sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A QUALIDADE DA ATIVIDADE MENTAL E AS DECISÕES PARA O SUCESSO

“Como podemos estar diante de nossos erros e faltas atualmente
        
         Há uma antiga meta para o ser humano, que ainda não foi atingida: a união do corpo emocional com o mental. Como isso não foi realizado, é comum pensarmos uma coisa e sentirmos outra.
         Na proporção que essa fusão acontece, vamos deixando de nos envolver mental e emocionalmente com as situações. No presente vemos ainda como tantas vezes nos ofendemos, ficamos descontentes e reagimos com o que nos acontece. Esse envolvimento obscurece ainda mais nossa visão, o que nos dificulta alcançar correta compreensão e discernimento. Abre portas para que cometamos atos equivocados, que não correspondem à nossa compreensão interior
         Para superarmos esses estados, tenhamos em conta que ainda que fluência natural da vida possa ser cerceada por alguma falta que cometemos, a vida não para e em seguida retoma seu ritmo próprio. Sendo assim, cada vez que nos punimos por uma falta, retrocedemos ao momento em que ela ocorreu e voltamos a estancar esse fluir.
         Se estamos dispostos a ampliar a consciência, se realmente aspiramos a nos aperfeiçoar e aprender o necessário para não redundar em nossas falhas, não temos porque nos penitenciar por elas. Saberemos que no momento correto o Universo nos trará a oportunidade de reajustá-las da melhor maneira. Tendo isso claro, amplia-se a compreensão e tudo vai adiante com o fluir da vida.
         Ao procedermos desse modo, não estaremos fugindo, mas sim nos entregando à harmonia universal. Com tal entrega, nossa ação pode ser equilibrada sem estacionarmos em um ponto que afinal já não é nosso, uma vez que já reconhecemos a falta e estamos dispostos a transformar-nos. E se após esse reconhecimento tivermos sinceramente aprendido a lição que nos cabe, o indicado é nem pensarmos no que fizemos. Desse modo permitiremos que o equilíbrio se recomponha com mais facilidade.
         Por outro lado, ter pena de nós mesmos faz efeito contrário. A autopiedade é um sentimento que nos fecha o coração e, como resultado, ficamos vulneráveis a ondas de maldade. Isso porque o coração, nosso protetor energético, está fechado.
         Transcender a autopiedade é um grande passo para o ser. Significa cultivar a neutralidade, em relação a nós mesmos, mantendo desse modo o coração receptivo às energias do Alto. A força do coração transmuta as forças negativas, quando o encontram aberto. Mas se temos pena de nós mesmos a maldade nos penetra, domina e se põe a fazer o seu trabalho destrutivo.
         A autocompaixão transforma-se em uma espécie de irritação, deposita-se em nosso centros energéticos sutis e os corrói. Essa irritação só pode ser curada depois de criarmos em nós uma ideia superior sobre as coisas, com a mudança do sistema de pensamentos e de sentimentos.
         O pensamento elevado e a gratidão por compreender tal processo são poderosos instrumentos de cura. A qualidade da nossa atividade mental cura desequilíbrios que nem imaginávamos ter. É a forma de desafogar por completo do nosso ser o vício da autopiedade.
         Quando cometemos algum erro, o ato seguinte é que vai mostrar se o reconhecemos. Se o justificarmos, e se nos desculparmos por ele, estamos deixando de nos renovar. A nós é pedido apenas fazer o melhor dali em diante, a partir de uma transformação interior.
         Atrairemos assim, para a Terra, uma nova forma de vida, que corresponde à de etapas futuras da humanidade.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de dezembro de 2013, caderno MEGACLASSSIFICADOSADMITE-SE, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2, de autoria de ANTONIO MARCOS PEREIRA, que é administrador e professor universitário, e que merece igualmente integral transcrição:

“A importância das decisões para o sucesso
        
         Desde os primórdios da civilização, o homem é levado a escolher entre as diversas alternativas que, em todos os momentos, a vida lhe apresenta, obrigando-o a se posicionar perante fatos que decidirão o futuro de sua sobrevivência. Trata-se da difícil arte imposta pelo processo decisório. No mundo corporativo, o sucesso das organizações está diretamente ligado em como seus gestores lidam com o processo de tomada de decisões.
         Segundo Peter F. Drucker (1986), “Decidir é julgar”. É escolher entre as alternativas. Raramente, é escolher entre o certo e o errado. Assim, conclui-se que nem sempre uma decisão será na sua totalidade a melhor, pois certamente haverá alguma perda.
          Muitos gestores e executivos quase sempre tomam decisões solitárias, baseadas quase sempre em opiniões e poucas vezes em fatos, pois estes demandam muito tempo e estudos para serem apurados. Existe ainda o fator emocional que quase sempre exerce a maior influência na decisão, levando o indivíduo à alternativa que nem sempre é necessariamente a melhor opção.
         Algumas organizações concentram a tomada de decisões apenas no nível estratégico e, nem sempre, são consideradas as opiniões e as necessidades básicas dos departamentos pertencentes ao nível operacional. Por sua vez, os profissionais que constituem o nível tático nem sempre detêm o poder da decisão e não participam da elaboração do plano estratégico. Às vezes eles são tratados como “feitores”, ou seja, sua função é fazer com que os setores operacionais cumpram as decisões tomadas pelos diretores.
         Aliados a esses fatores, acrescentam-se também as influências externas provenientes de clientes cada vez mais exigentes, pressão dos fornecedores, do governo, o alerta dos concorrentes e as notícias da mídia.
         Tomar decisões nesse contexto é algo complexo e administrar essa complexidade é o desafio de todo dirigente. Segundo Drucker, nenhuma empresa funcionará melhor do que sua alta administração permita; afinal de contas, o gargalo está sempre na cabeça da garrafa.
         Com o crescimento de uma organização, faz-se necessário a divisão de tarefas e responsabilidades entre os níveis gerenciais. Assim, surge o conceito de decisão interdepartamental, ou seja, decisões que devem ser tomadas e as consequências assumidas por vários departamentos da empresa.
         Dentro desse cenário é importante, por parte dos gestores, que se faça uma reflexão sobre os seguintes questionamentos: O que realmente o mercado consumidor? Nossos produtos/serviços irão satisfazer as necessidades das pessoas e organizações consumidoras? Quais são as tendências futuras? O que realmente encantaria nossos clientes? Nossa organização está atendendo aos seus clientes de maneira satisfatória?
         A quantidade de informações a respeito do problema é um fator de extrema importância para o processo decisório. Quanto mais informações forem obtidas a respeito do mesmo, melhor será a sua compreensão e solução. É importante se atentar também com a qualidade e com a veracidade das informações obtidas.
         Para que uma decisão estratégica, seja eficaz é importante que haja a participação integrada dos níveis tático e operacional, pois são eles quem irão desenvolver as ações para que os objetivos propostos sejam atingidos. Como exemplo, podemos dizer que não adianta o cérebro de uma pessoa de 70 anos decidir que ela irá correr 10 quilômetros em 30 minutos. As pernas, os pulmões, ou seja, a estrutura física do corpo corresponderá a essa decisão?”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inequivocamente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;polícia federal; defesa civil; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democráticas, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

         

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A DOENÇA DA TERRA E O DESAFIO DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

“O aquecimento global é a febre que denuncia a doença da Terra
        
         Há negacionistas da Shoah(eliminação de milhões de judeus nos campos nazistas de extermínio) e há negacionistas das mudanças climáticas da Terra. Os primeiros recebem o desdém de toda a humanidade. Os segundos veem, dia a dia, suas convicções sendo refutadas por fatos inegáveis. Só se mantêm coagindo cientistas para não dizerem tudo o que sabem, como foi denunciado por diferentes e sérios meios alternativos de comunicação. É a razão ensandecida que busca a acumulação de riqueza sem qualquer outra consideração. Em tempos recentes, temos conhecido eventos extremos da maior gravidade: Katrina e Sandy nos Estados Unidos, tufões terríveis no Paquistão e em Bangladesh, o tsunami no sudeste da Ásia, o tufão no Japão que danificou as usinas nucleares em Fukushima e, ultimamente, o avassalador tufão Haiyan, nas Filipinas, com milhares de vítimas.
         Nos últimos meses, quatro relatórios  oficiais de organismos ligados à ONU lançaram veemente alerta sobre as graves consequências do crescente aquecimento global. Com 90% de certeza, esse é comprovadamente provocado pela atividade irresponsável dos seres humanos e dos países industrializados. Todos são unânimes em afirmar que não estamos indo ao encontro do aquecimento global: já estamos dentro dele.
         Poucas semanas atrás, a secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, Christina Figueres, em plena entrevista coletiva, desatou em choro incontido ao denunciar que os países quase nada fazem para a adaptação e a mitigação do aquecimento global.  Yeb Sano, das Filipinas, na 19ª Convenção do Clima em Varsóvia, ocorrida entre 11 e 22 deste mês, chorou também, diante de representantes de 190 países, quando contava o horror do tufão que dizimou seu país, atingindo sua própria família.
         Os representantes desses países já trazem no bolso as instruções previamente tomadas por seus governos, e os grandes dificultam por muitos modos qualquer consenso. Lá estão também os donos do poder no mundo. Todos querem que as coisas continuem como estão. É o que de pior nos pode acontecer, porque então o caminho para o abismo se torna mais direto e fatal. Por que essa irracional oposição?
         Esse caos ecológico é tributado ao nosso modo de produção, que devasta a natureza e alimenta a cultura do consumismo ilimitado. Ou mudamos nosso paradigma de relação para com a Terra e para com os bens e serviços naturais, ou vamos irrefreavelmente ao encontro do pior. O paradigma vigente se rege por esta lógica: quanto posso ganhar com o menor investimento possível, no mais curto lapso de tempo, com inovação tecnológica e com maior potência competitiva? A produção é para o puro e simples consumo, que gera acumulação; este, o objetivo principal. A devastação da natureza e o empobrecimento dos ecossistemas aí implicados são meras externalidades (não entram na contabilidade empresarial). Como a economia neoliberal se rege estritamente pela competição e não pela cooperação, estabelece-se uma guerra de mercados, de todos contra todos. Quem paga a conta são os seres humanos (injustiça social) e a natureza (injustiça ecológica). Ocorre que a Terra não aguenta mais esse tipo de guerra total contra ela. O aquecimento global é a febre que denuncia a doença. O planeta está gravemente doente.
         Os começamos a nos sentir parte da natureza, e então a respeitamos como a nós mesmos, passando do paradigma da conquista e da dominação para aquele do cuidado e da convivência, e produzimos respeitando os ritmos naturais e nos limites de cada ecossistema, ou então preparemo-nos para as amargas lições que a mãe-Terra nos dará. Não está excluída a possibilidade de que ela já não nos queira mais sobre sua face e se liberte de nós como nos libertamos de uma célula cancerígena. Ela continuará, coberta de cadáveres, mas sem nós. Que Deus não permita semelhante e trágico destino.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de novembro de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Que educação

QUEREMOS?
        
         Na quarta-feira, a manchete deste jornal gritava: “Colégios mineiros no topo do Enem”. Tudo indicava, inclusive a foto festiva que enfeitava o alto da capa, que se tratava de uma boa notícia. Bastou ler a reportagem, sobretudo os depoimentos de diretores de escolas que não mantiveram lugares de destaque registrados no ano passado, para ver que estamos atravessando um absurdo deserto de valores. Na verdade, a educação foi a grande perdedora nesse evento lamentável, já que a relação fornecida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), nada mais significou que instrumento de marketing para as escolas bem posicionadas na relação, ou alimento de reclamação e choro para as que foram preteridas ou perderam posição no ranking.
         A situação não é nova. Há muito a educação no Brasil se tornou um negócio. Até aí, nada de mais, é o solo em que nos firmamos numa sociedade de mercado. No entanto, mesmo na mais estrita ética de qualquer negócio, o mais importante é a qualidade de seu produto. No caso das escolas, na intangível materialidade da educação, o “produto” pode ser traduzido de muitas formas: civilidade, consciência crítica, conhecimento, capacidade de ação social, solidariedade e humanismo. Ou seja, essas são as habilidades e valores que desejamos ver em nossos filhos ao fim do processo educacional.
         No entanto, a lista do Inep e sua exploração pelas escolas particulares mostra que o cenário é outro. Tanto a direção das instituições de ensino como os professores e alunos se sentem participantes de uma grande gincana, cujo prêmio é a distinção, a diferenciação, o destaque. Estar à frente de outros é mais importante que estar ao lado de todos. Se um colégio, ou para usar nome mais antigo e expressivo, um educandário, vale o nome que tem, deveria buscar a solidariedade, não a competição. Esse clima de disputa, no entanto, não prejudica apenas o aspecto moral, mas também o pedagógico.
         Como dizia Freud, a educação é uma tarefa impossível, seja pela perenidade do processo (por isso medir seria sempre um equívoco e comparar um erro ainda mais grave), seja pela singela realidade de que ninguém ensina ninguém: as pessoas aprendem no contato social, sempre em mão dupla. E é bom lembrar o criador da psicanálise, já que o comportamento dos diretores de escolas que perderam posições no pódio armado pelo Inep demonstra um inequívoco traço persecutório. Eles garantem que vão entrar com recurso no MEC para rever a relação. Se sentiram traídos pelos deuses aos quais fizeram suas libações.
         As declarações dos diretores e supervisores estampadas na reportagem de quarta-feira, neste sentido, não precisam de comentários em sua explícita entrega da frustração em que se encontram por não mais ocupar lugares de destaque. Eles lamentam não poder comemorar os resultados e, o que mais grave, o fato de não poder dar aos alunos o atestado do sucesso do processo pedagógico, como se a chancela do Inep fosse mais importante que outros indicadores qualitativos, aos quais deveriam estar atentos. Como a cidadania e o saber, por exemplo.
         Tudo parece indicar que a pontuação tem um peso forte na valorização dos colégios no mercado da educação privada. Estar em boa posição é argumento para cobrar mais caro. Nisso, a divulgação dos resultados do Enem se mostra equivocado. Ora, ou o resultado serve para identificação de problemas, e com isso deveria contribuir para direcionar ações de apoio e investimento aos estabelecimentos, ou é apenas instrumento de propaganda para majorar preços, que parece ser o caso. E, o que mais grave, há um efeito Pigmalião às avessas: quanto pior o índice, mais isolada ficará a escola. O parâmetro comparativo de realidades distintas incentiva o preconceito. O que incide ainda mais na escola pública em seu descaso com carreira dos professores, traduzindo em salários indignos e abaixo do patamar previsto em lei. Sem que faltem sequer as chicanas que transformam salários em subsídios para burlar a regra constitucional.

SEM AMOR Mas há três outros problemas graves nessa história. O primeiro é a tendência das escolas em criar uma atmosfera interna de cobrança e competitividade, que em nada atende a propósitos pedagógicos e éticos, mas apenas à conquista de degraus mais altos no pódio. Assim, os alunos que estão lá para aprender, e que eventualmente tenham problemas de aprendizagem, são convidados a se retirar do recinto com a pecha de fracassados. Em nome da disputa, vão sendo afastados os sujeitos do processo educacional exatamente pelo fato de precisarem da educação. A melhor escola não é de melhores alunos, mas a que trata melhor diferentes tipos de alunos, sobretudo os com maior dificuldade em aprender.
         O outro desvio grave está ligado muitas vezes à própria ideologia religiosa de algumas escolas da capital, com o Santo Antônio e o Loyola, que reclamaram da exclusão da lista dos “top ten”. Em vez de reafirmarem seus propósitos educativos, evidenciam sua filiação ao ethos da competitividade com a decisão de questionar o Inep. Colégios fundados por congregações de jesuítas (como o papa Francisco) e franciscana (com sua humildade de origem) não ficam bem na missa rezada em nome da disputa e da exclusão da diferença de ritmos e estilos de inteligência. Prestam um desserviço à educação, à religião e à ética e ainda desestimulam seus alunos na senda nobre da solidariedade.
         A teologia católica é fundada em diversos valores, mas a base é a caridade. Uma distorção histórica fez da caridade em nosso país uma espécie de desvio compensador das más intenções. Os caridosos tratam sempre do resto, dividem o que têm de bom e doam o que não presta, acham que os pobres só precisam de comida e que tudo mais é luxo. Essa postura chauvinista, felizmente abandonada por teologias mais humanistas, que recuperaram o sentido de amor presente na palavra caritas, está na base da ligação do Estado brasileiro com a Igreja Católica, em conúbio que gerou uma série de vantagens para as escolas ditas religiosas, da doação de terrenos à isenção de impostos por décadas. Quando os educandários religiosos passam a ser guiados por intentos capitalistas de forma tão desabrida, talvez tenha chegado a hora de cobrar a conta. Quem sabe na forma de cota de bolsas para estudantes sem condições de pagar mensalidades. Não como “caridade”, mas como direito legítimo de usufruir da riqueza gerada socialmente pelo trabalho de várias gerações.
         Por fim, a opção entre a consciência crítica e o adestramento diz muito dos valores do nosso tempo. Uma educação voltada para aprovação em concursos e para a seleção de profissões por classes sociais (que podem pagar colégios mais eficientes) é reprodutora, no sentido indicado por Bourdieu e Passeron: não serve para ler e criticar o mundo, mas para reconstituir a cada geração os mesmos privilégios das anteriores. Uma educação voltada para o mercado é puro treinamento, alienante e alienador, focalizado em avaliações produtivistas. Não ensina a questionar o mundo, mas a como se dar bem nele. Trata-se do cumprimento de uma agenda vinculada à produção e que vê no homem e na mulher apenas a força de trabalho. Não é um acaso que se fale tanto em educação profissionalizante para os pobres (a classe média não quer seus filhos nesses bancos escolares desprestigiados) e se critique tanto o acesso dos pobres ao ensino superior (como se eles conspurcassem a diferenciação de classes e, muitas vezes, de raça, teimando em combater políticas de cotas e outros instrumentos de inclusão).

OUTRO LADO Se o clima de competição conspícua e anti-humanista absorve os colégios ditos de ponta, os bons exemplos não param de vir da ação dos professores realmente comprometidos com a educação. Que são seguramente a maioria. O chororô das escolas da Zona Sul católica de BH não impediu, na mesma semana da divulgação da lista do Enem, que dois exemplos também ganhassem divulgação fora do difícil dia a dia do ensino público. Na Escola Municipal Gracy Vianna Lage, localizada na Rua 63, 23, no Bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, os alunos e professores se uniram para produzir um vídeo sobre o preconceito racial que mostra o verdadeiro sentido da palavra educação.
         Desde que o ensino sobre história e cultura afrobrasileiras passou a ser obrigatório, tem sido um esforço da comunidade escolar encontrar formas de debater o conteúdo que permeia a vida social, mas que ainda não ganhou tradução em instrumentos pedagógicos. Com atuação de meninas de 8 e 9 anos, a E. M. Gracy Vianna Lage realizou o curta-metragem Bom pra quê?, uma brincadeira sobre a diferença dos cabelos das crianças, que vai participar de mostra em Brasília, em 2 de dezembro. Mais que ensinar sobre relações étnico-raciais, trata-se de uma atitude construtiva, integradora e geradora de solidariedade social. Além de desmanchar, com as armas da inteligência e sinceridade, toda a burrice que há por trás da discriminação.
         Outro bom exemplo foi dado pela professora Joana D’Arc Camargo, que, com seu empenho pessoal, levou toda a turma de escola do Morro das Pedras para conhecer de perto os painéis Guerra e Paz, de Portinari, que estiveram expostos no antigo Cine Brasil, no Centro de BH. Para levar adiante seu projeto, ela foi nada menos que 23 vezes à mostra, levando as crianças em seu carro e arcando com toda a despesa do passeio. Com sua sensibilidade e conhecimento da história da arte, ela sabia que as crianças se identificariam com os personagens infantis criados pelo artista brasileiro. João Portinari, filho do pintor, ficou emocionado com a história.
         A alegria dos jovens de Belo Horizonte pode ter origem numa competição que exclui ou numa sensibilidade que agrega. Podemos ser alegres pela distinção ou pelo pertencimento. Quando você ouvir alguém defendendo o investimento em educação, talvez seja um bom momento de perguntar: que mundo queremos construir? A escola que temos não é apenas uma antevisão do que seremos, mas um alerta para o que podemos estar nos tornando.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem;III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratata, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A BOA GESTÃO PÚBLICA E A ALEGRIA DO EVANGELHO (54/6)

(Dezembro = mês 54; faltam 6 meses para a Copa do Mundo)

“Por uma melhor gestão pública
        
         A população foi às ruas nos últimos meses para protestar, em um levante que não se via no Brasil havia um bom tempo. A mensagem foi clara: há algo de errado na condução da política econômica e social do país e a população, no geral, não está satisfeita. Em meio a tantos cartazes expostos nas últimas semanas, o resultado que fica é o de que o Brasil não atua de forma sincronizada com os anseios populares.
         Nota-se um visível descompasso e falta de alinhamento das instituições federais, estaduais e municipais para o atendimento das necessidades básicas da sociedade brasileira. É preciso utilizar melhor os recursos para gerar mais valor à sociedade. Temas estratégicos como saúde, educação, segurança e transporte público não podem estar sujeitos à sazonalidade político-partidária, e sim a planos consistentes estruturados para o longo prazo.
         O ranking do Fórum Mundial de Economia, que funciona como um índice de competitividade global, mostra que o Brasil não está tão bem posicionado frente a outros países. Embora tenha avançado posições no índice geral, ao longo dos anos, o Brasil está entre os últimos colocados em aspectos relacionados ao setor público como desperdício em gastos públicos e eficiência do setor. A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) realizou, em janeiro de 2013, uma pesquisa que procurou entender quais afetam a competitividade brasileira. Em consonância com os pedidos ouvidos nas ruas, surgiram questões bem próximas dos clamores da população: foram citados, como barreiras ao crescimento do país, aspectos como educação (pública e privada), burocracia, legislação trabalhista, política econômica, segurança pública, entre outros.
         Assim como a iniciativa privada já vem fazendo há algum tempo, está na hora de discutir também no setor público temas condizentes com a busca pela excelência da gestão, que, por vezes, já integra a agenda das organizações privadas, como a descentralização da gestão, o pensamento estratégico, o foco em resultados e metas estabelecidas, a implantação de processos claros e o esforço na desburocratização do setor, além do foco em estratégias que possam gerar valor para o país e para os cidadãos brasileiros.
         A FNQ já observa uma mobilização silenciosa do setor público para implantação de práticas de gestão sistêmica, seguindo os princípios da iniciativa privada. Um exemplo é o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública), que estabeleceu um modelo de gestão permanente, seguindo os fundamentos e critérios do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado pela FNQ, e que atua como instrumento referencial para a melhoria de práticas e o alcance do sucesso de organizações de todos os portes e setores. Adaptados ao setor público, o modelo prevê que governos municipais, estaduais e federal e órgãos e empresas públicas possam melhorar também a sua gestão e contribuir para o aumento da competitividade da economia brasileira.
         O modelo de gestão sistêmico da FNQ, adaptado à realidade do setor público, permite que organizações públicas e privadas façam uma avaliação constante de sua gestão, identificando seus pontos fortes e as oportunidades de melhoria. Ao profissionalizar a sua gestão, a organização consegue atender a população com mais rapidez e eficiência, possibilitando processos mais claros, além de reduzir entraves burocráticos e de infraestrutura, que vêm tornando o Brasil menos competitivo frente a outras economias.
         Talvez seja o momento de ouvir as manifestações de forma positiva, mudar o nosso modelo mental para fazermos uma política mais realizadora, demonstrando uma atitude proativa frente às demandas declaradas, anunciando um plano para o Brasil mais condizente com o que pede a população e menos ligado em ações pontuais e cosméticas. O momento pode ser propício para uma aproximação mais efetiva aos reais anseios da população brasileira, pois temos condições, de sobra, para construirmos um Brasil melhor.”

(JAIRO MARTINS. Superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

Alegria do Evangelho
        
         O papa Francisco define ainda mais nitidamente o horizonte norteador da Igreja Católica neste tempo com a sua recém-publicada Exortação Apostólica, intitulada A alegria do Evangelho. Obviamente, trata-se de uma exortação que nasce da “escuta”, na dinâmica da vida da Igreja e do que é próprio da graça de Deus. O papa Francisco, com frescor próprio do coração de pastor enraizado no chão latino-americano, reaviva, com singularidades, a recuperação de sentidos genuínos na vivência do Evangelho. O conhecimento da exortação do papa é determinante na compreensão e no tratamento do mais importante desafio da Igreja Católica na contemporaneidade: a insubstituível tarefa de anunciar o Evangelho no mundo atual.
         Ao falar sobre alegria, um capítulo determinante na vida e um interesse comum a todos os corações, é imprescindível compreender que o Evangelho de Jesus Cristo não é um simples conjunto conceitual alternativo para aprendizagem, ou simples referência quando necessário. A alegria do Evangelho é duradoura. Enche o coração dos que, no cotidiano, vivenciam a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Trata-se de uma alegria que não é como muitas outras, que seduzem, mas são passageiras e não têm força para resgatar o vazio interior, o isolamento e a tristeza. O papa Francisco adverte que o grande risco do mundo contemporâneo, com a oferta múltipla e opressora de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração acomodado e avarento, da busca doentia de prazeres superficiais.
         Não é possível encontrar uma alegria verdadeira e duradoura quando a vida interior se fecha nos seus próprios interesses. Isto impede a escuta de Deus e faz morrer o entusiasmo de fazer o bem. Um risco que, sublinha o papa Francisco, pode atingir também os que creem e praticam a fé. Um cenário que pode ser constatado quando são encontradas pessoas descontentes, ressentidas, amargas e incapacitadas para cultivar sonhos e projetos, necessários para conduzir a vida na direção da sua estatura própria de dom de Deus. A alegria, necessidade natural do coração humano, expressão de vida vivida com dignidade, vem com o anúncio, conhecimento, experiência e testemunho do Evangelho de Jesus Cristo.
         A Igreja, que tem a missão de promover a experiência dessa alegria duradoura, tem que estar em movimento, isto é, sempre a caminho. Cada membro, tomando a iniciativa de sair e ir ao encontro, deve renunciar às comodidades e acolher o desafio da mudança, da renovação, numa atitude permanente de conversão. É preciso ter coragem de mudar, de ousar novas respostas, em todos os campos da sociedade, dinâmicas e projetos. No caminho contrário, corre-se o risco de se tornar um instrumento inócuo no serviço e no anúncio da fonte inesgotável dessa alegria.
         Por isso, diz o papa Francisco, a Igreja está desafiada por uma exigência de renovação improrrogável. Para se adequar a essa realidade, é preciso reconhecer os muitos desafios postos pelo mundo contemporâneo. A consideração das diferentes culturas urbanas, com um conhecimento mais aprofundado de suas dinâmicas, interesses, linguagens e configurações, tem a propriedade de mostrar o caminho novo que fará a renovação da Igreja. O papa Francisco sublinha que, na atual cultura dominante, o primeiro lugar está ocupado por aquilo que é exterior, imediato, visível, veloz, superficial e provisório. O real dá lugar à aparência. Constata-se uma deterioração de valores culturais, com a assimilação de tendências eticamente fracas. Esse processo de renovação e trabalhosa tarefa de ajudar o mundo a encontrar no Evangelho a fonte perene de alegria duradoura supõe, sem negociação, a coragem e a perseverança no dizer “não” a uma economia da exclusão, “não” à nova idolatria do dinheiro, que dá ao mercado a força de governar e não a de servir, gerando perversidades inadmissíveis. “Não” a todo tipo de iniquidade que gera violência, “não” ao egoísmo mesquinho e ao pessimismo estéril.
         É hora de compreender e  testemunhar a dimensão social da fé, como força e instrumento de uma nova “escuta” prioritária dos pobres, trabalhando para respeitar o povo, de muitos rostos e necessidades. Convida-nos o papa Francisco a buscar, corajosamente, novas configurações organizacionais, institucionais e pessoais, apoiados na certeza daquilo que, luminosamente, está na alegria do Evangelho.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública (a propósito, destaque para a inestimável contribuição da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), com o seu Programa de Excelência da Gestão; vide www.fnq.org.br ); a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; cultura, esporte e lazer; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A CIDADANIA E A LUZ DA FÉ E DA REVOLUÇÃO EDUCACIONAL

“Encerrando o Ano da Fé
        
         Com a celebração da Festa de Cristo Rei do Universo, neste domingo, 23 de novembro, a Igreja Católica no mundo inteiro se use, de maneira especial, ao papa Francisco, no encerramento do Ano da Fé. O papa emérito Bento XVI foi quem convocou a vivência do Ano da Fé, iniciado em 11 de outubro de 2012, quando se celebrava o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Uma data relevante para a vida e missão da Igreja na sua tarefa de fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus. O grande propósito deste Ano da Fé foi exatamente a oportunidade para um aprofundamento, compreensão e vivência da fé como experiência  de encontro pessoal com Jesus, única pessoa que pode dar à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte e, com isto, como afirmou o papa Bento XVI, na sua carta encíclica Deus é Amor, uma direção decisiva.
         Nessa oportunidade oferecida, como necessidade permanente, está a importância de apropriações conceituais fundamentais que norteiam a vida de modo diferente, qualificando-a a partir de sua compreensão como dom de Deus. É claro que a fé não é uma simples apropriação de conceitos. A importância deles na vivência do dom da fé se define pela luz própria que razão indispensavelmente traz para que a pessoa avance na direção da verdade que liberta completamente. O bem-aventurado João Paulo II, na sua encíclica sobre a Fé e a razão introduz essa temática sublinhando que “a fé e razão são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. João Paulo II completa lembrando-nos que “foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que o conhecendo e amando-o possa também chegar à verdade plena sobre si”.
         A razão é uma alavanca decisiva no caminho da vida humana, na vivência da história, na construção da sociedade. É convincente e fácil de perceber, analisando a história, que os descompassos da humanidade vieram das irracionalidades. Basta pensar sobre guerras, exclusão social, manipulações e autoritarismos. Determinante também é o dom da fé. Sua profunda compreensão e sua vivência qualificam a cultura, corrigem os rumos da história e iluminam o caminho da humanidade, proporcionando a experiência de sentido que faz a vida valer a pena, ser construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
         O dom da fé é uma experiência que avança para além da razão, na sua notável propriedade de alcançar lucidez para encontrar soluções. A luz da fé permite lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da existência humana: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que existirá depois desta vida?”. Somente a fé permite lidar com o mistério que essas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão coerente. Essa consideração convence de que a fé não se reduz a simples sentimento. Também não pode ser compreendida como um caminho que apenas traz soluções imediatistas, para desgastes existenciais comuns na contemporaneidade. Menos ainda deve ser buscada como produção de experiências milagreiras, promessa de mesquinhas prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do usufruto irracional das fragilidades humanas.
         O ano especial que se encerra no próximo domingo reforça a importância de viver a fé como dom. Concretamente, vale prestar atenção, analisar e avaliar, como exemplo, o grande patrimônio de 300 anos da cultura mineira. Nele se pode constatar convictamente o papel decisivo e qualificador da fé cristã, particular e reconhecida referência à fé cristã católica, gerando um conjunto cultural, histórico, artístico e religioso que abrange toda a Minas Gerais. Este Ano da Fé, relembra o papa Francisco, na sua primeira encíclica, permitiu viver, cotidianamente, o empenho para recuperar o caráter de luz que é próprio da fé. O papa lembra que, quando essa luminosidade se apaga, todas as outras luzes acabam por perder o seu vigor. A fé é o caminho para o amor, que verdadeiramente transforma a vida. É hora de investir na vivência autêntica, profética e comprometida da fé, na cultura da paz, apelo e meta no encerramento deste ano especial.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO. Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de novembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Brasil na banguela
        
         Sou otimista. Acho que o Brasil é maior que seus problemas. Mas não sou cego. O Brasil está na banguela. Corrupção crescente, educação detonada e gestão pública incompetente, não obstante as lantejoulas do marketing político, começam a apresentar sua inescapável fatura. E a sociedade está acordando. As ruas, em junho deste ano, deram os primeiros recados. A violência black bloc, um desvio condenável e inaceitável dos protestos, precisa ser lida num contexto mais profundo. Há um cansaço do Estado ineficiente, corrupto e cínico. E a coisa não se resolve com discursos na TV, mas com mudanças efetivas.
         Corrupção endêmica e percepção social da impunidade compõem o ambiente propício para a instalação de um quadro de desencanto cívico. Alguns, equivocadamente, vislumbram uma relação de causa e efeito entre corrupção e democracia. Outros, perigosamente desmemoriados, têm saudade de um passado autoritário de triste memória. Ambos, reféns do desalento, sinalizam um risco que não deve ser subestimado: a utopia autoritária.
         O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, Dilma, José Sarney, Fernando Collor e Maluf, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo barco, paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão opostos? Interesse. Só interesse. Os fisiologistas têm carta branca para gozar as benesses do poder. Os ideológicos, lenientes e tolerantes com o apetite dos fisiológicos, recebem deles o passaporte parlamentar para avançar no seu projeto autoritário.
         A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do “habite-se” na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário o que menos interessa é gente educada, gente que pense. Educação de qualidade, nem falemos. O sistema educacional brasileiro é um desastre, Multiplicam-se universidades, mas não se formam cidadãos, homens e mulheres livres, bem formados, capazes de desenvolver seu próprio pensamento, conscientes de seus direitos e de seus deveres. Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil no declive de uma unanimidade, que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra. Nós, jornalistas, precisamos trazer os candidatos para o terreno das verdadeiras discussões. É preciso saber o que farão, não com chavões ou com o brilho do marketing político, mas com propostas concretas em três campos: educação, infraestrutura e ética.
         A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da educação brasileira.
         Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre números chamativos. E daí? Educação não é prédio. E muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia. Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de commodities para entrar, definitivamente, no campo da produção de bens industrializados.
         Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão. Nós, jornalistas sucumbimos com frequência ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia presidencial com o futuro do pré-sal. Mas como andam os projetos reais que separam a propaganda da realidade? É por aí que devemos ir.
         Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Queixa-se a sociedade da impunidade radical. Seis anos depois de aceitar a denúncia do mensalão, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dos principais condenados no esquema de corrupção do governo Lula. É uma decisão histórica e um claro divisor de águas.
         Educação, infraestrutura e ética podem mudar o destino do Brasil.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, cultura, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)    a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, nas creches; 4 e 5 anos de idade, nas pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (por exemplo, a própria “pedagogia” do processo do mensalão); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades  com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A CIDADANIA, A ECOALFABETIZAÇÃO E A FORÇA DA ESPIRITUALIDADE NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

“Ecoalfabetização de adultos e crianças
        
         A ecoalfabetização é um dos modos de promover a consciência ecológica e de reduzir a ecoalienação. Adultos e crianças devem ser ecoalfabetizados. A ecoalfabetização de adultos é especialmente necessária para governantes e empresários, devido ao poder político e econômico  de que dispõem.
         Dentro de governos, frequentemente constata-se o desalinhamento e a falta de convergência nos pensamentos e nas ações de distintas áreas, que caminham na contramão de uma abordagem ecológica. Há vários exemplos disso: bancos de desenvolvimento que financiam atividades predatórias, tais como frigoríficos e pecuária na Amazônia; a redução de impostos para fontes de energia poluentes ou para modos de transporte que congestionam as cidades; a adoção de práticas destrutivas do meio ambiente natural na agricultura; ações de fomento à pesca com visão a curto prazo que destroem a capacidade de reprodução dos estoques pesqueiros a longo prazo; a pressão de órgãos públicos e empresas de infraestrutura viária ou de energia para escapar aos controles ambientais.
         De importância fundamental é o alinhamento dos dirigentes de bancos públicos e de desenvolvimento com as diretrizes ecológicas, liberando crédito para empreendimentos licenciados ou de acordo com a legislação ambiental, evitando que o capital seja investido em projetos ambientalmente destrutivos. A concessão de crédito bancário ecologicamente responsável exige consciência ecológica, para que os bancos renunciem a oportunidades de negócio social ou ambientalmente destrutivas.
         A ecoalfabetização dos responsáveis pelas licitações e contratos públicos pode poupar recursos públicos e integrar considerações ambientais na seleção de fornecedores de produtos e serviços. Ecoalfabetizar os governantes é capacitá-los para aplicar os conhecimentos das ciências ecológicas e a sabedoria da consciência ecológica em suas ações.
         O divórcio entre conceitos e práticas da ecologia e de economia está na origem da crise ecológica atual. Poucos gestos públicos incorporaram em sua formação a consciência ecológica. Ainda é fragmentada e deficiente a formação ecológica em universidades e nas escolas de governo e de administração.
         A ecoalfabetização nas escolas e institutos de pesquisa econômica aplicada ajudaria a redefinir conceitos de riqueza. É preciso colocar as ciências econômicas em seu devido lugar, como partes das ciências ecológicas. Merecem investimento as escolas de governo e de administração, pois da ciência e consciência ecológica de gestores públicos emanam decisões ecologicamente responsáveis (ou irresponsáveis).
         A mudança de mentalidades e de modelos mentais resultante da ecoalfabetização em todas as ares dos governos poderia facilitar a articulação intersetorial, a adoção de agendas bilaterais da área ambiental com ministérios ou secretarias com potencial de conflitos e disputas – agricultura, desenvolvimento agrário, ciência e tecnologia, desenvolvimento industrial, transportes, energia e mineração.
         As ciências ecológicas se desdobram em múltiplos campos, da ecologia política à social, da ecologia energética à ecologia industrial. A ecoalfabetização precisa levar em consideração o amplo e variado espectro das ciências ecológicas e recusar o enfoque reducionista que enxerga a ecologia apenas em sua dimensão das ciências biológicas, que estuda a interação de bichos e plantas com o seu ambiente. Ela também precisa informar sobre as relações ecológicas harmônicas, como a simbiose e o comensalismo, e dasarmônicas, como o parasitismo e predação, por exemplo.
         A ecoalfabetização também é necessária em cada formação profissional e nos níveis básicos da educação. No campo da comunicação e do jornalismo, é relevante ecologizar todas as editorias, pois os meios de comunicação constituem veículos eficazes para promover a ecoalfabetização.

LIÇÃO A longo prazo, a ecoalfabetização precisa se incorporar na formação das novas gerações. No livro Alfabetização ecológica – A educação das crianças para um mundo sustentável (Cultrix 2006), Fritjof Capra e um grupo de professores e pesquisadores americanos constatam que há deficiências no conhecimento sobre a ecologia. Propõem que, por meio da alfabetização ecológica, as crianças se familiarizem com os conceitos e as práticas ecológicas e compreendam o impacto que seus hábitos e estilos de vida provocam sobre o ambiente natural e social.
         Entre as experiências inspiradoras realizadas na Califórnia está a de repensar e colocar em prática alternativas para a merenda escolar. Podem-se rastrear, então, todas as etapas do processo produtivo e das tecnologias que possibilitam que a merenda chegue ao prato das crianças. Os alimentos produzidos localmente reduzem os gastos de energia envolvidos nos transportes de longa distância. É valiosa a capacidade de produzir localmente os alimentos. As crianças visitam os locais de cultivo das hortas e componentes de sua merenda, conhecem o quanto de água, de terra, de agrotóxicos, de sementes, de tecnologias é necessário para produzi-la; acompanham seu transporte, processamento, preparo na cozinha; tomam conhecimento das perdas de alimentos ao longo do sistema de abastecimento alimentar, até o seu prato.
         Todo o ciclo do alimento, de sua origem a seu destino final, pode ser conhecido do ponto de vista técnico e científico, bem como do ponto de vista econômico. Também pode ser estudado o seu trânsito pelo corpo, como os dejetos humanos são tratados nos sistemas de esgotos e devolvidos ao sistema hídrico. Nas experiências realizadas na Califórnia, a reflexão sobre a merenda escolar levou a decisões de privilegiar alimentos produzidos localmente, de forma orgânica, o que gerou aumento de renda e de emprego para os produtores rurais nas proximidades das escolas.
         A ecoalfabetização pode formar a consciência ecológica de adultos e de crianças, atuais e futuros governantes e dirigentes de empresas.”

(MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO, que é autor de Ecologizar, Tesouros da Índia e Ecologizando a cidade e o planeta, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de novembro de 2013, caderno PENSAR, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO, edição de 22 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 22, de autoria de LEONARDO BOFF, que é filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“A importância da espiritualidade para a saúde dos seres humanos
        
         Via de regra, todos os operadores de saúde foram moldados pelo paradigma científico da modernidade, que operou uma separação drástica entre corpo e mente e entre ser humano e natureza. Criou as muitas especialidades que tantos benefícios trouxeram para o diagnóstico das enfermidades e também para as formas de cura. Reconhecido esse mérito, não se pode esquecer que perdeu a visão de totalidade: o ser humano inserido no todo maior da sociedade, da natureza e das energias cósmicas, a doença como um fratura nessa totalidade e a cura como uma reintegração nela.
         Há uma instância em nós que responde pelo cultivo dessa totalidade, que zela pelo eixo estruturador de nossa vida: é a dimensão do espírito.
         Neurobiólogos e estudiosos do cérebro identificaram a base biológica da espiritualidade. Ela se situa no lobo frontal do cérebro. Verificaram empiricamente que sempre que se captam os contextos mais globais ou ocorre uma experiência significativa de totalidade, ou também quando se abordam de forma existencial (não como objeto de estudo) realidades últimas, carregadas de sentido e que produzem atitudes de veneração, de devoção e de respeito, se verifica uma aceleração das vibrações em hertz dos neurônios aí localizados. Chamaram esse fenômeno de “ponto Deus” no cérebro ou de emergência da “mente mística” (Zohar, Q. S., “Inteligência Espiritual”, 2004). Trata-se de uma espécie de órgão interior pelo qual se capta a presença do Inefável dentro da realidade.
         Esse “ponto Deus” se revela por valores intangíveis, como mais compaixão, mais solidariedade, mais sentido de respeito e de dignidade. No termo, espiritualidade não é pensar Deus, mas sentir Deus mediante esse órgão interior e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração. Ele é percebido como entusiasmo (em grego, significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentidos de existir.
         Que importância emprestamos a essa dimensão espiritual no cuidado da saúde e da doença? A espiritualidade possui uma força curativa própria. Não se trata de forma nenhuma de algo mágico e esotérico. Trata-se de potenciar aquelas energias que são próprias da dimensão espiritual, tão válidas como a inteligência, a libido, o poder e o afeto, entre outras dimensões do humano.
         A espiritualidade reforça na pessoa, em primeiro lugar, a confiança nas energias regenerativas da vida, na competência do médico e no cuidado diligente da enfermeira. Sabemos pela psicologia do profundo e do transpessoal o valor terapêutico da confiança na condução normal da vida.
         Não raro, os próprios médicos se surpreendem com a rapidez com que alguém se recupera, ou mesmo como situações, normalmente dadas como irreversíveis, regridem e acabam levando à cura. No fundo, é crer que o invisível e o imponderável são parte do visível e do previsível.
         Pertence também ao mundo espiritual a esperança imorredoura de que a vida não termina na morte, mas se transfigura através dela.
         Força maior, entretanto, é a fé de sentir-se na palma de Deus. Entregar-se, confiadamente, à sua vontade, desejar ardentemente a cura, mas também acolher serenamente sua vontade de chamar-nos para si: eis a presença da energia espiritual. Não morremos, Deus vem nos buscar e nos levar para onde pertencemos desde sempre, para a sua Casa e para o seu convívio. Tais convicções espirituais funcionam como fontes de água viva, geradoras de cura e de potência de vida. É o fruto da espiritualidade.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...