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segunda-feira, 2 de março de 2015

A CIDADANIA, O SUPERIOR DESAFIO DA EDUCAÇÃO E A FORÇA DAS EMPRESAS (7/17)

(Março = mês 7; faltam 17 meses para a Olimpíada de 2016)

“Faculdades: inclusão ou exclusão?
        Somos um país de 200 milhões de habitantes, sendo que, dos 24 milhões de jovens em idade universitária típica (18 a 24 anos), somente 15% frequentam ensino superior (3,5 milhões). É um dos menores índices entre países de porte econômico semelhante e muito aquém dos principais parceiros ou competidores no cenário internacional. Há aproximadamente 13 milhões de profissionais com título superior no Brasil, que, somados aos 7,3 milhões de matriculados nesse nível de ensino, supondo que todos se formem, beiramos os 10% da população total, o que reflete baixo nível de escolaridade.
         Por tais evidências negativas, o Plano Nacional de Educação (PNE), que é lei, estabelece que no Brasil tenhamos matriculados 33% dos jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior até 2024. Hoje, estamos distantes da metade do caminho.
         A principal fonte de alunos do ensino superior, em tese, deveriam ser os 1,8 milhão de formandos entre os 8,7 milhões de matriculados no ensino secundário, sendo que, desses, 1,6 milhão fazem o Ensino Nacional de Ensino Médio, o Enem. Por outro lado, aproximadamente, 1,2 milhão de candidatos têm procurado acesso ao ensino superior a cada ano, 8,7 milhões via Enem, evidenciando que a maioria deles não é recém-egressa do ensino médio, mas, sim, concluiu o nível médio há mais tempo e busca, anos depois, o retorno aos estudos.
         Certamente, constitui limitador ao crescimento do número de universitários o baixo número de formandos no ensino médio e as dificuldades conhecidas daqueles formados nesse nível há mais tempo em retomarem seus estudos. Se os formandos atuais do ensino médio evidenciam graves deficiências, natural supor que, para aqueles formados há mais tempo, o afastamento das salas de aula e a falta de tempo para os estudos tornam tais dificuldades ainda mais severas. Talvez no item memória eles sejam prejudicados, mas possivelmente sejam compensados por terem, em geral, uma atitude mais madura, a depender de utilização de metodologias e tecnologias inovadoras especialmente adaptadas a essas circunstâncias.
         Uma das maneiras seria comparar os rendimentos médios dos dois grupos no Enem. Porém, esse exame, em que pesem tentativas anteriores de torna-lo um exame mais de raciocínio do que de mero exercício de memória, nas suas versões mais recentes, a ênfase tem sido gradativamente em detalhes conteudistas e em especificidades de informações, restando pouco espaço para raciocínios, lógicas aplicadas e mensuração da capacidade de resolver problemas a partir de informações disponibilizadas.
         O governo federal, ao adotar, em nome da qualidade, nota mínima no Enem para acesso ao Fundo de Financiamento ao Estudante (Fies), pode eventualmente atingir, ou excluir, principalmente esse público trabalhador que busca no ensino noturno e na rede privada concretizar o sonho não realizado quando concluiu o ensino médio.
         Quanto à real possibilidade de incluir esse público trabalhador e recuperá-lo dentro do contexto do ensino superior, há estudos mostrando que, adotando-se estratégias apropriadas e um conjunto de disciplinas de nivelamento, os resultados finais desse grupo são equivalentes, às vezes superiores, aos grupos com deficiências menores iniciais que não participam do programa de recuperação.
         A título de exemplo de experiência internacional, em trabalho recente, os pesquisadores Erick Bettinger e Bridget Long, das universidades de Stanford e Harvard, respectivamente, tratam de necessidades de estudantes mal preparados. Os resultados por eles obtidos, ainda que em realidade distinta, evidenciam que os alunos que frequentaram disciplinas (matemática e inglês, basicamente) de recuperação tiveram melhores rendimentos e, proporcionalmente, desistiram menos do que os demais.
         No Brasil, dentro da mesma inspiração, e em conjunto com aqueles pesquisadores, pretendemos estudar se há significa diferença em termos de melhoria de aproveitamento e diminuição de abandono quando, por exemplo, em um curso de engenharia, em vez de submeter de imediato os calouros às disciplinas de nivelamento. Além de recuperar os conteúdos do ensino médio, o estudante faz intenso uso de novas metodologias e tecnologias inovadoras, preparando-o para o mundo das ferramentas digitais aplicadas à educação e ao convívio, sem medo, com plataformas de aprendizagem.
         O Brasil precisa desesperadamente de um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável, sem o que não enfrentaremos nossos desafios, entre eles, o de aumento da produtividade, diretamente relacionado ao nível de escolaridade do seu povo. Os estudos, especialmente no nível superior, em complemento a preparar profissionais para carreiras específicas, contribuem, ao ampliar o nível de escolaridade, para a melhoria de qualidade de vida, no nível individual, e por um país competitivo e sustentável no plano coletivo. Haveremos de aprender a conjugar escala e qualidade, ofertando ensino superior de padrão aceitável e para muitos.”

(RONALDO MOTA. Reitor da Universidade Estácio de Sá, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de fevereiro de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Empresário, nobre tarefa
        O papa Francisco, na exortação apostólica Alegria do Evangelho, afirma que a vocação de um empresário é uma nobre tarefa. Lamentavelmente, essa nobreza é atacada pela corrupção que afeta funcionamentos de instâncias decisivas nos rumos da sociedade brasileira. A altivez da tarefa do empresário, diz o papa Francisco, se verifica na medida em que ele se deixa interpelar por um sentido mais amplo da vida e se engaje no serviço decisivo ao bem comum, em um esforço para tornar as riquezas deste mundo mais acessíveis a todos. Para isso, as complexidades e exigências das atividades econômicas não podem estar sob a regência do mercado, com suas forças cegas e invisíveis. O mercado tende sempre a comprometer o crescimento justo, que beneficia a coletividade. Com a desarvorada pretensão de aumentar a rentabilidade de poucos, gera novos excluídos e cristaliza situações de privilégios.
         O que está se passando na sociedade brasileira é consequência de ações na política econômica que não estão fundamentadas em duas referências básicas para se alcançar uma realidade mais justa: o respeito à dignidade de cada pessoa e a busca pelo bem comum. Conforme indica o papa Francisco, essas referências estão inseridas apenas no discurso político. Por isso mesmo, incomoda muito quando se exige a ética, a distribuição de bens, a defesa de postos de trabalho e a proteção dos fracos. Incomoda também quando se fala da solidariedade mundial ou mesmo do Deus que exige um compromisso em prol da justiça.
         A digna missão dos empresários não pode dispensar a nobreza própria dos políticos verdadeiros, capazes de dialogar e dedicados a sanar os graves problemas que afetam os cidadãos todos, diante dos desafios deste momento – referência sobretudo à corrupção –, têm a chance de dar uma nova resposta à sociedade. Para isso, é necessário um exame de consciência capaz de promover condutas éticas, exercício com força incisiva na vida do povo. Como fará diferença quando a política abandonar a dinâmica de atender interesses partidários e de pequenos grupos para ser vivida como uma preciosa vocação, uma das formas mais completas do exercício da caridade!
Um novo tempo pode ser gerado se, particularmente, empresários e políticos, mas também outros segmentos e instituições da sociedade, conseguirem dar uma resposta nova, tomando como referência determinante o povo e a vida dos pobres. Sem esse parâmetro, corre-se o risco de apenas “passar uma tinta” que acalma os ânimos, faz transparecer que a corrupção não acontece e que os mecanismos de favorecimentos e negociatas são apenas factoide. Não se pode esconder a ferida e a enfermidade que se abatem sobre o caminho da sociedade brasileira, agravada pelos enraizamentos históricos e pela perda de sentido de pátria e de cidadania.
É hora de um amplo diálogo social para superar esse abalo sísmico nos alicerces da sociedade. Nesse horizonte, é urgente que as instituições e segmentos diversos se posicionem adequadamente em estado de alerta e de contribuição. Ao promover a Campanha da Fraternidade 2015, corajosamente abordando o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, a Igreja Católica no Brasil reafirma seu compromisso de trabalhar para o pleno desenvolvimento do ser humano e para promover o bem comum. Isso só se faz em amplo diálogo com o Estado, com as culturas, ciências e com aqueles que confessam diferentemente a fé.
O papa Francisco defende o modelo de uma Igreja “em saída”, capaz de oferecer novas respostas à sociedade. O convite é para sair da própria comodidade e ter coragem de alcançar todas as periferias. A Igreja está desafiada a experimentar um aprofundado processo de transformação. O mundo empresarial e o âmbito político estão também desafiados a descobrir suas dinâmicas próprias “de saída” para encontrar um novo modelo. Somente assim será possível investir na formação de um tecido cultural que liberte a sociedade brasileira para caminhar rumo ao desenvolvimento. Empresários, políticos, intelectuais, cientistas, cidadãos todos, eis o desafio: defender a nobreza de suas ações.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (a propósito, a magnitude da paralisação de caminhoneiros aponta para perdas que extrapolam nossas estruturas econômicas, portanto, de difícil mensuração...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!


segunda-feira, 21 de julho de 2014

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A PRODUTIVIDADE E UM NOVO JOGO CULTURAL

“Educação e produtividade
        
         Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável a um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de uma forma sistêmica e generalizada. Mas, para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E, para isso, é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho.
         O Brasil é perfeitamente capaz disso. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespacial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada a pesquisa e desenvolvimento no passado, que continuam com muito investimento ainda hoje. Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha, no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5%. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para que os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando, assim, o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.
         Para o país tornar-se competitivo, é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e, para isso, é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que, por sua vez, só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.
         O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no Congresso Nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.
         A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que, entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas.
         O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres, com o mestrado em engenharia e gestão de sistemas e processos. A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país. O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desses, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte exercendo cargos de gestão, e outros estão na área de pesquisa e desenvolvimento.
         Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando, assim, profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático. Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.”

(RONALDO GUSMÃO. Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de julho de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de julho, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente transcrição:

“Novo jogo cultural
        
   Jogadas as partidas da Copa do Mundo, concluído o evento, com os saldos positivos, a sociedade brasileira, incontestavelmente, está emoldurada pela exigência de investir em um novo jogo cultural. É pobre o discurso que considera apenas a avaliação exitosa do Mundial, como vitorioso contraponto às vozes dos que “torciam contra”, apostando no caos em aeroportos, trânsito e outros serviços. Não foi assim, felizmente. Contudo, poderia ter sido bem melhor se governantes agissem com mais lucidez, as burocracias não atrasassem processos e os interesses espúrios não fossem tão determinantes. Avanços mais expressivos seriam alcançados se prevalecesse um sentido cidadão por parte daqueles que têm tarefas determinantes na condução da sociedade plural.
         Não menos ingênuo, depois de sinalizações e posturas populares, nos estádios e nas ruas, é apontar aspectos negativos do evento para construir o discurso político da corrida eleitoral em processo. É inteligente saber que o sentimento popular resiste a essas estratégias utilizadas na confecção de linguagens políticas que buscam captar a benevolência de eleitores. O Mundial, junto das manifestações populares que ocorreram em meados de 2013, desenhou no horizonte da sociedade brasileira que é indispensável investir num novo jogo cultural, sob pena de atrasos e de vergonhosas goleadas em muitos campos, não só do futebol.
         Essa intuição não é de um político iluminado, de uma estrela do futebol e nem mesmo de reverenciados intelectuais de diferentes campos das ciências. O povo fez essa indicação não por um programa formal escrito, divulgado em redes sociais ou outros meios de comunicação. A postura popular, desde a presença nos estádios, suas manifestações de apoio ou descontentamento, a interação com diferentes culturas representadas por turistas e delegações esportivas, com as marcas da proximidade, do respeito e da alegria, sacramentou a grande necessidade de um novo jogo cultural na sociedade brasileira. Discursos repetitivos, consequentemente estéreis, e dificuldade de ouvir e dialogar, especialmente com os pobres e excluídos, tenderão a processual desmoronamento. Sem a necessária alma de caráter antropológico, capaz de compreender o conjunto da existência humana com suas demandas sociais, culturais, religiosas e políticas, perpetuarão os políticos com campanhas eleitorais de tempos passados, com discursos de recíprocos ataques. Predominará a superficial busca de construção de uma imagem de candidato perfeito e salvador da pátria, uma entediante comunicação que ninguém mais consegue ver e, sem alternativa, desliga a TV, o rádio. Prevalece a desilusão.
         A reivindicação desse novo jogo cultural torna-se mais intensa, particularmente, quando se avalia o percurso do grupo campeão da Copa – sua cultura, suas escolhas de planejamento, sua aptidão de cultivar uma autoestima que sustenta a capacidade de lutar, conjuntamente, por metas e ideais. Olhar para essa realidade mostra que a sociedade brasileira precisa analisar e desmontar os esquemas de elitização, que pouco ajudam nos avanços possíveis na atualidade. Incontestavelmente, é hora de aproveitar melhor a oportunidade para a instauração de processos em níveis diferentes da sociedade e nos seus funcionamentos, investindo numa grande obra educativa e cultural. Não se pode perder a chance de aprofundar análises para amadurecer intuições e alcançar indicadores novos, diante da necessidade de novas respostas. Torna-se inoportuno, simplesmente, contentar-se com as conquistas obtidas, pois ficaram abaixo do que era possível, por entraves ideológicos, incompetências de gestão e aprisionamento da cidadania em defesa dos interesses grupais.
         A condição continental do Brasil não pode dispensar a peculiaridade das diferentes regiões nos estados da Federação, com seus valores, tradições e patrimônios próprios. Será sempre inoperante tratar uma realidade grande e complexa sem considerar aquilo que a constitui: suas tradições e valores regionais. Esse raciocínio vale também para os campos da política, economia e religião. Não existe pessoa, ou instância, que, de modo solitário, possa reger um processo de dimensões continentais. Buscar uma nova realidade a partir do diálogo – com a competência de programas governamentais menos genéricos e teóricos, cultivo da autoestima e o investimento de base, iluminado por um horizonte marcado por valores humanísticos – poderá conduzir a sociedade brasileira no caminho indicado pelo povo. É hora de investir num novo jogo cultural.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, competente e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A SUBSTÂNCIA DA VIDA E A EDUCAÇÃO NO NATAL

“Um concílio de toda a cristandade é a única possibilidade de salvação
        
         Celebramos 50 anos da morte do papa João XXIII (1881-1963), seguramente o papa mais importante do século XX. A ele se deve a renovação da Igreja Católica, que tentou definir o seu lugar dentro do mundo moderno. No dia 25 de janeiro de 1959, sem avisar ninguém, declarou diante dos cardeais estupefatos, reunidos na Abadia Beneditina de São Paulo Fora dos Muros, que iria convocar um concílio ecumênico.
         Por sua própria conta, havia feito um juízo crítico sobre a situação do mundo e da Igreja. Percebera que estávamos diante de uma nova fase histórica: a fase do mundo moderno com sua ciência. A Igreja precisava situar-se positivamente dentro desse fato emergente. Até então, a atitude era de desconfiança e de condenação. O papa entendeu que esse comportamento levava a Igreja ao isolamento e à estagnação para seu próprio dano.
         Ele repetiu o velho dito: “Vox temporis vox Dei (“a voz do tempo é a voz de Deus”); “isso não significa”, disse ele, “que tudo no mundo, assim como se encontra, representa a voz de Deus; significa que tudo carrega uma mensagem de Deus; se boa, para ser seguida, se ruim, para ser mudada”.
         Efetivamente, o Concílio Vaticano II se realizou em Roma (1962-1965); o papa o abriu, mas morreu antes de sua conclusão. Seu espírito, entretanto, marcou todo o evento.
         Dois eram seus motes principais: “aggiornamento” e concílio pastoral. “Aggiornamento” é dizer: sim para o novo, sim para a atualização da Igreja em sua linguagem. Concílio pastoral queria exprimir uma relação de abertura e diálogo para com as pessoas e o mundo. Portanto, nada de condenações do modernismo como se fizera furiosamente antes. Em vez de doutrinas, diálogo, mútuo aprendizado.
         Talvez esta afirmação de João XXIII resuma seu espírito: “A vida do cristão não é uma coleção de antiguidades. Não se trata de visitar um museu ou uma academia. Isso, sem dúvida, pode ser útil – como o é a visita aos monumentos –, mas não é suficiente. Vive-se para progredir, embora tirando seu proveito das práticas, e mesmo das experiências do passado para ir mais longe na trilha que Nosso Senhor nos mostra”.
         De fato, o concílio colocou a Igreja dentro do mundo moderno, participando de suas conquistas. A Igreja da América Latina logo percebeu que não havia apenas o mundo moderno, mas o submundo sobre o qual pouco se disse. Em Medellín (1969) e Puebla (1979), viu-se que a missão da Igreja no submundo, feito de pobreza e de opressão, deve ser de promoção da justiça social e de libertação.
         Passaram-se 50 anos. O mundo e o submundo mudaram muito. Surgiram novos desafios: da globalização econômica e consequente consciência planetária, a dissolução do império soviético, as novas formas de comunicação social que unificaram o mundo, a erosão da biodiversidade, a percepção dos limites da Terra e da possibilidade de extermínio da espécie humana.
         Tudo aponta para a necessidade de um novo concílio ecumênico. Agora não se trata apenas de convocar só os bispos da Igreja Católica. Face aos perigos que nos ameaçam, todo o cristianismo, com suas igrejas, está sendo desafiado. Precisamos tomar a sério a aliança que o grande biólogo E. Wilson propôs entre as igrejas e as religiões e a tecnociência, caso queiramos salvar a vida no planeta. Como essas forças religiosas podem contribuir para que tenhamos ainda futuro? A subsistência da vida é o pressuposto de tudo. Os cristãos deverão esquecer suas diferenças e se unir para essa missão salvadora.”
(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de agosto de 2013, caderno O.PINIÃO, página 22).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de dezembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Peça educação no Natal
        
         Minha amiga Gilda Portugal Gouvêa diz que seu partido se chama educação. Quem dera  os partidos no poder não tratassem a educação com tanto descaso. Basta dizer que o Plano Nacional de Educação (PNE), encaminhado ao Congresso em 2010, dormita desde então nas gavetas do Legislativo.
         Talvez convenha aos “300 picaretas” do Congresso que a nossa gente prossiga inculta. Caso contrário, eles não seriam eleitos, reeleitos, imortalizados na política brasileira, tratando-a como seu feudo.
         O Pisa, que mede a qualidade da educação de alunos de 6 a 15 anos no mundo, acaba de divulgar seu relatório 2003-2012. Entre 65 nações, o Brasil ocupa o vergonhoso 58º lugar, embora tenha tido o maior avanço em matemática entre alunos de 15 anos. Porém, pioramos dois pontos em matéria de leitura (haja TV e internet) e não avançamos nem um ponto em ciências.
         Nosso governo investe pouco em educação. Pouco mais de 5% do PIB. O PNE propõe subir para 7%. O ideal seriam 10%, como fizeram os países da Ásia, que, hoje, ocupam os primeiros lugares em educação de qualidade. Não há árvore sólida sem raízes profundas. O Brasil jamais investiu e incentivou a educação infantil, de até 6 anos. Ela é a base para que as pessoas venham a ter melhor desempenho na escola e na atividade profissional.
         Nosso país gasta o equivalente a US$ 26.765 (cerca de R$ 63 mil) por aluno entre 6 e 15 anos. Menos de 1/3 do que é mundialmente recomendado: US$ 83.382 (cerca de R$ 196 mil) por estudante ao longo de nove anos. Entre 49 países, ocupamos a 38ª posição em gastos com a educação. Nos países melhor avaliados, os recursos destinados à educação são mais equitativamente distribuídos entre escolas que atendem pobres e ricos.
         Aqui não. O ensino público está sucateado, os professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisas e aprimoramento, as instalações são pecarias, e a falta de tempo integral dos alunos na escola nos impede de vir a ser uma nação culta, com profissionais altamente qualificados. Nem sequer dispomos de um plano de valorização do professor.
         O Vietnã, por exemplo, gasta apenas US$ 6.969 (cerca de R$ 16,4 mil) por aluno entre 6 e 15 anos, mas o faz tão bem que ocupa o 15º lugar na avaliação do Pisa, 41 postos acima do Brasil. Aliás, o Vietnã venceu os EUA pela segunda vez: a primeira, ao derrotá-los na guerra (1965-1975) e, agora, superou-os nas avaliações de matemática e ciências.
         Entre os estados do Brasil, o que recebeu melhor nota no Pisa em 2012 foi o Espírito Santo. O Distrito Federal ficou em 2º lugar. Minas, em 6º, São Paulo em 7º. E Rio em 10º. Na rabeira figuram Maranhão e Alagoas, governados até hoje por oligarquias políticas. Entre 2003 e 2012, foram incluídos nas escolas 420 mil crianças e jovens. O governo federal se gaba disso. Mas, e a qualidade do ensino? Por que o Brasil se sai tão mal nas avaliações do item educação?
         Pesquisa recente em 100 universidades dos países emergentes (Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Turquia, Polônia, Taiwan e Tailândia) apontou apenas quatro de nossas universidades no ranking: USP (11ª), Unicamp (24ª), UFRJ (60ª) e Unesp (87ª). A China aparece no topo, com 23 universidades entre as 100.
         Dados do IBGE (Pnad 2012) divulgados na última semana de novembro revelam algo estarrecedor: 9,6 milhões de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, não estudam e nem trabalham. É a turma do “nem nem”. Isso equivale a uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. Mais do que a população de Pernambuco, que no censo de 2010 soma 8,7 milhões de pessoas. Diante desse dado, não surpreende a força do narcotráfico e o alto número de jovens daquela faixa de idade que são assassinos ou assassinados. Como viver ou se ocupar sem estudar e/ou trabalhar?
         Neste Natal, se ainda acreditasse em Papai Noel, eu pediria a ele o único presente capaz de salvar a nação brasileira: educação. Como a ilusão acabou, resta a mim e a todos a ação cidadã, para que a educação seja considerada prioridade nacional. A começar pela aprovação do projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que obriga todo político a matricular seus filhos em escolas públicas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematizaçao de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idades, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional,  gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos,  diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A UNIVERSIDADE, A INOVAÇÃO E A POBREZA

“Universidade e pobreza

Falou-se muito, recentemente, nos gastos astronômicos do governo federal com a educação no ensino universitário. E que isso se daria em detrimento dos ensinos médio e fundamental. O Ministério da Educação (MEC) destina quase a totalidade de seus recursos ao ensino superior e quase nada no ensino de base. Não vou citar porcentagens, nem nomes de pesquisadores ou de revistas que publicaram as denúncias, pois é lastimável comprovar uma constatação como essa, que, aliás, não é de hoje conhecida.

O governo, na prática, acaba usando o dinheiro de origem fiscal, isto é, público, para beneficiar estudantes universitários que poderiam pagar uma faculdade, enquanto aqueles que não podem pagar ficam de fora da escola pública. Ah, diriam alguns, mas por que aqueles não podem pagar não passam no vestibular? Ora, é porque esses estudantes não podem pagar ensino fundamental e de segundo grau em escolas particulares, nem cursinhos pré-vestibulares. E é justamente o ensino fundamental e também o de segundo grau, que tem sido relegados a último plano. São eles que estão sucateados, não dando a menor base para os alunos que saem deles fazer um bom vestibular ou conseguir um bom desempenho no Enem (argh!).

As escolas públicas, além de pagarem pouco aos professores, estão mal equipadas, sem manutenção, sem segurança, sem qualidade de ensino. Não é via de regra, mas grande parte dela está nessas condições. Então, os alunos que saem dela não logram êxito nos testes para adentrar a universidade pública, acabam dando lugar àqueles estudantes que podem pagar escola particular e que poderiam pagar, também, o ensino superior.

Há quem defenda a cobrança da universidade pública. Se considerarmos que a grande maioria que estuda lá pode pagar, isso seria justo. Mas o que aqueles menos favorecidos que querem e precisam estudar esperam, é que a educação brasileira mude e seja mais coerente, mais justa na distribuição dos recursos que, na verdade, saem não só do bolso do aluno da escola particular, mas também de todos os outros, porque todos pagamos impostos. É preciso que a qualidade da escola pública melhore, que se dê mais qualidade a ela, que ela seja melhor equipada, que se pague melhor os professores e que eles sejam qualificados, para que os estudantes que saem dela possam ter acesso à universidade pública.”

(LUIZ CARLOS AMORIM, Escritor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de maio de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 8 de maio de 2011, página 7, de autoria de RONALDO GUSMÃO, Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), coordenador-geral da Conferência Latino-Americana sobre Sustentabilidade (Ecolatina) e vice-presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Educação e inovação para todos

O discursos na inovação está em todos os lugares: nos governos estaduais recém-empossados, em vários ministérios do governo federal, na Confederação Nacional da Indústria (CNI) e nas federações estaduais. Mas por que esse discurso, ou melhor, as práticas inovadoras não mobilizam os profissionais da educação e suas instituições?

Países desenvolvidos que já deram um salto educacional têm incentivado a criatividade e incrementado a capacidade de inovar de seus estudantes e professores. Isso acontece porque tais nações já perceberam que estamos em uma sociedade do conhecimento, na qual a informação é matéria-prima abundante que precisa ser transformada pela criatividade e pelo espírito inovador em serviços e produtos.

No último Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa) – que mede a capacidade de leitura e o aprendizado de estudantes de 15 anos de idade sobre matemática e ciências de 65 países –, o Brasil ocupou a vergonhosa 53ª posição. Numa tentativa de melhorar a educação no país, o governo federal encaminhou para a aprovação do Congresso o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos. Esse plano pretende fixar o investimento na área em 7% do PIB, dois ponto percentuais acima do praticado atualmente.

O aumento é necessário. Sem educação não há mão de obra qualificada, sem qualificação de não há melhores salários. Ou seja, sem educação e qualificação continuaremos com sérios problemas de distribuição de renda no país. O problema vai além e é cíclico. Sem educação e qualificação estamos, ainda, fadados a inovar cada vez menos, movimento que reduz a competitividade nacional. Como conseqüência, os salários diminuem e cresce a má distribuição da renda. Voltamos, portanto, ao início da questão.

A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada recentemente, mostrou que, das 106,8 empresas pesquisadas, 41,3 mil implementaram um produto e/ou processo novo entre 2006 e 2008. O percentual de empresas que investem vem caindo ao longo das quatro edições: de 1988 a 2000, 10,29% ; de 2001 a 2003, 5,8%; de 2003 a 2005, 5,5% e de 2005 a 2008, 4,2%.

Em relação à quantidade de patentes registradas no país, os números são positivos, mas não suficientes. De acordo com o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), o número de patentes brasileiras cresceu 75% entre 2005 e 2009, saltando de 9,643 mil para 16,878 mil, contra as 300 mil patentes requeridas pela China no mesmo período. Porém, os asiáticos não estão satisfeitos. Até 2015, a China tem como objetivo requerer 1 milhão de patentes ao ano.

Se a indústria brasileira já sofre com a ameaça dos produtos chineses, imagine como será no futuro. Imaginou? Ótimo. Agora, aja. Faça, hoje, o necessário para evitar os males de amanhã. É necessário investir, hoje, em qualificação de mão de obra, principalmente no que diz respeito à gestão da inovação. O brasileiro é um povo criativo, tem garra. Falta, porém, conhecimento para transformar as ideias em projetos que tragam resultados concretos. Educação e inovação para todos, dos estudantes aos professores, dos empresários aos políticos.”

Eis, portanto, nossa ENCRUZILHADA histórica: de um lado, COMBATER IMPLACAVELMENTE os RALOS do DINHEIRO PÚBLICO – a CORRUPÇÃO, a INFLAÇÃO, o DESPERDÍCIO, a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, que SANGRAM nossa ECONOMIA e MINAM nossa CAPACIDADE de INVESTIMENTO e POUPANÇA; do outro, a IMPERIOSA e INADIÁVEL necessidade de PONTIFICAR a EDUCAÇÃO e sua filhas PREDILETAS – a CIÊNCIA, a TECNOLOGIA, a PESQUISA, o DESENVOLVIMENTO, a INOVAÇÃO, a CRIATIVIDADE, a QUALIDADE, a PRODUTIVIDADE, a COMPETITIVIDADE – com PRIORIDADE ABSOLUTA, do GOVERNO e da SOCIEDADE...

E, então, nos DEFRONTAMOS com GIGANTESCOS DESAFIOS que, no entanto, longe de nos ABATER o ÂNIMO e o ENTUSIASMO, mais ainda nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO + 20 – em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INOVAÇÃO, da CRIATIVIDADE, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A CIDADANIA E A BUSCA DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

“Tudo pela qualificação

A educação profissional é uma importante ferramenta para universalizar o acesso ao mercado de trabalho, tornando as pessoas aptas ao desenvolvimento rápido de uma função para aplicação no mundo profissional. Além de reduzir barreiras sociais, a qualificação é um ponto de partida para aqueles que desejam se inserir ou se recolocar no mundo do trabalho e, a partir daí, traçar um roteiro para se especializar e aprofundar conhecimentos. Com o cenário atual da economia, o crescimento do país e a chegada de novos eventos e oportunidades, a educação brasileira vê uma oportunidade de evolução. Estrategicamente, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) está na linha de frente neste novo processo, com o respaldo de uma atuação que já foi convertida em mais de 50 milhões de atendimentos. No estado, pela atuação do Senac Minas, esse número já ultrapassa 6 milhões.

Além de contribuir para a transformação de um país mais justo, com oportunidades para todos, a instituição, que acaba de completar 65 anos, está pronta para as novas demandas, de modo a formar e capacitar trabalhadores e também promover a inclusão social. Isso porque o Senac Minas entende que a qualificação profissional é a porta de entrada para o universo do trabalho e, por essa razão, fundamental para o desenvolvimento em nível nacional. Ser agente disseminador do conhecimento para o setor do comércio de bens, serviços e turismo é um dos objetivos que tem orientado o trabalho do Senac, considerando-se que a instituição foi criada justamente para promover a educação profissional aos trabalhadores brasileiros. Com experiência, o Senac é referência nacional em mesas de discussões quando o assunto é a educação brasileira e, numa perspectiva de crescimento sustentável, o trabalho desenvolvido pela entidade é uma ferramenta diferenciada para colaborar para a produtividade e a formação de um mundo mais participativo.

O Senac Minas acredita que a qualificação é mais do que uma possibilidade de inserção no mercado de trabalho: é uma forma de contribuir para o exercício da cidadania, com respeito e dignidade. Por isso, a instituição realiza projetos e ações em parceria com empresas e outras entidades, visando à melhoria da qualidade de vida das pessoas e seu desenvolvimento por meio da atuação educacional. O Programa Senac de Gratuidade é mais um desafio para ampliar ainda mais o atendimento gratuito aos brasileiros de menor renda. Uma ação que direciona alunos que estejam cursando ou que já tenham concluído a educação básica e trabalhadores empregados ou desempregados. Com vagas gratuitas, é uma maneira de incluir e estender oportunidades de educação profissional, diminuindo as barreiras para o desenvolvimento social.

Ademais, essa trajetória de sucesso, iniciada em 10 de janeiro de 1946, pode ser acompanhada num ritmo de evolução. Em nome do desenvolvimento da sociedade, o Senac Minas, hoje, oferece cursos que vão da qualificação profissional à pós-graduação, como forma de promover o desenvolvimento de habilidades e incentivar a educação continuada. Com a estratégia linha de itinerários formativos, a instituição disponibiliza um roteiro de aprendizagem para que o aluno possa, ao longo dos estudos, se encaminhar para a formação nos níveis subsequentes. Como resultado, o Senac Minas atendeu, em 2010, mais 200 mil alunos. Por sua experiência, o Senac Minas entende que princípios e valores éticos, agregados a um potencial planejamento estratégico, podem converter um futuro de possibilidades em um presente real e multiplicador. Parte da história do Brasil, servindo de modelo para uma proposta de ensino profissionalizante, com espaço para a educação continuada, a instituição segue pela prestação de serviços de qualidade a futuros profissionais, empresários e seus colaboradores. Nesse contexto, cabe reforçar: a chave está na educação.”
(JOSÉ CARLOS CIRILO DA SILVA, Diretor regional interino do Senac Minas, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de janeiro de 2011, Caderno OPINIÃO, página, 11).

Mais uma IMPORTANTE e também PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 13 de janeiro de 2011, Caderno CULTURA, página 8, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Alfabeto – Autobiografia escolar (Ática), entre outros livros. www.freibetto.org – twitter: @freibetto, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Educação: da quantidade à qualidade

A presidente Dilma promete priorizar a educação. No Brasil, apenas 10% da população concluíram o ensino superior; 23% o médio, e 36% não terminaram o fundamental. O ministro Fernando Haddad se compromete a adotar tempo integral no ensino médio, combinando atividades curriculares com aprendizado profissionalizante.

São promessas às quais se soma a de aplicar 7% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação (hoje, apenas 5,2%, cerca de R$ 70 bilhões).

O governo Lula avançou muito na área: criou 14 universidades públicas e mais de 130 expansões universitárias; a Universidade Aberta do Brasil (ensino a distância), cuja qualidade é discutível; construiu mais de 100 câmpus universitários pelo interior do país; criou e/ou ampliou escolas técnicas e institutos federais e, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), possibilitou a mais de 700 mil jovens o acesso ao ensino superior.

Outro avanço é a universalização do ensino fundamental, no qual se encontram matriculados 98% dos brasileiros de 7 a 14 anos. Porém, quantidade não significa qualidade. Ainda há muito a fazer. Estão fora da escola 15% dos jovens entre 15 e 17 anos. Ao desinteresse, principal motivo, alinham-se a premência de trabalhar e a dificuldade de acesso à escola.

Tomara que a proposta de tempo integral do ministro Haddad se torne realidade. Nos países desenvolvidos os alunos permanecem na escola, em média, oito horas por dia. No Brasil, quatro horas e meia. Pesquisas indicam que, em casa, passam o mesmo tempo diante da TV e/ou do computador. Nada contra, exceto o risco de obesidade precoce. Mas como seria bom se a TV emitisse mais cultura e menos entretenimento e se na internet fossem acessados conteúdos mais educativos!

Os estudantes brasileiros leem 7,2 livros por ano, dos quais 5,5 são didáticos ou indicados pela escola. Apenas 1,7 livro por escolha própria. E 46% dos estudantes não frequentam bibliotecas.

No Programa Internacional de Avaliação de Alunos 2009 (Pisa), aplicado em 65 países, o Brasil ficou em 53% lugar. Na escala de 1 a 800 pontos, nosso país alcançou 401. No quesito leitura, 49% de nossos alunos mereceram nível 1 (1 equivale a conhecimento rudimentar e 6 ao mais complexo). Nível 1 também para 69% de nossos alunos em matemática e para 54% em ciências.

O Pisa é aplicado em alunos(as) de 15 anos. Nas provas de matemática e leitura, apenas 20 alunos (0,1%), dos 20 mil testados, alcançaram o nível 6 em leitura e matemática. Em ciências, nenhum. No conjunto, é em matemática que nossos alunos estão mais atrasados: 386 pontos (o máximo são 800). O Ministério da Educação apostava atingirem 395. Na leitura, nossos alunos fizeram 412 pontos, e em ciências 405.

Estamos tão atrasados que o Plano Nacional de Educação prevê o Brasil alcançar, no Pisa, 477 pontos em 2021. Em 2009, a Lituânia alcançou 479; a Itália 486; os Estados Unidos 496; a Polônia 501; o Japão 529; e a China, campeã, 577.

Nos países mais desenvolvidos, 50% do tempo de instrução obrigatório aos alunos de 9 a 11 anos e 40% do tempo para os alunos de 12 a 14 anos é ocupado com ciências, matemática, literatura e redação. E, no ensino fundamental, não se admitem mais de 20 alunos por classe.

Onde está o nosso tendão de aquiles: Na falta de investimentos – em qualificação de professores, plano de carreira, equipamentos nas escolas (informática, laboratório, biblioteca, infra desportiva etc.)

Análise de 39 países, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2010, revela que o investimento do Brasil em educação corresponde a apenas 1/5 do que os países desenvolvidos desembolsam para o setor. EUA, Reino Unido, Japão, Áustria, Itália e Dinamarca investem US$ 94.589 (cerca de R$ 160 mil) por aluno no decorrer de todo o ciclo fundamental. O Brasil investe apenas US$ 19.516 (cerca de R$ 33 mil).

Embora a Organização Mundial do Comércio (OMC) tenha insinuado retirar a educação da condição de dever do Estado e direito do cidadão e transformá-la em simples negócio – ao que o governo Lula se contrapôs decididamente –, os 5,2% do PIB que nosso país aplica na educação são insuficientes. O que favorece a multiplicação de escolas e universidades particulares de duvidosa qualidade. Entre os países mais ricos, derivam do poder público 90% do investimento em ensinos fundamental e médio.

Ainda convivemos com cerca de 14 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. Sem contar os analfabetos funcionais. Dos 135 milhões de eleitores em 2010, 27 milhões não sabiam ler nem escrever. Faltou ao governo Lula um plano eficiente de alfabetização de jovens e adultos.

Tomara que Dilma cumpra a promessa de criar 6 mil creches e o Ministério da Educação se convença de que alfabetização de jovens e adultos não se faz apenas com dedicados voluntários. É preciso magistério capacitado, qualificado e bem remunerado.

Todos gostariam que seus filhos tivessem ótimos professores. Mas quem sonha em ver o filho professor? Na Coreia do Sul, onde são tão bem remunerados quanto médicos e advogados, e socialmente prestigiados, todos conhecem o provérbio: “Jamais pise na sombra de um professor”.”

Eis, pois, mais RICAS e PROFUNDAS PONDERAÇÕES e REFLEXÕES que acenam para a IMPOSTERGÁVEL indicação da EDUCAÇÃO como PRIORIDADE ABSOLUTA, e seus peculiares DESAFIOS, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...