quarta-feira, 22 de maio de 2013

A CIDADANIA, O DESAFIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E A POLÍTICA NO DIA A DIA



“Ainda mais violência
        
        As violências do mundo contemporâneo desafiam as políticas econômicas, sociais e de segurança pública no Brasil e no mundo apresentando episódios assustadores. O recente e hediondo sequestro, cárcere privado e crimes sexuais contra três mulheres por 10 anos nos EUA choca o mundo pela perversidade. Os bárbaros estupros coletivos com morte até de meninas na Índia e no Congo são inaceitáveis. Quais fatores ainda desconhecidos causam também tantos e hediondos crimes mundo afora em países ricos e pobres? A correlação pobreza, analfabetismo e violência perde força. Esse é com certeza um grande desafio atual para sociólogos, psicólogos e especialistas em segurança pública. Por que tantas mentes doentias no mundo inteiro são capazes de causar tantos sofrimentos e violações e quais os fatores fomentadores desses doentios comportamentos? O Brasil, com alto índice econômico, mediano na educação e no Índice de Desenvolvimento Humano, é o 18º país mais violento do mundo, com uma taxa de 27,4 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas. Violências generalizadas e brutais nos assustam.
         A violência contra crianças e adolescentes cresceu 58,3% entre 2011 e 2012. Foram registradas 130.029 denúncias em 2012, contra 82.117 no ano anterior. O abuso sexual é o 2º tipo de violência mais sofrida por crianças no país. Portadores de deficiência, homossexuais e moradores de rua são também alvos de atrocidades. As agressões contra mulheres crescem. A maioria dos casos envolve agressões e mortes, violência psicológica e moral. Os abusos sexuais crescem no grupo de mulheres, crianças e até em idosas. No ano de 2012 foram registrados 88.685 relatos de agressão contra mulheres. Quatro mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Absurdamente, a violência contra idosos passou de 7.160 registros para 21.404 em 2012. Uma onda de crimes hediondos cometidos por menores levanta a antiga discussão sobre a maioridade penal no Brasil. Arrastões, agressões, estupros e mortes cruéis constituem uma realidade dramática e desfiam a justiça. Como educar e punir os menores infratores? Mudanças no Código Penal deverão monopolizar toda a sociedade. Cenas de hediondos estupros coletivos e individuais acontecem em inúmeras cidades do país. Estupros recentes no RJ assustaram a população. A taxa de homicídios entre crianças e jovens entre 1 e 19 anos cresceu 375,9% nas últimas três décadas, segundo o Mapa da Violência 2012. Outra modalidade assustadora são os crimes violentos, roubos milionários e explosão de caixas eletrônicos em pequenas cidades. A violência nas grandes cidades agora está presente no interior e na zona rural do Brasil. Como prevenir e punir tanta violência? Onde estão as raízes desses graves problemas sociais e distúrbios comportamentais?
         Para a socióloga Liana de Paula, da USP, é preciso investir mais em prevenção. Com certeza, o papel da família e da escola é fundamental na formação de conceitos básicos de civilidade. A antropóloga Jânia de Aquino, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, alega baixos investimentos em políticas sociais e estratégias equivocadas no setor de segurança pública, principalmente em comunidades mais pobres. Os pais têm dificuldades de evitar o consumo e o comércio de drogas. Penso ser importante mais fiscalização e maior controle do tráfico e uso de drogas, além de eficiente programa preventivo nas escolas e na mídia sobre o perigo das drogas. Álcool e outras drogas, educação inadequada e mídias violentas e apelativas estariam impulsionando tantos crimes?
         O elevado índice de impunidade existente no Brasil acaba por estimular também a criminalidade generalizada. Dados recentes do Conselho Nacional de Justiça mostram que 2.918 processos de corrupção e improbidade administrativa prescreveram em 2010 e 2011. Três em cada quatro desses processos não foram julgados. Segundo a Polícia Civil de Campinas, somente 16% dos crimes são investigados. E quantos deixam de ser julgados e punidos? Dados de 2011 da Associação Brasileira de Criminalística aponta que o índice de elucidação de homicídios no Brasil é pífio, cerca de 8%. Nos Estados Unidos é de 65% e no Reino Unido, 90%. Como vimos, as causas de tantas violências contemporâneas são amplas e  complexas e exige um enorme esforço por parte do governo e da sociedade civil na busca de uma prevenção educativa eficaz e de punições efetivas.”
(VIVINA DO C. RIOS BALBINO. Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Todo dia é dia de política
        
         A antecipação da eleição de 2014 tem alguns aspectos positivos. É sempre bom politizar o cotidiano, buscar ligações entre o que acontece no dia a dia das pessoas e as decisões mais amplas, responsabilizar os agentes públicos e comprometer a sociedade com os rumos escolhidos. Não há decisões no vazio político.
         No entanto, o Brasil tem o hábito – de resto quase universal – de confundir política com esperteza. Com isso, em vez de críticas, o que se ouve são bandeiras manjadas; no lugar do debate sério, se apela para o argumento ad hominem; contrariamente ao interesse público, as propostas deixam o campo da razão para apelar para o terreno da magia.
         Uma das formas mais agudas de atravessar o debate político, como quem atravessa um samba, tem sido o ataque à economia a partir dos índices de crescimento. Em vez de considerar a complexidade do cenário nacional e internacional, o cidadão é levado a considerar os índices de crescimento por vezes risíveis (quando se trata do Brasil), catastróficos (quando partem da China) e promissores ( quando vêm da Europa e dos EUA), mesmo quando tratam de realidades distintas. O mais curioso é que o que é considerado “pibinho” no Brasil seja sinal de recuperação na zona do euro.
         Não há nada mais fácil do que jogar com números. No entanto, fora os possíveis tentos eleitorais, a manipulação de dados não serve ao país. E, o que é mais grave, pode prestar um desserviço grave quando traduzido em projetos que vão na contramão das ações positivas que vêm sendo realizadas – não pelo governo apenas. É o caso, por exemplo, de propostas que aventam a possibilidade de aumentar o desemprego para fazer frente a uma possível retomada da inflação.
         Pode parecer absurdo, mas é verdade. Alguns economistas ortodoxos têm visto no par “baixo desemprego e inflação” uma correlação decorrente do aumento do consumo. A saída seria, para conter o consumo interno, aumentar o desemprego, já que o risco da inflação seria mais severo em termos estruturais. Por trás desse jogo aparentemente racional está um ataque às chamadas políticas sociais.
         Há sobretudo nas camadas médias tradicionais (as mesmas que se espezinham em se sentir mal em companhia da chamada nova classe média), um temor pânico pela igualdade, que se traduz em várias formas de discriminação: do gosto estético aos padrões de consumo. São esses setores que fazem da inflação o grande fantasma, com auxílio, como sempre, da chamada mídia especializada. Com uma sorrateira capa ideológica, o que se expressa é uma recusa a toda forma de promoção da distribuição de renda (programas sociais) e poder (já se volta a falar com desassombro em ditadura da maioria para traduzir os resultados eleitorais que aprovam medidas populares).
         As políticas sociais devem ser consideradas um avanço em todos os sentidos. Em primeiro lugar, pelo papel distributivo inegável, o que responde a demandas históricas da sociedade brasileira, uma das mais injustas do planeta. Além disso, há um forte potencial político que se expressa na consolidação do modelo democrático, sem o qual é impensável qualquer outra forma de avanço. Por fim, a distribuição de renda significou, além dos resultados práticos da contenção da miséria, a geração de um mercado interno que fortaleceu a economia brasileira exatamente no contexto do enfraquecimento dos mercados internacionais.
         O que se tem mostrado ainda mais promissor é o desligamento voluntário, ano a ano, das pessoas atendidas pelo Bolsa Família, o que expressa não só o caráter passageiro do projeto como seu potencial de amadurecimento em termos de cidadania. A cultura política nacional sempre foi preconceituosa, imputando aos pobres (e também aos índios, aos menores, às mulheres, aos negros) uma atávica incapacidade civilizacional, o que se traduziu em busca de controles marcados sempre pela discriminação
         O mesmo processo, por exemplo, se observa nos resultados na política de cotas, que vem desmentindo os argumentos meritocráticos fundamentalistas (que não passam pela análise do contexto histórico e sociopolítico da competência), com resultados que igualam o desempenho de cotistas e não cotistas ao final de todas as etapas de formação. O papel, tanto das ações afirmativas como das políticas compensatórias, é negar a situação que as deu origem, o que vem sendo comprovado de forma inquestionável.

MORAL E ECONOMIA Voltando à economia, mesmo com a histeria dos acusadores do “pibinho” ou da volta da inflação, o que se observa é uma posição relativamente mais estável do país em relação a economias ditas centrais. E o mais importante é que isso se deu não apesar  dos programas sociais, mas por causa deles. A ampliação da classe média brasileira, em sua tradução de expansão de consumo, robusteceu o mercado interno de modo a deixá-lo protegido de parte da tensão dos outros mercados. Além disso, o país mostrou tirocínio em se ligar a outras nações, diversificando suas oportunidades de comércio, sobretudo no eixo Sul-Sul.
         A noção de classe média é confusa sociologicamente. Ela pode significar um estrato intermediário de renda, mas pode também funcionar como uma espécie de bolsão moralista em termos ideológicos. O que se observa hoje no Brasil é um deslizamento de uma concepção à outra, da moral para a economia. Em outras palavras, é possível afirmar que, em termos econômicos , quanto mais classe média, melhor. O crescimento material, em sua estratégia de ampliar o mercado interno, precisa de mais consumidores e contribuintes. A grande novidade, hoje, não é o capital externo, mas a capacidade de consumo dos próprios brasileiros. Quem se depara com um aeroporto cheio deveria saudar mais os passageiros de primeira viagem (que apavora tantos os colunistas sociais) do que as empresas produtoras de aviões. Pelo menos se se pensa em desenvolvimento sustentável. A economia brasileira (ao lado dos outros emergentes) está mostrando que o conteúdo – as pessoas – vale mais que a forma – os produtos.
         No atual estágio do debate político, o mais responsável é apontar para a frente. E são claros os desafios. Trata-se de estabelecer condições de crescimento que confirmem a vocação para diminuição das injustiças, ainda gritantes, por meio de ações que vão da formação de novo patamar de educação aos investimentos em infraestrutura. No entanto, o que o país também aprendeu é que o desenvolvimento, que não vai mais voltar a índices de milagre, precisa se lastrear numa realidade de maior justiça social e menos subserviência ao capital estrangeiro.
         Por isso a retórica da crítica econômica tem pouca pega eleitoral. O cidadão quer ouvir propostas para a saúde, para a segurança pública, para a mobilidade urbana. Temos muitos problemas reais para perder tempo com tergiversações. O que a realidade brasileira tem mostrado ao mundo é uma conjunção entre a democracia forte e capacidade de resposta econômica. É quase como um zanga-burrinho: um lado equilibra o outro. Quanto mais liberdade, maiores as pressões que descarregam em políticas públicas; quanto menos eficientes estas se expressem, mais necessários os controles que mantenham a estabilidade do sistema. Um segmento não pode submeter o outro, sob o risco da ditadura, por um lado, ou da bancarrota, por outro.
         Em cada um dos universos (da política e da economia) há dívidas históricas que precisam ser enfrentadas com urgência. Este deveria ser o terreno da disputa entre projetos para o país. Temos questões graves a serem vencidas e há formas diferentes de fazê-lo. O que a imprensa deveria se dedicar a cumprir, em um trabalhoso dever de casa, era mostrar o que cada candidato (e o grupo e as ideias que representam) tem a propor para o país. Algo muito mais relevante que ficar nesse rame-rame insuportável de especulações de bastidores, sobre Aécio, Dilma, Lula, Eduardo, Marina, como se a eleição fosse um jogo onomástico e não uma confrontação de projetos. Se isso – mostrar as ideias e o jeito de governar de cada grupo – é antecipação do cenário eleitoral, melhor para o cidadão. Política não é para ser feita apenas de dois em dois anos, mas todos os dias. As mentiras de campanha, como a propaganda partidária, essas podem ficar mais para a frente. Na verdade, não fazem a menor falta.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais –, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho,  o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
      

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A CIDADANIA, A EVASÃO UNIVERSITÁRIA, A ÉTICA E O BEM COMUM


“Evasão universitária
        
        Conforme dados do Censo da Educação Superior/2011, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), houve aumento de 5,7% nas matrículas do ensino superior no país, entre 2010 e 2011. O total alcançado atingiu 6,7 milhões  de pessoas incluídas na educação superior. Por outro lado, o levantamento também apresenta dados sobre uma questão que, cada vez mais, aflige as universidades brasileiras: a evasão.
         Levantamento baseado em números divulgados pelo MEC revela que, de 2010 para 2011, praticamente um milhão de alunos não renovaram as matrículas – taxa equivalente a 18%. Dos 5.398.637 graduandos, 4.392.994 efetivaram a matrícula para o ano seguinte.
         Em todo o Brasil, há 1,7 milhão de alunos nas instituições públicas superiores – 1,03 milhão (federais), 619,3 mil (estaduais) e 121,02 (municipais) – e o índice médio de evasão anual é de 11%. Isso significa que, de cada grupo de 100 alunos matriculados em um ano, 11 não renovam a matrícula no exercício posterior. Os motivos são vários: o desconhecimento sobre o curso escolhido, a falta de motivação e de interesse, a falta de maturidade para a escolha da área profissional, defasagem de conhecimento herdada no ensino médio, incompatibilidade de tempo para estudo/família/trabalho, dificuldades financeiras, estranhamento na adaptação à metodologia do universo acadêmico, além da rigidez curricular e a formação docente nos aspectos práticos e pedagógicos.
         Há algum tempo que a evasão  é pauta de discussão nas universidades brasileiras, que tentam buscar alternativas para amenizar o problema. Em 1996, foi elaborado um documento pela Comissão Especial de Estudos sobre a Evasão nas Universidades Públicas Brasileiras. Um trabalho coletivo que envolveu 61 Instituições de Ensino Superior Públicas (Iesps) federais e estaduais, as quais representavam 77,2% do universo da educação superior pública do país.
         Em fevereiro de 2012, o Ministério da Educação e as universidades começaram a discutir nova proposta para o combate à evasão no ensino superior. Dados divulgados à época mostraram que 15,6% dos alunos das universidades particulares abandonaram o curso enquanto nas universidades públicas o percentual estava na casa dos 13,2%.
         O problema persiste como um elemento desafiador. Mais que discutir a questão, dirigentes, coordenadores de cursos e docentes precisam encará-lo com ações firmes e efetivas para combater a evasão. É preciso criar programas de permanência dos alunos, incentivar as pesquisas durante a graduação e renovar as ferramentas pedagógicas.
         As transformações nas universidades brasileiras devem ser profundas e bem alicerçadas, reestruturando o ensino superior como forma de combater a evasão. Nossa ação, enquanto defensores de um ensino de qualidade, é focar nas inovações pedagógicas na educação superior. O problema de âmbito nacional precisa ser discutido a fim de tornar as ações mais efetivas.
         Na Universidade Estadual de Montes Claros, nossa proposta é encará-lo com inovação e uma nova cultura de enfrentamento da evasão. No âmbito da nossa instituição, diversas estratégias estão sendo implementadas para a permanência dos alunos até a conclusão dos cursos, entre as quais enumeramos: acompanhamento psicopedagógico; ingresso por área e definição posterior com nivelamento e tutoria quando necessário; política de assistência estudantil; revisão dos projetos político-pedagógicos (PPPs); disciplinas flexíveis; distribuição de encargos didáticos e de professores por disciplina/formação docente; organização departamental; integração e ação dos centros acadêmicos e avaliação adequada; programa de formação pedagógica docente; criação dos núcleos docentes estruturantes (NDEs), principalmente.
         O problema da evasão não pode ser analisado de modo simplista. Nossa responsabilidade é criar ações de combate e mobilizar as pessoas de forma adequada, sensibilizando para o problema na tentativa de promover um debate sério com diretrizes de ações concretas. As universidades públicas precisam ter uma agenda de enfrentamento da situação. Uma instituição de ensino superior não pode se contentar com os avanços. É preciso ir além. Repensar seu papel, atualizar, inovar seus programas e projetos pedagógicos e ter ações proativas de combate à evasão.”
(JOÃO DOS REIS CANELA. Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“A ética no diálogo e o bem comum
         
         A sociedade sofre avalanches de todo tipo: escândalos morais no âmbito político, incoerências absurdas no mundo religioso, crises diversas nas relações familiares e a redução do trabalho à lógica do lucro. Pode-se fazer uma longa “ladainha de avalanches” que distanciam a vida de sua compreensão como dom, oportunidade de experiências valiosas. Sem nenhum sentido de pessimismo, ao fazer essas constatações, ainda é possível, louvado seja Deus, construir um rosário de fatos e acontecimentos que dignificam as pessoas, alavancam a construção de uma sociedade justa e solidária. Existem ações de grande alcance, engenhadas com grande competência e espírito de solidariedade, que merecem constante reconhecimento e cotidiana divulgação, alimentando imaginários para que se tornem efetivas as convicções e condutas solidárias. E que a sociedade brasileira faça jus ao que canta, em verso e prosa, de ser uma cultura marcada pela proximidade.
         Contudo, é importante a consideração das condutas que geram prejuízos para ganhar estatura  no seu enfrentamento e, consequentemente, modificar cenários. Sobretudo o clamor dos mais pobres não pode ser desconsiderado nunca. Essa sensibilidade não deve servir apenas para construir argumentos e promessas em campanhas eleitorais. Escutar os pobres e considerar suas urgências, atendendo-as com presteza e como prioridade, têm uma força educativa que, se não for alcançada, reduz as conquistas apenas a indicadores econômicos. Esses números tornam-se insignificantes, pouco incidentes na vida dos pobres, quando não estão emoldurados por uma sensibilidade social e apurada consciência política, que não é, obviamente, aquela partidária do cenário brasileiro.
         Infelizmente, a consciência política partidária no Brasil é uma verdadeira lástima. Basta verificar a quantidade de siglas que carregam de tudo e tudo negociam, a partir de interesses cartoriais e grupais. Não menos, carregam também muitos que não têm competência  para exercícios executivos e parlamentares, atrasando processos, burocratizando e retardando serviços para o bem comum. A sociedade não pode ser regida estritamente pelas ideologias desses partidos, tantas vezes filosoficamente pouco lúcidas, eivadas, não raramente, de interesses mesquinhos, ferindo direitos intocáveis. A vida social tem que ser pautada pela mais alta consciência cidadã, para que políticos, executivos e tantos outros compreendam e ajam, de fato, não como mandatários, mas como servidores dos interesses daqueles que neles depositaram confiança.
         Retomando as “avalanches” que transformam a sociedade brasileira, merece consideração especial a profusão de informações e opiniões difundidas nas redes sociais. Pela internet, as pessoas podem se manifestar sobre tudo, mas é importante que o façam com responsabilidade, cada um reconhecendo o seu fundamental papel na construção de um mundo melhor. Aqueles que estão nos governos, nos serviços religiosos e humanitários, assim como os que se beneficiam dessas ações, precisam redobrar a atenção para a exigência ética nesse diálogo na web. Não se pode dizer e espalhar inverdades.
         Na perspectiva das instituições, deve ser prioridade a manutenção de ouvidorias efetivas para que se saiba a opinião do povo sobre as ações dos governos, sobre os serviços religiosos e de entidades diversas, como uma prestação de conta social e indispensável diálogo numa sociedade que busca ser cada vez mais igualitária. Assim, os políticos não podem tomar cafezinho com o povo e andar nas ruas apenas no tempo das eleições. Os religiosos, primando pela conduta moral ilibada, devem comprometer-se com as instâncias de participação e comunhão no exercício de sua liderança. Os empreendedores não podem deixar de equilibrar seus interesses com aqueles da coletividade. Os formadores de opinião devem veicular a voz dos pobres. Nesse caminho e com essa sensibilidade se garantirá a indispensável ética no diálogo que leva ao bem comum.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, minas a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; turismo; comunicações; esporte, cultura e lazer; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em  julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade  e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  
        

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A CIDADANIA, A CELEBRAÇÃO DA INTERNET E O DESAFIO DA SAÚDE


“Dia mundial da internet
        
        O mundo celebra amanhã, 17 de maio, o Dia Internacional da Internet, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006. A rede mundial de computadores surgiu em um dos momentos mais tensos do século passado, rodeada por segredos de Estado, para se transformar em uma ferramenta que poderia decidir os rumos da Guerra Fria entre Estados Unidos e a então União Soviética. Quatro décadas se passaram e o que era guardado a sete chaves virou um dos principais expoentes de uma nova era: a sociedade da informação. O surgimento dessa ferramenta configurou uma revolução em todos os setores e, principalmente, no comportamento humano. A internet tornou-se um instrumento de trabalho, de estudo e de lazer. Diversos serviços podem se realizados por meio de um clique ou um toque, como comprar pela internet, ensinar a distância, localizar um estabelecimento e pagar contas. Para se ter ideia da importância da rede mundial de computadores, apenas no Brasil, o número total de usuários ativos na internet, tanto em casa quanto no trabalho, atingiu 52,3 milhões de pessoas, excluindo os meios móveis. O país é a sétima audiência da internet e o maior mercado na América Latina, ou seja, 35% dos 131 milhões de usuários estão em terras brasileiras, segundo relatório publicado pela comScore. A pesquisa mostra também que o tempo gasto na internet é de 27 horas/mês, sendo que a média global é de 24 horas/mês, e a da América Latina, 22 horas/mês.
         Como as pessoas passam muito tempo conectadas, cada vez mais as empresas estão valorizando as negociações on-line e até segmentos tradicionais, como a Enciclopédia Britânica, estão investindo no mundo virtual. A digitalização chega como um tendência comportamental, não apenas para profissionais, mas, também, na dinâmica dos negócios a longo prazo. Podemos destacar o comércio eletrônico como uma das revoluções da internet. Até poucos anos atrás, ninguém imaginaria que fazer compras pela web seria possível, e no entanto, o e-commerce cresce a cada ano. A estimativa de faturamento do setor para 2013 é de R$28 bilhões, segundo a empresa especializada e-bit. Não podemos negar que é um fenômeno e um verdadeiro marco na história da internet. As redes sociais também fazem sucesso no Brasil. Os sites de relacionamento tiveram seu boom em 2006, com o Orkut. Hoje, os maiores acessados são o Facebook, o Orkut e o Twitter, de acordo com a pesquisa da comScore. Em 2012, o relatório constou que apenas no Facebook,  plataforma com o maior número de usuários no mundo, os brasileiros gastaram mais de 90% do tempo. O Facebook está no topo do ranking das redes sociais, com 67 milhões de usuários, alta de 458% entre 2011 e 2012, segundo afirmação do vice-presidente do Facebook na América Latina, Alexandre Hohagen.
         Os números relativos à internet no Brasil e no mundo mostram a revolução que a rede mundial de computadores causou e ainda causa na vida das pessoas e como está mudando a maneira de relacionamento e de fazer negócios. As histórias, os marcos e as conquistas são enormes, tanto no campo empresarial quanto no pessoal. A internet ainda vai evoluir bastante e a tecnologia continuará nos ajudando em situações que jamais poderíamos imaginar.”
(LEONARDO BORTOLETTO. Diretor-presidente da Web Consult e vice-presidente-executivo da Sucesu Minas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de O que a vida me ensinou, que a editora Saraiva faz chegar esta semana às livrarias, e que merece igualmente integral transcrição:

“Médicos de Cuba?
        
         O Conselho Federal de Medicina (CFM) está indignado diante do anúncio da presidente Dilma de que o governo trará 6 mil médicos de Cuba, e outros tantos de Portugal e Espanha, para atuarem em municípios carentes de profissionais da saúde. Por que aqui a grita se restringe aos médicos cubanos? Detalhe: 40% dos médios do Reino Unido são estrangeiros.
         Também em Portugal e Espanha há, como em qualquer país, médicos de nível técnico sofrível. A Espanha dispõe do 7º melhor sistema de saúde do mundo, e Portugal do 12º. Em terras lusitanas, 10% dos médicos são estrangeiros, inclusive cubanos, importados desde 2009. Submetidos a exames, a maioria obteve aprovação, o que levou o governo português a renovar a parceria em 2012.
         Ninguém é contra o CFM submeter médicos cubanos a exames (Revalida), como deve ocorrer com os brasileiros, muitos formados por faculdades particulares que funcionam como verdadeiras máquinas de caça-níqueis. O CFM reclama da suposta validação automática dos diplomas dos médicos cubanos. Em nenhum momento isso foi defendido pelo governo. O ministro Padilha, da Saúde, deixou claro que pretende seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissionais.
         A opinião do CFM importa menos que a dos habitantes do interior e das periferias de nosso país que tanto necessitam de cuidados médicos. Estudos do próprio CFM, em parceria com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, sobre a demografia médica no Brasil, demonstram que em 2011 o Brasil dispunha de 1,8 médico para cada l mil habitantes. Temos de esperar até 2021 para que o índice chegue a 2,5 /1 mil. Segundo projeções, só em 2050 teremos 4,3/1 mil. Hoje, Cuba dispõe de 6,4 médicos por cada 1 mil habitantes. Em 2005, a Argentina contava com mais de 3/1 mil, índice que o Brasil só alcançará em 2031.
         Dos 372 mil médicos registrados no Brasil em 2011, 209 mil se concentravam nas regiões Sul e Sudeste, e pouco mais de 15 mil na Região Norte. O governo federal se empenha em melhorar essa distribuição de profissionais da saúde por meio do Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica (Provab), oferecendo salário inicial de R$ 8 mil e pontos de progressão na carreira, para incentivá-los a prestar serviços de atenção primária à população de 1.407 municípios brasileiros. Mais de 4 mil médicos já aderiram. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propõe que médicos formados em universidades públicas, pagas com o seu, o meu, o nosso dinheiro, trabalhem dois anos em áreas carentes para que seus registros profissionais seja reconhecidos.
         Se a medicina cubana é de má qualidade, como se explica a saúde daquela população apresentar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices bem melhores que os do Brasil e comparáveis aos dos EUA? O Brasil, antes de reclamar de medidas que beneficiam a população mais pobre, deveria se olhar no espelho. No ranking da OMS (dados de 2011), o melhor sistema de saúde do mundo é o da França. OS EUA ocupam o 37º lugar . Cuba, o 39º. O Brasil, o 125º!
         Se não chegam médicos cubanos, o que dizer à população desassistida de nossas periferias e do interior? Que suporte as dores? Que morra de enfermidades facilmente tratáveis? Que peça a Deus o milagre da cura? Cuba, especialista em medicina preventiva, exporta médicos para 70 países. Graças a essa solidariedade, a população do Haiti teve amenizado o sofrimento causado pelo terremoto de 2010. Enquanto o Brasil enviou tropas, Cuba remeteu médicos treinados para atuar em condições precárias e situações de emergência.
         Médico cubano não virá para o Brasil para emitir laudos de ressonância magnética ou atuar em medicina nuclear. Virá tratar de verminose e malária, diarréia e desidratação, reduzindo as mortalidades infantil e materna, aplicando vacinas, ensinando medidas preventivas, como cuidados de higiene. O prestigioso New England Journal of Medicine, na edição de 24 de janeiro deste ano, elogiou a medicina cubana, que alcança as maiores taxas de vacinação do mundo, “porque o sistema não foi projetado para a escolha do consumidor ou iniciativas individuais”. Em outras palavras, não é o mercado que manda, é o direito do cidadão.
         Por que o CFM nunca reclamou do excelente serviço prestado no Brasil pela Pastoral da Criança, embora ela disponha de poucos recursos e improvise a formação de mães que atendem a infância? A resposta é simples: é bom para uma medicina cada vez mais mercantilizada, voltada mais ao lucro que à saúde, contar com o trabalho altruísta da Pastoral da Criança. O temor é encarar a competência de médicos estrangeiros.
         Quem dera que, um dia, o Brasil posso expor em suas cidades o outdoor que vi nas ruas de Havana: “A cada ano, 80 mil crianças do mundo morrem de doenças facilmente tratáveis. Nenhuma delas é cubana”.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados (é impositivo ilustrarmos: próximos de zero); II – a corrupção, com um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública, a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; assistência social; previdência social; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A CIDADANIA, O DESAFIO DA COMPETITIVIDADE E O DRAGÃO DA CORRUPÇÃO


“Pela indústria nacional competitiva

Temos assistido a intensos debates sobre a existência ou não de um processo de desindustrialização no Brasil. Economistas de tendências diversas têm discutido a questão sem que cheguem a um consenso. A nosso ver, o país está, sim, sofrendo um processo contínuo de perda de participação da indústria no PIB nacional. Sob qualquer medida, percebe-se a perda relativa da indústria, que teve no passado um percentual na geração de riquezas em nossa economia bastante superior ao que tem hoje. Saímos de 36% do PIB, em meados da década de 80, para algo como 13% em 2012.
É natural que no desenvolvimento das economias exista uma perda relativa de participação da indústria em favor do setor de serviços que, em boa medida, cresce devido à demanda da própria manufatura. Infelizmente, porém, os números mais recentes do setor industrial mostram que, além da perda relativa, estamos vendo uma redução da atividade industrial decorrente da ausência de fatores sistêmicos de competitividade oferecidos às empresas nacionais quando comparado com os concorrentes internacionais.
Desnecessário falar sobre o preço que tem sido pago por esse setor decorrente da apreciação da nossa moeda, da carga tributária elevada e complexa para poder ser atendida dentro das exigências legais, dos custos excessivos e da precariedade da nossa infraestrutura.
É certo que o governo federal vem tomando medidas para reduzir o chamado custo Brasil. Prova cabal das ações nesse sentido foi a desoneração da folha de pagamentos, a diminuição do custo da energia, a isenção de impostos na cesta básica, a instituição do Reintegra e outras medidas ainda não anunciadas, mas em análise. Por outro lado, o mundo não para e nossos concorrentes também estão se movimentando no sentido de ganhar competitividade, de maneira a conquistar mercados. Essa batalha dá-se num contexto extremamente complicado da economia mundial, com encolhimento dos mercados tradicionalmente importadores localizados nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Nas discussões sobre como resgatar a competitividade das empresas brasileiras, tem sido proposto o seu deslocamento para países vizinhos, com o intuito de “fugir” das nossas mazelas competitivas. Entendemos ser essa uma proposta de internacionalização defensiva, na qual a legítima e necessária expansão territorial das companhias dá-se por carências das nações onde se localizam e não por uma ausência de novas oportunidades de investimentos, geração de empregos e riquezas dentro do território nacional.
As companhias brasileiras precisam, sim, inserir-se nas cadeias produtivas globais para participar de todo fluxo comercial e de investimentos existentes no planeta. As decisões empresariais são soberanas, porém, entendemos que as entidades de classe, como a Abit, devem colocar toda a sua energia na busca, em nível macro, meso e micro, em favor da criação das melhores condições de investimentos, dentro do território nacional, tanto para as empresas brasileiras quanto para as internacionais que decidam instalar-se em nosso país.
Nações como os Estados Unidos, devido à crise instalada no mundo a partir de 2008, têm buscado reindustrializar-se, objetivando a geração de investimentos e empregos dentro do seu espaço geográfico. O Brasil tem todas as condições para ser uma economia forte e competitiva, tanto no âmbito agrícola e de serviços, quanto na indústria. Nenhum país com o nosso nível de desenvolvimento construiu um parque produtivo tão amplo e diversificado, incluindo o nosso setor têxtil e de confecção, situado entre os cinco maiores do mundo.
É para preservar e desenvolver ainda mais a nossa indústria, sem nos descuidarmos dos outros setores da economia, que entendemos que devam trabalhar todas as entidades de classe, sejam elas, patronais ou laborais.”
(AGUINALDO DINIZ FILHO. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Diga não à corrupção
         
         Está em andamento uma tentativa de melar o julgamento do mensalão e de submeter o Supremo Tribunal Federal (STF) aos interesses de certos setores do Congresso Nacional. A possibilidade concreta de cadeia, consequência natural do julgamento do mensalão, acionou o alerta vermelho no submundo da cultura da corrupção. As manchetes dos jornais refletem a reação desesperada dos mensaleiros de hoje e de sempre. Por trás dos embargos e recursos dos advogados dos mensaleiros, ferramentas legítimas do direito de defesa, o que se oculta é um objetivo bem determinado: melar o mensalão, zerar o placar, fazer um novo julgamento, livrar os culpados do regime fechado. É simples assim. As rusgas entre o Congresso e o Supremo têm bastidores pouco edificantes.
         É impressionante o número de parlamentares com inquéritos ou ações penais na fila de julgamento do STF. No Congresso Nacional, são 160 deputados e 31 senadores, um terço da instituição. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, 32 de seus 10 integrantes respondem a inquéritos, entre os quais dois já condenados – José Genoíno e João Paulo Cunha, do PT –, Paulo Maluf  (PP-SP), e o presidente do fórum, Décio Lima (PT-SC), com quatro inquéritos por improbidade administrativa e sonegação previdenciária quando prefeito em Blumenau.O que está em jogo não é a independência do Congresso Nacional, mas a defesa da impunidade.
         A política é a arte da negociação, mas não pode ser a ferramenta da bandidagem. E é isso que está por trás das tentativas de melar o julgamento do mensalão. O que você, amigo leitor, pode fazer para contribuir com a urgente e necessária ruptura do sistema de privatização do dinheiro público que se enraizou nas entranhas da República?
         Em primeiro lugar, pressionar as autoridades. O STF, por exemplo, deve sentir o clamor da sociedade. Impõe-se a implementação plena das penas do julgamento. É um dever indeclinável. A Suprema Corte pode dar o primeiro passo para a grande virada. Se os réus do mensalão, responsáveis “pela  instalação de uma rede criminosa no coração do Estado brasileiro”, pagarem por seus crimes, sem privilégios e imunidades, o Brasil mudará de nível.
         Não podemos mais tolerar que o Brasil seja um país que discrimina os seus cidadãos. Pobre vai para a cadeia. Poderoso não só não é punido como invoca presunção de inocência, submerge estrategicamente, cai no esquecimento e volta para roubar mais. A ausência de punição é a mola da criminalidade. Mas não atiremos a esmo. Não publiquemos no domingo para, na segunda, mudar de pauta. Vamos concentrar. Focar no mensalão. E você, caro leitor, escreva aos ministros do STF, pressione, proteste, saia às ruas.
         Em segundo lugar, exija de nós, jornalistas, a perseverança de buldogues. É preciso morder e não soltar. Os meios de comunicação existem para incomodar. A imprensa precisa ficar no calcanhar dos criminosos.
         Uma democracia constrói-se na adversidade. O Brasil, felizmente, ainda conta com um Ministério Público atuante, um Judiciário, não obstante decepções pontuais, bastante razoável e uma imprensa que não se dobra às pressões do poder. É preciso, no entanto, que a sociedade, sobretudo a classe média, mais informada e educada, assuma o seu papel no combate à corrupção. As massas miseráveis, reféns do populismo interesseiro, da desinformação e da insensibilidade de certa elite, só serão acordadas se a classe média – e a formidável classe emergente –, fiel da balança de qualquer democracia, decidir dar um basta à vilania que tomou conto do núcleo do poder.
         Chegou a hora de a sociedade civil mostrar sua cara e sua força. É preciso, finalmente, cobrar a reforma política. Todos sabem disso. Há transparência, sobram sombras. O Brasil pode sair desse pântano para um nível civilizado. Mas para que isso ocorra, com a urgência que se impõe, é preciso que os culpados sejam punidos. Diga não à corrupção!”.

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III– o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
 c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente  inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; logística; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; comunicações; turismo; esporte, cultura e lazer; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, O EMPREENDEDORISMO E A NOBREZA DE SENTIMENTO


“Educar para melhor empreender
         
         A geração de emprego e renda no Brasil é estimulada por um conjunto de fatores. Um dos mais importantes, sem dúvida, refere-se à ampliação e à qualificação dos empreendedores. O conhecimento tem se revelado o grande diferencial para quem busca melhores oportunidades de vida. Dessa forma, ações de educação empreendedora merecem destaque nas estratégias de desenvolvimento de qualquer país – especialmente no nosso, em que o empreendedorismo representa um fenômeno de inclusão e de ascensão social. Uma realidade econômica competitiva como a atual, em que os contextos regional e mundial se interligam e se influenciam mutuamente com a globalização, exige muito mais do que boas ideias para que qualquer projeto prospere. Um bom empreendedor associa ousadia e inovação à capacitação e ao planejamento. A atitude empreendedora faz a diferença em qualquer ambiente.
         Há quem pense que o empreendedor já nasce pronto, como se o sucesso dependesse apenas de um talento nato. Não é verdade, essa competência pode ser desenvolvida. O fomento ao empreendorismo representa a base de atuação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) desde sua criação, há mais de 40 anos. Para multiplicar os empreendedores no Brasil, atuamos em diversas frentes. Temos parcerias estratégicas com instituições como Senai, Junior Achievement e Endeavor. O Sebrae também vem discutindo com o Ministério da Educação a inserção do empreendedorismo no ensino técnico. E agora, com a criação da secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo federal, temos mais motivos para somar esforços em torno de projetos que impulsionem a atividade empreendedora no Brasil.
         Incentivar o empreendedorismo é estimular o desenvolvimento. Os países de economia mais sólida possuem parcela expressiva de empreendedores. No Brasil, abrir um negócio próprio já foi um caminho mais buscado por quem precisava de uma fonte de renda emergencial. Atualmente, sete em cada 10 pessoas abrem uma empresa porque identificaram uma oportunidade de mercado – em especial nesse momento em que mais de 40 milhões de pessoas ingressaram na nova classe média e ampliaram seu poder do consumo. Mais da metade dos empreendedores brasileiros já possui ensino médio – um nível de escolaridade mais alto que a média da população do país. Trata-se de um bom sinal, pois quanto maior a escolaridade, maior a qualificação e também as chances de êxito nos negócios. Mas também é preciso ter continuidade na educação, não se acomodar com o conhecimento já adquirido. Ao contrário, um empreendedor que se comporta como um aluno, sempre disposto a aprender, certamente amplia a longevidade da sua empresa.
         A participação em projetos de educação empreendedora é essencial para quem já está no mercado. Prova disso são os resultados do Empretec, uma metodologia desenvolvida pela ONU para o desenvolvimento de competências empreendedoras e ministrada há 20 anos no Brasil com exclusividade pelo Sebrae. Um levantamento feito com participantes do seminário  mostrou que a maioria registrou aumento dos lucros, após a conclusão da formação devido à implantação de mudanças em seus produtos e serviços. Os estudantes são um público-alvo estratégico: até hoje, cerca de 2 milhões de pessoas já passaram por cursos de formação de empreendedores pelo Sebrae. Desses, 600 mil são alunos do ensino fundamental, médio e superior que cursaram empreendedorismo na escola, em projetos do Sebrae. Outro 1,1 milhão de estudantes participaram do Desafio Sebrae, que, por meio de um simulador via internet, oferece uma experiência prática do dia a dia de uma empresa a universitários do Brasil e de outros oito países da América Latina.
         Recentemente nacionalizamos uma experiência concebida pelo Sebrae em São Paulo, o projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (Jeep). O foco é o ensino fundamental, que reúne alunos de 6 a 14 anos, em escolas públicas e privadas. Por meio de oficinas lúdicas, as crianças aprendem noções sobre planos de negócio, como a importância de controlar o dinheiro. Essa conscientização, ainda na infância, vai ajudar, no futuro, a valorizar práticas como o controle de fluxo de caixa. Voltados ao ensino médio, temos programas como o Crescendo e Aprendendo, Despertar e Formação de Jovens Empreendedores, que buscam estimular a visão empreendedora como uma das estratégias para a inclusão social e acesso ao mercado de trabalho. No ensino superior, contamos com a parceria de 19 instituições para pesquisa e difusão do empreendedorismo.
         A educação empreendedora deve seguir como instrumento estratégico de desenvolvimento e inclusão. Conhecimento não é bom apenas para quem o adquire: quanto maiores a escolaridade e a qualificação, maior a perspectiva de empreendimentos de qualidade, o que beneficia a sociedade como um todo. O caminho para que nosso país se torne cada vez mais justo e competitivo passa, necessariamente, pela valorização crescente da educação e da capacitação dos brasileiros.”
(LUIZ BARRETO. Presidente do Sebrae Nacional, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de maio de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Nobres sentimentos
        
         O Dia das Mães, celebração do segundo domingo de maio, mais do que tradicional comemoração, é oportunidade para resgatar nobres sentimentos. Há um magistério do coração materno com propriedades únicas e sustentadoras da vida, com autenticidade, singeleza e beleza. Mãe é sempre a pessoa que se torna um ciência de vida, emoldurada por seus gestos de nobreza. Uma altivez que se projeta no âmbito dos balizamentos divinos. Compreende-se por que a mão é expressão mais completa do amor misericordioso do Pai.
         Deus quis uma mãe para o seu filho: Maria, a mãe de Jesus, que ao participar da vida e mistério de seu filho, com admirável simplicidade, delicadeza completa e artística discrição, alcança a estatura da mais cativante nobreza. Atenta, escuta  e obedece à escolha de Deus dizendo seu sim. Alcança uma compreensão com medidas humanamente perfeitas para acolher o querer divino. Nela, Maria, realiza-se a mais completa expressão da obra da criação, quando coberta pela invisível presença amorosa do Espírito Santo se torna a mãe do Salvador do mundo. Caminha com Ele, acompanhando-o no seu crescimento, de modo exemplar no desempenho pedagógico de quem foi escolhida para ser a mãe do Mestre e Senhor.
         Nas circunstâncias de sua missão, mostra-se atenta às necessidades dos outros, expressão nobre dos mais importantes sentimentos. Vive angústias e obediência amorosa que geram alegrias e guarda tudo no coração, tornando-o um sacrário de sabedorias não encontradas nos livros, não ensinadas nas academias e não alcançadas pelas estratégias. O exemplo de Maria mostra que cada mãe é merecedora de toda a reverência. Nossa Senhora alcança o mais relevante patamar da condição de filha de Deus quando enxerga, pela fé, a certeza da vitória diante dos sofrimentos, como a crucifixão e morte de um filho. Não por acaso, o artista Aleijadinho, na imagem veneranda da Senhora da Piedade, aquela da Ermida da Padroeira de Minas, destaca o olhar que revela dor e, ao mesmo tempo, a luminosidade que só a fé pode dar à razão humana e ao coração da criatura.
         Dessa mãe, a mãe de Deus, cada mãe, na singularidade de sua história de vida cultural e familiar, e nas particularidades dos dons e de sua própria missão, tem o necessário para ser especial e no seu dia ser reverenciada. Toda mãe é mestra, sem ser professora. É sábia, sem ser intelectual ou estudada. Tem realeza, sem pertencer a dinastias monárquicas. Dona do que for, muito ou pouco, revela a capacidade inimitável de doação e de partilha. Assim, alivia os pesos da miséria, dos sofrimentos, consola nas tristezas e inspira, mesmo depois de ter partido deste mundo, audácia, coragem, sentimentos de gratidão. Alimenta por seus gestos jamais esquecidos o tesouro dos nobres sentimentos.
         Faço votos que este segundo domingo de maio, congregando famílias, reunindo filhos ao redor de suas  mães, também pela lembrança das que já partiram desta vida, emolduradas por uma saudade que não passa, seja uma oportunidade de festa. Além disso, que seja um momento singular para reavivar os nobres sentimentos, segundo medidas do amor de mãe, para que se concretize, com mais rapidez e perfeição, o que só o amor aprendido e vivido pode alcançar: um tempo novo para este novo tempo do terceiro milênio.
         Você, como filho ou filha, resgate no seu coração e na sua vida o que pode fazer dela o verdadeiro dom que é: as lições que as mães ensinam pelos nobres sentimentos. Parabéns, mães, com apreço, benção e a proteção da Nossa Senhora da Piedade, mãe padroeira de Minas Gerais.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em  todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, irremediavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; pesquisa e desenvolvimento; logística; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com fraternidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...