quarta-feira, 12 de março de 2014

A CIDADANIA, A ALMA FEMININA E A PRIMAZIA DA DIGNIDADE

“A outra beleza da mulher
        
         A palavra “mãe”, em qualquer lugar do mundo, desperta em quase todas as pessoas um sentimento de tão alta hierarquia que linda o estatuto  da santidade. Igualmente, a beleza feminina, segundo o padrão dominante, enche os olhos da mídia. Paradoxalmente, a mulher, mesmo que seja mãe, quando exerce o seu papel em outros espaços da sociedade, tende a se colocar em plano datado e subalterno e sofre limitações e restrições comuns de dois gêneros, para cuja superação há longo caminho a percorrer.
         Para enfrentar a desconsideração e a discriminação que, por séculos, oprime as mulheres, foi que a ONU instituísse, em 1977, com ponderável atraso histórico, o dia que amanhã celebramos e cujo nome oficial é designado como Dia Internacional dos Direitos das Mulheres – mais que calendário, uma declaração destinada a fazer avançar a estrutura jurídica e política da igualdade de gênero.
         É o caso de perguntar: por que se valoriza tanto a maternidade potencial ou efetiva e a beleza estética temporalizada e se depreciam, em idêntica proporção, os demais atributos do ser feminino? Essa pergunta nos remete, sem dúvida, a um desvio observado no curso da história humana, que confluiu, no século XX, para a coisificação da mulher como objeto sexual, simbolizado, por exemplo, na sensualidade de uma Marilyn Monroe, ela própria vítima infeliz dessa mesma inversão de valores. Tal distorção projetou o que hoje pode ser chamado de urgência da maternidade das balzaquianas que temem a frustração da vocação feminina.
         A beleza da mulher não reside na sua estética física ou nas expressões de idade em seu corpo, mas acompanha, por indissociável afinidade, sua condição de gênero feminino, nas dimensões da sensibilidade e do cuidado com a alteridade que lhe são inerentes, impregnadas pela vocação de desafiar obstáculos e, às vezes, pela coragem de transgredir.
         São esses atributos que lhe emprestam, nas relações de poder, por exemplo, maior capacidade de colaboração, em contraponto à índole competitiva do homem, como também mais disposição para riscos e capacidade de harmonização.
         E hoje, numa sociedade competitiva e agressiva, mais se necessita do belo e do criativo que a alma feminina guarda na intimidade de sua criação, e que transcende o tempo.
         Necessitamos, como nunca, dos valores expressos nos versos de Cora Coralina, escritos no “Saber viver” da velha dama de Goiás: “Muitas vezes baste ser:/ Colo que acolhe,/ braço que envolve,/ palavra que conforta,/ silêncio que respeita,/ alegria que contagia,/ lágrima que corre,/ olhar que acaricia,/ desejo que sacia,/ amor que promove”.
         Características como essas dão beleza ao gênero feminino – no “colo que acolhe” em solidariedade e na “lágrima que corre” – e não podem ser descartadas para falsear a igualdade com o masculino. Ao contrário, devem expandir-se em busca de uma sociedade de paz. E precisamos mais: da afirmação de um (re)encontro do par humano em condições de verdadeira igualdade dentro e fora do lar, arrimado, também, na consideração da beleza que transcende a temporalidade das estreitas convenções.”

(Maria Coeli Simões Pires. Professora; secretária de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 7 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Primazia da dignidade
        
         O compromisso com a promoção e o respeito à dignidade humana são a possibilidade real de mudanças nos rumos da sociedade contemporânea e nos cenários que envergonham a humanidade. A primazia da dignidade das pessoas é a meta mais importante na vivência séria da cidadania. Lamentavelmente, a luminosidade da inteligência humana contracena e é obscurecida por irracionalidades, que submetem homens e mulheres  a condições degradantes, ofensivas e prejudiciais  à liberdade e à autonomia.  É preciso promover mudanças e uma nova compreensão capaz de impedir que a humanidade caminhe para o caos. Vivemos um tempo propício para isso, a Quaresma, quando a Igreja Católica convida a humanidade para ouvir Deus, fixando o olhar em Cristo Jesus, o Salvador e Redentor, preparando-se para a celebração da Páscoa.
         Exercício de espiritualidade, o caminho quaresmal é marcado pela experiência de amorosa escuta da palavra de Deus. Caracteriza-se também por uma disposição para rever gestos e assumir atitudes mais condizentes com a dignidade humana. Trata-se de oportunidade singular para fazer crescer a solidariedade e a fraternidade, promovendo a qualificação pessoal e comunitária. A conversão do coração possibilita a cada um assumir uma conduta digna, percebendo todos como filhos e filhas de Deus, irmãos uns dos outros. No itinerário quaresmal, a Igreja enriquece o horizonte com a promoção da Campanha da Fraternidade, que, neste ano, é iluminada pela palavra de Deus com o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”, da Carta de São Paulo aos Gálatas. Assim, convoca todos para a coragem de reconhecer, compreender e atuar no horizonte da gravíssima situação gerada pelo tráfico humano.
         “Fraternidade e tráfico humano” é o tema campanha, que focaliza uma realidade chamada pelo papa Francisco de “atividade ignóbil, uma vergonha para nossas sociedades que se dizem civilizadas”. O texto base da Campanha da Fraternidade 2014, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sublinha também o absurdo desse atentado contra os filhos e filhas de Deus, limitando suas liberdades, desprezando sua honra, agredindo seu amor próprio pela exploração de sua vulnerabilidade social e econômica. Os traficantes geralmente são aliciadores que se aproximam das vítimas e de seus familiares, agindo como se fossem amigos. A pessoa é abordada com uma oferta irrecusável de trabalho, mas, levada a lugares distantes, é escravizada e torna-se prisioneira.
         Esses aliciamentos se camuflam pelo recrutamento de pessoas para atividades diversas, a partir da promessa de um futuro promissor em diferentes carreiras, como as de modelo, jogador de futebol, enfermeira, babá, garçonete, cortador de cana, dançarina, pedreiro e tantas outras. As vítimas são homens e mulheres, crianças e adolescentes. São reais as histórias de jovens aliciadas por redes de prostituição, levadas para lugares distantes de suas famílias, com a promessa de altos salários semanais, mas que são mantidas em cativeiro, em péssimas condições.
         É hora de colocar cotidianamente na pauta de nossas ações a questão do tráfico humano, dedicando maior atenção aos acontecimentos para efetivamente oferecermos nossa contribuição cidadã aos organismos estatais. Também é preciso maior cooperação entre países na tarefa de se investir na solução desse grave problema. Torna-se cada vez mais urgente a união de esforços para fortalecer o enfrentamento dessas organizações criminosas que, entrelaçadas, se tornam cada vez mais eficientes. O passo importante nesse enfrentamento será sempre o crescimento da consciência da primazia da dignidade humana.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

      
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência (o que é da essência da República – coisa pública), eficiência, eficácia, efetividade,economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

                  

sexta-feira, 7 de março de 2014

A CIDADANIA, A ESSÊNCIA DA VIDA E A EDUCAÇÃO SEM FRONTEIRAS

“Na verdadeira cura, vamos ao encontro da essência divina em nós
        
         De diferentes modos pode a cura espiritual  efetuar-se e, durante a minha vida, tive a oportunidade de entrar  em contato com alguns deles. Viajei por centros de energia de transformação planetária, a fim de fazer pesquisas, e passei também, enquanto dormia, por marcantes experiências, pois, como se sabe, verdadeiros processos terapêuticos podem acontecer durante o nosso sono.
         A beleza de um processo de cura, que nada é mais do que a própria purificação da matéria, está no fato de a essência da vida encontrar-se também no centro de cada átomo, de cada partícula. Essa essência, por muitos filósofos chamada de “divina”, é onipresente.
         Minha mente vivia indagando se a cura era possível em qualquer ambiente e em qualquer situação. Num certo momento daquela época, tive um sonho.
         Vi um pequeno vaso de plástico, muito branco, com uma plantinha que começava a florir. Gradualmente, o fundo neutro daquele quadro foi sendo transformado em um capacho, desses em que as pessoas limpam os sapatos antes de entrarem em casa; desse capacho, e não mais do vasinho, saía agora a pequena planta, com sua florzinha brilhante. O capacho permaneceu em meu campo visual, mostrando que pode ser o solo onde uma flor é capaz de nascer.
         Refletindo a respeito dessa imagem, pude compreender que é do exercício da nossa própria purificação e a partir das nossas limitações (representadas pelo capacho que se usa para limpar os pés) que “cresce a flor” – e não a partir de uma situação externa de total pureza, pureza essa que não pode existir, ainda, sobre a face da Terra.
         Encontrar o equilíbrio entre a realidade concreta (o capacho) e a busca incessante e persistente de autoaperfeiçoamento, isso é o que se almeja. É necessário amar a si mesmo para poder sadiamente amar o próximo: um único amor, verdadeiro, sem autocomiseração, que acontece dentro de uma só Unidade que a tudo inclui.
         Naquela manhã, ao chegar ao refeitório comunitário, experimentei uma gratidão profunda, que eu não sabia explicar por que surgira nem a quem se dirigia. Um sentimento que vinha de dentro, através de um canal que fora aberto pela imagem sonhada. Ficara a abertura, e nada mais era necessário. Tudo fora feito pela energia de cura. O sonho, com sua duração de poucos segundos, teve imensa repercussão interior e está presente enquanto escrevo estas linhas, tantos anos depois.
         A partir dessa experiência, vi que não precisava mais sair em busca da cura, pois me foi mostrado que ela pode acontecer onde estamos e na situação em que nos encontramos. A tranquila expectativa na qual, se quisermos, podemos nos colocar, é a verdadeira situação que nos predispõe à cura.
         Processos como esse não são controláveis pela mente humana, e é bom que assim o sejam, pois nem sempre o eu consciente está preparado para saber o que se passa nos planos interiores da vida: o ritmo da energia de cura não deve ser perturbado pela curiosidade, pelo egoísmo, pelo julgamento ou pela crítica. Na maioria dos casos, quanto mais inconsciente for o processo de cura, melhor. Quanto mais esquecidos de nós mesmos estivermos no momento do alinhamento do ser com as energias curativas, mais livremente elas poderão descer para os níveis humanos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 6 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 17, de autoria de Moema Belo, diretora executiva do Grupo Cotemig, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação sem fronteiras
        
         O Brasil é o país da América do Sul que mais exporta estudantes. Um levantamento encomendado pela Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta) revelou que, em 2012, as agências de intercâmbio enviaram 175 mil brasileiros para estudar no exterior. Isso representa um aumento de 20% em relação a 2009, ano em que 140 mil estudantes buscaram qualificação em outros países.
         O crescimento da economia brasileira nos últimos anos reduziu a distância entre o Brasil e o mundo, tornando essa oportunidade mais viável para enriquecimento curricular. O programa Ciência sem Fronteiras, lançado em 2011 pelo governo federal, também concede  bolsas de estudos com essa finalidade, ampliando as chances de uma experiência internacional para os futuros profissionais.
         O Ciência sem Fronteiras é um programa que promove a expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, com o objetivo de aumentar a inovação e a competitividade brasileiras. O público-alvo é o estudante matriculado em curso superior de diversas áreas, como engenharias, tecnologia e ciências biomédicas, entre outras. Os alunos selecionados têm a chance de estudar em universidades estrangeiras que possuem convênio com o governo brasileiro, fazem um intercâmbio de 12 meses, podendo estender esse prazo para 18 meses, caso o interessado esteja fazendo também um curso de idiomas. A expectativa do programa é conceder 101 mil bolsas, 75 mil disponibilizadas pelo governo federal e as demais como apoio da iniciativa privada, até o fim deste ano.
         A Faculdade Cotemig é uma das instituições que aderiram ao programa para que os estudantes tenham essa oportunidade. O projeto contribuirá para o crescimento integral do aluno, propiciando uma formação pessoal altamente qualificada nas competências  e habilidades necessárias para o avanço da sociedade do conhecimento. Quando nossos estudantes retornarem, voltarão ao Brasil com muito a acrescentar para uma ação local num mercado global.
         O mercado de trabalho demonstra aos profissionais que não basta uma graduação, o currículo precisa apresentar diferenciais. Quem tenta se garantir apenas com um curso superior está fadado a ficar estagnado no mercado. A área de tecnologia da informação, especificamente, exige outras aptidões, mais de uma língua estrangeira, uma busca por atualização constante e cursos complementares. Existem países referências nessa área, como Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Japão, entre outros, que podem contribuir para uma formação diferenciada.
         Quem aproveita essa chance para explorar o conhecimento que esses países têm a oferecer retorna ao Brasil como um profissional mais competitivo, com um currículo valioso e pronto para atender as necessidades de empresas de grande porte, multinacionais e gigantes de TI, cujo nível de exigência  em seus processos de seleção é muito alto.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, irreversivelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. E ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

quarta-feira, 5 de março de 2014

A CIDADANIA, A BELEZA DOS OFÍCIOS MANUAIS E A ALEGRIA DA SIMPLICIDADE (57/3)

(Março = mês 57; faltam 3 meses para a Copa do Mundo)

“A beleza dos ofício manuais
        
         Um certo senhor Diouf escreveu para seu filho, aconselhando-o a evitar a todo custo as profissões manuais. Havia que escolher trabalhos puramente intelectuais. A curiosidade da carta é datar do tempo dos faraós, ou seja, o preconceito não é de hoje.
         Em todas as sociedades, trabalhar com as mãos tem menos status. Mas, nos países avançados, isso não inibe o vicejar de operários, artífices e artesões altamente qualificados, orgulhosos do que fazem. São exemplos de profissionalismo e competência. Uma das marcas das sociedades avançadas é a valorização desses ofícios e a afinidade com a sociedade tecnológica. Aliás, a Revolução Industrial foi feita por mecânicos, mostrando a convivência da criatividade com as mãos.
         Lamentavelmente, o Brasil recebeu duas cargas negativas. Herdamos da Península Ibérica o desamor por trabalhos manuais. E tivemos a escravidão, criando uma clivagem radical e proclamada entre as ocupações manuais, para os escravos, nas quais não se sujam as mãos.
         No século XIX, a imigração da Europa continental começou a mudar esse panorama. Mas o grande empurrão veio do Senai, criado em 1942 e moldado em modelos alemães e suíços. Graças a ele, não travou a nossa Revolução Industrial – aliás, muito respeitável para um país que não produzia nem palito. Demos um salto.
         Infelizmente, os novos ventos não têm sido favoráveis. Aparecem ocupações charmosas, sobretudo, na informática e nos serviços. O aumento do nível de escolaridade da nova geração coloca-a próxima das lantejoulas do ensino superior, cujas vagas deram um enorme salto. Com isso, e mais algumas coisas que não sabemos, aumenta a rejeição às ocupações tradicionais, como marceneiro, caldeireiro ou eletricista e, pior àquelas ligadas à construção civil. Nos cursos do Senai, há vagas não preenchidas nessas ocupações. Há evasão durante o curso e pouco interesse em trabalhar no ofício aprendido.
         Participei de uma feira de ocupações, visitada por 10 000 alunos do ensino médio. Ali estavam as faculdades locais e outros empregadores cobiçados. Minha missão era falar dos ofícios manuais qualificados. Ao iniciar a sessão, o auditório teria dois terços da capacidade – já prenunciando o desinteresse. Fiz todas as gracinhas que sei, demonstrei o uso de plainas, falei da beleza e do prazer de fazer com as mãos. Falei da criatividade e dos desafios intelectuais. Ao terminar, uma hora depois, de jovens,  havia apenas três moças. Os outros escapuliram durante a apresentação. Nem uma só pergunta. Vá lá que eu tenha sido um canastrão chato. Mas saírem quase todos?
         O resultado dessa rejeição é o chamado “apagão da mão de obra”. Pesquisas recentes mostram que se concentra nesses ofícios. E nas engenharias, por razões diferentes. De fato, as empresas se queixam de que falta gente qualificada, sobretudo, na construção civil. As maiores conseguem capengar com um ou outro profissional competente. As menores improvisam – mal. E quem precisa de alguém para reparar o cano, o fio ou o armário encontrará pessoas que não sabem nada de nada, além de terem hábitos de trabalho caóticos. A escassez de mão de obra qualificada deve ter parte da culpa pela estagnação da nossa produtividade.
         O outro aspecto, inevitável, é que, diante da escassez, os salários para essas profissões crescerem muito, tornando as empresas menos competitivas. Valeria a pena pagar o preço se esse incentivo atraísse jovens a essas profissões. Contudo, os aumentos  não trazem nem alunos nem queira trabalhar nelas. Na época da criação do Senai, grandes industriais, como Roberto Simonsen, viram a falta de mão de obra qualificada como um impedimento ao nosso avanço. Criar uma instituição capaz de mitigar essa escassez foi então uma das batalhas vencidas pela indústria brasileira. Tenho a impressão de estarmos diante de um desafio da mesma ordem de magnitude.
         O que fazer? Neste momento, o mais importante é aceitar que há um problema sério, não apenas de flutuação conjuntural. Quando isso acontecer, as soluções aparecerão. O lado bom é que a CNI começa a despertar para o problema.”

(Cláudio de Moura Castro. Economista, em artigo publicado na revista VEJA, edição 2363 – ano 47 – nº 10, de 5 de março de 2014, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Apostar na simplicidade
        
         O papa Francisco tem se consolidado como voz que alerta para a urgência de se combater o crescente processo de desumanização que assola a sociedade contemporânea. Sua voz ecoa para além do território da própria Igreja Católica e vai tocando corações e mentes pelo mundo afora. Na sua exortação apostólica Alegria do Evangelho, o papa Francisco sublinha que “o grande risco do mundo atual, com múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza do individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada dos prazeres superficiais, da consciência isolada”. Quando a pessoa se fecha nos seus próprios interesses, o resultado é o comprometimento da essencialidade da vida interior.
         Uma grande indicação do papa Francisco, como retomada das mais genuínas raízes do evangelho de Jesus, é apostar na simplicidade. Esse caminho supõe exercício diário e adoção  de estilos de vida que proporcionem e mantenham uma interioridade com a sabedoria para priorizar o que é digno e bom. A simplicidade de vida, incontestavelmente, é o remédio mais eficaz no combate à desumanização, que embrutece corações e inviabiliza a convivência social. Trata-se de antídoto para a sociedade, marcada pela crescente violência, corrupção venenosa e irreversível despersonalização. É hora, portanto, de admitir e incluir um discernimento evangélico nas análises e na busca da compreensão da realidade, desafiadora e complexa, desse início de terceiro milênio.
         A busca por soluções não pode restringir-se ao crescimento a sofisticações tecnológicas, indispensáveis quando se pensa no avanço da ciência. É preciso retomar o processo de humanização, contraponto ao lamentável embrutecimento dos corações. Nessa tarefa, o ensinamento evangélico tem um poder inigualável de modulação e educação. Vale sempre lembrar a observação de Mahatma Ghandi, em referência ao sermão da montanha, evangelho de são Mateus, capítulos 5 a 7, sublinhando que ali há um tesouro que, praticado pelos cristãos, faria deles instrumento de radical revolução e transformação da sociedade pelos princípios enraizados na força inesgotável do amor de Deus.
         Não se pode apenas pensar que definições legislativas e meras providências de repressão serão suficientes para deter o catastrófico processo de desumanização em curso, responsável pelo crescimento da violência, aumento assustador da dependência química e de imoralidades de todo tipo como conseqüência da relativização nociva de valores e princípios.
         Brutalidade é o lado oposto da indispensável humanização. A falta de raízes humanísticas conscientes, como aquelas que os valores do evangelho de Jesus Cristo produzem e modulam nos corações que escutam a voz de Deus, impede o estabelecimento de uma nova ordem social e política. Sem enraizamento humanístico adequado não veremos mudanças nas lideranças e continuará baixo o nível da prática política, muitas vezes dinamizada por interesses partidários tacanhos, conchavos imorais e busca pelo crescimento próprio a partir da obsoleta prática de atacar o outro para destruí-lo.
         Não se conseguirá jamais avançar as reformas que a sociedade brasileira precisa sem a necessária e urgente competência humanística. É em razão da falta dessa competência que instituições políticas e governamentais fazem sempre muito menos do que deveriam. Alimentam-se da ilusão de que boa política se faz com conchavos, com a desmoralização dos outros, com a manipulação ideológica ou com as negociatas internas e partidárias, que atrasam o progresso e o atendimento das demandas da população.
         Essa desordem produz o descompasso e baderna que vai compondo cenários preocupantes de violência, medo e caos. As mudanças estruturais e conjunturais avançarão pela força do testemunho indispensável de cada cidadão. Nesse caso, apostar na simplicidade há de ser um compromisso de todos, revendo práticas e hábitos. Não há lugar para exibicionismos, sofisticações petulantes, esbanjamentos agressivos e irracionais. É hora de compreender, redimensionar projetos, práticas pessoais e sociais, sempre apostando na simplicidade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mudo da justiça,  paz, da liberdade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, A RAIZ DA CRISE ECOLÓGICA, A EDUCAÇÃO E O SENSO CRÍTICO

“A última raiz da crise ecológica: a ruptura da religação universal
        
          Há muitas causas que levaram à atual crise ecológica. Mas temos que chegar à última: a ruptura permanente da religação básica que o ser humano introduziu, alimentou e perpetuou com o conjunto do universo e com seu Criador.
         Tocamos aqui numa dimensão profundamente misteriosa e trágica da história humana e universal. A tradição judaico-cristã chama a essa frustração fundamental de pecado do mundo, e a teologia, no seguimento de Santo Agostinho, de pecado original. O “original” aqui não tem nada a ver com as origens históricas desse antifenômeno, mas ao que é originário no ser humano.
         Pecado também não pode ser reduzido a uma mera dimensão moral ou a um ato falho do ser humano. Tem a ver com uma atitude globalizadora, com uma subversão de todas as relações nas quais ele está inserido. Importa enfatizar que o pecado original é uma interpretação de uma experiência fundamental, uma resposta a um enigma. Por exemplo, existe o esplendor de uma cerejeira em flor no Japão e simultaneamente um tsunami em Fukushima que tudo arrasa. Por que essa contradição?
         Sem entrar nas muitas possíveis interpretações, assumimos uma, pois ela ganha mais e mais consenso dos pensadores religiosos: a imperfeição como momento do processo evolucionário. A imperfeição não é um defeito, mas uma marca da evolução. Ela não traduz o desígnio último de Deus sobre sua criação, mas um momento dentro de um imenso processo.
         São Paulo via a condição decaída da criação como um submetimento à vaidade. O sentido exegético de “vaidade” aponta para o processo de amadurecimento.
         A natureza não alcançou ainda sua maturidade. Por isso, na fase atual, se encontra ainda longe da meta a ser alcançada. A criação inteira espera ansiosa pelo pleno amadurecimento de filhos e filhas de Deus, pois entre eles e o resto da criação vigora uma profunda interdependência e religação. Quando isso ocorrer, a criação chegará também à sua maturidade.
         Então, se realiza o desígnio terminal de Deus. O atraso do ser humano no seu amadurecimento implica no atraso da criação. Seu avanço implica um avanço da totalidade. Ele pode ser um instrumento de libertação ou de emperramento do processo evolucionário.
         É aqui que reside o drama: evolução, quando chega ao nível humano, alcança o patamar da consciência e da liberdade. O ser humano foi criado criador. Pode intervir na natureza para o bem, cuidando dela, ou para o mal, devastando-a. Ele começou, quem sabe, desde o surgimento do Homo habilis, há 2,7 milhões de anos, quando ele criou o instrumento com o qual intervinha sem respeitar os ritmos da natureza. Em vez de estar junto com as coisas, convivendo, colocou-se acima delas, dominando.
         Com isso, rompeu com a solidariedade natural entre todos os seres. Contradisse o desígnio do Criador, que quis o ser humano como cocriador e que por seu gênio completasse a criação imperfeita. Este colocou-se no lugar de Deus. Sentiu-se pela força da inteligência e da vontade um pequeno deus e passou a comportar-se como se fora Deus de verdade.
         Essa é a grande ruptura com a natureza e com o Criador que subjaz à crise ecológica. O problema está no tipo de ser humano que se forjou na história, mais uma “força geofísica de destruição” (E. Wilson) que um fator de cuidado e preservação.
         A cura reside na religação com todas as coisas. Não necessariamente precisa ser mais religioso, mas mais humilde. Ele precisa voltar à Terra da qual se exilou e sentir-se seu guardião e cuidador. Então, será refeito o contrato natural. E, se ainda se abrir ao Criador, saciará sua sede infinita e colherá como fruto a paz.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 14 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação  senso crítico
        
         O bloco socialista se desintegrou antes de completar um século. A União Soviética se esfacelou e os países que a integravam adotaram o capitalismo como sistema econômico e sinônimo de democracia
         Tudo aquilo que o socialismo pretendia e que, em certa medida, alcançara – redução da desigualdade social, garantia do pleno emprego, saúde e educação gratuitos e de qualidade, controle da inflação etc. – desapareceu para dar lugar a todas as características desumanas do neoliberalismo capitalista: a pessoa encarada não como cidadã, e sim como consumista; o ideal de vida reduzido ao hedonismo; a exploração da força de trabalho e a apropriação privada da mais-valia; a especulação financeira; a degradação da condição humana por meio da prostituição, da indústria pornográfica, da criminalidade e do consumo de álcool e drogas.
         É dever de todos que se consideram de esquerda se perguntar quais as causas do desaparecimento do socialismo na Europa. Há um amplo leque de causas, que vão da conjuntura econômica de um mundo bipolar hegemonizado pelo capitalismo às pressões bélicas em decorrência da Guerra Fria. Entre tantas causas destaco uma de caráter subjetivo, ideológico: o papel do educador na formação de seus alunos. Devo dizer que, antes da queda do Muro de Berlim, tive a oportunidade  de visitar a China, Tchecoslováquia, duas vezes a Polônia e a Alemanha Oriental, e três vezes a União Soviética.
         O socialismo europeu cometeu o erro de supor que seriam naturalmente socialistas pessoas nascidas em uma sociedade socialista. Esqueceu-se da afirmação de Marx de que a consciência reflete as condições materiais de existência, mas também influi e modifica essas condições. Há uma interação dialética entre sujeito e realidade na qual ele se insere.
         Em primeira instância, e não em última, nascemos todos autocentrados. “O amor é um produto cultural”, teria dito Lênin. Resulta do desdobramento de nosso ego, o que se obtém por práticas que infundam valores altruístas, gestos solidários, ideais coletivos pelos quais a vida ganha sentido e a morte deixa de ser encarada como fracasso ou derrota.
         Segundo Lyotard, o que caracteriza a pós-modernidade é não saber responder à questão do sentido da vida. Este é o papel do educador: não apenas transmitir conhecimentos, facilitar pedagogicamente o acesso ao patrimônio cultural da nação e da humanidade, mas também suscitar no educando o espírito crítico, a atitude ética, a busca do homem e da mulher novos em um mundo verdadeiramente humanizado.
         Ora, isso jamais será possível se não se propicia ao magistério um processo de formação permanente. É um equívoco julgar que professores são todos imbuídos de valores nobres. Nenhum de nós é totalmente invulnerável às seduções capitalistas, aos atrativos do individualismo, à tentação de acomodamento e indiferença frente ao sofrimento alheio e às carências coletivas. Estamos todos permanentemente sujeitos às influências nocivas que satisfazem o nosso ego e tendem a nos imobilizar quando se trata de correr riscos e abrir mão de prestígio, poder e dinheiro. A corrupção é uma erva daninha inerente ao capitalismo e ao socialismo. Jamais haverá um sistema social no qual a ética se destaque como virtude inerente a todos que nele vivem e trabalham.
         Se não é possível alcançar a utopia de ética na política, é preciso conquistar a ética da política. Daí a importância de uma profunda reforma política. Criar uma institucionalidade política que nos impeça “cair em tentação” quanto à falta de ética. Isso só será possível em um sistema no qual inexista a impunidade e o desejo de ser corruptor ou corrompido não seja alcançado. Tal objetivo não se atinge por meio de repressão e penalidades, embora sejam elas necessárias. O mais importante é o trabalho pedagógico, a emulação moral, tarefa preponderante por lidarem com a formação da consciência das novas gerações.
         O professor deve ter atitudes pautadas pela construção de uma identidade humana na qual haja adequação entre essência e existência. Saber ministrar sua disciplina escolar contextualizando-a na conjuntura histórica em que se insere. O papel número um do educador não é formar mão de obra especializada ou qualificada para o mercado de trabalho. É formar seres humanos felizes, dignos, dotados de consciência crítica, participantes ativos no desafio permanente de aprimorar a sociedade e o mundo em que vivemos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, A TRAVESSIA DO DESERTO INTERIOR E A CRIATIVIDADE NA BASE DA INOVAÇÃO

“Nos tempos atuais é preciso vencer nossa própria aridez interior
         
         A humanidade precisa ser ajudada a liberar-se da vida comum. Do ponto de vista espiritual, a vida comum é considerada um deserto.
         Por obedecer a padrões estabelecidos pelo estado de consciência da maioria, é uma vida que se caracteriza pela inércia, pela tendência ao acomodamento, pela busca de conforto e de bens materiais, pelo desejo e pela satisfação de vários tipos de apetite.
         Esse deserto, que é a vida de muitos, procura perpetuar estruturas decadentes, desatualizadas. As sensações, sobretudo o prazer, ajudam a manter a consciência aprisionada a esse estado. É uma vida em que as aparências determinam as opções, e não o que está no interior das pessoas, das coisas, dos acontecimentos. Podemos ver esse deserto espelhado nos noticiários diários. Eles ficam na superfície dos fatos, não mostram as causas.
         E desse deserto, essa vida comum, ilude as pessoas, promete-lhes felicidade e bem-estar com base em coisas materiais, em gostos pessoais. E isso é tudo muito mutável, muito fugaz. Quando as pessoas conseguem uma coisa, já querem outra, pois não conhecem sua verdadeira necessidade. Assim, essa vida comum é causa contínua de sofrimentos.
         Quando um indivíduo resolve assumir postura diferente, seguir outra direção, elevar-se, as forças que compõem as estruturas da vida comum tentam dissuadi-lo de sua decisão. As estruturas às quais ele se dedicou tentam retê-lo. Ficam sempre lembrando-lhe o passado, e este costuma exercer, em muitos, grande influência. É conhecida a história bíblica da mulher que se transformou em estátua de sal: ao olhar para trás, cristalizou-se.
         Importante saber que vamos nos libertando desse deserto quando praticamos o desapego. Não importa a que estejamos apegados, procuramos soltar aquilo, libertar-nos e tornar-nos independentes do que nos prende. Que aquilo prossiga, se tiver de prosseguir, mas nós nos desligamos de tudo o que nos detém. Encontramos forças para isso quando buscamos uma meta superior, mesmo que não saibamos exatamente qual é. É por essa meta superior que devemos deixar-nos atrair.
         Para sair desse deserto, seria um engano esperar ajuda do que é instituído. O que é instituído alimenta-se da vida comum, e é instrumento do deserto. Teríamos de ser uma voz diferente em meio a tudo isso.
         Existe um ensinamento, que encontramos na série de livros do Agni Yoga (Fundação Cultural Avatar), que se refere a um tesouro destinado a todos. Na mentalidade comum, crê-se que esse tesouro é dinheiro, que são bens materiais que se tem de perseguir. Mas o Agni Yoga nos diz que esse tesouro é o que há de mais próximo de nós. No deserto da mentalidade comum não se mantém a intenção de ouvir o ensinamento, de encontrar o tesouro. São poucos os que perseveram e que o têm como o mais importante valor em sua vida.
         A humanidade precisa de forte impulso para sair da vida comum. E como ajudá-la a fazer isso, como ser voz no deserto?
         Todo dia encontramos coisas fora do lugar, em desarmonia. Devemos, incansavelmente, colocá-las em ordem. E se as virmos de novo fora do lugar, voltar a ordená-las. Isso é ser voz no deserto: incansavelmente fazer o que é preciso.
         Para a travessia do deserto precisamos contar com a fé. Com paciência, deixamos que se consolide em nós. A fé transforma a aridez.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno MEGACLASSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, de autoria de RONALDO NEGROMONTE, professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e organizações, e que merece igualmente  integral transcrição:

“A criatividade como base da inovação
         
         Todas as manhãs, em meio a essa multidão de pessoas que vai para o trabalho, é comum observar em muitas fisionomias uma visível marca de apatia, mau humor e indisposição a tudo que o novo dia espera de nós em compromissos e obrigações. Pelo visto, mesmo em uma sociedade tão marcada pelas novas tecnologias, permanece bem vivo o tradicional preconceito sobre a atividade laboral, nos lembrando aquele velho estigma de que o homem foi castigado com o trabalho. Visão totalmente absurda ainda a ser mudada individual e coletivamente.
         Até porque podemos observar que na natureza tudo é trabalho e atividade. Tudo está em constante transformação e não podemos nos esquecer de que, como seres humanos, também devemos fazer parte desse movimento dinâmico e inteligente da natureza. É exatamente no trabalho que nos tornamos  verdadeiramente ativos, onde dinamizamos nosso tempo, desenvolvemos competências técnicas e comportamentais, ganhamos nosso sustento e formamos um conceito respeitável, progredimos e criamos progresso em todas as áreas.
         O X do problema está em que, quando aprendemos algum tipo de atividade profissional, passamos a utilizar alguns recursos básicos que nos ajudam no dia a dia. E com eles costumamos ficar sem acrescentar ou aperfeiçoar nada. Como naquele chavão: “Não se mexe em time que está ganhando”. Só fazemos alguma mudança quando a realidade ao nosso redor nos pressiona. Mas, no geral, terminamos mesmo é repetindo as técnicas que conhecemos, sempre com as mesmas fórmulas já gastas e que, muitas vezes, já não dão o mesmo resultado. Daí vem a rotina, o desinteresse e aquele desânimo que tira a motivação no trabalho. E a palavra motivação vem de motivos em ação.
         Você precisa ter sempre novos motivos para acionar melhor. É o que pede o dinamismo do atual mercado, no qual recursos antigos estão perdendo rapidamente sua validade. O alerta vem exatamente dos clientes. Cada vez querem um tratamento mais diferenciado, mais atenção às suas necessidades, mais agilidade, mais qualidade nos produtos e serviços, mais vantagens... Tudo mais e com um custo menor. Naturalmente que realizar com sucesso todas essas demandas exige muita criatividade.
         Como capacidade inovadora, a criatividade abre a inteligência para novos e melhores caminhos, para possibilidades além daquelas já utilizadas ou conhecidas. Sai assim do previsível, da mesmice, em busca de soluções inusitadas para as questões diárias e do futuro. Daí se multiplicam os recursos que facilitam a vida em todas as suas projeções, em particular nas atividades profissionais. Por isso, a criatividade se tornou quesito essencial para todos aqueles que querem realmente alcançar melhores níveis de colocação no presente universo do trabalho.
         Para ser alguém realmente criativo é preciso ter uma postura questionadora, gostar de pesquisar e desenvolver competências em áreas múltiplas. Isso exige uma visão independente, ausência de dogmatismos, vivacidade mental, interesse para aprender e também para ensinar técnicas inovadoras. Pessoas criativas não são egoístas, passivas e indiferentes. A contrário, estão sempre interessadas, abertas a novas relações e descobertas. Mostram essa característica atração pelo novo, por mudanças e desafios, além de uma percepção das coisas ao mesmo tempo abrangente e detalhista.
         Os criativos são essencialmente altruístas e que querem interferir no mundo onde vivem de forma positiva. Têm a chamada visão perspectiva ou visão de futuro. É assim que vão delineando esse traço característico de maior autoconfiança, autoliderança, esforço e compromisso com tudo o que fazem. Naturalmente, isso não elimina de seu perfil o toque de leveza, da flexibilidade e do senso de humor, base para a originalidade em sua produções e soluções para os problemas. Daí conseguem encarar com mais naturalidade as dificuldades. Veem o erro como parte do processo de aprendizado e das descobertas. Estão sempre abertos a críticas e sugestões, conseguindo transformar desvantagens em vantagens.
         Por ser todo esse conjunto incomum e diversificado de valores, a criatividade infelizmente permanece como exceção e não uma regra no mundo do trabalho. Pelo contrário, ainda dominam os rotineiros, os repetidores, os previsíveis e até mesmo os que querem se aproveitar das ideias alheias. Daí ganha sentido esta curiosa afirmação do criativo e conhecido sociólogo italiano Domenico de Masi: “Enquanto o burocrata tem razão nove vezes em 10, o criativo erra nove vezes, mas quando acerta uma vez, está abrindo novos caminhos para a humanidade”.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna- absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...