação Getúlio Vargas, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de setembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 28 de setembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE-MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Ética e liderança

Lucro não é pecado. Refiro-me, naturalmente, ao lucro sustentável, obtido de forma ética, limpa, por organizações que pautam sua gestão pelos valores e princípios da responsabilidade social empresarial. A explicação é necessária, pois na outra ponta encontra-se a segunda posição possível – a que preconiza o lucro predatório, desprezando as pessoas e o meio ambiente, transformando organizações diversas, inclusive as empresariais, em máquinas de produzir lucro, a qualquer preço, independentemente das leis, da ética e de valores. Da opção que fizermos agora dependerá o mundo que vamos construir neste século para nós mesmos e para legar às gerações que virão. Como a trajetória e as opções das organizações se condicionam ao modo de pensar e de agir de seus dirigentes se torna obrigatório refletir sobre os modelos de liderança compatíveis com a construção de um mundo melhor. Felizmente, este é um debate que avança com a mesma intensidade com vemos nas manchetes de jornais e no horário nobre da televisão exemplos chocantes de líderes negativos, de índole criminosa, tanto na esfera empresarial, com os escândalos corporativos, quanto na gestão pública, com a prisão de representantes dos três poderes, desde Brasília até os mais distantes municípios brasileiros.

O debate sobre os modelos de liderança é universal e atemporal – ao longo de décadas, a ciência da administração estuda o tema e produz, em abundância, livros, manuais e cursos sobre a arte da liderança. No entanto, no caso específico do Brasil, apesar do progresso econômico, do aumento do Produto Interno Bruto (PIB), da renda e da facilidade do crédito, que catapulta o consumo e produz uma aparente felicidade, falta o progresso moral. A União Internacional de Dirigentes Cristãos de Empresas (Uniapac), entidade que congrega as ADCEs de 26 países, em praticamente todos os continentes, tem insistido na mensagem de que o ser humano só será feliz e plenamente realizado se alcançar seu desenvolvimento integral – nos aspectos material, humano e espiritual.

Para que o Brasil se torne uma sociedade evoluída no seu caráter, honra e respeito, é indispensável que tenhamos líderes que transmitam bons exemplos, que pautem sua atuação por princípios, com coerência e consistência, que zelem pelo interesse coletivo, que garantam a relação equilibrada entre pessoas, entre pessoas e empresas, entre pessoas e o poder público, entre todos o tempo todo. O oposto é igualmente verdadeiro: quando falta compromisso com valores e princípios, os líderes – executivos e dirigentes de empresas – se ocupam exclusivamente do cumprimento de metas de rentabilidade financeira; gestores públicos cuidam apenas do interesse próprio, sem se preocupar com os impactos negativos que suas ações causam às comunidades. Os efeitos devastadores da última crise econômica ainda estão bem frescos, assim como os prejuízos causados a muitos, em todo o mundo, pela ganância de poucos.

Liderança deformada não se combate com novas regras e novas leis, afinal, regras e leis já existem e em profusão. A questão, evidentemente, tem o seu viés criminoso e policial, o que exige o cumprimento da legislação, com inquéritos da polícia e processos na Justiça. O tempo, no entanto, tem mostrado que isso não basta, até porque a Justiça é falha e vulnerável. É necessária uma radical mudança cultural dos líderes, que precisam alterar o seu modelo mental e atentar para os valores do mundo moderno. Assim como se pensava, há algumas décadas, que alta qualidade e custo baixo eram incompatíveis, hoje fazer bem para o mundo e ter lucro não são excludentes. Na verdade, somente alcançarão sucesso no campo empresarial e governamental aqueles líderes que forem capazes de produzir, simultaneamente, rentabilidade econômica e social. Trata-se de uma questão coletiva e inexorável, pois todos têm exatamente a noção do certo e do errado, e a sociedade está cada vez mais vigilante, consolidando e propagando os princípios e valores que defende, cobrando dos líderes a sua observância e o seu cumprimento.

Em essência, devemos lembrar e entender que tudo começa em casa, nos limites familiares, em que os valores e princípios precisam ser semeados e adubados para que germinem e, à frente, formem líderes verdadeiros, comprometidos com o que deles exige o mundo contemporâneo. É preciso formar pessoas e organizações que não façam do lucro um objetivo em si mesmo, que entendam que o crescimento da economia só tem sentido quando é capaz de induzir transformações e promover a justa e equânime distribuição dos seus frutos. A escola, em todos os níveis, incluindo aquelas que se dedicam a formar executivos e dirigentes, precisa compreender que, mais que atender a demanda dos clientes, muitas vezes equivocada, tem a missão de contribuir para a formação de líderes que se apóiem na ética, atuem com responsabilidade social e zelem pela democracia. Estes, certamente, serão os líderes verdadeiros e bem-sucedidos, capazes de construir empresas relevantes e uma sociedade regida por princípios.”

São, portanto, páginas recheadas de LÚCIDAS, CLARAS e PERTINENTES reflexões e ponderações que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A CIDADANIA E O DESEJO DE SER FELIZ

“[...] No entanto, há milhões de pessoas que, ainda hoje, não têm acesso à comida e à bebida. O maior escândalo deste início de século e de milênio é a existência de pelo menos 1 bilhão de famintos entre os 6,5 bilhões de habitantes da Terra. Só no Brasil, 30 milhões estão excluídos dos bens essenciais à vida. E inúmeras pessoas trabalham de sol a sol para assegurar o pão de cada dia. Em toda a América Latina morrem de fome, a cada ano, cerca de 1 milhão de crianças com menos de 5 anos.

A fome mata mais que a Aids. No entanto, a Aids mobiliza campanhas milionárias e pesquisas científicas caríssimas. Por que não há o mesmo empenho no combate à fome? Por uma simples razão: a Aids não faz distinção de classe social, contamina pobres e ricos. A fome, porém, só afeta os pobres.
Não se pode comungar com Jesus sem comungar com os que foram criados à imagem e semelhança de Deus. Fazer memória de Jesus é fazer com que o pão (símbolo de todos os bens que trazem vida) seja repartido entre todos. Hoje, o pão é injustamente distribuído entre a população mundial. Basta dizer que 80% dos bens industrializados produzidos no mundo são absorvidos por apenas 20% de sua população. Ou seja, se toda a riqueza da Terra fosse um bolo dividido em 100 fatias, 1,6 bilhão de pessoas ficariam com 80 fatias. E as 20 fatias restantes teriam de ser repartidas para matar a fome de 4 bilhões e 900 milhões. Basta dizer que apenas quatro homens, todos dos EUA, possuem fortuna pessoal superior à riqueza somada de 42 nações subdesenvolvidas, que abrigam cerca de 600 milhões de pessoas!

Jesus deixou claro que comungar com ele é comungar com o próximo, sobretudo com os mais pobres. No “pai-nosso” ensinou-nos uma oração com dois refrões: “Pai nosso” e “pão nosso”.

Não posso chamar Deus de “Pai” e de “nosso” se quero que o pão (os bens da vida) seja só meu. Portanto, quem acumula riquezas, arrancando o pão da boca do pobre, não deveria sentir-se no direito de se aproximar da eucaristia. No capítulo 25, 31-44 de Mateus, Jesus enfatiza que a salvação se sujeita ao serviço libertador aos excluídos, com quem ele se identifica. E na partilha dos pães e peixes, episódio conhecido como “multiplicação dos pães”, Jesus ressalta a socialização dos bens da vida como sinal da presença libertadora de Deus.”
(FREI BETTO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de abril de 2010, Caderno CULTURA, página 10, intitulado Comungar).

Mais uma igualmente IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de agosto de 2010, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Minas Gerais (ADCE-MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“E a felicidade?

A qualidade de vida das pessoas não pode ser medida exclusivamente por um conjunto de fórmulas e indicadores econômicos com se faz quando se calcula o Produto Interno Bruto (PIB) de um país, índice que, de forma enviesada, representa a soma de todas as riquezas produzidas dentro das fronteiras nacionais. Essa é a premissa que caracteriza a nova sociedade do século 21, que privilegia a felicidade das pessoas no ambiente em que vivem, em que trabalham e em que se relacionam com outras pessoas. O PIB, portanto, já não é mais o senhor absoluto de todas as verdades quando se mede o desempenho da economia de um país. Um PIB elevado pode não traduzir uma economia saudável, que cumpra o seu objetivo maior de proporcionar qualidade de vida e bem-estar à sociedade. A partir dessa constatação, outros índices estão sendo criados para complementar e abrandar a frieza das informações contidas no PIB – um deles é o Índice de Valores Humanos (IVH), de responsabilidade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Com foco nas áreas da educação, saúde e trabalho, o IVH reflete as expectativas, sonhos, percepções e aspirações da sociedade, funcionando como bússola eficaz na definição e implementação de políticas públicas.

É um avanço em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que contempla apenas três dimensões – educação, renda e longevidade – e, assim, como o PIB, se fundamenta em dados objetivos e matemáticos, que nem sempre mostram a percepção das comunidades pesquisadas. Não é nosso objetivo discutir os números do IVH brasileiro, calculado e divulgado pela primeira vez este ano pelo Pnud, embora eles revelem a existência de dois Brasis – o do Sul/Sudeste e o do Norte/Nordeste. Vale dizer: a realidade que o PIB brasileiro mostra nos últimos anos não é exatamente a mesma registrada pelo IVH. Contradições como esta têm estimulado o surgimento de novos índices, que, assim, como o IVH, buscam suprir as deficiências e o cartesianismo do PIB. Um deles é FIB, índice que se propõe a medir a “felicidade interna bruta” da sociedade de uma nação. Trata-se de uma iniciativa do presidente francês Nicolas Sarkozy, apoiada por gente de peso, entre eles o economista Joseph Stiglitz, professor da Columbia University e Prêmio Nobel de Economia em 2001. Stiglitz justifica sua posição dizendo que não é suficiente apenas medir a produção da economia: é preciso medir também o bem-estar das populações. Já o Índice do Planeta Feliz (IPF), criado na Inglaterra, leva em conta indicadores do grau de satisfação das pessoas, bem-estar, expectativa de vida, bem como os impactos causados pela sociedade à natureza. Faz muito sentido: o IPF, por certo, seria capaz de mensurar os resultados negativos do desastre ecológico provocado pelo vazamento do poço da British Petroleum, no Golfo do México. Este, na verdade, é um debate que também mobiliza a atenção dos dirigentes cristãos de empresas, como fica explícito na Declaração de Cochabamba, divulgada em junho, ao término do 10º Simpósio que reúne anualmente o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e a Uniap-LA, entidade que representa as ADCEs do nosso continente. A Carta é clara ao defender uma economia de mercado solidária, que incorpore as pessoas e faça com que a riqueza gerada pela economia, como mede o PIB, resulte no bem comum, sendo benéfico para todos os segmentos da sociedade, como propõe o IVH, o FIB e IPF, especialmente em relação aos mais empobrecidos e excluídos.

Ser empresário neste começo de século – especialmente ser empresário cristão – significa compreender que o homem não será humano se não for irmão; que o capital humano é o primeiro capital e que as empresas são sociedades de capital, mas, antes, são sociedades de pessoas. Também significa promover e difundir na empresa o sentido da ética e o compromisso social, os direitos fundamentais, especialmente o direito à vida, à saúde, à educação e ao trabalho, à água, à terra e ao ar, exatamente as variáveis consideradas, em índices como o IVH e o FIB, como essenciais à qualidade de vida do mundo contemporâneo e das gerações futuras. Pode parecer um posicionamento ingênuo. Não é. O IVH e o FIB não se opõem à produção, nem aos índices tradicionais utilizados para medi-la. Cumprem, isto sim, a sempre oportuna missão de lembrar que o crescimento econômico não pode ser objetivo que se encerre em si mesmo e que, ao contrário, deve promover o desenvolvimento humano, atender às aspirações dos cidadãos, respeitar seus valores e princípios, gerando desenvolvimento sustentável, qualidade de vida e felicidade.”

São, pois, páginas que nos mostram em PROFUNDIDADE as novas CONCEPÇÕES que demarcam o SÉCULO XXI e o novo MILÊNIO e nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, segundo as exigências aqui adequadamente expostas, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS e da SUSTENTABILIDADE, e também de um mundo da PAZ, FRATERNIDADE e FELICIDADE UNIVERSAL...

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sexta-feira, 12 de março de 2010

A CIDADANIA, OS 500 ANOS E A HERANÇA MALDITA


“[...] 2.2. Arquétipo oligárquico


O arquétipo oligárquico perpetua a mentalidade e as práticas herdadas da oligarquia grega e romana, e também da sociedade senhorial brasileira. São atuais os testemunhos de filósofos gregos. Na “República Ateniense”, diz Aristóteles: “No governo oligárquico, todas as pessoas humildes eram servas dos ricos”. E na “República”, Platão é enfático: “Os ricos têm o poder e o mando enquanto os pobres de nada participam. A oligarquia é a forma de governo em que as rendas decidem a sorte de cada cidadão”.

A estirpe do arquétipo oligárquico prolonga-se na sociedade brasileira através dos usineiros, de latifundiários, de empresários, da primazia da propriedade sobre o trabalho, da indústria que, em 1993, cresceu 9,6%, e o emprego caiu 2%. No Brasil, 1% da população mais rica detém 15% da renda nacional, enquanto 50% da população mais pobre só possui 11% dessa renda. Essa escandalosa concentração de renda comprova que a matriz oligárquica ainda impera por aqui.

Para que haja cidadania é preciso apear o arquétipo oligárquico que encurva a sociedade. A cidadania exige ruptura ântropo-psico-cultural que desatrele a população da Senzala do mandonismo da Casa Grande. A oligarquia manda, e os mandados são sub-ordinados, colocados debaixo de ordens. Para ser cidadão, o povo terá de des-montar a cultura do”Mando” e provocar a salutar “des-mando”. Há que ser in-subordinado para implodir a ordem oligárquica. Cidadania é também insurreição”.

(Pe. JUVENAL ARDUINI, in artigo publicado na revista VIDA PASTORAL – JULHO-AGOSTO DE 1994, páginas 5 e 6, sob o título O QUE É PRECISO PARA SER CIDADÃO).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de março de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Minas Gerais (ADCE-MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Herança maldita

Além de reafirmar o vigor do regime democrático, a realização das eleições de outubro também representa uma grave convocação à sociedade brasileira. Pela força do voto, teremos a oportunidade de nos posicionar diante de questões fundamentais que condicionam e determinam o tipo de nação que queremos construir. Nosso compromisso dever ser o de edificar um país do qual possamos nos orgulhar no presente e do qual nos orgulhemos por legar às gerações futuras. Nesse cenário, à frente de todas as outras, se destaca a questão ética. Majoritariamente honrada e moldada, segundo princípios de patriotismo e civismo, a sociedade brasileira não pode mais aceitar teses forjadas para justificar a falta de ética, a corrupção desenfreada e a ausência de compromisso com o país. Não podemos mais admitir a visão fatalista de que o Brasil é assim porque nasceu assim, fruto de uma herança maldita que viria desde os tempos do nosso descobrimento e do perfil da colonização que tivemos. Também não somos uma sociedade que sempre quer levar vantagem e está pronta para dar um jeitinho em tudo.

Nosso país, cujo povo tem a qualidade de ser pacífico, está deixando de ser passivo. Começamos o ano com a prisão de um governador em pleno exercício do seu mandato – fato inédito na história brasileira. Nos últimos anos, a um só tempo, testemunhamos cenas ao mesmo tempo tristes, mas esperançosas, como a prisão de juízes, desembargadores, cassação de parlamentares e até o impeachment de um presidente da República. Lamentavelmente, muitos acabam voltando, quase sempre pela via do voto. São estes os arautos da chamada herança maldita, que, 500 anos depois, insistem em tentar nos convencer de que prevalece na sociedade brasileira a tolerância às transgressões, uma postura cuja gênese estaria na índole dos nossos primeiros colonizadores e dos povos que habitavam a recém-descoberta Terra de Santa Cruz.

São ardilosos e a todos tentam cooptar com a propagação de seus condenáveis atos de esperteza, que envolvem grandes infrações às leis, como corrupção, mensalões e propinas. Com isso, procuram minimizar o impacto dos seus crimes e, perversamente, induzir segmentos da sociedade à prática de transgressões menores, como comprar e vender sem nota fiscal, adquirir produtos piratas, conduzir veículos acima da velocidade permitida, parar o carro em fila dupla, dizer uma pequena mentira ou jogar lixo pela janela. É uma técnica subliminar sedutora, da qual precisamos nos defender em nome da construção de uma sociedade íntegra e honrada.

Outubro está chegando e é preciso dizer um sonoro basta a todas essas práticas, que degradam a ética e desconstroem uma nação. Como cristãos, não podemos nos resignar passivamente a essa situação e, menos ainda, aceitar a condenação de que seremos sempre uma sociedade de segunda categoria, desprovida de princípios fundamentais, como honestidade, disciplina, ordem, respeito e retidão. O nosso passado é importante como fonte de lições, mas não para determinar o nosso futuro – até porque, se assim fosse, não haveria espaço para o sonho e para a esperança, que devem nos mover sempre. Como nos ensinaram nossos pais avós, devemos nos dar ao respeito!

Na verdade, devemos acelerar a nossa cobrança por padrões éticos que queremos para o nosso país e, assim, avançar na construção de uma sociedade onde prevaleça a confiança nas relações, o orgulho de ser honesta, guardiã de um tesouro valioso que dará um novo significado para nós e para as gerações que nos sucederão. Indignar-se é o primeiro passo. Vontade de mudar é o segundo – e, para que mudanças ocorram, é preciso atitudes verdadeiras e concretas, ação e coragem. Nas eleições que se aproximam, devemos nortear nossas escolhas por duas premissas fundamentais: banir da vida pública aqueles que agem contra a sociedade e escolher líderes comprometidos com valores fundamentais na construção de um país.

Precisamos de líderes que compreendam a importância da educação, da formação e valorização dos educadores. Estes são os responsáveis diretos em promover uma educação de qualidade para as crianças e os jovens – é de cedo que se incute a consciência do certo e do errado, dos direitos e das obrigações, a clara separação entre o público e o privado, a noção de liberdade e justiça, de cidadania e do bem comum. Por seu componente pedagógico, o exemplo é um poderoso instrumento de transformação e deve vir dos líderes nos universos político e empresarial. Para mostrar que estão a favor das mudanças, os políticos podem começar pela aprovação do projeto Ficha Limpa, movimento popular que angariou 1,3 milhão de assinaturas para impedir que pessoas condenadas pela Justiça de primeira instância possam se candidatar. Se insistirem em manter sua atual postura, que produz e dissemina maus exemplos, a própria sociedade haverá de expurgá-los por meio do exercício do voto.”

Eis, pois, mais lições cívicas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e principalmente tendo no horizonte eventos como a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, com previsão de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que, de fato, tornem BENEFICIÁRIOS diretos TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS, contemplando, entre outros, a melhoria da nossa INFRAESTRUTURA, EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA, SANEAMENTO BÁSICO, MEIO AMBIENTE...

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A CIDADANIA E A AGENDA ÉTICA

“[...] 3. Criticidade

Cidadania requer senso crítico. A criticidade leva o cidadão a questionar fatos, injustiças, autoritarismo, nepotismo, desigualdade social, pobreza crônica. A criticidade confere aos cidadãos capacidade de interpretar idéias e situações, de avaliar o que há de positivo e negativo na sociedade. E evita o ufanismo, que acende ilusões, e o pessimismo, que reduz o brasileiro a bagaço. A análise ântropo-psico-cultural revela que o brasileiro tem sido mais desconfiado do que crítico. E, por isso, tem-se mostrado arredio e lento para participar.”
(Pe. JUVENAL ARDUINI, in O QUE É PRECISO PARA SER CIDADÃO? – VIDA PASTORAL – JULHO-AGOSTO DE 1994, página 6).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de janeiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas de Minas Gerais (ADCE/MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Agenda ética

Passada a fase mais aguda da crise financeira e econômica internacional, líderes políticos e empresariais apressam-se em apresentar as perspectivas para este ano. São previsões otimistas: a economia voltará crescer no mundo, no Brasil e em Minas Gerais, a taxas iguais e até superiores às registradas no período pré-crise. Significa que teremos mais investimentos, mais produção, maior geração de riqueza e renda, mais empregos. É um cenário alentador, mas revela uma abordagem míope à medida que omite uma variável fundamental na agenda de 2010 – a questão ética que, necessariamente, precisa avançar junto com as atividades política e com o crescimento econômico. Lamentavelmente, nos últimos anos, o Brasil tem se revelado pródigo em exemplos pouco edificantes, dos quais o “Mensalão do Arruda” é apenas a face mais recente, denunciando absoluta falta de compromisso com princípios e valores que devem nortear relações sadias entre os diversos segmentos da sociedade.

Isso precisa mudar. Independentemente do país, da religião, da cultura e da posição hierárquica, as principais características de um líder devem ser a sua retidão, sua atitude comprometida com a verdade, com a justiça, com o desejo de servir e de inspirar pessoas com o rumo correto e ético, edificando uma comunidade embasada em fundamentos sólidos, ordeira, respeitosa e que cresça e evolua alicerçada no b em e ao amor ao próximo. Este é o alerta que nos faz o livro Liderança baseada em valores, recentemente lançado pelo casal de professores Marco Túlio Zanini e Carmem Migueles, da Fundação Dom Cabral, com a participação de um grupo de pensadores acadêmicos, executivos e empresários, do qual tive a honra de participar.

Indignados diante da desastrosa postura dos nossos líderes – claro, há exceções – , os autores cumprem o objetivo de mostrar o que a sociedade espera deles, bem como os princípios e valores sobre os quais devem fundamentar sua atuação. O livro tem o propósito de mostrar que as profundas transformações sociais das últimas décadas romperam vínculos com o passado, sem formar novos, e quebraram paradigmas, sem estabelecer sucedâneos. Enfim, desorganizaram as instituições e as empresas, trazendo incertezas sobre os caminhos a seguir. Nesse vácuo, muitos líderes têm fraquejado diante das tentações. Nos momentos mais críticos, justificam suas decisões e ações com um relativismo sem precedentes, em um vale-tudo interpretativo, seguindo maus exemplos de outros que os antecederam. Predomina a ambição desmesurada e o egoísmo extremado, ultrapassam-se limites e regras da boa convivência, rompendo o princípio mais importante para o desenvolvimento das pessoas, das instituições e da sociedade: a confiança.

Nesse ambiente marcado por tantas mudanças tecnológicas, comportamentais e culturais, é hora de construir novos paradigmas, com a consciência de que o que ancora a sociedade e assegura solidez e perenidade às relações são os princípios e valores. São eles a bússola que o indica o norte verdadeiro, motiva as pessoas, dá significado à existência humana, fazendo com os indivíduos se sintam inseridos no processo de construção de uma nova realidade, permitindo que ajam de maneira independente, mas interdependente, e de forma responsável. Esta é a mensagem central do livro em apreço, que guarda total alinhamento de ideias com a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas de Minas Gerais (ADCE/MG).

Na política, no mundo empresarial e todas as atividades da sociedade, precisamos de líderes que se empenhem em construir uma comunidade de bem. Os líderes que queremos devem abandonar o atalho da esperteza, da desonestidade, da corrupção, das vantagens obtidas com as doações ilegais de campanha e com os serviços superfaturados. A sociedade civil organizada está cada vez mais menos tolerante com esses esquemas e conchavos. Entendemos, na ADCE, que a moderna liderança empresarial deve ser inspiradora e atuar segundo princípios cristãos. É, também, o entendimento do livro dos professores Nanini e Migueles, que apresentam um novo perfil de liderança, que não é mais apenas tecnicista, mas busca sensibilizar e mobilizar seus liderados para uma participação espontânea, solidária e ética. Este ano, tão importante e de tantas expectativas em função da retomada do crescimento da economia e das eleições presidenciais, para governos estaduais, Congresso Nacional e parlamentos estaduais, o Brasil precisa, como nunca, de grandes líderes empresariais e de grandes estadistas. Enfim, precisa de líderes que entendam as verdadeiras aspirações da nova sociedade e dos novos homens que habitam as empresas e o país.”

São páginas e livros que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL para a CIDADANIA e QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, com a implantação INADIÁVEL, URGENTE, IMEDIATA, DETERMINADA da cultura da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do RESPEITO MÚTUO e, sobretudo, da ÉTICA e do ESPÍRITO PÚBLICO, uma das marcas dos grandes LÍDERES e dos ESTADISTAS, que permita PARTILHAR as CONQUISTAS e EXTRADORDINÁRIAS RIQUEZAS do PAÍS, com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

Por tudo isso,O BRASIL TEM JEITO!...