segunda-feira, 23 de março de 2015

A CIDADANIA, A UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS DA ÁGUA E OS CAMINHOS DA VERDADE E DO DIÁLOGO

“Água, direitos e deveres de todos
        O tema  do Dia Mundial da Água deste ano, que se comemora amanhã (22/3), “Água e Desenvolvimento Sustentável” – instituído pela UM-Water, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que coordena ações em assuntos sobre água doce e saneamento –, não poderia  ser mais adequado ao momento que estamos vivendo. Parece até um recado direcionado aos brasileiros, mas não é. O fato é que o mundo precisa entender que a água é um recurso precioso e finito e que, se não for bem cuidado, trará sérias consequências a todos. Não se pode ignorar que, sem água, não há vida.
         Ao longo dos últimos anos, a mensagem de especialistas tem sido a mesma: alertar sobre as crescentes dificuldades em fornecer água em quantidade e qualidade a todos. Discussões e debates em todos os níveis e esferas se arrastam em torno do mesmo apelo. Seja a população, o setor público ou privado, todos precisam abrir os olhos, já que a água é um bem essencial para o planeta.
         Usufruir de saneamento básico potável é direito essencial garantido constitucionalmente no Brasil. Mas e os deveres, quem os administra? Não adianta olhar o problema apenas como responsabilidade dos outros. Cada um de nós tem o direito de cobrar a universalização de saneamento básico e de água potável, mas também temos responsabilidades. Não acreditamos que o estresse hídrico vivido no momento pela Região Sudeste do país seja contingencial. Acreditamos sim ser um novo paradigma e, como tal, deve-se considerar que a água é um bem precioso e que deve estar submetido a uma ampla gestão integrada de nossos recursos hídricos.
         O sétimo item da Declaração Universal dos Direitos da Água diz que: “A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis”. Infelizmente, é para isso que estamos caminhando se providências não forem tomadas rapidamente. E de quem seria essa responsabilidade? Respondo: de todos, afinal, direitos e deveres existem para todos.
         De um lado, a população cumprindo com a sua parte, economizando, utilizando o recurso de forma responsável, fazendo descartes de maneira correta, não desmatando, plantando. De outro o poder público e a sociedade civil organizada investindo continuamente em tecnologia e educação. É preciso aplicar recursos em obras que garantam o abastecimento de água. Não acreditamos em soluções paliativas e de curto prazo. São necessárias para a situação emergencial presente, mas somos todos chamados a pensar em soluções sustentáveis e de longo prazo.
         Segundo o relatório Progress on Sanitation and Drinking-Water 2014, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), existem ainda hoje cerca de 7 milhões de brasileiros sem acesso a instalações hidrossanitárias adequadas. De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), o custo para universalizar o acesso aos quatro serviços do saneamento (água, esgotos, resíduos e drenagem) é de R$ 508 bilhões, no período de 2014 a 2033. Considerando apenas água e esgoto, o valor gira em torno de R$ 303 bilhões. Ou seja, ainda temos um longo caminho a percorrer até atingirmos a universalização do saneamento básico no país.
         Indústrias, comércio, prefeituras, órgãos públicos e privados, e até mesmo cidadãos comuns, têm adotado boas práticas no seu dia a dia e muitos fazem uso das tecnologias disponíveis no mercado, como estações compactas para tratamento de esgoto sanitário (ETEs), que permitem o reuso da água tratada para fins não potáveis. São exemplos a serem seguidos em todas as esferas, uma vez que contribuem sobremaneira para preservação dos recursos hídricos, redução da poluição de rios e mananciais, redução de casos de doenças e melhoria na qualidade de vida.”

(HÉLCIO DA SILVEIRA. Diretor da Mizumo, especializada em soluções para tratamento de esgoto sanitário, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 20 de março de 2015, mesmo caderno, página 5, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Diálogo e insatisfação
        A onda de insatisfação popular neste momento da sociedade brasileira é interpelativa. Essa interpelação precisa afetar desde os governos, passando por todas as instituições, religiosas, educativas e culturais, até os ambientes familiares, envolvendo cada cidadão em particular. A lista das insatisfações inclui, prioritariamente, os rumos da governabilidade, os funcionamentos no conjunto da sociedade, como também não exclui o que é de caráter estritamente existencial.
         O momento está caracterizado pelo peso de exigências que parecem inatingíveis. Projeta, numa vala de lamentações e desânimos, a credibilidade que deveria sustentar os processos e impulsionar inovações capazes de apontar as saídas para as crises que se abatem sobre esta pobre sociedade. Pobre, sobretudo, porque,  tendo a oportunidade de se organizar adequadamente, carece de líderes competentes para imprimir rumos novos aos processos, envergadura às instâncias ocupadas e inventividades que não permitam o encastelamento de chefias e representações no gênero literário próprio do profeta Jeremias: a lamentação.
         Agora, em meio à crise, é hora de aprendizagem. De utilizar o desafio próprio do interno de toda crise – econômica, política, existencial – para desenvolver a capacidade de conduzir processos e legar à cultura, tecido constituinte da sociedade, um horizonte novo. De partir da crise para criar a consistência mais adequada e, assim, não correr o risco de perder o que se tem de bom e, mais terrivelmente, não conseguir avançar, abrindo mão das oportunidades. Alguns focos são importantes e decisivos neste momento do país, como também acontece na vida de cada cidadão. A perda de foco e o desespero de abraçar tudo e todos ao mesmo tempo  podem ser fatais, a exemplo de um náufrago que se debate muito, perdendo as forças e a chance de continuar a viver, bem próximo do porto procurado.
         Entre os focos essenciais neste momento, como reação e resposta, é fundamental incluir a importância capital das lideranças que precisam despontar nos diferentes ambientes e no coração das instituições. Como bem advertem os que refletem sobre o assunto, não se está à procura de chefes, mas de líderes. A liderança se constrói essencialmente pelo caminho determinante do foco para este momento, que é o diálogo. Nossa cultura precisa exercitar-se na capacidade do diálogo, o que não significa muita conversa, pois se conversa muito, fala-se sobre tudo, até mesmo daquilo que não é da própria conta. Mas o resultado são conchavos interesseiros. Tramam-se derrubadas e impõem-se prejuízos para os outros. A mesquinhez da cultura da disputa e da incompetência humana e profissional produz o fracasso do outro e a ascensão daquele que passa a ocupar o lugar vazio sem o esforço honesto e qualificado.
         A escassez de líderes, em todos os níveis, ocasionada pela falta do diálogo, tem criado e reforçado uma cultura mesquinha cujas soluções se dão exclusivamente pelo prisma do dinheiro. A economia, então, torna-se perigosa arma, e não instrumento de regulações para garantir a solidariedade e a justiça. Ao contrário, produz privilégios e perpetua a exclusão social. A ausência de lideranças e do diálogo vai deixando os funcionamentos institucionais, religiosos, políticos e governamentais em campo de guerra onde uns lutam contra os outros, instigados pelos ciúmes e pelas invejas que envenenam e corroem.
         Para superar os aspectos negativos dessa realidade, o enfrentamento da crise e tudo o que ela envolve, em respeito à onda de insatisfação popular, deve-se eleger o diálogo como prioridade. Esse pode ser o mecanismo para reconfigurar a cultura, no atual momento, esgarçada e sem forças para garantir a mínima credibilidade em relação a governos, instituições, políticos, investidores e investimentos. As condições necessárias se esvaem não porque foram transportadas para a estratosfera, mas porque as escamas dos olhos não permitem a clareza que o momento atual exige para fazer despontar lideranças e convencer cada cidadão da responsabilidade e importância de sua contribuição. É hora, sobretudo, de dialogar. Ninguém pode se encastelar em suas casas e escritórios. É hora de descer às ruas, ir ao encontro dos pobres, dar ouvidos ao povo, é hora de se aproximar de todos.
         Certamente, neste momento, líderes governamentais não se despontarão e não serão capazes de soluções inovadoras, nascidas de dentro da crise, se não exercitarem incansavelmente no diálogo. Não se trata de negociações palacianas visando à distribuição de fatias do poder ou da busca mesquinha de garantias de vitórias político-partidárias. Trata-se do diálogo que gera a cultura da “pertença”, da dignidade, da reverência ao outro e da compreensão da cidadania vivida como instrumento determinante na construção da sociedade nova que precisa nascer. Trata-se de algo muito simples. Do diálogo filosoficamente entendido como atitude própria do homem capaz de se dirigir e de responder ao outro como igual, para com ele estabelecer uma relação. Essa é a primeira resposta às insatisfações populares, sintomáticas da necessidade de mudanças.
         O diálogo, sempre e em todas s circunstâncias, evitando arbitrariedades e autoritarismos, é o caminho permanente para gerar uma cultura digna da nação que somos. É preciso dialogar para aprender a ser sincero e, na sinceridade, fazer o que se faz com seriedade. Quem não dialoga não diz de si, não diz a verdade. Quem não sabe dizer de si não escuta. E quem não diz a verdade trava o diálogo, e a consequência disso será sempre o fracasso e a insatisfação. Não há quem dê conta dessa onda.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 20 de março de 2015

A CIDADANIA E OS GIGANTESCOS DESAFIOS PARA A PÁTRIA EDUCADORA E A CRISE DA ÁGUA

“Um atraso de 30 anos
        Pesquisa sobre o ensino médio divulgado na semana passada pelo Unicef não surpreende, mas reafirma a necessidade de olhar de frente para chaga que se amplia ano após ano. Segundo o órgão das Nações Unidas para a Cultura e Educação, mantidas as condições atuais, serão necessárias três décadas para o Brasil universalizar a oferta de educação de qualidade aos jovens.
         Em 10 anos, entre 2004 e 2014, o percentual de moços entre 15 e 17 anos no nível intermediário de ensino aumentou de 47,5% para 59,5%. Apesar do incremento, nada menos de 1,7 milhão de brasileiros nessa faixa etária estão fora das salas de aula. Não só. Quase um terço (31,1%) dos matriculados não cursa a série adequada. São 2,6 milhões de pessoas.
         Resultado: só 48,7% dos estudantes concluem o ensino médio aos 19 anos. Os demais se perdem no caminho. Alguns marcam passo no ensino fundamental. Outros frequentam o médio em séries que deveriam ter ficado para trás. Ambos, vítimas da reprovação, são candidatos a engrossar a fila da evasão escolar.
         Não faltam forças que funcionam como ímã do atraso. Paradoxalmente, a escola é uma das mais poderosas. De um lado, veem-se instalações inadequadas, equipamentos antigos, bibliotecas mortas, laboratórios inexistentes, material didático que não responde às necessidades. De outro, currículo enciclopédico voltado à memorização de conteúdos que ou envelhecem com rapidez ou se acessam sem dificuldade na internet.
         No meio, professores sem preparo e sem motivação. Negligenciada há décadas, a carreira do magistério deixou de recrutar talentos. A maior parte dos que optam por cursos de pedagogia, letras, matemática, geografia, história não o faz por vocação, mas por impossibilidade de entrar em outra faculdade. Assim, os docentes, que poderiam suprir eventuais deficiências, são incapazes de fazê-lo.
         A tragédia do ensino médio não para aí. Causas externas se aliam às internas para sedimentar o ambiente de hostilidade à aprendizagem. Uma delas: a violência, que ameaça professores, alunos e funcionários administrativos. Outra: fatores socioeconômicos, que interferem negativamente no processo educacional. É o caso do trabalho e da gravidez precoces.
         Trata-se de situação dramática que compromete o presente e se agravará no futuro. Não há país desenvolvido com educação subdesenvolvida. Sem medidas eficazes, que passam necessariamente por criação de currículo contemporâneo e formação de recursos humanos de ponta, o Brasil continuará a caminhada rumo ao aprofundamento do atraso.”

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, publicado na edição de 17 de março de 2015, caderno OPINIÃO, página 14).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de março de 2015, mesmo caderno, página 7, de autoria de ROSA SIMÕES, Coordenadora do ensino médio do Colégio ICJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educar para a água
        Durante muito tempo acreditou-se que a água era um recurso renovável. A crença errônea produziu um comportamento inconsequente do brasileiro diante desse elemento, posicionamento que apresentou um despreparo não só da população, mas dos órgãos competentes pelo gerenciamento dos recursos hídricos, uma vez que não implementaram um processo de reeducação da comunidade para lidar com a água, nem se planejaram para uma ameaça já prevista há pelo menos duas décadas. O resultado desse descaso está diariamente nos jornais, que são os  baixios níveis dos reservatórios e a cada vez mais iminente necessidade de racionamento de energia. Mas o que temos feito para evitar essa situação?
         Atualmente, apesar do avanço tecnológico, gerentes e profissionais técnicos responsáveis por importantes empresas gerenciadoras de recursos hídricos, como a Sabesp, em São Paulo (maior cidade em população da América Latina), bem como a Copasa, em Minas Gerais, rezam para que São Pedro resolva enviar chuvas torrenciais para amenizar a defasagem dos leitos e suavizar a seca na qual se encontram importantes rios e represas que alimentam hidrelétricas.
         A chuva será nossa salvação? Certamente, não. É, no mínimo, incoerente que técnicos e cientistas apelem para o elemento sobrenatural e divino como solução para uma catástrofe causa pelo próprio homem, por falta de planejamento e educação.
         A solução está educação, principalmente, desde a base dos estudantes. Projetos sobre a crise hídrica, disciplinas interligadas, ações de conscientização escolar e comunitária, entre outros vários, pontos podem ser criados pelos colégios para discussão e atividades em sala de aula.
         É interessante que os alunos busquem informações para debates e a organização de grupos para diferentes trabalhos, como criar um fôlder com informação sobre as principais formas de desperdício de água potável e como evita-las; cartilha sobre como não desperdiçar água em casa, apresentando os conceitos de escassez, racionamento, manancial e os principais sistemas de abastecimento da capital mineira; elaboração de cartaz para campanha comunitária com alerta sobre como evitar o desperdício na escola e em casa; e também vídeo publicitário de campanha comunitária com dicas pedagógicas e persuasivas sobre como a comunidade e os próprios estudantes poderão contribuir para evitar a escassez dos recursos hídricos.
         Temos que despertar nos alunos a consciência sobre o fato de a comunidade exigir um planejamento de longo prazo dos governantes e órgãos responsáveis para amenizar a escassez de água potável, uma ameaça real. Eles precisam perceber as interferências negativas e positivas que o homem pode fazer na natureza, a partir de sua realidade social.
         É preciso entender que a qualidade de vida está ligada às condições de higiene e saneamento básico, à qualidade do ar e do espaço. Adotar, por meio de atitudes cotidianas, diversas medidas de valorização da água, a partir de uma postura crítica. Precisamos conduzir os alunos a entenderem que o equilíbrio e o futuro do planeta dependem de preservação da água e de seus ciclos.
         É fundamental as escolas perceberem que precisam trabalhar para a promoção de um novo comportamento diante da possibilidade mundial de escassez dos recursos hídricos em curto prazo. Vivemos, sim, mudanças climáticas que poderão servir como um incentivo para a conscientização dos brasileiros e a inovação com estratégias e projetos para incentivar o consumo consciente ou o não desperdício.
         É necessária a conscientização de todos. Vamos propor debates sobre o tema para apresentação à comunidade. Precisamos refletir e problematizar a realidade brasileira, considerando o conteúdo programático. Teremos que nos preparar para enfrentarmos meses de escassez de água até a próxima temporada de chuvas, e torcer para que o volume de água retorne ao nível considerado normal. Caso contrário, continuaremos convivendo com o racionamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!




terça-feira, 17 de março de 2015

A CIDADANIA, A NECESSIDADE DE EQUILÍBRIO E HARMONIA E A URGÊNCIA DE RECONSTRUÇÃO E REFORMAS

“A necessária busca do equilíbrio e da harmonia pela humanidade
        Sabe-se que na Terra sempre houve violência e massacre de inocentes, bem como a exploração não só de membros do próprio reino humano, mas também do reino animal, do vegetal e do mineral.
         Como ciclos de ações desequilibradas e ciclos de impacto das consequências geradas por elas, até agora foram alternando-se sem se resolver, o jogo do destino se perpetua, e o homem custa a dar-se conta de que um reto viver, com renúncia ao desejo, é o caminho direito para a libertação. Nesse ponto Buda bastante explícito, mas através dos séculos, seus ensinamentos pouco repercutiram no dia a dia da maioria das pessoas, embora estejam vivos em seu mundo moderno.
         Enquanto os seres humanos compreendem os fatos com base em suas crenças ou agem segundo seu conhecimento pessoal, permanecem circunscritos ao retorno das ações que praticam, à necessidade de equilibrá-las. Baseados em propósitos individuais ou egoístas, seus atos pouco conseguem contribuir para o bem do Todo e demandam sempre reações neutralizadoras, que podem vir por intermédio de outras pessoas ou da natureza. Essas reações podem ser purificadoras, pois desmantelam estruturas não sadias de indivíduos, de grupos ou mesmo de povos e civilizações inteiras. Contudo, se estiverem imbuídas de forças humanas, provocarão novas reações. E, assim, surgem e se propagam as complicações do destino desta humanidade.
         Muito pode ser feito por aqueles que já estão conscientes da necessidade de uma mudança nesse padrão repetitivo. Um novo estado poderá implantar-se neles e contribuir para a transformação da face da Terra, à medida que forem entrando nos ritmos de uma lei superior, divina.
         Porém, na vida, as dádivas são também provas: é preciso saber usar com correção os dons e bens que nos são entregues.
         Como tudo está incluído numa Consciência Única, fonte de toda manifestação, não há detalhe que não deva ser considerado na busca do equilíbrio e da harmonia. O que nos cerca e o que somos, tudo precisa converter-se em instrumento de serviço e ser utilizado de maneira adequada. Nesse sentido, a água, a eletricidade, o alimento, o dinheiro, o transporte, o labor, o sono, a palavra, o sentimento e o pensamento deixam de nos pertencer e passam a ser vistos pelo que na verdade são: expressão dessa consciência onipotente.
         Quem se empenha em evoluir deve aprender a ter paciência e a aprofundar seu sentido de observação. Em certas fases da vida a pessoa pode pensar que não está progredindo ou que nada de promissor está acontecendo, embora esteja trabalhando para isso. Entretanto, não é bem essa a realidade. Pelo fato de dedicar-se com seriedade à evolução e de estar por isso sendo intensamente transformada, muitos eventos na sua vida podem ser suavizados.
         Sei de indivíduos que viviam com grandes restrições materiais e as tiveram resolvidas ao ingressarem abnegadamente no caminho espiritual e prestarem serviço com um grupo altruísta; sei de outros que ficaram liberados de certos laços pessoais para servir em âmbitos maiores, como, por exemplo, o de um país e o do planeta. Pessoas que se mantinham limitadas por deveres básicos e circunscritos ao âmbito familiar veem-se de repente nesses processos de transformação, livres para dedicar seu tempo e energia a causas universais.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de março de 2015, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de março de 2015, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Reconstrução e reformas
        Investir em reformas vigorosas é a exigência que deve permear o sentimento cidadão no auge deste momento crítico vivido pela sociedade brasileira, inserida em amplo e complexo contexto de graves crises, locais e mundiais. Não se pode correr o risco de tratar o momento atual como um assunto midiático, que passa como uma nuvem e se esvai. Esse perigo é evidente em razão do modo como os problemas são enfrentados na cultura contemporânea à semelhança do tratamento dado às críticas. Por um tempo, é “quente” um assunto. Fácil e rapidamente, o que estava em pauta é esquecido. Perde lugar para outros acontecimentos.
         Essas ondas que presidem as dinâmicas da cultura contemporânea enfraquecem a sociedade na sua indispensável capacidade de reação. Também a afastam da urgente competência para operar a sua própria reconstrução com vigorosas e incidentes reformas. Por isso, é preocupante o modo como a sociedade brasileira está lidando com o conjunto de suas crises. Um enorme conjunto de exigências, urgências e intervenções que é tratado com lentidão. Mais grave ainda, tratado por líderes que, pelas expressões, escolhas e posicionamentos pela falta de um lastro humanístico mais consistente na sua formação e no seu caráter, não se revelam preparados para os cargos que ocupam.
         É urgente disseminar e cultivar em todo o país um sentimento de que somos uma sociedade em reconstrução. Indicam isso as estatísticas e os descompassos graves, como a crescente violência, a exclusão social, a corrupção, a dependência química, problemas que provocam terror semelhante ao de contextos de guerra. Ainda que se considerem os avanços sociais e tecnológicos no contexto brasileiro, o conjunto de crises em curso dizima vidas e deteriora a cultura que a civilização necessita para se sustentar. Os cidadãos precisam ser guiados pelo anseio de se promover a reconstrução do país, de modo semelhante a exemplos históricos de nações que ressurgiram das cinzas depois das destruições de guerras.
         O povo brasileiro tem a grande vantagem de contar com reservas e patrimônios – culturais, religiosos, ambientais e históricos – para impulsionar esse processo de reconstrução. É preciso superar um lado terrível e perverso do país que é caracterizado pela corrupção, mediocridade na política e pela geração pífia de líderes em todos os segmentos. Para isso, todos devem sustentar a cidadania em patamares emoldurados pelo altruísmo, por um sentido nobre de pátria. Nessa tarefa, o conjunto de discriminações e, particularmente, a vergonhosa exclusão social que atinge o povo devem ser enfrentados.
         Inspiradora é a coragem do papa Francisco – com validade provocante para a Igreja Católica, também para a sociedade civil – quando, na sua exortação apostólica Alegria do Evangelho, se compromete com a conversão do papado. Essa corajosa indicação é nobre ato de simplicidade e humildade tão necessário no mundo contemporâneo, que deve inspirar a Igreja e a sociedade, com seus segmentos, o recôndito dos lares e todas as instituições, no processo de reconstrução. Assim será possível superar as mediocridades, que enjaulam o povo em condição asfixiante. Uma triste situação que se verifica quando se percebe a supervalorização do status, consolação dos medíocres em ocupar lugares de importância, em usufruir dos benefícios. Certamente, a realidade seria outra se, em vez de procurar status, cada pessoa se empenhasse para ampliar sua capacidade de oferta de serviços.
         Compreende-se por que não se avança no conjunto das reformas que precisam ser urgentemente operadas na sociedade brasileira, atravancadas por interesses mesquinhos e visões estreitadas. Para mudar esse contexto, é preciso cultivar uma onda duradoura de sentimentos que envolva todos, da criança ao ancião, encharcando mentes e corações como o senso de mutirão para a reconstrução e reformas vigorosas na sociedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!


  


quinta-feira, 12 de março de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA FRATERNIDADE E A LIBERDADE DE ESCOLHA

“Vós sois todos irmãos
        A história da humanidade neste terceiro milênio anseia por grandes revoluções e já há indicativos apontando as mulheres e os jovens como os protagonistas dessas grandes transformações. Há, no entanto, um modo singular que pode fazer de todos e de cada um protagonista, segundo sua possibilidade e a partir de sua condição e circunstância. Isso porque a força motriz das grandes transformações vem da vivência da fraternidade. O princípio fundamental da fraternidade universal é a convivência é a consciência e a consideração efetiva de cada pessoa como irmão e irmã. Não se imagina mais que a construção da sociedade aconteça ou possa depender simplesmente de articulações político-partidárias, de logísticas ou simplesmente de investimentos.
         A gravidade da situação mundial, passando pelos conflitos de vizinhança aos que ocorrem no ambiente familiar, incluindo outros cenários preocupantes, comprova que o grande e prioritário investimento deve ser feito na questão da fraternidade. O ponto de partida simples, exercício diário, é aquele que demove corações e sentimentos da comum e absurda consideração do outro como concorrente ou inimigo, comprometendo e impedindo o que há de mais natural na condição humana, a fraternidade.
         A humanização das dinâmicas da sociedade para superar seus descompassos frenéticos configurados em violências, corrupção, pretensão de dominação, começa pelo sentimento mais ansiado e guardado como selo indelével no coração de cada pessoa. É o anseio de fraternidade a ser cultivado, aprendido, exercitado. Sem a inserção permanente nesse processo, que envolve também a correção dos sentimentos que nos distanciam da verdadeira condição humana, de fato, cada um se torna lobo e inimigo do outro. Na interação com o outro, há de prevalecer o respeito ao bem comum e do compromisso, particularmente, com os inocentes, pobres e sofredores. A fraternidade é uma espiritualidade vivida em dinâmicas e práticas. Uma espiritualidade que convence não haver outro caminho mais eficaz quando se pensa a busca, a conquista e o cultivo da paz que faz valer a pena viver. Dá sentido e dignidade ao dom da vida.
         Sem o sentimento fraterno, a cidadania perde a força profética para reinventar as relações sociais e iluminar os horizontes políticos, tornando-se mero cumprimento rígido de prescrições. A fraternidade é, pois, um exercício cotidiano como resposta a uma pergunta fundamental, até incômoda, talvez por questionar e confrontar status variados, mas determinante na aprendizagem das dinâmicas que nos fazem irmãos e irmãs uns dos outros, onde está teu irmão? Essa pergunta é central no diálogo de Deus com o outro que é cada um, base de toda autêntica vivência da fé. Uma leitura antropológica que revela a um povo que seu futuro e anseios de transformação não surgirão sem a força singular da fraternidade.
         Onde está teu irmão é a interrogação que Deus, na narração das origens, faz a Caim, responsável pelo sangue de Abel. As diferenças se tornam riquezas unicamente pela força da fraternidade. A perda do sentido desse valor leva Caim ao absurdo inaceitável, por inveja e concorrência, da eliminação do seu irmão na ilusão de assim abrir os caminhos. Uma ilusão que preside todo tipo de atentado contra a fraternidade, a partir da perda desse sentido inscrito na capacidade que cada um deve ter de responder a respeito do outro, especialmente quando é o pobre. O grande propósito essencial e determinante é dar oportunidade a cada pessoa de avançar na superação da indiferença, do ódio, do egoísmo. Sem esse investimento diário e permanente, as riquezas nunca serão suficientes e se tornarão sempre pretexto para brigas e desentendimentos, em cenários que, de um lado, mostram os que esbanjam e vivem na opulência e, de outro, os que passam fome e morrem na miséria – nunca conseguem usufruir do quinhão que lhes é de direito, por força da sua dignidade humana.
         A espiritualidade que nasce da fraternidade não pode prescindir, lembra-nos o papa Francisco em mensagem para o Dia Mundial da Paz, não se alcança senão quando se compreende e se vivencia o mais profundo sentido da paternidade de Deus. A fraternidade não é uma simples questão de lógica. É uma espiritualidade cuja raiz tem seu nascedouro na compreensão e vivência da paternidade de Deus. O progresso na compreensão e vivência dessa espiritualidade são dons que se recebe na experiência do seguimento de Jesus Cristo. O conhecimento e amorosa obediência a Ele impulsionam na direção consequente do mais autêntico e eficaz sentido de fraternidade, com lições e exercícios que convencem e se originam sempre da verdade fundamental do coração do Salvador da humanidade: “E vós sois todos irmãos!”.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO. Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de janeiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 11 de março de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade de escolher
        Nossa gestão na Associação Comercial e Empresarial de Minas se fará lastreada em ideias, construídas enquanto metas, cabendo-nos articular para realizá-las, No entanto, metas são criadas com base em oportunidades e consciência dos riscos. Para irmos à frente, navegar é preciso. O ponto de partida é a dúvida. Navegar no cenário que nos é dado é preciso? A questão, senhores, é objeto de precioso alerta partido de Friedrich Von Hayek, Prêmio Nobel de Economia. A questão está em que, enquanto a história em que, enquanto a história se desenrola, ainda não é história. Os acontecimentos contemporâneos diferem dos históricos porque desconhecemos os resultados que irão produzir. Tudo seria bem diverso se nos fosse dado reviver os mesmos fatos com o pleno conhecimento do que tivéssemos visto antes. Olhando para trás, podemos acompanhar a significação dos fatos passados e acompanhar as consequências que tiveram. Enfim, a quase tragicidade da percepção de que, enquanto a história se desenrola, ainda não é história encontra uma luz na advertência de que podemos de certo modo aprender do passado e evitar a repetição de um mesmo processo.
         Pareço enigmático? Fiquem atentos, não sou eu que digo, quem lhes fala é um mestre que tem orientado acadêmicos. ‘Afigura-se ver, agora, da maior importância uma compreensão plena do processo mediante o qual certas medidas podem destruir as bases de uma economia de mercado, e asfixiar gradualmente o poder criador de uma civilização livre: só compreendendo por que – e como – certo tipo de controle econômico tende a paralisar as forças propulsoras de uma sociedade livre e que espécie de medidas são em particular perigosa nesse campo, só assim poderemos esperar que as experiências sociais não nos conduzam a situações que ninguém entre nós deseja’.
         De imediato, ocorre a advertência lúcida da filósofa da gestão Sônia Diegues: “A empresa precisa conhecer o contexto para escrever seu próprio texto”. Aplica-se ao sistema empresarial; estende-se à sociedade. Convém estar consciente de que a conexão entre liberdade política e liberdade econômica é insofismável. A restrição e destruição desta última levam, necessariamente, à destruição da outra. Nascida da livre e espontânea vontade do empreendedor, caracterizada pela competição sadia e pautada pela produção em massa de bens de consumo, pela oferta de trabalho e consequente aumento - sustentável – do poder aquisitivo, a economia de mercado resiste às intempéries, mostrando-se capaz de assegurar ambientes e nações de bem-estar e qualidade de vida. Ressalte-se: de uma vida digna, porque resultante do trabalho de cada um, e não de benesses assistencialistas que humilham aqueles que têm a capacidade mínima para refletir a respeito.
         A experiência de anos recentes – e pensem bem que aqui se fala do Brasil, mas de experiências vividas por nações diversas – provoca dúvida sobre se a engenhosidade da livre iniciativa pode continuar superando os efeitos debilitadores do controle pelo governo, se a ele continuarmos a conceder ainda mais poder. Mais cedo ou mais tarde – e sempre mais cedo do que se espera –, governos centralizadores têm destruído a prosperidade advinda da liberdade humana e do mercado livre.
         Uma dessas aventuras surpreendentes proporcionadas pela leitura permite que eu conclua com o encontro, só possível nas páginas de um livro, entre pensadores de duas épocas. Encerro esta saudação e conclamação para um novo tempo com esta menção às ideias de Friedrich Hayek, escrita por outro Prêmio Nobel de Economia. Em seu livro Liberdade de escolher, Milton Friedman legou-nos a recomendação com a qual faço breve apresentação de nosso ideário econômico: ‘Não chegamos ainda a um beco sem saída. Somos livres, como povo, para escolher se continuaremos a percorrer em alta velocidade a estrada para a servidão’, como Friedrich Hayek intitulou seu profundo e influente livro, ou se estabeleceremos limites mais rigorosos ao governo e confiaremos mais na cooperação voluntária entre indivíduos livres para atingir seus objetivos, por mais numerosos que sejam’.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos, pois que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!


             

          

segunda-feira, 9 de março de 2015

A CIDADANIA, A PÁTRIA EDUCADORA E A EXPRESSÃO DO DIA DA MULHER

“Receitas para a pátria educadora
        A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) acaba de divulgar estudo analisando mais de 450 iniciativas implementadas por 34 países com o objetivo de aperfeiçoar seus sistemas educacionais. O grupo reúne em sua maioria países considerados ricos, e não inclui o Brasil. Certamente, as soluções educacionais dizem respeito a cada realidade específica e não podem ser simplesmente copiadas e transportadas, sem inteligência, para outros países. Mesmo assim, vale a pena prestar atenção a algumas delas, tomando por base a compilação feita pela BBC Brasil.
         1)Mercado de trabalho ou continuidade dos estudos: a medida mais comum observada diz respeito à preparação dos estudantes para o mercado de trabalho, principalmente via ensino profissional e técnico, fazendo intenso uso de tecnologias digitais, resultando em forte impacto na produtividade dos trabalhadores. 2)Melhorias no ambiente das escolas: ênfase na redução do número de alunos por turma, reformas curriculares e, principalmente, capacitação de professores. Esses foram os objetivos de um quarto das reformas analisadas. Alguns criaram institutos dedicados exclusivamente à formação contínua e permanente de professores, aliando a preparação prática e teórica. Outros desenvolvem programas que visam a atrair os melhores estudantes para as faculdades de educação. 3)Garantir qualidade e equidade na educação: em torno de 16% das iniciativas adotam como ponto central a implementação de políticas para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a um nível mínimo de educação, independentemente de circunstâncias pessoais ou sociais. Evitar que a seleção para escolas de ensino fundamental tenha como critério renda ou performance, limitar a possibilidade de as escolas expulsarem alunos com resultados ruins ou financiar adicionalmente escolas que consigam manter nas classes crianças em risco social têm mostrado bons resultados. 4)Sistemas de avaliação: aproximadamente 14% das medidas centraram em aprimorar as médias de rendimentos, tanto dos alunos quanto das escolas. Padronizar as avaliações, estimular a adesão voluntária e consciente das escolas e tornar públicos os resultados são boas medidas. 5)Reformas de financiamento: melhorar as formas de financiar os sistemas de educação é um dos grandes desafios e foi o ponto central para 12% das medidas adotadas. Em geral, os agentes recebem fundos com base em seus planos para o futuro e qualidade dos professores, alunos e escolas. Construir um forte sistema de aferição posterior aos resultados obtidos, frente às propostas apresentadas, é a solução mais adotada pelos países pesquisados.
         Não seremos jamais competitivos, tampouco poderemos almejar um desenvolvimento econômico, social e ambienta sustentável, sem uma política educacional consistente que conheça sua própria realidade, valorize suas próprias iniciativas e que não se iniba em conhecer as boas experiências dos demais países. Precisamos que as receitas funcionem, sejam elas quais forem e venham de onde vier, mas precisamos urgentemente de bons resultados.”

(RONALDO MOTA. Reitor da Universidade Estácio de Sá e diretor de pesquisa do Grupo Estácio, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 7 de março de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Por que o Dia da Mulher?
        Infelizmente, temos que ter no nosso calendário o Dia Internacional da Mulher em 8 de março para continuar chamando a atenção das pessoas em todo o mundo para as graves violações dos nossos direitos mesmo em pleno século 21. Esse dia, além de comemorar os feitos econômicos, políticos e sociais alcançados pela mulher, estimula os avanços ainda necessários para melhorias. Essa proposta surgiu na virada do século 20 com o rápido processo de industrialização e expansão econômica, levando aos protestos sobre as condições de trabalho. Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e reivindicaram melhores condições de trabalho: redução de jornada para 10 horas, equiparação de salários com os homens (recebiam um terço) e tratamento digno no ambiente de trabalho. Reprimidas com violência, 130 tecelãs morreram carbonizadas.
         Em 1910, foi proposto o Dia Internacional da Mulher em homenagem a essas mulheres, mas somente em 1975 a data foi oficializada pela ONU. Um marco histórico importante para as mulheres em todo o mundo, mas, apesar dos extraordinários avanços tecnológicos e melhorias sociais, as mulheres e outros grupos sociais, como negros, analfabetos, idosos e crianças, continuam sendo desrespeitados nos seus direitos básicos. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas no Brasil. Há dez anos, eram oito mulheres no mesmo período e, infelizmente, em todas as classes sociais e econômicas. Absurdamente, muitos homens, apesar da alta escolaridade e, bons salários, nunca aprenderam a respeitar as mulheres. Em direitos humanos, uma importante reflexão: “Nunca faça com as outras pessoas o que não gostaria que fizessem com você”. Infelizmente, a maioria dos agressores não tem essa reflexão cidadã necessária.
         As violações dos direitos das mulheres infelizmente ainda ocorrem aqui e em todo o mundo: discriminação, humilhação, agressões e mortes podendo envolver também abusos e crimes sexuais. No Brasil, a Lei Maria da Penha defende os nossos direitos e pune o agressor, mas homens brutais ainda acham que podem agredir mulheres. Muitos, além de espancar, ameaçam as mulheres se houver denúncia. É uma situação dramática e cruel e por isso vemos diariamente mulheres sendo agredidas e mortas na maioria das vezes pelo próprio marido ou companheiro. Violações de direitos e morte dentro de casa. Para maior rigor na punição, acaba de ser aprovada na Câmara uma lei que torna hediondo o crime do homem que mata uma mulher e pode dar até 30 anos de prisão.
         No Brasil, temos dados alarmantes dessas violações e, infelizmente, a situação ainda é preocupante em todo o mundo, mesmo na Europa e nos EUA. No entanto, é dramática e extremamente cruel especialmente na África, Ásia e Oriente Médio. Nesses continentes, mesmo com tantos tratados internacionais e vigilância da ONU, ocorrem episódios horripilantes como o ocorrido recentemente na África, quando um grupo extremista sequestrou quase 300 meninas, até hoje nas mãos dos terroristas, provável e cruelmente sendo usadas como escravas sexuais. Sem contar os perversos estupros coletivos principalmente na Índia e no Paquistão. No Oriente Médio, as mulheres vivem rigorosamente sob as normas e regras dos homens, que ainda podem ter várias mulheres. Se a mulher desobedecer, muitas vezes é apedrejada e morta em praça pública.
         A situação brasileira e mundial ainda é cruel para mulheres. É preciso adotar urgentemente a punição exemplar de criminosos sexistas, ter excelente programa de reeducação de homens e a educação de crianças desde pequenas para aprender a respeitar os direitos das meninas. Isso é uma obrigação dos meninos, dos homens e de cada um de nós – respeitar os direitos humanos. Esse importante trabalho deve começar dentro de casa com as famílias e depois continuar nas escolas. Urgente reeducar a geração atual e formar novas gerações de homens que respeitem as mulheres. Somente dessa forma teremos todos os dias homens e mulheres num convívio de respeito e de paz com igualdade de direitos, sem necessidade de ter o Dia da Mulher.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria, a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (a propósito, as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!