(Fevereiro
= mês 6; faltam 18 meses para a Olimpíada de 2016)
“O
líder transformador
As grandes reflexões
das organizações da atualidade estão voltadas à sobrevivência e à perenidade do
negócio, pensando também em possíveis expansões dentro de um quadro mundial de
vulnerabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Tais desafios são
enfrentados pelas lideranças muitas vezes de maneira pouco conectada com a
realidade. Em outras palavras, muitos acreditam que a situação daquela
organização é transitória ou só é ali que as mudanças estão ocorrendo, muitas
vezes queixando-se do cenário e esperando a tempestade passar.
A
novidade é que a tempestade talvez não passe ou isso não ocorra de uma forma
simples. Desse modo, o novo cenário exige do líder a capacidade de engajar, de
gerir transições, de desenvolver as pessoas e a organização, de garantir a
eficácia do trabalho em grupo, além de lidar de uma forma construtiva com a
diversidade de ideias e cenários.
Para
que se obtenha êxito em situações como essas, é importante exercitar a
competência de atuar como um líder transformador, capaz de se transformar e de
transformar o outro para que o ambiente seja modificado, tornando-se hábil e
flexível. Atuar de forma transformadora exige muitas vezes abrir mão de dogmas,
conceitos e preconceitos, aprendendo a captar o que tem de melhor nele mesmo,
na sua equipe, pares e outros, colocando tais potencialidades a serviço de um
único propósito, atuando de forma conjunta.
Adam
Kahane foi um líder que atuou com foco em cenários transformadores na África do
Sul e ele traz em seu livro uma piada por meio da qual a população procurava
traduzir o cenário do país antes de sua atuação: “Temos apenas duas opções: a
prática e a milagrosa. A prática seria nos ajoelharmos e rezar para que os
anjos descessem do céu e resolvessem os problemas. A opção milagrosa seria que
nós conversássemos e trabalhássemos juntos”.
Adam Kahane, então
executivo da Shell, atuou fortemente naquela realidade, e em conjunto com
lideranças locais divergentes conseguiu evoluções significativas na sociedade
sul-africana, até porque compreendia que se essa realidade não se modificasse,
dificilmente a empresa que ele representava conseguiria sobreviver ali.
Ele coloca que o
primeiro passo para a transformação de qualquer cenário é transformar a
compreensão, ou seja, a forma como vemos as coisas, uma nova perspectiva,
identificando o seu papel e procurando partilhar as percepções. O segundo passo
é transformar os relacionamentos, aprendendo a compartilhar, ampliando a
empatia e a confiança nos outros atores do processo. Em seguida, devem-se
transformações as intenções, ou seja, o compromisso e a vontade fundamental de
fazer as coisas acontecerem. E, por fim, transformar as ações, mas isso só é
possível se os três passos anteriores forem cumpridos.
O relacionamento com as
pessoas, compreendendo e respeitando as diferenças, invocando o melhor delas,
abrindo diálogos francos e criando propósitos comuns, pode significar a
diferença entre o sucesso ou o fracasso de um líder em sua jornada
transformadora. Na atuação como líder transformador é fundamental inspirar as
pessoas, e essa inspiração pode ser conquistada de diversas maneiras, mas em
geral ela passa pela forma como esse líder constrói e comunica um propósito,
pela coerência entre o que fala e como age, pela contribuição no
desenvolvimento das pessoas, pelo legado que deixa, entre outras coisas.
É importante ressaltar
que a liderança inspiradora se insere em um determinado ambiente, que tem seu
cenário, sua cultura e suas crenças. Liderar pessoas exige conhecer em
profundidade esse ambiente, conhecer a si mesmo e conhecer o outro. As pessoas
têm suas motivações, as suas razões para produzir e se engajar. O líder
inspirador facilita os caminhos do engajamento, principalmente em momentos de
mudança.”
(GEOVANA
MAGALHÃES. Gerente de desenvolvimento de lideranças e engajamento da
LHH/DBM do Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de janeiro de 2015, caderno ADMITE-SEClassificadosESTADO DE MINAS, coluna MERCADO DE
TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2
de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página
9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI
FRANCO, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que
merece igualmente integral transcrição:
“Jornalismo,
alma e rigor
Antes da era digital,
em quase todas as famílias havia um álbum de fotos. Lá estavam as nossas
lembranças, os nossos registros afetivos, a nossa saudade. Muitas vezes,
abríamos o álbum e a imaginação voava. Era bem legal.
Agora,
fotografamos tudo e arquivamos compulsivamente. Nosso antigo álbum foi
substituído pelas galerias de fotos de nossos dispositivos móveis. Temos
overdose de fotos, mas falta o mais importante: a memória afetiva, a curtição
daqueles momentos. Fica para depois. E continuamos fotografando e arquivando.
Pensamos, equivocadamente, que o registro do momento reforça sua lembrança, mas
não é assim. Milhares de fotos são incapazes de superar a vivência de um
instante. É importante guardar imagens. Mas é muito mais importante viver cada
momento com intensidade.
Algo
análogo, muito parecido mesmo, ocorre com o consumo da informação. Navegamos
freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a
inteligência. Ficamos reféns da superficialidade. Perdemos contexto e
sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação
de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do
nosso diário personalizado. Será? Não creio, sinceramente. Penso que há uma
crescente nostalgia de conteúdos editados com alma, rigor, critério e qualidade
técnica e ética. Há uma demanda reprimida de reportagem. É preciso reinventar o
jornalismo e recuperar, num contexto muito mais transparente e interativo, as
competências e a magia do jornalismo de sempre. É preciso olhar para trás para
dar saltos consistentes.
Jornalismo
sem alma e sem rigor. É o diagnóstico de uma doença que contamina inúmeras
redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro de
asfalto. As empresas precisam repensar os seus modelos e investir poderosamente
no coração. É preciso dar novo brilho à reportagem e ao conteúdo bem editado,
sério, preciso, isento. O prestígio de uma publicação não é fruto do acaso. É
uma conquista diária. A credibilidade não se edifica com descargas de
adrenalina.
É
preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos. O
bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história. Na
verdade, a batalha da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada,
da preguiça profissional e da incompetência arrogante. Todos os manuais de
redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Mas
alguns procedimentos, próprios de opções ideológicas invencíveis, transformam
um princípio irretocável num jogo de aparência.
A
apuração de mentira representa uma das mais graves agressões à ética e à
qualidade informativa. Matérias previamente em guetos sectários buscam a
cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é
honesta, não se apoia na busca da verdade, mas num artifício que transmite um
simulacro de isenção, uma ficção de imparcialidade. O assalto à verdade culmina
com uma estratégia exemplar: repercussão seletiva. O pluralismo de fachada,
hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o
repórter quer ouvir. Mata-se a notícia. Cria-se a versão.
A
crise do jornalismo está intimamente relacionada com a perda de qualidade do
conteúdo, com o perigoso abandono de sua vocação pública e com sua equivocada
transformação em produto mais próprio para consumo privado. É preciso recuperar
o entusiasmo do “velho ofício”. É urgente investir fortemente na formação e
qualificação dos profissionais. O jornalismo não é máquina, tecnologia, embora
se trate de suporte importantíssimo. O valor dele se chama informação de alta
qualidade, talento, critério, ética, inovação.
Sem
jornalismo público, independente e qualificado, o futuro da democracia é
incerto e preocupante. O jornalismo precisa recuperar a vibração da vida, o
cara a cara, o coração e a alma.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas
educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de
modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (a propósito, e mais uma vez, a taxa de
juros do cheque especial encerrou 2014 no escorchante patamar de 200,6%,
segundo o Banco Central...); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem; III – o desperdício, em todas
as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e diante de novas facetas, a
agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de
exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e
nem arrefecem o nosso entusiasmo e
otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação
verdadeiramente participativa, justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as
obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era
da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!