“Encerrando
o Ano da Fé
Com a celebração da
Festa de Cristo Rei do Universo, neste domingo, 23 de novembro, a Igreja
Católica no mundo inteiro se use, de maneira especial, ao papa Francisco, no
encerramento do Ano da Fé. O papa emérito Bento XVI foi quem convocou a
vivência do Ano da Fé, iniciado em 11 de outubro de 2012, quando se celebrava o
cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Uma data relevante para a
vida e missão da Igreja na sua tarefa de fazer de todos discípulos e discípulas
de Jesus. O grande propósito deste Ano da Fé foi exatamente a oportunidade para
um aprofundamento, compreensão e vivência da fé como experiência de encontro pessoal com Jesus, única pessoa
que pode dar à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte e, com isto, como
afirmou o papa Bento XVI, na sua carta encíclica Deus é Amor, uma direção decisiva.
Nessa
oportunidade oferecida, como necessidade permanente, está a importância de
apropriações conceituais fundamentais que norteiam a vida de modo diferente,
qualificando-a a partir de sua compreensão como dom de Deus. É claro que a fé
não é uma simples apropriação de conceitos. A importância deles na vivência do
dom da fé se define pela luz própria que razão indispensavelmente traz para que
a pessoa avance na direção da verdade que liberta completamente. O
bem-aventurado João Paulo II, na sua encíclica sobre a Fé e a razão introduz essa temática sublinhando que “a fé e razão
são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação
da verdade”. João Paulo II completa lembrando-nos que “foi Deus quem colocou no
coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de
conhecer a Ele, para que o conhecendo e amando-o possa também chegar à verdade
plena sobre si”.
A
razão é uma alavanca decisiva no caminho da vida humana, na vivência da
história, na construção da sociedade. É convincente e fácil de perceber,
analisando a história, que os descompassos da humanidade vieram das
irracionalidades. Basta pensar sobre guerras, exclusão social, manipulações e
autoritarismos. Determinante também é o dom da fé. Sua profunda compreensão e
sua vivência qualificam a cultura, corrigem os rumos da história e iluminam o
caminho da humanidade, proporcionando a experiência de sentido que faz a vida
valer a pena, ser construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
O dom
da fé é uma experiência que avança para além da razão, na sua notável
propriedade de alcançar lucidez para encontrar soluções. A luz da fé permite
lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da
existência humana: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe
o mal? O que existirá depois desta vida?”. Somente a fé permite lidar com o
mistério que essas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão
coerente. Essa consideração convence de que a fé não se reduz a simples
sentimento. Também não pode ser compreendida como um caminho que apenas traz
soluções imediatistas, para desgastes existenciais comuns na contemporaneidade.
Menos ainda deve ser buscada como produção de experiências milagreiras,
promessa de mesquinhas prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do
usufruto irracional das fragilidades humanas.
O ano
especial que se encerra no próximo domingo reforça a importância de viver a fé
como dom. Concretamente, vale prestar atenção, analisar e avaliar, como
exemplo, o grande patrimônio de 300 anos da cultura mineira. Nele se pode
constatar convictamente o papel decisivo e qualificador da fé cristã,
particular e reconhecida referência à fé cristã católica, gerando um conjunto
cultural, histórico, artístico e religioso que abrange toda a Minas Gerais.
Este Ano da Fé, relembra o papa Francisco, na sua primeira encíclica, permitiu
viver, cotidianamente, o empenho para recuperar o caráter de luz que é próprio
da fé. O papa lembra que, quando essa luminosidade se apaga, todas as outras
luzes acabam por perder o seu vigor. A fé é o caminho para o amor, que
verdadeiramente transforma a vida. É hora de investir na vivência autêntica,
profética e comprometida da fé, na cultura da paz, apelo e meta no encerramento
deste ano especial.”
(DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO. Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição
de 22 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO,
página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
25 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de CARLOS
ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do
Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela
Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral
transcrição:
“Brasil
na banguela
Sou otimista. Acho que
o Brasil é maior que seus problemas. Mas não sou cego. O Brasil está na
banguela. Corrupção crescente, educação detonada e gestão pública incompetente,
não obstante as lantejoulas do marketing político, começam a apresentar sua
inescapável fatura. E a sociedade está acordando. As ruas, em junho deste ano,
deram os primeiros recados. A violência black bloc, um desvio condenável e
inaceitável dos protestos, precisa ser lida num contexto mais profundo. Há um
cansaço do Estado ineficiente, corrupto e cínico. E a coisa não se resolve com
discursos na TV, mas com mudanças efetivas.
Corrupção
endêmica e percepção social da impunidade compõem o ambiente propício para a
instalação de um quadro de desencanto cívico. Alguns, equivocadamente,
vislumbram uma relação de causa e efeito entre corrupção e democracia. Outros,
perigosamente desmemoriados, têm saudade de um passado autoritário de triste
memória. Ambos, reféns do desalento, sinalizam um risco que não deve ser
subestimado: a utopia autoritária.
O
fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à
incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, Dilma, José Sarney, Fernando
Collor e Maluf, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo barco, paira no
ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão
opostos? Interesse. Só interesse. Os fisiologistas têm carta branca para gozar
as benesses do poder. Os ideológicos, lenientes e tolerantes com o apetite dos
fisiológicos, recebem deles o passaporte parlamentar para avançar no seu
projeto autoritário.
A
arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do “habite-se” na força
cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário o que menos interessa
é gente educada, gente que pense. Educação de qualidade, nem falemos. O sistema
educacional brasileiro é um desastre, Multiplicam-se universidades, mas não se
formam cidadãos, homens e mulheres livres, bem formados, capazes de desenvolver
seu próprio pensamento, conscientes de seus direitos e de seus deveres. Há,
sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil no declive de uma
unanimidade, que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra.
Nós, jornalistas, precisamos trazer os candidatos para o terreno das
verdadeiras discussões. É preciso saber o que farão, não com chavões ou com o
brilho do marketing político, mas com propostas concretas em três campos:
educação, infraestrutura e ética.
A
competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando
comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da nossa
educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação
mínima é um gritante atestado do descalabro da educação brasileira.
Governos,
independentemente de seu colorido partidário, sempre números chamativos. E daí?
Educação não é prédio. E muito menos galpão. É muito mais. É projeto
pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do
cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia. Só a educação de qualidade
será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país
fundamentalmente exportador de commodities para entrar, definitivamente, no
campo da produção de bens industrializados.
Para
isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem.
Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só
publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão. Nós, jornalistas
sucumbimos com frequência ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia
presidencial com o futuro do pré-sal. Mas como andam os projetos reais que
separam a propaganda da realidade? É por aí que devemos ir.
Tudo
isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro
público desaparece no ralo da impunidade. Queixa-se a sociedade da impunidade
radical. Seis anos depois de aceitar a denúncia do mensalão, o Supremo Tribunal
Federal determinou a prisão dos principais condenados no esquema de corrupção
do governo Lula. É uma decisão histórica e um claro divisor de águas.
Educação,
infraestrutura e ética podem mudar o destino do Brasil.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, cultura, econômicas, financeiras e ambientais, de modo
a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres,
civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a)
a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, nas creches; 4 e 5 anos de
idade, nas pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos
nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas
políticas públicas;
b)
o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de vária ordem (por exemplo, a própria “pedagogia” do processo
do mensalão); III – o desperdício, em
todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c)
a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o
Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de
R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de
2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século
21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...