“Pessoas,
sonhos e cultura
Antes de ser admitida
em uma empresa, a pessoa deveria responder a três perguntas básicas: Qual o seu
sonho? O que você pretende fazer para realizar o seu sonho? Como você vai
integrar-se ao sonho de sua empresa? Pois as pessoas e as empresas precisam perseguir suas utopias, os seus
sonhos maiores, sonhando juntas?
Fazer com simplicidade
o que é simples é sabedoria. Transformar o que é complexo em simples é imensa
sabedoria. Disse o barão de Itararé, em suas Máximas e mínimas, que “tudo seria fácil se não fossem as
dificuldades”. E as dificuldades chegam sempre em maior escala de velocidade e
em especiais níveis de complexidade. Muitas pessoas e empresas se deixam
conduzir por caminhos que levam a parte alguma e transformam o simples em
complexo e o complexo em algo absolutamente insolúvel, assustando-se com suas
próprias sombras, tropeçando em grãos de areia e incorporando-se à sociedade do
excesso: excesso de pessoas e de organizações, que pensam e agem de formas
similares, ao sabor dos ventos e das chuvas. Fazer apenas o que todos fazem da
forma como todos fazem é ser parte da sociedade do excesso, é viver assombrado
sempre sob altos riscos de rejeição.
Ter
sempre objetivos que substituam as conquistas do passado é decisivo para novas
conquistas. Afinal, após chegar ao alto da montanha mais alta, temos que voar.
Permanecer é retroceder. Retroceder é o início do fim, rolando montanha abaixo.
Tomar o poder não é o problemas, mantê-lo, sim, ensinou-nos Maquiavel.
A
gestão empresarial é filosofia, arte, atitude e técnica. Como posicionar a
empresa à frente do universo de seus negócios, em tempos sob velocidade de
mudanças, dominando as leis da natureza e do mercado? Nadar a favor da
correnteza quase todos conseguem, alguns de afogam. Poucos são capazes de nadar
contra a correnteza. Quem é capaz de subir a cachoeira nadando? Os que
conseguem voar, depois de chegar ao alto da montanha mais alta.
Então,
é imprescindível transformar potência em poder, ousando e inovando sempre. O
planejamento estratégico orientando a visão de mundo e de futuro e fortalecendo
os diferenciais competitivos da empresa. Saber para ser, para transformar.
Saber fazer. Ser senhor de seu destino e não escravo de suas circunstâncias.
Ser outro a cada dia, fazendo sempre mais e muito melhor.
Filosofia
e cultura: temos que ser capazes de ser o que somos capazes de dizer. A
filosofia é a ordem de dizer; a cultura, a ordem de ser. O exemplo não é a
melhor maneira de se mostrarem as coisas: é a única. A cultura é tudo. Ela cria
na empresa o ambiente virtuoso em que pessoas possam sonhar juntas, unindo suas
visões de mundo e de futuro, habilidades e competências em sistema integrado de
papéis de alta complexidade, todos olhando para a mesma direção, buscando
consolidar-se em alma única, em corpo único.
Diz
Jim Collins, escritor e consultor de negócios, prefaciando o livro Sonho grande, que “é a cultura que
permite a uma grande empresa a sua perpetuação, valoriza o desempenho, não o
status; a realização, não a idade; a contribuição, não o cargo, o talento, não
as credenciais”.
Para o
mago Raul Seixas, o sonho que se sonha sozinho é só um sonho que se sonha
sozinho. Quem não sonha realizar não é capaz de mover o mundo porque é incapaz
de se mover. E com Sócrates aprendemos que o ideal é um modelo que devemos
buscar permanentemente, ainda que conscientes de que jamais o realizaremos em
sua plenitude.
Liderar
é servir, é conduzir processos de mudanças harmonizando pessoas, sonhos e
cultura, é formar times e consolidar lideranças, é levar pessoas a conquistas
que não conseguiriam sozinhas. É levá-las ao lugar mais alto da montanha mais
alta e vê-las voar cada vez mais alto. Para tanto, é imprescindível nunca
esquecer: as pessoas não são o maior patrimônio das organizações, elas são as
próprias organizações, que, a partir da soma de suas competências, conseguem
realizar sua missão, visão e valores. Sua empresa administra a relação pessoas,
sonhos e cultura perseguindo suas utopias. Você é líder?”.
(RUY CHAVES. Diretor
da Estácio, membro do corpo de Conselheiros da Escola Superior de Guerra, em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 27 de outubro de 2014, caderno OPINIÃO, página 21).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
29 de outubro de 2014, mesmo caderno, página 7, de autoria de CHRISTIANO ROCCO, presidente do Instituto
Ativa Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:
“O
desafio de ser professor
Investir em educação
não é uma tarefa simples, requer planejamento e, sobretudo, tempo e paciência
para colher os frutos e começar a enxergar resultados. Discutir educação
significa dimensionar inúmeras questões essenciais para o bom funcionamento do
sistema de ensino de um país, como a infraestrutura física das instituições,
ações de formação continuada e diminuição da evasão escolar e a grade
curricular. Analisar esses pontos – e outros tantos que merecem a atenção dos
governos – é o caminho para começar a se pensar em uma educação pública de
qualidade, que, no caso do Brasil, é comprometido por uma questão que, talvez,
seja a chave de todo o debate em torno dessa pauta: a valorização do professor.
O
Brasil é um dos países em que o profissional da educação recebe os menores
salários do mundo. De acordo com dados divulgados pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os salários daqui são muito
baixos, se comparados aos que são pagos em países desenvolvidos, já que um
professor brasileiro, em início de carreira, que dá aulas para o ensino
fundamental em escolas públicas, recebe, em média, US$ 10.375 por ano. Por
outro lado, Luxemburgo, país que representa o maior salário, paga US$ 66.085
dólares aos seus docentes, valor quase sete vezes maior que o do Brasil. As
estatísticas fazem parte do estudo Education at a Glance 2014, que fez um
mapeamento das 43 nações-membros da OCDE e de mais 10 parceiros, incluindo o
Brasil.
E
quais as consequências da falta de atenção do poder público com os professores?
Podemos listar várias, mas a principal delas é, sem dúvidas, a desmotivação do
profissional, que, para ganhar razoavelmente bem, é obrigado a trabalhar três
turnos e a assumir papéis de coordenação e até administrativos nas escolas. Mas
essa é só a ponta do iceberg. Na sua rotina de trabalho, o professor da rede
pública de ensino no Brasil, em sua maioria, ainda lida com condições precárias
das salas de aula, falta de material, livros e, não raro, ainda é vítima do
abuso e da violência promovidos por alunos.
No
entanto, crescemos nos últimos anos. Alguns programas desenvolvidos no Brasil
demonstram que a educação tem conquistado um espaço cada vez maior na agenda de
discussão do governo, em suas diversas instâncias, e tem aberto portas significativas
para o ensino dentro e fora do país. Além disso, uma importante conquista dos
últimos tempos foi a aprovação da Lei dos Royalties do Pré-Sal, que destinará
75% dos recursos da exploração da reserva petrolífera para a educação,
garantindo que, até o fim do ano, diferentes setores recebam cerca de R$ 3
bilhões e que, em 35 anos, seja repassado R$ 1,3 trilhão. Temos, ainda, o Plano
Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho, que eleva o investimento em
educação para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024. Atualmente,
esse percentual é de 6%.
Com a
realização dos investimentos previstos e com o bom funcionamento (e a
ampliação) dos programas do governo, é possível se pensar em melhores
condições da educação pública, tendo
como um dos principais objetivos a valorização dos professores, do ensino
básico à pós-graduação, pois uma nação que não olha para os seus mestres e não
entende o seu papel de agente social dificilmente compreende que educar é um
ato político, é preparar o indivíduo para enxergar o mundo que existe para além
de si mesmo. No mês do professor, nada mais adequado e contemporâneo do que uma
das lições deixadas pelo educador Paulo Freire: “Se a educação sozinha não pode
transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as
esferas da vida nacional – numa relação promíscua entre dinheiro público versus
interesses privados –, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de
vária ordem (a propósito, vale repetir trecho de editorial do Jornal do Brasil,
de 1º/8/1994: “A corrupção dilapida anualmente no Brasil algo próximo a 20% do
Produto Interno Bruto, o equivalente a US$ 73 bilhões, que se perdem nas malhas
das licitações viciadas, do superfaturamento de obras e bens contratados pelo
Estado, das comissões embutidas nos projetos públicos e do tráfico de
influência dos atravessadores”; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, projeção
para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável
desembolso de cerca de US$ 1 trilhão, a
título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta
rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a
exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extrema e sempre crescente necessidade de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura
(rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento
ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados,
macrodrenagem urbana, logística reversa); meio
ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); minas e energia;
emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema
financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança
alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal;
defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e
inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento
– estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade,
economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e
os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização,
da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O
BRASIL TEM JEITO!...