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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A CIDADANIA, O DESPERTAR DE CONSCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO E OS HORIZONTES DA INDÚSTRIA COMPETITIVA

“Despertar de competências e habilidades
        O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) provocou uma grande revolução na forma de entrada dos alunos da educação básica nas universidades brasileiras e, consequentemente, gerou uma mudança no perfil do professor em sala de aula. Os cursos de licenciatura não acompanham as mudanças que têm sido feitas, levando em conta novos estudos e resultados de pesquisa. Isso fez com que os docentes manifestassem a mesma prática pedagógica, isto é, não fazendo de sua sala de aula um grande espaço de diálogo. Ensinava-se um conteúdo extenso em um curto período, esperando que os estudantes fossem capazes de decorá-lo para os antigos vestibulares.
         A Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada para correção do Enem, leva em conta, entre outras coisas, as competências e habilidades usadas pelo candidato para responder cada questão, ou seja, os alunos devem saber problematizar as disciplinas. Atualmente, pensar o ensino por habilidades e competências é estabelecer uma metodologia de trabalho que privilegie a aprendizagem significativa por parte dos estudantes. A situação não é simples, pois requer esforços de todos os envolvidos no processo educativo, exigindo profundas alterações no foco do ensino para a aprendizagem, procurando construir um novo significado para os conteúdos trabalhados em sala de aula. O cenário obriga a refletir que um ensino para a transmissão de conhecimento pronto e fechado não é mais válido. Apesar de ser esse um modelo muito utilizado, pois facilita a vida e o grande elo entre as famílias e a escola, ele não atende mais às demandas sociais. Não basta somente reter diversas informações. É necessário que essas informações se transformem em conhecimento e possam ser articuladas para a resolução de problemas. Portanto, é fundamental professores que perguntem e famílias que não busquem apenas respostas quando, por exemplo, ajudam seus filhos a resolver um “para casa” ou a estudar para provas. A formação de competências e habilidades multidisciplinares deve ser promovida antes e, acima de tudo, adotando uma postura incondicional de investigador e de aprendiz. Promovendo uma educação dialógica em que nós, professores, nos livremos do estigma de “senhores do saber” e possamos exercer a postura de construtores de cidadãos. Uma educação que não tema os “nãos” a serem enfrentados e crie ecos na mente de cada estudante. Também não podemos esquecer a época em que fazer um curso de datilografia era importante. O mundo mudou com o acesso a uma tecnologia que não tínhamos anteriormente. É preciso, então, entender essa evolução como uma aliada, sendo um instrumento para transformar informação em conhecimento, avaliar a razoabilidade de um argumento, estabelecer comparações e fazer estimativas, habilidades essenciais para o homem do século 21. A educação por competências e habilidades pode ser uma alternativa ao modelo positivista, deslocando o foco do ensino para o aprendizado e colocando professores e alunos na posição de agentes investigadores, possibilitando que o alune se torne agente de seu próprio conhecimento e o professor um mobilizador da pesquisa e das perguntas e problemas.
         É no ensino básico que o estudante começa a compreender fenômenos, a enfrentar problemas e construir argumentos. É quando se constrói um cidadão capaz de pensar os problemas em seu entorno e elaborar propostas de intervenção solidária na sociedade. Assim, pensar a formação integral nessa fase da educação é pensar um indivíduo que seja consciente. Trata-se de uma função para todos nós, professores da educação básica: despertar consciências. A nossa missão e o nosso dever.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de novembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ROBERTO DE SOUZA PINTO, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), e que merece igualmente integral transcrição:

“Indústria competitiva
        O Brasil é um país com enorme potencialidades, diversidades e riquezas, que, se bem aproveitadas e incentivadas, são decisivas para a construção de uma estrutura econômica, social e cultural mais sólida e eficiente. Na formação de nossa identidade nacional, no âmbito macroeconômico, o Brasil ficou conhecido por ser um país exportador de commodities, principalmente porque os principais produtos que vão para o exterior são minério de ferro, soja, óleos brutos de petróleo, café e açúcar. Mas isso não basta. Precisamos assumir um protagonismo no cenário internacional e construir uma identidade que mostre a nossa força no desenvolvimento e fabricação de produtos de transformação.
         Temos exemplos concretos de companhias brasileiras que ganharam destaque internacional, exportando tecnologia 100% nacional para todo o mundo, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), líder do mercado global de jatos comerciais. Mas precisamos multiplicar esses exemplos para que as nossas forças não sejam apenas as belezas naturais, carnaval e futebol (enquanto ainda podemos). Apesar desses casos de sucesso, o Brasil ainda precisa avançar a passos largos para criar subsídios para o desenvolvimento constante da nossa indústria. E isso passa, necessariamente, pelo aprimoramento das nossas tecnologias de produção, para fazermos frente às maiores potências do planeta, como a Alemanha. O país europeu ocupa, hoje, o terceiro lugar na lista de países exportadores de café (atrás do Brasil e do Vietnã), tendo conseguido esse feito sem cultivar uma muda. Por meio do investimento em soluções tecnológicas, infraestrutura e logística (facilitada por uma eficiente malha ferroviária), os alemães se tornaram os maiores compradores do grão brasileiro e passaram a revender uma parte do volume importado para outros países por um preço mais elevado. A outra parcela começou a ser transformada em cápsulas, cujo destino também é o exterior.
         Um artigo publicado recentemente pela revista inglesa The Economist diz que, em vez de construir indústrias e investir na ampliação da nossa produção e na formação de mão de obra qualificada, o Brasil optou por erguer shoppings e outros espaços destinados ao consumo final. É verdade. Precisamos investir em capital humano, necessitamos de uma indústria inovadora e arrojada e do apoio do governo para transformar esse cenário. E esse modelo já existe no país, conhecido como tríplice-hélice, que traz resultados incríveis, uma vez que cria uma sinergia perfeita e uma atuação conjunta de três agentes: as instituições de ensino, que formam pessoas, a indústria, que absorve a mão de obra e estimula o seu constante aprimoramento, e o governo, que cria subsídios e políticas de apoio e incentivo a esses atividades.
         A tríplice-hélice é empregada, por exemplo, no Vale da Eletrônica, um dos maiores polos de tecnologia do país, localizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. A estrutura de gestão permitiu que o Arranjo Produtivo Local (APL) construísse uma identidade própria e consolidasse a imagem de um cluster que é sinônimo de qualidade, inovação e que compete diretamente com os principais players no Brasil e no mundo. Com isso, o APL criou uma ambiência propícia para que as 153 empresas da região desenvolvessem 45 novos produtos com alta tecnologia a cada 30 dias, que concorrem, por exemplo, com os eletrônicos chineses. O Vale da Eletrônica, atualmente, é referência em diversos segmentos, como radiodifusão e segurança. Abriga empresas líderes de mercado e fabrica soluções que se destacam em todo o mundo, como o Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial (ISDB-T), modelo nacional de TV Digital, que é um dos mais avançados do mercado internacional e o segundo mais utilizado no planeta, alcançando 562 milhões de pessoas em 16 países.
         O APL também possui um dos mais importantes programas de incubação de empresas do Brasil, que oferece capacitação e consultorias para que jovens empreendedores montem o seu próprio negócio, resultando no surgimento de novas empresas todos os anos no polo. Somado à atuação dos agentes envolvidos no modelo da tríplice-hélice, também está o trabalho de entidades que realizam a gestão e desenvolvem iniciativas para alavancar ainda mais o potencial da produção industrial local, como o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindivel), que está completando 25 anos de atuação em Santa Rita do Sapucaí.
         A indústria brasileira precisa se reinventar. Para isso, é necessário desenvolvermos novas tecnologias e pensarmos modos de produção e gestão mais eficientes, como a tríplice-hélice, para tornar nossos produtos e processos mais inteligentes e competitivos no cenário internacional. Por meio da atuação estratégica e da integração entre governo, empresas e instituições de ensino, é possível haver um melhor aproveitamento dos nossos recursos, com o objetivo de tornar a nossa atividade industrial mais moderna e complexa. Somente dessa forma iremos construir de fato uma identidade de país protagonista no mundo, que também exporta tecnologia e que possui uma economia estruturada, sólida e sustentável.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

    b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  




        

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A CIDADANIA, A JUVENTUDE, A CONSCIÊNCIA ÉTICO-POLÍTICA E AS CIDADES SUSTENTÁVEIS

“Consciência ético-política dos jovens
         O atual cenário político brasileiro, com tantos problemas de corrupção, abre espaço para debates importantes. O que se pode fazer para educar as próximas gerações de forma diferente para que elas não repitam os mesmos erros de hoje e do passado? É possível transformar o país por meio de uma população conscientemente ética? A educação, vista como um caminho para a construção de um país melhor, na atual conjuntura, torna-se ainda mais indispensável no sentido de internalizar valores sólidos de crianças que serão a transformação necessária.
         As escolas, os professores e os pais têm um papel fundamental nesse processo de educação e formação de princípios éticos. As crianças e adolescentes de hoje são muito diferentes das gerações passadas, principalmente devido à grande difusão de ferramentas e plataformas digitais. Antigamente, os professores e o material didático eram as fontes de conhecimento e informação. Hoje, os mestres são mais orientadores que guiam o conhecimento e a consciência social, pois a informação está ao alcance de qualquer um que disponha de conexão de internet.
         As notícias divulgadas em diversas plataformas diferentes, como televisão, rádio, jornais, revistas, portais e, até mesmo, nas redes sociais, chegam com muito mais frequência e facilidade às crianças. Consequentemente, o despertar político ocorre mais cedo. Nas minhas aulas, por exemplo, ocorrem muitos debates espontâneos, partindo dos próprios alunos com suas dúvidas e vontade de aprender mais sobre o que está acontecendo. Esse despertar tão precoce é muito relevante, pois mostra que eles têm engajamento e querem, ativamente, fazer parte desse momento.
         Claro que as escolas e educadores não são os únicos influenciadores na vida deles. As famílias têm participação determinante na formação de valores e opinião. Muitos dos meus alunos participaram de algumas manifestações junto com pais e irmãos mais velhos. Eles escutam os parentes debatendo assuntos políticos e ficam atentos, captam informações de fontes diversificadas, formando a própria opinião e trazendo questões para a sala de aula também.
         As instituições de ensino participam do processo, não só com os professores, mas com as normas. As crianças aprendem que existem regras para ser seguidas, caso contrário pode haver punição. Absorvem a noção de que uma atitude fora das normas tem consequências, sendo fundamental para o aprendizado e formação do caráter.
         Outro fator importante é ter pessoas em quem se espelhar. Se os alunos não conseguem encontrar alguém que possa servir-lhes de exemplo de cidadão ético e consciente, acabam ficando um pouco perdidos. Então, a família e os professores devem ser a fonte que precisam para se tornar adultos com princípios bem estabelecidos. Assim, não correrão o risco de se corromper ao longo do caminho, como tem acontecido com muitos políticos, empresários e até no mundo do futebol, tão relevante para muitos dos alunos.
         Despertar a consciência ético-política nos jovens não é apenas uma demanda social, mas uma demanda dos próprios adolescentes, que querem uma bagagem intelectual e moral para formarem opinião de maneira autônoma, participar ativamente da vida social e política do país e deixar de apenas consumir informação.”

(WALISSON ANTUNES. Professor de história do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de julho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de julho de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cidades em discussão
        O papa Francisco, preocupado com os aspectos humanísticos e espirituais que norteiam os processos de urbanização, se reuniu com os prefeitos das grandes metrópoles do mundo para um momento de diálogo e reflexão. Um encontro de partilha para sublinhar o alto grau de responsabilidade quando se pensa cada cidade, a definição de prioridades, os graves prejuízos em razão da corrupção, do excesso de burocracia e, acima de tudo, do tratamento dedicado aos mais pobres e sofredores.
         Os especialistas em urbanismo e urbanizações revelam complexidades, urgências e apontam saídas. Desafiam os gestores e governantes a apresentar respostas efetivas ante a série de graves problemas que comprometem a cultura e desrespeitam a dignidade da pessoa humana, o que inclui a lamentável indiferença em relação aos que estão sem terra, sem casa, sem saúde e educação. É oportuno focalizar a abordagem do papa Francisco, na carta encíclica Louvado Sejas – sobre o cuidado da casa comum, quando trata da crise do antropocentrismo moderno e suas consequências. Trata-se de significativa contribuição, que vai além das dimensões técnicas.
         O antropocentrismo moderno colocou a razão técnica acima da realidade. Condicionou o ser humano a considerar a natureza apenas como espaço e matéria. Isso o leva a tratá-la sem medir o que pode suceder como consequência. Clara perda do sentido humanístico e espiritual no tratamento adequado do meio ambiente, que é dom da criação para o bem de todos. Esse descompasso explica o quadro abominável de devastação ambiental, com exploração ilimitada, que ameaça a própria dignidade da pessoa humana. Uma dignidade desrespeitada por posturas tolerantes com o desperdício, encurralada pela mesquinhez da ganância, desconsiderada pela indiferença, que preside o coração de quem perdeu a sensibilidade, particularmente diante da miséria e da exclusão.
         Esse quadro se agrava com a ineficiência de governantes que não conseguem levar adiante, com a qualidade e a velocidade requeridas, os processos de atendimento das necessidades da população. Também são expressão desse quadro desalentador os desencontros de atitudes, falas e escolhas de prioridades, de líderes que ocupam lugares importantes nos contextos político, religioso, educacional e cultural. O desafio primeiro para tornar as cidades verdadeiramente sustentáveis – não apenas embelezadas, mas justas com os cidadãos, especialmente com os mais pobres – começa com a indispensável consciência que o ser humano deve ter sobre si e sobre o lugar onde vive.
         Há um adequado entendimento sobre o sentido de humanidade e de presença no planeta. A consequência é terrível no tratamento da realidade, precipitando-a num verdadeiro caos. Torna-se indispensável, ao lado da técnica e das análises pertinentes, uma espiritualidade que possibilite alcançar profunda compreensão sobre o ser humano e o meio ambiente. O papa Francisco adverte que nos tempos modernos verificou-se notável excesso de perspectivas antropocêntricas. Com isso, enfraqueceram-se o sentido e o respeito do que está no âmbito do bem comum, e a importância dos laços sociais. É preciso superar essa perda, pois as cidades sustentáveis incluem o compromisso com um desenvolvimento humano e social mais fecundo e saudável. Isso significa repensar a relação do ser humano com o mundo para qualificar, por lições preciosas, os vínculos entre as pessoas, configurando uma cidadania capaz de encontrar respostas para graves problemas, como a violência, a exclusão e os esquemas destrutivos da corrupção.
         Os governantes e os cidadãos estão convocados a buscar políticas que podem dar um rosto novo e sustentável a cada cidade, promover mudanças no contexto local, sem perder de vista o global. Cada pessoa deve se dedicar às muitas situações que demandam respostas para se alcançar o bem comum – não simplesmente o atendimento de interesses ideológicos e políticos, com privilégios de alguns em detrimento, especialmente, dos fracos e dos pobres. O papa Francisco formula um interessante princípio, que pode trazer a possibilidade de um passo novo na superação de marasmos e de gargalos que fazem das cidades um verdadeiro caos.
         O Santo Padre diz que a estrutura política e institucional não existe apenas para evitar malversações, mas para incentivar as boas práticas, estimular a criatividade que busca novos caminhos, facilitar as iniciativas pessoais e coletivas. O segredo é contar com líderes que contribuam na condução desses processos e que promovam a ampla participação, ajudando a construir os cenários próprios de cidades sustentáveis. Percebe-se que há um longo caminho a percorrer. É preciso mudar a cultura e as mentalidades. Um processo que exige reflexões e a contribuição de todos sobre o lugar onde se vive.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...   
     
        
 


sexta-feira, 20 de março de 2015

A CIDADANIA E OS GIGANTESCOS DESAFIOS PARA A PÁTRIA EDUCADORA E A CRISE DA ÁGUA

“Um atraso de 30 anos
        Pesquisa sobre o ensino médio divulgado na semana passada pelo Unicef não surpreende, mas reafirma a necessidade de olhar de frente para chaga que se amplia ano após ano. Segundo o órgão das Nações Unidas para a Cultura e Educação, mantidas as condições atuais, serão necessárias três décadas para o Brasil universalizar a oferta de educação de qualidade aos jovens.
         Em 10 anos, entre 2004 e 2014, o percentual de moços entre 15 e 17 anos no nível intermediário de ensino aumentou de 47,5% para 59,5%. Apesar do incremento, nada menos de 1,7 milhão de brasileiros nessa faixa etária estão fora das salas de aula. Não só. Quase um terço (31,1%) dos matriculados não cursa a série adequada. São 2,6 milhões de pessoas.
         Resultado: só 48,7% dos estudantes concluem o ensino médio aos 19 anos. Os demais se perdem no caminho. Alguns marcam passo no ensino fundamental. Outros frequentam o médio em séries que deveriam ter ficado para trás. Ambos, vítimas da reprovação, são candidatos a engrossar a fila da evasão escolar.
         Não faltam forças que funcionam como ímã do atraso. Paradoxalmente, a escola é uma das mais poderosas. De um lado, veem-se instalações inadequadas, equipamentos antigos, bibliotecas mortas, laboratórios inexistentes, material didático que não responde às necessidades. De outro, currículo enciclopédico voltado à memorização de conteúdos que ou envelhecem com rapidez ou se acessam sem dificuldade na internet.
         No meio, professores sem preparo e sem motivação. Negligenciada há décadas, a carreira do magistério deixou de recrutar talentos. A maior parte dos que optam por cursos de pedagogia, letras, matemática, geografia, história não o faz por vocação, mas por impossibilidade de entrar em outra faculdade. Assim, os docentes, que poderiam suprir eventuais deficiências, são incapazes de fazê-lo.
         A tragédia do ensino médio não para aí. Causas externas se aliam às internas para sedimentar o ambiente de hostilidade à aprendizagem. Uma delas: a violência, que ameaça professores, alunos e funcionários administrativos. Outra: fatores socioeconômicos, que interferem negativamente no processo educacional. É o caso do trabalho e da gravidez precoces.
         Trata-se de situação dramática que compromete o presente e se agravará no futuro. Não há país desenvolvido com educação subdesenvolvida. Sem medidas eficazes, que passam necessariamente por criação de currículo contemporâneo e formação de recursos humanos de ponta, o Brasil continuará a caminhada rumo ao aprofundamento do atraso.”

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, publicado na edição de 17 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de março de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de ROSA SIMÕES, Coordenadora do ensino médio do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educar para a água
        Durante muito tempo acreditou-se que a água era um recurso renovável. A crença errônea produziu um comportamento inconsequente do brasileiro diante desse elemento, posicionamento que apresentou um despreparo não só da população, mas dos órgãos competentes pelo gerenciamento dos recursos hídricos, uma vez que não implementaram um processo de reeducação da comunidade para lidar com a água, nem se planejaram para uma ameaça já prevista há pelo menos duas décadas. O resultado desse descaso está diariamente nos jornais, que são os  baixios níveis dos reservatórios e a cada vez mais iminente necessidade de racionamento de energia. Mas o que temos feito para evitar essa situação?
         Atualmente, apesar do avanço tecnológico, gerentes e profissionais técnicos responsáveis por importantes empresas gerenciadoras de recursos hídricos, como a Sabesp, em São Paulo (maior cidade em população da América Latina), bem como a Copasa, em Minas Gerais, rezam para que São Pedro resolva enviar chuvas torrenciais para amenizar a defasagem dos leitos e suavizar a seca na qual se encontram importantes rios e represas que alimentam hidrelétricas.
         A chuva será nossa salvação? Certamente, não. É, no mínimo, incoerente que técnicos e cientistas apelem para o elemento sobrenatural e divino como solução para uma catástrofe causa pelo próprio homem, por falta de planejamento e educação.
         A solução está educação, principalmente, desde a base dos estudantes. Projetos sobre a crise hídrica, disciplinas interligadas, ações de conscientização escolar e comunitária, entre outros vários, pontos podem ser criados pelos colégios para discussão e atividades em sala de aula.
         É interessante que os alunos busquem informações para debates e a organização de grupos para diferentes trabalhos, como criar um fôlder com informação sobre as principais formas de desperdício de água potável e como evita-las; cartilha sobre como não desperdiçar água em casa, apresentando os conceitos de escassez, racionamento, manancial e os principais sistemas de abastecimento da capital mineira; elaboração de cartaz para campanha comunitária com alerta sobre como evitar o desperdício na escola e em casa; e também vídeo publicitário de campanha comunitária com dicas pedagógicas e persuasivas sobre como a comunidade e os próprios estudantes poderão contribuir para evitar a escassez dos recursos hídricos.
         Temos que despertar nos alunos a consciência sobre o fato de a comunidade exigir um planejamento de longo prazo dos governantes e órgãos responsáveis para amenizar a escassez de água potável, uma ameaça real. Eles precisam perceber as interferências negativas e positivas que o homem pode fazer na natureza, a partir de sua realidade social.
         É preciso entender que a qualidade de vida está ligada às condições de higiene e saneamento básico, à qualidade do ar e do espaço. Adotar, por meio de atitudes cotidianas, diversas medidas de valorização da água, a partir de uma postura crítica. Precisamos conduzir os alunos a entenderem que o equilíbrio e o futuro do planeta dependem de preservação da água e de seus ciclos.
         É fundamental as escolas perceberem que precisam trabalhar para a promoção de um novo comportamento diante da possibilidade mundial de escassez dos recursos hídricos em curto prazo. Vivemos, sim, mudanças climáticas que poderão servir como um incentivo para a conscientização dos brasileiros e a inovação com estratégias e projetos para incentivar o consumo consciente ou o não desperdício.
         É necessária a conscientização de todos. Vamos propor debates sobre o tema para apresentação à comunidade. Precisamos refletir e problematizar a realidade brasileira, considerando o conteúdo programático. Teremos que nos preparar para enfrentarmos meses de escassez de água até a próxima temporada de chuvas, e torcer para que o volume de água retorne ao nível considerado normal. Caso contrário, continuaremos convivendo com o racionamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A EVOLUÇÃO DO AMOR E AS HABILIDADES EMOCIONAIS

“A evolução principal é a do amor; sem ela, a religião capenga
        A evolução (do latim “evolutione”) é uma das leis mais importantes da natureza. E é uma das grandes constatações como um grande realidade que salta aos nossos olhos. Ela é até uma lei divina, pois, se é uma lei da natureza, é uma lei natural, e se é uma lei natural, ela tem no fundo Deus como seu criador e sustentador. Ela é também de certo modo tal qual a lei de Lavoisier: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
         Há muitos estudiosos da evolução que são contrários a ela, dizendo que ela é materialista, pois seria contrária à doutrina bíblica do criacionismo, que sustenta que o mundo foi criado por Deus. Mas isso não é verdade, já que, como dissemos, ela é até divina. Portanto, nós podemos ser criacionistas e, ao mesmo tempo, seguidores do evolucionismo, aceitando normalmente que o mundo foi criado por Deus e que evolui. É que Ele não criou as coisas já totalmente prontas, mas em estado potencial, isto é, como o germe da transformação, transformação para melhor, o que é a própria evolução. Por exemplo, quando Deus criou o homem, foi com o germe de, um dia, o homem ser capaz de fazer as proezas científicas ou tecnológicas avançadas de hoje, no século XXI. Daí a capacidade fantástica que o homem tem atualmente nas áreas da informática, das astronáutica, da medicina etc. O homem chegou a esse nível assombroso de progresso, exatamente, pelo germe da inteligência evolutiva com o qual foi criado e pelo qual vem evoluindo e criando essas proezas científico-tecnológicas ao longo dos séculos.
         Essa evolução material acontece paralelamente ao progresso espiritual e moral do homem, ou mais precisamente, do seu Eu maior ou personalidade geral, chamada também de personalidade congênita, isto é, do que espírito que ele é e habitando, inúmeras vezes, um corpo carnal aqui, no nosso mundo físico, justamente para aperfeiçoar-se, buscando o progresso espiritual e material. Aliás, o ser que mais evolui é justamente o espírito com seu intelecto. É só olharmos para o homem das cavernas e o de hoje, para que constatemos a grande evolução ou o grande progresso intelectual que esse homem de hoje conseguiu em relação ao homem daquele longínquo passado. E, se não houvesse a reencarnação para aqueles espíritos que mais pareciam bichos do que gente, é como se Deus os discriminasse, dando tanto conforto para os homens de hoje e nenhum conforto para aqueles homens primitivos!
         O progresso espiritual (moral) deveria ser equivalente ao material, mas, geralmente, o material vai mais rápido. Isso porque, primeiramente, temos que ter conhecimento da verdade, para depois optarmos entre ela e o erro. Por isso, o excelso Mestre disse: “Conhecereis a verdade, e ela vos libertará”. Porém existem pessoas, moralmente, muito atrasadas, isso porque são espíritos humanos mais novos.
         A principal evolução é a do espírito, seja no campo espiritual e moral, seja na área material ou tecnológico-científica. E quando se fala em progresso moral e espiritual, trata-se da evolução ou crescimento da prática do amor cristão, que é o efeito da verdadeira e da mais importante evolução do espírito.
         E as religiões capengam quando não buscam colocar em primeiro plano o progresso da prática da doutrina cristã, ou seja, do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, doutrina que, embora com outros nomes, está presenta em todas as crenças!”.

(JOSÉ REIS CHAVES. Teósofo e biblista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de janeiro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de janeiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CHRISTINA FABEL, Diretora Pedagógica do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Individualidade emocional
        As palavras de ordem da nova geração parecem ser “inteligência emocional”. Fala-se muito sobre a necessidade de controle e equilíbrio das emoções em situações como vestibulares e no mercado de trabalho. O novo imperativo do século sempre existiu, porém, só começou a ser levado em conta pelos profissionais de psicologia e educação nesta década. Entender como cada estudante reage a situações rotineiras é o primeiro passa para preparar as crianças e adolescentes para atuarem de forma ponderada em qualquer ambiente.
         A inteligência emocional não é um dom para poucos. Ao contrário do que se acredita, é possível desenvolver habilidades e competências emocionais ao longo da vida. Nenhum ser humano é imutável e preserva em si as mesmas características durante toda a existência. O que nos faz grandiosos é a habilidade de nos adaptarmos a novas realidades à medida que elas ocorrem. Por isso, o primeiro passo é o autoconhecimento. A capacidade de identificar os talentos natos, pontos fortes e fracos, é essencial para quem deseja crescer e se desenvolver.
         As habilidades emocionais acompanham o ser humano desde a gestação. Muitos especialistas pesquisam como as situações vividas pela mãe, durante a gravidez, são capazes de moldar a forma como a criança se portará depois do nascimento. Por isso, é importante que esse período gestacional seja rico em experiências e vivências positivas para a mãe e o bebê. A estrutura familiar é um fator preponderante desde a fecundação.
         Depois do nascimento, a criança passará algum no seio familiar e logo será matriculada em uma escola infantil. Nesse momento, a sua rede de relacionamentos se expande e, com isso, aumentam as chances de o indivíduo ser contrariado ou exposto a situações que podem se contrapor às suas vontades. Dividir um brinquedo ou a atenção da professora com os colegas nem sempre é fácil para crianças criadas em ambientes cujo único foco eram elas. Por isso, os desafios emocionais são colocados em xeque.
         Depois de muitos anos, a pedagogia começa a entender que é preciso diferenciar o desempenho de alunos pela forma como reagem a esse tipo de situação rotineira. Antigamente, os estudiosos acreditavam que um bom aluno era aquele que tinha um bom resultado em todas as matérias e excelente desempenho em exames e vestibulares. Hoje, já se sabe que um estudante bom é aquele que utiliza a inteligência emocional para extrair do conhecimento o que ele pode lhe dar de melhor. Esse aluno nem sempre tem a melhor nota em todas as disciplinas, mas é excelente em algumas, e usa sua capacidade emocional para lidar com as que tem dificuldade, garantindo um desempenho satisfatório.
         As novas metodologias de ensino, baseadas na neurociência, aproveitam as situações reais e os jogos para desenvolver esse tipo de habilidade desde a infância. É importante dizer que nenhum tipo de curso, ou atividade de curta duração, é capaz de tornar uma pessoa autossuficiente e equilibrada. A inteligência emocional é desenvolvida por meio de situações e não de práticas. Vivenciar é a melhor forma de desenvolver-se.
         O maior mérito dessa nova geração que chega ao mercado de trabalho é desenvolver a profissão escolhida com excelência, partindo os princípios da autossegurança e do equilíbrio entre razão e emoção. O caminho para alcançar essa estado de espírito é a criatividade e a vivência social baseadas no autoconhecimento. Quem não gostaria de trabalhar com o que gosta com leveza? Finalmente, as escolas parecem ter encontrado o caminho para a formação profissional fundamentada na individualidade e não somente nos cálculos estatísticos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas  – a propósito, fala do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “De nada adianta os órgãos trabalharem na apuração de casos de corrupção se o sistema político baseia-se em procedimentos corruptores e lesivos ao interesse público...” –, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!
        
  


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA EDUCAÇÃO E A SOLIDEZ DA FAMÍLIA

“Educação, o maior capital
        Houve um tempo em que o conhecimento intelectual era privilégio de pessoas abastadas e de família de classe alta. Cultura e conhecimento estavam diretamente ligados a dinheiro. Mesmo na era contemporânea, estudar, fazer uma faculdade, especializar-se eram prerrogativas de pessoas ricas. Felizmente, isso está mudando. O conhecimento e a cultura estão cada vez mais acessíveis a todos.
         Aqueles que desejam aprender, evoluir, acrescentar saber à própria vida já conseguem isso, com mais ou menos esforço, o que é muito bom. Contudo, ainda existe o desafio de incutir nas pessoas o verdadeiro valor do conhecimento, o prazer e os privilégios gerados. A assimilação precisa se dar, desde a infância, em um processo crescente de aprendizado e conscientização sobre a importância em nossa vida por meio das famílias. Capital financeiro nem sempre está associado a capital intelectual.
         Ainda nos deparamos com situações em que o capital financeiro é colocado como mestre, fator decisivo para todas as etapas do ensino. O consumismo exagerado leva muitas pessoas a entenderem a riqueza financeira como o bem maior, a mola mestra de toda a estrutura humana, seja cultural, seja social, seja familiar. Essa compreensão errada é levada para as salas de aula: da educação infantil à faculdade. Esse conceito de superioridade baseado no capital financeiro é uma ideia infeliz, mas muito mais presente do que se pensa.
         Existem alunos que se julgam acima das regras escolares e até do poder público, porque têm boas condições financeiras. Entendem que o dinheiro da família pode “comprar” notas e garantir sua aprovação. Entretanto, se assim fosse, o que seria dos que têm menos recursos financeiros? Estariam fadados ao analfabetismo, à clausura cultural, à eterna inanição mental de conhecimento? Não é assim que se dá o aprendizado. Ele se faz pelo anseio constante de crescimento, pelo prazer de se sentir mais capacitado a cada passo dado, mais perto da realização de sonhos, de metas estabelecidas. Isso é uma questão de princípios aprendidos e desenvolvidos com a família, com exemplos e com a decisão de querer aprender.
         Há aqueles que consideram o dinheiro moeda de compra do troféu dos vencedores. Entretanto, essa não é uma disputa de poder, de riqueza material, mas uma escalada de esforço e perseverança que tem não apenas um, mas vários vencedores, diversos primeiros lugares, porque o sucesso é dos que acreditam no próprio potencial e fazem da educação a ferramenta para esculpir a vitória almejada. Em contrapartida, muitos estudantes que passam por privações financeiras e têm enorme garra para aprender. Eles não consideram as dificuldades como impedimentos, mas como obstáculos a serem vencidos na corrida rumo ao pódio. Para eles, a educação é o bem maior e é ela que vai conduzi-los a um estilo de vida melhor. Não existe cansaço ou falta de tempo que os impossibilite de cumprir as etapas do currículo escolar.
         Os pais devem ensinar aos filhos o valor da educação como capital intelectual. A família é a fonte de valores do indivíduo e deve, antes de tudo, semear o valor do conhecimento e a paixão pelos estudos. A educação (leia-se conhecimento) é um tesouro que ninguém pode nos tirar, um dos bens mais valiosos que os pais podem deixar aos filhos como herança.”

(CHRISTINA FABEL. Diretora pedagógica do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de dezembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de janeiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Família, aposta decisiva
        A família tradicional nos Estados Unidos está em crise. Menos da metade dos lares norte-americanos é chefiada por casais casados. No Brasil, embora em escala menor, a situação não é menos chamativa. O mapa da família brasileira mostra uma tendência comportamental na linha da informalidade matrimonial. O debate está aberto. O legislador e a sociedade devem buscar ativamente maneiras de apoiar o casamento? Ou, ao contrário, devem oferecer mais direitos e benefícios às fórmulas alternativas de uniões?
         Para a jurista Leah W. Sears, ex-presidente da Suprema Corte do estado norte-americano da Geórgia, “um direito de família que não incentiva o casamento ignora o fato de que ele é associado a um amplo leque de resultados positivos tanto para crianças como para adultos”. A seu ver, “os índices elevados de fragmentação da família estão prejudicando as crianças”. E conclui a juíza: “Claro, muitos pais solteiros fazem um excelente trabalho e precisam do nosso apoio. Mas acredito que construir uma cultura do casamento saudável é uma preocupação legítima para o direito da família”.
         Concordo com a opinião de Leah W. Sears. A balança do bom senso pende para o lado da família. E a experiência confirma a percepção. Estudos mostram que crianças criadas fora do casamento estão mais propensas a abandonar a escola, usar drogas e envolver-se em violência. O Child Trends, um instituto de pesquisa norte-americano, resumiu: “Filhos em famílias com um só dos pais, filhos nascidos de mães solteiras e filhos criados na nova família de um dos pais ou em relações de coabitação enfrentam riscos maiores de ficarem pobres”. Contra fatos não há argumentos.
         Não sou juiz de ninguém. Mas minha experiência profissional indica a presença de um elo que dá unidade às manifestações antissociais de inúmeros adolescentes: a fragilização das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e patologias independem da boa vontade dos pais. A regra, no entanto, indica que a criminalidade infantojuvenil costuma ser o resultado de um silogismo que se fundamenta em premissas bem concretas. A desestruturação da família está, de fato, na raiz de inúmeros problemas.
         Falta de limites e tolerância mal-entendida produziram muitos estragos. Alguns educadores, pais e psicólogos gastaram a maior parte dos seus esforços no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que os adolescentes se sentissem bem consigo mesmos. O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. A formação do caráter, compatível com o clima de autêntica liberdade, começa, aos poucos, a ganhar os contornos de solução válida. A pena é que tenhamos perdido tanto tempo para redescobrir o óbvio.
         O resgate da juventude passa pelas políticas públicas de recuperação da família (família sadia é, em todo o mundo, a melhor receita para a paz), pelo retorno ao bom senso e pela valorização do casamento. Os conflitos e as disfunções familiares devem ser levados em conta. Mas ao Estado, como é lógico, compete fortalecer, e não enfraquecer, o núcleo familiar. Trata-se de uma responsabilidade que deve ser exigida e cobrada pela sociedade e pelos eleitores. A crise ética que castiga amplos segmentos da vida pública brasileira, fenômeno impressionante e desanimador, tem seu nascedouro na crise da família. A ausência de valores e princípios éticos no âmbito da educação familiar deixa marcas profundas.
         Os homens públicos não são fruto do acaso, mas de sua história. Crianças que crescem num ambiente de busca obsessiva de dinheiro, conforto e poder, sem limites e balizas éticas, serão os delinquentes da vida pública de amanhã. A corrupção sem precedentes que fustigou o noticiário do ano passado e promete novas emoções no ano que começa tem raízes profundas. O trabalho da imprensa, do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal é importante, sem dúvida. Mas a virada ética, consistente e verdadeira, começa na família. A todos, sem ceder ao pessimismo, excelente 2015!”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País  no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a pedagogia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “... Corruptos e corruptores precisam conhecer o cárcere e precisam devolver os ganhos espúrios que engordaram suas contas, à custa da esqualidez do tesouro nacional e do bem-estar do povo. A corrupção também sangra e mata...”); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!