sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A INDESVIÁVEL ESCOLHA PELA ÉTICA E A LUZ DA NOVA GEOPOLÍTICA

“A urgência da escolha pela ética
        A julgar pelo que acompanhamos no noticiário nacional e internacional, nunca, desde a Antiguidade, quando seus fundamentos foram lançados, a popularidade do conceito ética esteve tão distante de seu sentido real. O que talvez prove, também, que ser muito falado não é ser bem entendido. Em uma rápida busca na internet, encontram-se a um toque do computador 55,6 milhões de menções ao termo em português. Do Congresso Nacional ao Senado Federal, passando pela própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); da Fifa às grandes corporações públicas e privadas; todas, invariavelmente, têm algum tipo de conselho de ética. É de se perguntar, então, qual é sua real eficácia.
         Dada a medida do que se vê no noticiário, parece urgente a sociedade refletir mais seriamente sobre tamanha incongruência entre a intenção e a prática. Se, há milhares de anos, a ética já era entendida como um dos melhores instrumentos para guiar os homens em suas escolhas, nos tempos modernos os indícios são de que ela não é mais assim valorizada. Ao longo da história, a ética deixou o manto dos valores morais e parece não ter ainda se abrigado completamente em nenhum outro espaço de grande amplitude na nossa sociedade.
         Sobrepujada pelo consumo, pela mídia (pelas velhas e pelas novas), pela competição e pela vaidade, a sociedade paulatinamente se anestesia e abre mão de suas convicções individuais em prol de conveniências momentâneas. Noções de justiça, de culpa, de obrigações vão se sobrepondo umas às outras. Precisamos, como nunca, de princípios orientando nossa consciência profissional de advogados, de médicos, de professores, de funcionários públicos, assim como precisamos de princípios orientando nossa consciência nas relações sociais e de consumo.
         Moral e ética têm diferentes significados, mas que se relacional. Enquanto a moral se fundamenta na obediência às normas, aos costumes, a ética está ligada ao pensamento. Assim, ambas pautam a essência da nossa vida, mas é a ética que garante nossa capacidade de avaliar o bem e o mal e que estrutura nosso modo de viver. Ao contrário das demais espécies, agimos por vontade, não por necessidade. Ética vem do grego ethos, significa modo de ser, caráter. Então, ética pressupõe compromisso individual, deveres, obrigações.
         E é a participação de cada um na construção do coletivo que vai nos assegurar o real bem-estar de todos. Como em alguns livros, que muitos citam e poucos leem, a ética vem sendo muito debatida e pouco valorizada na prática das relações. Precisamos acreditar firmemente que, com ela, teremos mais justiça social, mais respeito à diversidade, menos desastres ambientais, menos nepotismo, menos corrupção.
         Aristóteles já defendia a importância de as pessoas refletirem sobre suas ações, colocando a razão acima das paixões. Pelo visto, infelizmente, ainda estamos longe do que defendia o sábio grego, morto no ano 322 a.C.
         No próximo ano, assim como em 2018, teremos eleições. Vamos dar um choque de ética na escolha dos nossos representantes no Parlamento.

(LUÍS CLÁUDIO CHAVES. Advogado, conselheiro federal eleito e presidente da OAB Minas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de SACHA CALMON, advogado, coordenador da especialização em direito tributário das Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e da UFRJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“A geopolítica agora
        Em águas internacionais do mar da China no Sudeste Asiático, existem rotas por onde passa um terço do comércio mundial.
         Despiciendo dizer que a Ásia amarela é a área de maior desenvolvimento do planeta. Lá estão a China, o Japão, as plataformas de Cingapura e Hong Kong e os tigres: Coreia, Vietnã, Filipinas, Tailândia, Taiwan, além de Indonésia, Malásia e Índia, que, juntos, somam quase 3,8 bilhões de consumidores. Obviamente, o século 21 não será americano, mas asiático. A Rússia entra no enredo por ser bicontinental, potência nuclear, espacial, mineral e militar.
         Os únicos países do continente que têm acesso ao espaço vital da Eurásia (a maior linha de poder que vai do mar báltico ao mar do Japão) é a China e a sua aliada Mongólia, e, logo depois, o Irã, o Cazaquistão e a Rússia em toda sua extensão ao norte (um oceano de terras de cultivo potencial e ricos subsolos minerais, aliás, todos).
         Há cerca de quatro anos os EUA definiram a estratégia de isolar a Rússia, rica em petróleo e gás, na Europa. Sem êxito, haja visto as bordoadas que levou na Ucrânia (perdendo a estratégica península da Crimeia no Mar Negro) e o reconhecimento forçado da Rússia na resolução da guerra na Síria, onde ela possui duas bases aeronavais a lhe dar presença no Mar Mediterrâneo, sem depender da Turquia (membro da Otan). Os EUA, concomitantemente, querem conter ou embaraçar a expansão naval chinesa no mar da China.
         Recentemente, dois bombardeiros russos voando a 500 metros se aproximaram de um porta-aviões americano no mar da China e foram escoltados por jatos, sem incidentes maiores, até se afastarem. Lado outro, a China vem construindo pistas e portos artificiais em rochedos, areais e no arquipélago das desertas Ilhas Spratley, cuja soberania é reivindicada por aliados dos americanos, como Brunei, Filipinas, Indonésia (nem sempre) e Taiwan, aliás, território chinês imemorial. A confusão é total na interpretação do Tratado de Mondego Bay sobre os direitos do mar, ao qual não aderem os EUA. A tática faz parte da política americana de evitar o crescimento do bloco euro-asiático nos planos econômico e militar. Para tanto, procura cooptar a Índia (potência atômica), mas sem êxito conclusivo até agora. Há um contencioso entre as duas nações asiáticas sobre fronteiras no Himalaia e a intenção da China de desviar, em seu trecho nacional, o Rio Bramaputra (a Índia é rica em rios e conhecida desde a dominação persa como a terra dos sete rios). A China, ao contrário, naquela área precisa de água.
         O Oriente Médio está perdendo para o Ocidente tal o mar de ódio que conseguiu contra si, seja hostilizando o islã, seja destruindo países, seja rejeitando miseráveis foragidos em busca de asilo. A África subsaariana está inteiramente ajudada pela China, alvo da simpatia geral.
         Foi-se o tempo em que a “velha Europa” dava as cartas, os EUA dormitavam (até 1946) e a China vivia subjugada. Hoje, a Eurásia torna-se cada vez mais incômoda para os EUA, especialmente pelo crescimento econômico chinês, sempre o triplo do seu, e pela renovação bélica surpreendente da Rússia. Mísseis lançados de navios no Mar Cáspio a 1.500km de distância atingem os rebeldes da Síria com extraordinária precisão.
         Agora mesmo, foi formada uma comissão, de comum acordo, envolvendo de uma lado Rússia, Irã e Síria e, de outro, os EUA, Turquia e Arábia Saudita (aliados), para resolver o problema político sírio, depois de cinco anos de destrutivos conflitos, ensejadores do maior êxodo do século 21.
         Seriamente lesada por ataques terroristas, a França “dormia” e esperava do Estado Islâmico que depusesse Assad para agradar às potências petrolíferas da Península Arábica com as quais tem negócios (todos sunitas). Agora terá que atacar quem de fato a feriu (e não foi a Síria). Mandará homens para lutar no chão? É possível, mas improvável, o que não impede a nossa solidariedade aos civis franceses mortos (e a todos os mortos civis, de todos os lugares, bem como os foragidos, que tudo perderam, pela crueza das guerras).
         Pensando bem, com a Alemanha e o Japão proibidos de se armarem, vencidos na 2ª Guerra Mundial, que papel podem exercer a França e a Inglaterra no tabuleiro internacional atualmente? São satélites políticos, econômicos e militares dos EUA. Quiçá ajudassem suas ex-colônias, de onde tiraram tantas riquezas e não educaram ninguém. Pela primeira vez na história, as esquinas da geopolítica estão noutros lugares. As guerras ocidentais no Iraque, na Síria e na Líbia criaram “vazios” ocupados pelo jihad. Eis a raiz do “califado”. Piorou o cenário.
        
Nota: Nos alerta padre José Cândido que a frase “O homem é um ser para a morte” é de Heidegger, e não de Kierkegaard.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b
      b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        


   

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DO UNIVERSO E O HORIZONTE DA VERDADE

“Como multiplicarmos em luz 
o que o universo nos entregou
        É o destino de todos os homens despertarem para a vida interior consciente.
         Em sua existência formal, o Cosmos irradia ordem e manifesta leis superiores, divinas. Observando isso, o homem poderia obter todo o ensinamento de que necessitasse. Não há uma partícula sequer dentro de tal imensidão que, seguindo essas Leis, não tenha sua posição definida. Nem mesmo um pequeno raio de luz é emitido que não seja para cumprir determinada tarefa. Nada se move ou vive fora da Grande Presença.
         Assim, se uma pessoa é encarregada de uma tarefa que faça parte do Plano de Deus, seus corpos mental, emocional e físico vão sendo preparados para desempenhá-la. É fato que o homem terrestre trilhou caminhos fora da Lei Universal e traz gravadas nas células de seus corpos as marcas dessa trajetória.
         Vivendo neste planeta, ao indivíduo cabe lidar com seus corpos mental, emocional e físico procurando elevar-lhes a vibração. Todos os cuidados nesse sentido devem ser tomados desapegadamente (inclusive a alimentação, a higiene e a postura), sabendo que o verdadeiro processo é o desenvolvimento da consciência. Cabe à pessoa contatar o propósito interior e cumpri-lo em todos os níveis. Esses cuidados, no entanto, não precisam ser excessivos.
         É necessário apenas que ela esteja desperta e que possa cumprir em pura e sincera entrega aquilo que lhe foi designado pelo Alto.
         A parábola dos talentos, mencionada na Bíblia, ensina o valor que há em multiplicarmos o que o Senhor nos entregou; mas multiplicar em Luz, e não materialmente, como é de uso comum compreender essa instrução.
         Energias especiais, sutis, incidem sobre aquele cujo contato com a vida espiritual esteja mais aberto. Se estiver em inteira disponibilidade para o serviço, poderá adequar-se prontamente às rápidas transformações que se façam necessárias no cumprimento de sua tarefa.
         É importante que se esteja desidentificado das suas emoções, da sua própria mente, dos seus condicionamentos, de respostas mecânicas, que se esteja pronto para renascer a cada momento – preparado, portanto, para a todo instante morrer para o que se é em aparência. Na presente situação planetária, na qual profundas transformações estão ocorrendo, é hora de entregar mais profundamente a própria vida – vida que ilusoriamente  pensamos ser nossa, quando na verdade é do Único.
         Pela percepção da mente bem pouco se pode saber sobre os movimentos da energia sutil espiritual. Para que nossa consciência participe desses processos é preciso colocarmos de lado as expectativas, os sonhos e até mesmo o desejo de servir; enfim, é preciso calarmos. O silêncio é o melhor instrumento de serviço e também a única e verdadeira oferta que se pode fazer aos trabalhos internos.
         Se o impulso da devoção permear o nosso ser, devemos deixar que ela arda e incendeie cada passo que dermos; se por momentos ou dias estiver sobre nós presente de maneira especial a energia da ordem, devemos manifestá-la, permitindo que ajuste e conduza às exatas posições aquilo que nos cerca. E, diante de tudo isso, se nos dispusermos a nada querer e a não impor obstáculos, participaremos de um movimento cósmico que, como um bailado, move universos, levando-os a realizarem o trabalho do Plano de Deus em completa harmonia.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil diante da verdade
        O Brasil precisa se conscientizar de que o presente em que vive já é passado e afastar o passado da frente do futuro. Vivemos o cotejo entre um modelo exaurido, e que insiste em se manter, e um novo modelo de nação em franca gestação, mas que não queremos perceber que nasce, porque precisa de nós para ganhar vida. A árdua abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff coroa o confronto de um país consigo mesmo.
         Mas, afinal de contas, quem somos nós? As raízes do Brasil foram estudadas a fundo por Sérgio Buarque, que sintetiza assim o espírito brasileiro: “Desejamos ser o povo mais brando e o mais comportado do mundo. (...) Tudo isso são feições bem características do nosso aparelhamento político, que se empenha em desarmar todas as expressões menos harmônicas de nossa sociedade, em negar toda a espontaneidade nacional”. No entanto, é dele este alerta: “Com a cordialidade (somente) não se criam bons princípios”.
         Domenico De Masi, sociólogo italiano que comentou a obra de seu colega brasileiro, parte desse ponto para destacar: “Não basta ser cordial para ser democrático. Uma verdadeira democracia exige um sólido elemento normativo, regras capazes de assegurar oportunidades iguais para todos, uma superação dos personalismos através de uma disciplina social e uma série de regras baseadas no consenso. Exige o primado das instituições e a soberania popular”. E De Masi prossegue em sua visão crítica em relação ao “brasileiro meigo”. Cita Stefan Zweig que escreveu: “Essa delicadeza do sentimento, essa ausência de toda forma de veemência, me parece qualidade mais característica do povo brasileiro (...). Todos os estágios do bem-estar e da felicidade estão misturados nessa pacífica indolência”. De Masi cai em cima, quase cruelmente: “É exatamente a propensão para a tranquilidade que permitiu a Portugal dominar o Brasil por quase quatro séculos com um número exíguo de soldados”.
         Para fundamentar as razões do temor e postergação quando o Brasil se vê frente a frente consigo mesmo, como hoje acontece, vale a pena conhecer o que escreveu Darcy Ribeiro, outro estudioso da sociologia e antropologia do Brasil. Em uma das coletâneas sobre sua obra, intitulada O Brasil como problema, ele comenta que o atraso do Brasil e a pobreza de seu povo foram, de tempos em tempos, atribuídos a falsas causas naturais e históricas: ao clima tropical, à mistura racial entre brancos, negros e índios, ao papel desempenhado pela religião católica, à péssima colonização lusitana contraposta à colonização holandesa, mitificada como esplêndida, e a uma suposta infantilidade do povo brasileiro. É quando procura mostrar como fator do atraso o caráter daqueles que detiveram, durante séculos, o poder político e econômico: “Não há como negar que a culpa do atraso nos cabe a nós, os ricos, os brancos, os educados, que impusemos, desde sempre, ao Brasil, a hegemonia de uma elite retrógrada, que só atua em seu próprio benefício”.
         Entendida essa elite, efetivamente retrógrada, como “direita”, o drama brasileiro tomou jeito de tragédia quando a “esquerda”, fomentada por forte contingente dos intelectuais brasileiros e – convém lembrar – por uma parcela dos empresários, pôs em prática uma plano de governo coletivista. Convém definir: um projeto que, em nome dos ideais de justiça e igualdade social, exercita o aumento da concentração do poder do Estado e se propõe a conduzir a sociedade a caminhar em determinada direção, para a prometida realização do suprassumo dos milagres: proporcionar a todos a felicidade, por um “gesto de mágica” do Estado. Gesto movido pelo dinheiro da poupança das famílias, supostas beneficiárias de uma eterna boa vida, e dos tributos extorquidos da produção empresarial.
         Os resultados são esses que destruíram um país que havia conquistado a estabilidade política, monetária e que estava assim preparado para conquista a inclusão social pela realização do sonho empreendedor de cada indivíduo, pelo trabalho e pelo fomento de uma política pública sustentável. Para as famílias que comemoravam a supressão da miséria e a integração da Classe C a uma nova classe média, resultou uma triste “civilização do retorno”, com a marcha de cerca de 3 milhões de família de volta às classes D e E. Para as empresas, a falência, o fechamento e, o pior: a prisão daqueles que se agregaram a um projeto de poder e corrupção. Para o país, a recessão, que, depois de arrasar tudo e todos, destrói a autoestima e a capacidade de pensar e agir.
         É desse quadro – que o Brasil não pode resumir em uma só edição por representar a consumação de um comportamento e de fatos seculares – que nascem as manchetes diárias que soam como gritos de um país que se debate em suas contradições. É a partir desse quadro que precisamos definir o projeto do Brasil que queremos ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

     

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, OS CAMINHOS DA ECOLOGIA INTEGRAL E O CULTIVO DA MISERICÓRDIA

“Só uma ecologia integral dá conta 
dos atuais problemas do mundo
        Uma das afirmações básicas do novo paradigma científico e civilizatório é o reconhecimento da inter-retrorrelação de todos com todos, constituindo a grande rede terrenal e cósmica da realidade. Coerentemente, a Carta da Terra, um dos documentos fundamentais dessa visão das coisas, afirma: “Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e, juntos, podemos forjar soluções includentes”. O papa Francisco, com sua encíclica sobre o cuidado da Casa Comum, se associa a essa leitura e sustenta que se imponha uma reflexão sobre a ecologia integral, pois só ela dá conta dos problemas da atual situação do mundo.
         O tempo urge e corre contra nós. Por isso, todos os saberes devem ser ecologizados, postos em relação entre si e orientados para o bem da comunidade de vida. Igualmente, todas as tradições espirituais e religiosas são convocadas a despertar a consciência da humanidade para a sua missão de ser a cuidadora dessa herança sagrada, recebida do universo e do Criador que é a Terra viva, a única Casa que temos para morar.
         O papa cita o comovente final da Carta da Terra, que resume bem a esperança que deposita em Deus e no empenho dos seres humanos: “Que nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela intensificação da luta pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida”.
         Outra notável contribuição nos vem do conhecido psicanalista Carl Gustav Jung (1875-1961), que, em sua psicologia analítica, deu grande importância à sensibilidade e submeteu a duras críticas o cientificismo moderno. Para ele, a psicologia não possuía fronteiras entre cosmos e vida, entre corpo e mente etc. A psicologia tinha a ver com a vida em sua totalidade, em suas dimensões racional e irracional.
         Sabia articular todos saberes disponíveis, descobrindo conexões ocultas que revelavam dimensões surpreendentes da realidade. Conhecido foi o diálogo que Jung manteve com um indígena da tribo Pueblo, nos Estados Unidos. Esse indígena achava que os brancos eram loucos. Jung lhe perguntou por que, ao que o indígena respondeu: “Eles dizem que pensam com a cabeça, nós pensamos aqui”, e apontou o coração. Esse fato transformou o pensamento de Jung, que entendeu que o homem moderno havia conquistado o mundo com a cabeça, mas havia perdido a capacidade de pensar e sentir com o coração e de viver por meio de sua alma.
         Logicamente, não se trata de abdicar da razão – o que seria uma perda para todos –, mas de recusar o estreitamento da capacidade de compreender. É preciso considerar o sensível e o cordial elementos centrais no ato de conhecimento. Eles permitem captar valores e sentidos presentes na profundidade do senso comum.
         Em suas memórias, Jung diz: “Há tantas coisas que me repletam: as plantas, os animais, as nuvens, o dia, a noite e o eterno presente nos homens. Quanto mais me sinto incerto sobre mim mesmo, mais cresce em mim o sentimento de meu parentesco com o todo”.
         O drama do homem atual é ter perdido a capacidade de viver um sentimento de pertença, coisa que as religiões sempre garantiam. O que se opõe à religião não é o ateísmo ou a negação da divindade, mas a incapacidade de ligar-se e religar-se com todas as coisas. Se não resgatarmos a razão sensível, uma dimensão essencial da alma, dificilmente nos moveremos para respeitar o valor intrínseco de cada ser, amar a Mãe Terra com todos os seus ecossistemas e viver a compaixão com os sofredores da natureza e da humanidade.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cultivar a misericórdia
        Ao abrir a Porta Santa na Basílica de São Pedro, na terça-feira, o papa Francisco convoca todos a cultivar e a vivenciar a misericórdia. O gesto marca o início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que, em 13 de dezembro, será solenemente aberto nas dioceses do mundo inteiro, nas catedrais, santuários e lugares de significação especial. Acolher a convocação do papa exige disposição para matricular-se na escola de Cristo Jesus, aquele que vem ao encontro da humanidade e revela o rosto misericordioso de Deus Pai.
         Em Cristo, só n’Ele e por Ele, se aprende a lição da misericórdia. Esse aprendizado cria impulsos revolucionários e transformadores. Contemplando o mistério do amor de Deus revelado na paixão, morte e ressurreição de Cristo é que se compreende o significado da misericórdia. Jesus revela o rosto misericordioso de Deus Pai, que envia seu filho amado como oferta para a redenção da humanidade. A misericórdia se torna visível, viva e atinge seu ápice com Ele, o salvador do mundo. Com o Mestre, vem o forte convite: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).
         Cultivar a misericórdia é assumir a convicção de que a humanidade precisa, urgentemente, de grande renovação espiritual. Isso é difícil e quase inconciliável com as lógicas hegemônicas da atualidade, que submetem as sociedades ao consumismo, às dinâmicas do lucro sem limites, às leis de um “bem-estar” egoísta e efêmero, raízes dos muitos problemas que ameaçam a vida. Na base dos colapsos contemporâneos está uma grave crise espiritual que causa o envenenamento e a morte de tudo o que é indispensável para o equilíbrio das relações humanitárias, sociais e políticas.
         Por isso, é urgente derrubar as muralhas que adoecem as instituições, inclusive as religiosas e confessionais. Cristalizações que matam a credibilidade e enfraquecem as contribuições necessárias para a construção de uma sociedade orientada por indispensáveis valores, particularmente os valores do evangelho. Compreende-se, assim, que a misericórdia, aprendida e vivida, é remédio que rejuvenesce uma humanidade cansada. Permite estabelecer novos ordenamentos sociais que priorizem, respeitem e promovam a dignidade humana.
         O papa Francisco convoca a Igreja Católica, todos os homens e mulheres de boa vontade, cada cidadão, a presidir a própria conduta a partir da lei fundamental que mora no coração de cada pessoa: a misericórdia,  muitas vezes soterrada em escombros de orgulhos, mesquinhez e ganâncias. Isso é possível quando se procura enxergar, com olhos sinceros, cada irmão. Uma lição capaz de promover transformações de grande alcance. Cabe o exercício simples e exigente de agir com misericórdia para tornar, cada um, sinal eficaz da presença misericordiosa de Deus Pai, revelada em Jesus Cristo, com seus gestos, palavras e a sua oferta.
         Cultivar a misericórdia é caminho para encontrar o tempo novo. Permite à humanidade superar a gravíssima crise espiritual e, assim, compreender que a solução de problemas não vem simplesmente das estatísticas, números, aumento sem limites da produção e do consumo. Também está longe da doentia luta pelo acúmulo egoísta de riquezas. É hora de aprender a lição do amor, para evitar que continuem a se multiplicar os desastres políticos, humanos e ecológicos. Cultivar a misericórdia requer coragem humilde de fazer mea-culpa, assumir as responsabilidades na constituição do cenário de violências, corrupção e indiferenças. A Igreja, pelo caminho deste ano santo, se compromete com a celebração de um jubileu que resulte em renovações. Isso significa corajosas novas posturas de abertura, ainda mais proximidade ao povo, audácia maior nas partilhas e nos comprometimentos com a justiça.
         Os diferentes grupos e segmentos da sociedade também são convidados a cultivar a misericórdia, a partir da celebração do ano santo que, para além da importância fecundante da ritualidade, pode desencadear efetivas transformações em muitos ambientes, desde presídios, incluindo instâncias educativas, culturais, a vida comum de homens e mulheres, formadores de opinião e construtores da sociedade pluralista, até os políticos, responsáveis por tantos descompassos. Eis agora a oportunidade para viver, com entusiasmo, a convocação feita pelo papa Francisco: cultivar a misericórdia.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:


     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

      

     

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A PLENITUDE DA VIDA PRESENTE, A ECOLOGIA HUMANA E INTEGRAL E A SEVERA LIÇÃO DE MARIANA

“A vida se torna plena quando se 
manifesta no eterno presente
        Certo dia, entardecia e fui levado a estar diante do pôr do sol. Observava o movimento da luz e via que, para nós, sem a luz não existem cores, e sem sua presença a vida manifestada se tornaria irreconhecível e indecifrável. Constatava que, quando a Fonte de Luz desaparece no horizonte, inicia-se um indescritível bailado das cores, com mudanças e transformações que prenunciam o ciclo seguinte.
         Enquanto saudava interiormente a presença das energias superiores nestes tempos em que a discórdia e o confronto se disseminam rapidamente pela superfície do planeta, veio-me uma impressão muito clara, impulsionadora em seu significado, trazendo consigo uma onda de infinito amor: grande é a responsabilidade daqueles que se omitiram. Tanto lhes foi dado e tão pouco distribuído. A omissão, assim como a mentira, tem efeito corrosivo sobre as pétalas de amor no coração dos servidores.
         Por meio dessas palavras eu podia perceber como é simples a instrução espiritual. A verdade é simples, e, como tal, é para ser vivida. É o ego, com suas circunvoluções sobre si mesmo, que traz uma série de complicações ao processo espiritual e à vida em si. A verdade diz: siga a Lei, desapegue-se e entregue-se ao Supremo. Mas isso tem que ser vivido.
         A vida se torna plena a cada instante reconhecido como o eterno presente, livre de toda e qualquer cronologia. Se o instante for vivenciado em sua totalidade, com a justa e exata vibração por ele vinculada, pode-se estar diante de outros instantes-vida com total adesão da consciência. Quando isso ocorre livremente, o Infinito pode aproximar-se dos mundos de ignorância e redimi-los.
         Indivíduos ou grupos podem até não prosseguir externamente rumo à meta que elegeram, como em geral acontece. Todavia, para o atual grau de adensamento da consciência humana, já é um avanço o fato de terem despertado, e de certos estados mentais e emocionais estarem relativamente preparados para tarefas evolutivas, às vezes desempenhadas até mesmo inconscientemente. Entretanto, o que no passado existiu em mosteiros ocultos nas altas cordilheiras deveria agora se dar mais abertamente entre os indivíduos.
         Lançada uma semente, em algum momento ela poderá florescer. Cada indivíduo desperto, cada grupo que se forma, é como uma porta aberta para a entrada de outras pessoas naquele mesmo caminho. O Ensinamento diz: “De um grão de trigo semeado colhem-se algumas espigas, mas de algumas espigas podeis colher todo um trigal. Em solo fértil deveis plantar as novas sementes e sobre rocha firme construir a Nova Morada. Não com meias medidas o homem desta Terra entrará no Reino; é por completo que ele terá de se render à vida do espírito”.
         A experiência humana se desenvolveu no sentido oposto ao que deveria; a vida na superfície da Terra não realizou o seu propósito superior em decorrência, entre outras coisas, das opções de toda a humanidade, desde o início da sua manifestação. Entretanto, essa aparente frustração não deve ser confundida com essência do Plano de Deus para todos nós.
         Assim como existem ciclos de impulsos, há prazos para que as respostas a eles sejam dadas. E quando surge a preciosa oportunidade de um trabalho manifestar certo grau de realização do Plano Divino, ela traz consigo os bálsamos do despertar interior e a Graça para a superação dos obstáculos.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM JOAQUIM GIOVANI MOL GUIMARÃES, bispo auxiliar de Belo Horizonte, reitor da PUC Minas, e que merece igualmente integral transcrição:

“Francisco e a tragédia
        O que está acontecendo com nossa casa comum? É a pergunta que abre o primeiro capítulo da encíclica Laudato si, do papa Francisco, lançada em 18 de junho. Hoje faz, exatamente, um mês da terrível e previsível tragédia de Mariana, em Minas Gerais, sob a responsabilidade da Samarco (leia-se Vale e BHP), que dizimou comunidades e matou 13 pessoas, sendo que outras oito ainda estão desaparecidas. Foi, certamente, a maior tragédia ambiental já registrada no Brasil. A encíclica oferece-se como iluminação para que, de modo crítico e humano, olhemos para as causas e efeitos desse terrível acontecimento, que produziu consequências avassaladoras sobre o meio ambiente, cortando centenas de quilômetros, atravessando dois estados brasileiros, provocando perdas ambientais que dificilmente poderão ser compensadas.
         A Laudato si é uma encíclica por meio da qual a Igreja lança ao mundo um apelo sobre a urgência de se proteger o planeta, nossa casa comum. Isso, alerta Francisco, deve incluir “a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar”.
         A carta do papa ocupa-se dos riscos ao meio ambiente e à vida humana dos processos não sustentáveis de exploração da natureza, em especial com o lançamento de resíduos poluentes. “Produzem-se anualmente”, diz a encíclica, centenas de milhões de toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis: resíduos domésticos e comerciais, detritos de demolições, resíduos clínicos, eletrônicos e industriais, resíduos altamente tóxicos e radioativos. A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”.
         Próximos à Barragem do Fundão, que se rompeu, os distritos foram tomados pela lama, que destruiu casas, pequenas empresas, sítios e suas plantações e animais. Mais de 600 pessoas ficaram desabrigadas. De acordo com o Ibama, o volume extravasado foi estimado em 60 bilhões de litros de rejeitos de mineração de ferro, quantidade que encheriam 24 mil piscinas olímpicas. A lama seguiu ao longo de mais de 500 quilômetros na Bacia do Rio Doce, a quinta maior do país, passando por várias cidades de Minas e do Espírito Santo. No município capixaba de Linhares, ela desembocou no mar.
         Essa tragédia teve gigantesco poder destruidor de vidas, mas também de projetos de vida. Famílias expulsas de seus lares, amputadas, certamente, dos seus meios de sobrevivência e da possibilidade de cuidarem de seus animais, de suas pequenas plantações. Amputadas de seus amigos e familiares. O ecossistema foi criminosamente violentado na região atingida e, ao certo, os próprios especialistas têm dificuldade de afirmar em que prazo as áreas atingidas estarão recuperadas.
         Aqui, vale, certamente, retomar trechos da própria Laudato si, que nos convoca não apenas a refletir, mas para a constituição de ações que protejam nossa casa. “O cuidado dos ecossistemas requer uma perspectiva que se estenda para além do imediato, porque, quando se busca apenas um ganho econômico rápido e fácil, já ninguém se importa realmente com a sua preservação. Mas o custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que o benefício econômico que se possa obter. Por isso, podemos ser testemunhas mudas de gravíssimas desigualdades, quando se pretende obter benefícios significativos, fazendo pagar o resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental.”
         Papa Francisco salienta ainda que essas situações “provocam os gemidos da irmã Terra, que se unem aos gemidos dos abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo. Nunca maltratamos e ferimos a nossa casa comum como nos últimos dois séculos”. E assinala, ainda, que “torna-se indispensável criar um sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas, antes que as novas formas de poder derivadas do paradigma tecnoeconômico acabem por arrasá-los não só com a política, mas também com a liberdade e a justiça.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 414,30% para um período de doze meses; e mais, em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”