“No
decorrer da vida deve-se perceber quando uma etapa se encerra
Um dos
motivos pelos quais a vida nova não se implantou ainda na Terra é o fato de os homens
não saberem estar sem lutas, sem conflitos, sem caprichos e desejos. Uma pérola
sagrada não tem seu verdadeiro valor reconhecido se aquele a quem ela é
entregue não está desperto.
Antes
que a nova vida possa emergir de modo mais pleno no planeta ou em um ser, são
necessárias algumas condições como: amar acima de tudo a Luz, tendo esse amor
como alento, alegria, paz e preenchimento; ter olhos abertos para reconhecer a
tarefa que cabe à consciência, cumprindo-a sem restrições; não fugir das
tribulações, mas estar diante delas com paciência e fé; nutrir laços com o
núcleo interior que existe em cada ser, núcleo de energia ígnea, como fogo
ardente capaz de dissipar tenazes resistências, de erguer o ser e acender nele
o ardor da persistência.
Muitos
indivíduos que vivem nesta época trazem uma energia que desvela novos rumos.
Manifestam disponibilidade para assumir tarefas que intimidariam outros, pelas
dificuldades que podem apresentar. Esses seres são fundamentais na atual
situação planetária; com os caminhos abertos por pioneiros anteriores,
aproxima-se o momento da concretização de uma nova vida e essa energia
desbravadora poderá ser canalizada para setores mais amplos e profundos do
Plano Evolutivo – o Plano de Deus.
A
humanidade deve atingir padrões de conduta mais elevados. Para tanto, vem sendo
preparada há milênios. E em meio ao caos externo que se expande atualmente, é
possível perceber algo diferente, essencial para que caminhos corretos possam
ser trilhados. Esse algo, humilde e silencioso, é o fogo que trará o novo dia
Sábios
são os que encontram a si mesmos e, do seu mais profundo centro, obtêm os
sinais de que necessitam. Não querem atingir ponto algum nem permanecer onde
estão. Não interrompem sua jornada, mas não têm ansiedade por chegar ao final
dela.
Todos
têm uma meta a atingir, passos a dar, degraus a galgar; e uma inquietude leva
hoje as consciências a buscarem algo que vá ao encontro de suas necessidades
internas. E mesmo que forças materiais tentem envolver os indivíduos, muitos já
sabem que não é por meio delas que encontrarão a paz.
Por
isso, é necessário perceber quando uma etapa realmente se encerra no próprio
ser, desencadeando a transferência da energia para um plano mais interno. É um
momento delicado que requer silêncio, entrega e ausência de expectativas. Esse
salto interior só pode ser dado pelo próprio ser.
A
clareza de intenções e a determinação para prosseguir de modo firme e com
alegria devem estar presentes. Sublime é a conjuntura interna que apoia os
seres abertos ao serviço incondicional pelos seus semelhantes, pela Natureza e
pelo planeta. A gratidão transforma-os em tochas ardentes, irradiadoras de luz.
O
coração dos pioneiros transborda quando tocado pela luz e aqueles que já
superaram as ilusões sabem que, assim como a luz vem, ela se vai e se recolhe.
Na presença da luz, que o ser mergulhe no mar de sabedoria, amor e poder. Na
sua ausência, que procure estar disponível para que, quando ela voltar,
encontre as portas abertas.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de
fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página
9, de autoria de FREI BETTO, que é
escritor, autor de A mosca azul –
reflexão sobre o poder (Rocco), entre outros livros, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Desafios
à Celac
Em nenhuma outra região
há, nas últimas três décadas, mudanças tão significativas quanto na América
Latina e no Caribe. A II Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e
do Caribe (Celac), reunida em Havana, em 28 e 29 de janeiro, refletiu esse
processo renovador e os desafios que se apresentam aos 33 países – 600 milhões
de habitantes – que integram o organismo criado, oficialmente, em Caracas, em 3
de dezembro de 2011.
Cuba
propôs fortalecer a luta contra a pobreza, a fome e a desigualdade, e declarar
o continente “zona de paz”, livre sobretudo de armas nucleares. A Celac
condenou o criminoso bloqueio dos EUA a Cuba; apoiou a soberania argentina
sobre as Ilhas Malvinas; e respaldou a independência de Porto Rico e seu
posterior ingresso no organismo.
Como
instituição de articulação política, a Celac tem o mérito de excluir a
participação dos EUA e do Canadá, que sempre trataram a América Latina e o
Caribe como seu quintal. Após o fracasso do Tratado de Livre Comércio entre os
EUA e o México (Nafta), e o Chile como associado, e a rejeição da proposta da
Área de Livre Comércio das Américas (Alca) pela maioria dos países do
continente, este iniciou seu percurso por um caminho próprio. A América Latina
e o Caribe atingiram, enfim, a sua maioridade.
Muitos
fatores contribuíram para esse avanço. Primeiro, a resistência, a persistência
e a permanência da revolução cubana, que não sucumbiu frente às agressões dos
EUA nem em consequência da queda do Muro de Berlim e do esfacelamento da União
Soviética. Vieram, em seguida, a rejeição eleitoral aos candidatos que
encarnavam a proposta neoliberal e a vitória daqueles identificados com as
demandas populares, em especial dos mais pobres: Chávez, Daniel Ortega, Lula,
Bachelet, Kirchner, Mujica, Correa, Morales etc.
Vários
organismos foram criados para fortalecer a integração continental: Alba,
Unasul, Caricom, Aladi, Parlatino, Sica etc. Muitas dificuldades, entretanto,
se configuram no horizonte. Nessa economia globalizada e hegemonizada pelo
capitalismo neoliberal, a crise de moedas fortes, como o dólar e o euro, afeta
negativamente os países do continente. Embora haja avanços no combate à extrema
pobreza, ainda hoje a região abriga 50 milhões de miseráveis; os salários pagos
aos trabalhadores são baixos frente aos custos inflacionados das necessidades
vitais; a desigualdade social cresce vertiginosamente (dos 15 países mais
desiguais do mundo, 10 se encontram no continente).
Na
Europa, onde a crise econômica desemprega 30 milhões de pessoas, a maioria
jovens, já não há uma esquerda capaz de propor alternativas. O Muro de Berlim
desabou sobre a cabeça de partidos e militantes de esquerda, quase todos
cooptados pelo neoliberalismo. Nos países da Celac, a história dependência de
suas economias ao mercado externo dá indícios de uma crise que tende a se
agravar. Os índices de crescimento do PIB caem; a inflação ressurge; e se
agravam a desindustrialização e o êxodo rural com a consequente expansão do latifúndio.
Não
basta ter discursos e políticas progressistas se não encontram correspondência
e adequação nos programas econômicos. E nossas economias continuam sob pressão
de países metropolitanos; de organismos inteiramente controlados pelos donos do
sistema (FMI, Banco Mundial, OCDE etc.); de um sistema de tarifas, em especial
do preço de alimentos, intrinsecamente injusto, e segundo o qual os lucros
privados do mercado têm mais importância que a vida das pessoas. Este dado da
Oxfam, divulgado em 16 de janeiro, retrata o mundo em que vivemos: 85 pessoas
no planeta possuem, juntas, uma fortuna de US$ 1,7 trilhão, a mesma renda de
3,5 bilhões de pessoas – metade da população mundial.
Todos
os governos progressistas que, hoje, se congregam na Celac sabem que foram
eleitos pelos movimentos sociais e pelos segmentos mais pobres que constituem a
maioria da população. No entanto, será que há um efetivo trabalho de organizar
os segmentos populares? Há uma metodologia que vá além de meras “palavras de
ordem” (consignas) e que imprima senso revolucionário nos cidadãos? Os
movimentos sociais são protagonistas de políticas de governos ou meros
beneficiários de programas de caráter assistencialista e não emancipatório de
combate à pobreza?
A
cabeça pensa onde os pés pisam. Nossos governos progressistas correm o sério
risco de se verem sucumbidos pela contradição entre política de esquerda e
economia de direita, caso não mobilizem o povo para implementar reformas
estruturais.
Como
dizia Onelio Cardozo, as pessoas têm “fome de pão e de beleza”. A primeira é
saciável; a segunda, infindável. Isso significa que o desejo humano, que é infinito,
só deixará de ser refém do consumismo e do hedonismo – tentáculos do
neoliberalismo – se tiver saciado sua fome de beleza, ou seja, de sentido à
existência, de emulação moral, de valores éticos capazes de moldar o homem e a
mulher novos.
Isso
não se alcança apenas com mais feijão no prato e mais dinheiro no bolso. E sim
com uma formação capaz de imprimir em cada cidadão e cidadã a convicção de que
vale a pena viver e morrer para que todos tenham a vida, e vida em abundância,
como disse Jesus (João, 10,10).
Retornamos,
assim, à questão da educação política. Por natureza, o ser humano é egoísta.
Porém, ninguém nasce reacionário, preconceituoso, machista ou racista. Tudo
depende da educação recebida. É a educação que desperta em nós o altruísmo, a
solidariedade, o amor, o senso de partilha e a disposição de sacrifícios em
função dos outros.
À
proposta de Raúl Castro de combater a miséria, a fome e a desigualdade, eu
acrescentaria a urgência de também combater a “pobreza de espírito” e “saciar a
“fome de beleza”, cultivando metodologicamente nas novas gerações e nos
movimentos sociais o anseio de construção de um mundo de homens e mulheres
novos.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta
a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abismais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade,
produtividade, competitividade); entre outros...
São gigantescos desafios, e bem o sabemos, mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do
PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...