Mostrando postagens com marcador INEP. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador INEP. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A CIDADANIA, A VONTADE SUPERIOR E AS EXIGÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E COMPROMISSO SOCIAL


"O momento de seguir o caminho da vida guiado pela vontade da Alma
        As escolhas mais decisivas para o curso da vida partem do centro do ser, da nossa Alma. Mas, embora seja ela que determine os rumos básicos que temos de seguir, a personalidade, o eu externo, também possui certo poder de decisão.
         Como personalidade, usamos o livre-arbítrio, e por meio dele aprendemos a escolher. É pelo exercício de inumeráveis escolhas que vamos aprendendo a abandonar o que prejudica a evolução, até o momento em que começamos a perceber a voz da Alma e a sermos atraídos por ela.
         A capacidade de decisão da personalidade varia segundo os graus evolutivos que vamos atingindo, varia de acordo com nossa receptividade ao mundo da Alma, um mundo espiritual.
         Essa capacidade de decisão é bastante forte e dominante enquanto nos deixamos conduzir pelos aspectos materiais do nosso ser: o físico, o emocional e o mental. Redimensiona-se gradualmente, todavia, à medida que optamos pela evolução, crescimento superior. A partir dessa opção, a vontade da Alma vai prevalecendo nas nossas escolhas. Passamos a aceitar razoavelmente essa orientação que vem de dentro de nós. Passamos a permitir que conduza nossos atos.
         Quando transferimos nossas decisões para a Alma, dela começam a vir oportunidades para evoluirmos. A personalidade então se vai tornando mais flexível e obediente e, por fim, compreendemos qual é a tarefa que nos cabe neste planeta.
         Para cumprir essa tarefa necessitamos de indicações do nosso interior, provindas da Alma, que conhece as Leis Maiores e o nosso destino. Assim, quando nos entregamos à vontade da Alma, quando é ela que nos guia os atos, consuma-se o que está previsto para nossa vida sobre a Terra.
         Um período de purificações e ajustes acontece antecede a vida regida pela vontade da Alma. Desse período pode fazer parte o que se costuma chamar de “fase do arrependimento”.
         No sentido espiritual, arrependimento é a predisposição para reconhecer erros e imediatamente agir de modo a equilibrá-los. Não é apenas lamentação e não deve ser confundido com a tendência de chorar pela dor que causamos ou de pedir desculpas sem que nada se transforme em nós.
         O arrependimento verdadeiro é um impulso para sanar as desarmonias que causamos no passado. Se nos arrependemos dessa maneira, isto é, se passamos a agir equilibradamente, preparamo-nos de fato para novas etapas da vida.
         Importante saber que quando estamos sendo guiados pela Alma, amplia-se a nossa capacidade de servir, de ajudar os semelhantes. Vemos dentro de cada ser uma essência espiritual. Sabemos que todos vêm de uma única fonte criadora, e que o amor é a primeira lei do sistema solar.
         O amor é a capacidade de coesão, de união. Se não existisse, prevaleceriam no universo as forças contrárias à unidade, e este se desintegraria.
         Pela lei do amor, todo ser tem seu lugar no universo, onde melhor pode desenvolver sua aptidão, sua forma de doar-se. Mas ninguém é capaz de reconhecer esse lugar usando apenas a mente ou o desejo de servir. Só no profundo do ser sabemos onde está.
         O fundamental é buscar nosso ser interior como prioridade na vida. É a partir disso que nossos dias se vão tornando puro serviço da Alma, em benefício de qualquer pessoa que precise de auxílio.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e a Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de abril de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia  e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação, compromisso social
        Apesar de investimentos e boas políticas, o Brasil ainda não conseguiu alcançar as metas para a educação de qualidade. Dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que o Brasil está entre os dois terços dos países que não conseguiram alcançar todas as metas traçadas para o período de 2000 a 2015. O Brasil cumpriu apenas duas das seis metas mundiais para a educação. Somente um terço dos países atingiram todos os objetivos. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o país avançou no acesso à educação e vê grandes avanços na educação na pré-escola, no ensino profissionalizante e no combate ao analfabetismo. Segundo o relatório, o Brasil atingiu duas metas: universalizar o acesso à educação primária (1º ao 5º ano do ensino fundamental) e igualdade de gênero, levando meninos e meninas para as escolas.
         As metas foram estabelecidas na Cúpula Mundial de Educação em Dakar (Senegal), em 2000, com 164 países. O objetivo global era que todos eles pudessem chegar a 2015 cumprindo seis metas: 1) expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis; 2) alcançar a educação primária universal, particularmente para as meninas, minorias étnicas e crianças marginalizadas; 3) garantir acesso igualitário de jovens e adultos à aprendizagem e às habilidades para a vida; 4) alcançar uma redução de 50% nos níveis de analfabetismo de adultos até 2015; 5) conseguir a paridade e a igualdade de gênero, e 6) melhorar a qualidade da educação e garantir resultados mensuráveis de aprendizagem para todos. Apenas 57 países alcançaram os seus objetivos. “O Brasil faz esforço grande para expandir o ensino público de educação infantil, mas ainda precisa avançar mais para cumprir essa meta”, diz a coordenadora de educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, em relação à meta 1.
         O Inep questiona: “Em 2002, tínhamos 3 mil creches públicas e em 2015 temos 35 mil. Implantamos boas políticas na área e trouxemos a educação da primeira infância para o centro das discussões”. A Unesco vê progressos nos programas de educação tecnológica, como o Pronatec. O país dobrou o número de matrículas em cursos profissionalizantes de 2 milhões para 4 milhões. A maior qualidade da educação e a valorização do professor no Brasil são apontadas como grande desafio, metas 4 e 6. Segundo a Unesco, faltam 4 milhões de professores no mundo. Novas metas para 2015 a 2030 serão traçadas em Seul em maio deste ano.
         O novo ministro da educação assume com boas propostas: investir ainda mais na qualificação e eficiência da educação brasileira. Apesar da crise econômica, o governo pretende construir 6 mil creches no país nos próximos quatro anos, sendo prioridade a educação básica. A proposta de engajar as universidades federais e seus estudantes na tarefa de melhorias na educação básica é muito positiva. Penso ser fundamental qualificar e estimular ainda mais os cursos de licenciatura que formam professores nas universidades, estimulando talentos com compromisso social. As nossas universidades federais constituem importante rede em todo o país com competentes profissionais e pesquisadores de todas as áreas, que muito podem contribuir para a melhoria da educação básica. Grande parte dos recursos para educação vai para as universidades federais. Em 1968, eram 100 mil estudantes universitários, hoje são 8 milhões. A responsabilidade com a educação deve começar em casa com pais incentivando os filhos para estudar. Esse importante estímulo pode formar gerações de crianças e jovens talentos comprometidos com o saber e com a educação. Felizmente, pais e escolas estão mais empenhados nessa tarefa no Brasil.
         Fomentar a responsabilidade social de professores, alunos e pais desde a educação básica é fundamental. Isso pode se dar de diversas formas: nos trabalhos e projetos escolares e nos trabalhos comunitários. Nas universidades, especialmente nas públicas, é importante que alunos  pratiquem maior compromisso social, engajando-se em projetos comunitários e grandes projetos de pesquisa nas escolas da educação básica para o salto qualitativo que tanto queremos. Essa importante contribuição social e senso de cidadania pode se dar em todas as áreas do conhecimento nas universidades – jovens estudantes em salas de aula e/ou projetos nas escolas públicas país afora, disseminando conhecimentos, ciência e inovações tecnológicas, proporcionando a maravilhosa e democrática popularização da ciência e da tecnologia para fins educativos e de cidadania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando novos contornos que transcendem ao campo quantitativo, mensurável, econômico,  e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...
            



segunda-feira, 5 de maio de 2014

A CIDADANIA, O SAL DA TERRA E OS RESÍDUOS DA EDUCAÇÃO (59/1)

(Maio = mês 59; falta um mês para a Copa do Mundo)

“O sal da terra
        
         Está escrito em Mateus, capítulo 5, versículo 13, que Jesus teria dito a seus seguidores: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde o sabor, para que há de servir?”.
Nos dias atuais, nunca foi tão necessário rever conceitos, reavivar valores esquecidos, desenterrar as lições que nos foram dadas de graça pelas pessoas ilibadas com quem encontramos nesta vida. Reinventar o homem, eis a missão! E o que cabe a nós, advogados, operadores do direito e aqueles que na academia almejam tal distinção? Somos convidados a fazer justiça e, como o sal da terra, nos tornamos necessários!
A Constituição de 1988, com a sabedoria do povo, nos diz: sois vós, advogados, indispensáveis à administração da justiça (Artigo 133). Ora, me pergunto: se o advogado perde a noção do que é reto, como se efetivará a sociedade justa e solidária que a Constituição promete no seu Artigo 3?
A justiça, parafraseando santo Agostinho, se me perguntarem o que é, não saberei responder, mas com certeza sei o que não é. E é como o que não é que devemos nos preocupar. Se nos dispusermos a trabalhar para construir uma sociedade justa, aspiração coletiva do povo brasileiro e inconsciente de toda a humanidade, e se, por força da lei maior, nos tornamos essenciais a esse exercício, resta-nos pedir a Deus que nos dê sabedoria e ponha freios em nossas iniquidades para que possamos dar alma à lei e traduzir em ação na vida corriqueira aquilo que entendemos ser justiça. Não é decorando códigos que se dá vida à lei, mas compreendendo as suas entrelinhas, olhando nos olhos das pessoas  que esperam de nós que a justiça se faça.
Há muitos que se impressionam pelos discursos eloquentes dos tribunais, pela linguagem esmerada dos textos jurídicos, pela indumentária elegante dos juristas, pela pompa das Cortes ou pelas possibilidades financeiras, as reverências e salamaleques. Não. Decididamente, a justiça não se faz com tais adereços. Antes, os dispensa pela simplicidade do oprimido, pelo desespero do encarcerado, pela dor das vítimas, pela fragilidade do desamparado, pela fome, pelo medo, pela angústia. Não é de aparências que vive a justiça. Aqui, vale de novo uma paráfrase: desta vez, recorro a são Paulo para afirmar que a justiça não se ensoberbece, não vocifera, não grita. É mansa e prudente. Quando ela acontece, ainda que em silêncio, todos nós a percebemos. É como um bálsamo, um fino perfume. Tudo o que vier além é pirotecnia desnecessária.
Na verdade, a sociedade justa que almejamos precisa muito do advogado-conselheiro, equilibrado, estudioso, que fala a língua de gente, que conhece as dificuldades das pessoas e se dispõe a ser serviço. Com facilidade troca-se a gritaria, o estardalhaço, a velhacaria pela compreensão, pelo zelo, pela concórdia, pela boa-fé. Há duas portas para se entrar para a história, e uma delas é a porta dos fundos, notadamente mais fácil. A nossa vida é feita de escolhas, e, não raro, somos aquilo que escolhemos ser. Do direito romano herdamos a máxima que deveria nos direcionar: “Honest vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere” (viver honestamente, não prejudicar ninguém, dar a cada um o que é seu). Essa é a prática da justiça. Todo o resto é literatura!”

(Israel Quirino. Professor e advogado, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 3 de maio de 2014, caderno O.PINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de ALELUIA HERINGER LISBOA TEIXEIRA, doutora em educação pela UFMG e diretora do Colégio Santo Agostinho – Contagem, e que merece igualmente integral transcrição:

“Resíduos da educação
        
         Toda atividade humana produz seus resíduos, pois nosso processos são lineares. Entretanto, não é essa a sábia e longeva lógica da natureza, na qual os processos são cíclicos. Se a instituição escolar abriga uma atividade humana, logo, também produz seus resíduos Em quais contextos são produzidos? Para responder a essa pergunta é preciso observar toda a “cadeia produtiva”, que se inicia com o processo de seleção de alunos, até sua conclusão no ensino médio.
         A produção da excelência escolar está em relação direta com a produção do resíduo escolar. Essa metáfora pode nos ajudar a entender os bastidores dessa relação que é tão pouco explicitada. Hoje, nos damos por satisfeitos com a posição da escola no ranking que é elaborado e divulgado anualmente pela grande mídia, com base nos resultados do Enem e disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
         Ressalto que uma avaliação sistêmica como essa é de fundamental importância para o fornecimento de dados que irão subsidiar as políticas públicas e os projetos pedagógicos das escolas. É preciso, sim, analisar os resultados, cruzar informações, identificar e agir nas deficiências. Entretanto, a ligeira apropriação realizada, sem a observância de outras variáveis, é ago empobrecedor e não nos ajuda a melhorar o nível da educação brasileira. Isto porque, na ânsia de “sair bem na fita”, mais e mais o foco e o interesse das escolas se voltam para aqueles estudantes que poderão oferecer retorno rápido em menos tempo; e menos valor e interesse se tem em trabalhar aqueles com dificuldades de aprendizagem em algumas áreas e métodos. Aquilo que deveria ser uma responsabilidade compartilhada da sociedade, que é a melhoria da educação de todo o seu povo, segue, de forma perigosa e egoísta, ofuscada pela necessidade atlética de subir no pódio.
         A produção de resíduo da excelência escolar se dá antes mesmo da largada, no processo de seleção, que, no passado, era temido e conhecido como exame de admissão. Quantos tentam uma vaga? Quantos irão conseguir? Quanto mais disputado for esse processo, melhor será a composição do alunado.
         Em nossa pesquisa sobre o Colégio Estadual de Minas Gerais, escola com 100% de aprovação nos vestibulares, no período de 1956 a 1964, prevalecia o critério de admissão por mérito de cada candidato, ou seja, garantia da igualdade de condições para a competição. De fato, todos podiam se inscrever, e a prova seria a mesma para todos, contudo identificamos que, antes da competição, outras variáveis, além dos pressupostos acima, influenciavam de forma significativa o resultado, tais como o grupo escolar de origem, a possibilidade ou não de fazer um bom curso preparatório, a origem social do aluno e o capital cultural herdado na família. Dessa elite escolar era possível exigir sempre mais, o que redundava em um alto nível de aprovação no vestibular. Esse ciclo virtuoso fortalecia a representação da escola como lugar da excelência acadêmica.
         Os alunos residuais desse exame, provavelmente os com maiores dificuldades de aprendizagem e que iriam exigir mais dos professores, desistiam ou buscavam escolas “mais fracas”. Para o sociólogo francês François Dubet, uma escola justa não pode se limitar a selecionar os que têm mais mérito; ela deve também se preocupar com a sorte dos vencidos.
         Em 1963, já dentro da política nacional de ampliação do número de vagas para o ensino secundário, encabeçada pelo então presidente João Goulart, o Colégio Estadual de Minas Gerais abriu escolas anexas e diminuiu o rigor do exame de admissão. O que aconteceu? A excelência escolar foi diluída e se perdeu em poucos anos, fazendo-nos entender que a excelência só existiu por causa de sua raridade. Era uma escola para poucos, e poucos bons, uma elite escolar.
         Podemos encontrar outro nicho de produção do resíduo relacionado à produção da excelência escolar quanto levantamos os índices de reprovação, de evasão ao longo do ano letivo e de transferidos no final do ano motivados pela dificuldade em acompanhar o ritmo da escola. O que acontece? Há ensino e não há aprendizagem? Se for de qualidade e de excelência, porque não se aprende? Como a escola lida com isso? Se não deu conta, foi porque o aluno não se esforçou? Pode ser. Exceto para alguns poucos privilegiados, aprender exige um grande investimento de tempo e dedicação por parte do estudante. Entretanto, nem todos vão mal por falta de esforço. Conforme Dubet, “o jogo escolar é mais propício aos mais favorecidos”.
         Constato com satisfação os avanços alcançados com a aplicação e os resultados do Enem. Todos precisam se mexer. Entretanto, não podemos perder de vista o quanto é de valor social o trabalho de tantas escolas e professores que não desistem de seus alunos com baixo aproveitamento escolar. Com propostas metodológicas interessantes, abrem mão do pódio, mas não de seus projetos, e suportam bravamente a competição bruta e a pressão do mercado. Estamos desvirtuando a grande oportunidade de alavancarmos a nossa educação. O conceito de educação de qualidade ou de excelência educacional inclui, necessariamente, um bom resultado no Enem, mas é empobrecedor reduzi-lo a esse único dado.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de  moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
  
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A DOENÇA DA TERRA E O DESAFIO DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

“O aquecimento global é a febre que denuncia a doença da Terra
        
         Há negacionistas da Shoah(eliminação de milhões de judeus nos campos nazistas de extermínio) e há negacionistas das mudanças climáticas da Terra. Os primeiros recebem o desdém de toda a humanidade. Os segundos veem, dia a dia, suas convicções sendo refutadas por fatos inegáveis. Só se mantêm coagindo cientistas para não dizerem tudo o que sabem, como foi denunciado por diferentes e sérios meios alternativos de comunicação. É a razão ensandecida que busca a acumulação de riqueza sem qualquer outra consideração. Em tempos recentes, temos conhecido eventos extremos da maior gravidade: Katrina e Sandy nos Estados Unidos, tufões terríveis no Paquistão e em Bangladesh, o tsunami no sudeste da Ásia, o tufão no Japão que danificou as usinas nucleares em Fukushima e, ultimamente, o avassalador tufão Haiyan, nas Filipinas, com milhares de vítimas.
         Nos últimos meses, quatro relatórios  oficiais de organismos ligados à ONU lançaram veemente alerta sobre as graves consequências do crescente aquecimento global. Com 90% de certeza, esse é comprovadamente provocado pela atividade irresponsável dos seres humanos e dos países industrializados. Todos são unânimes em afirmar que não estamos indo ao encontro do aquecimento global: já estamos dentro dele.
         Poucas semanas atrás, a secretária executiva da Convenção do Clima da ONU, Christina Figueres, em plena entrevista coletiva, desatou em choro incontido ao denunciar que os países quase nada fazem para a adaptação e a mitigação do aquecimento global.  Yeb Sano, das Filipinas, na 19ª Convenção do Clima em Varsóvia, ocorrida entre 11 e 22 deste mês, chorou também, diante de representantes de 190 países, quando contava o horror do tufão que dizimou seu país, atingindo sua própria família.
         Os representantes desses países já trazem no bolso as instruções previamente tomadas por seus governos, e os grandes dificultam por muitos modos qualquer consenso. Lá estão também os donos do poder no mundo. Todos querem que as coisas continuem como estão. É o que de pior nos pode acontecer, porque então o caminho para o abismo se torna mais direto e fatal. Por que essa irracional oposição?
         Esse caos ecológico é tributado ao nosso modo de produção, que devasta a natureza e alimenta a cultura do consumismo ilimitado. Ou mudamos nosso paradigma de relação para com a Terra e para com os bens e serviços naturais, ou vamos irrefreavelmente ao encontro do pior. O paradigma vigente se rege por esta lógica: quanto posso ganhar com o menor investimento possível, no mais curto lapso de tempo, com inovação tecnológica e com maior potência competitiva? A produção é para o puro e simples consumo, que gera acumulação; este, o objetivo principal. A devastação da natureza e o empobrecimento dos ecossistemas aí implicados são meras externalidades (não entram na contabilidade empresarial). Como a economia neoliberal se rege estritamente pela competição e não pela cooperação, estabelece-se uma guerra de mercados, de todos contra todos. Quem paga a conta são os seres humanos (injustiça social) e a natureza (injustiça ecológica). Ocorre que a Terra não aguenta mais esse tipo de guerra total contra ela. O aquecimento global é a febre que denuncia a doença. O planeta está gravemente doente.
         Os começamos a nos sentir parte da natureza, e então a respeitamos como a nós mesmos, passando do paradigma da conquista e da dominação para aquele do cuidado e da convivência, e produzimos respeitando os ritmos naturais e nos limites de cada ecossistema, ou então preparemo-nos para as amargas lições que a mãe-Terra nos dará. Não está excluída a possibilidade de que ela já não nos queira mais sobre sua face e se liberte de nós como nos libertamos de uma célula cancerígena. Ela continuará, coberta de cadáveres, mas sem nós. Que Deus não permita semelhante e trágico destino.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de novembro de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, que é editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Que educação

QUEREMOS?
        
         Na quarta-feira, a manchete deste jornal gritava: “Colégios mineiros no topo do Enem”. Tudo indicava, inclusive a foto festiva que enfeitava o alto da capa, que se tratava de uma boa notícia. Bastou ler a reportagem, sobretudo os depoimentos de diretores de escolas que não mantiveram lugares de destaque registrados no ano passado, para ver que estamos atravessando um absurdo deserto de valores. Na verdade, a educação foi a grande perdedora nesse evento lamentável, já que a relação fornecida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), nada mais significou que instrumento de marketing para as escolas bem posicionadas na relação, ou alimento de reclamação e choro para as que foram preteridas ou perderam posição no ranking.
         A situação não é nova. Há muito a educação no Brasil se tornou um negócio. Até aí, nada de mais, é o solo em que nos firmamos numa sociedade de mercado. No entanto, mesmo na mais estrita ética de qualquer negócio, o mais importante é a qualidade de seu produto. No caso das escolas, na intangível materialidade da educação, o “produto” pode ser traduzido de muitas formas: civilidade, consciência crítica, conhecimento, capacidade de ação social, solidariedade e humanismo. Ou seja, essas são as habilidades e valores que desejamos ver em nossos filhos ao fim do processo educacional.
         No entanto, a lista do Inep e sua exploração pelas escolas particulares mostra que o cenário é outro. Tanto a direção das instituições de ensino como os professores e alunos se sentem participantes de uma grande gincana, cujo prêmio é a distinção, a diferenciação, o destaque. Estar à frente de outros é mais importante que estar ao lado de todos. Se um colégio, ou para usar nome mais antigo e expressivo, um educandário, vale o nome que tem, deveria buscar a solidariedade, não a competição. Esse clima de disputa, no entanto, não prejudica apenas o aspecto moral, mas também o pedagógico.
         Como dizia Freud, a educação é uma tarefa impossível, seja pela perenidade do processo (por isso medir seria sempre um equívoco e comparar um erro ainda mais grave), seja pela singela realidade de que ninguém ensina ninguém: as pessoas aprendem no contato social, sempre em mão dupla. E é bom lembrar o criador da psicanálise, já que o comportamento dos diretores de escolas que perderam posições no pódio armado pelo Inep demonstra um inequívoco traço persecutório. Eles garantem que vão entrar com recurso no MEC para rever a relação. Se sentiram traídos pelos deuses aos quais fizeram suas libações.
         As declarações dos diretores e supervisores estampadas na reportagem de quarta-feira, neste sentido, não precisam de comentários em sua explícita entrega da frustração em que se encontram por não mais ocupar lugares de destaque. Eles lamentam não poder comemorar os resultados e, o que mais grave, o fato de não poder dar aos alunos o atestado do sucesso do processo pedagógico, como se a chancela do Inep fosse mais importante que outros indicadores qualitativos, aos quais deveriam estar atentos. Como a cidadania e o saber, por exemplo.
         Tudo parece indicar que a pontuação tem um peso forte na valorização dos colégios no mercado da educação privada. Estar em boa posição é argumento para cobrar mais caro. Nisso, a divulgação dos resultados do Enem se mostra equivocado. Ora, ou o resultado serve para identificação de problemas, e com isso deveria contribuir para direcionar ações de apoio e investimento aos estabelecimentos, ou é apenas instrumento de propaganda para majorar preços, que parece ser o caso. E, o que mais grave, há um efeito Pigmalião às avessas: quanto pior o índice, mais isolada ficará a escola. O parâmetro comparativo de realidades distintas incentiva o preconceito. O que incide ainda mais na escola pública em seu descaso com carreira dos professores, traduzindo em salários indignos e abaixo do patamar previsto em lei. Sem que faltem sequer as chicanas que transformam salários em subsídios para burlar a regra constitucional.

SEM AMOR Mas há três outros problemas graves nessa história. O primeiro é a tendência das escolas em criar uma atmosfera interna de cobrança e competitividade, que em nada atende a propósitos pedagógicos e éticos, mas apenas à conquista de degraus mais altos no pódio. Assim, os alunos que estão lá para aprender, e que eventualmente tenham problemas de aprendizagem, são convidados a se retirar do recinto com a pecha de fracassados. Em nome da disputa, vão sendo afastados os sujeitos do processo educacional exatamente pelo fato de precisarem da educação. A melhor escola não é de melhores alunos, mas a que trata melhor diferentes tipos de alunos, sobretudo os com maior dificuldade em aprender.
         O outro desvio grave está ligado muitas vezes à própria ideologia religiosa de algumas escolas da capital, com o Santo Antônio e o Loyola, que reclamaram da exclusão da lista dos “top ten”. Em vez de reafirmarem seus propósitos educativos, evidenciam sua filiação ao ethos da competitividade com a decisão de questionar o Inep. Colégios fundados por congregações de jesuítas (como o papa Francisco) e franciscana (com sua humildade de origem) não ficam bem na missa rezada em nome da disputa e da exclusão da diferença de ritmos e estilos de inteligência. Prestam um desserviço à educação, à religião e à ética e ainda desestimulam seus alunos na senda nobre da solidariedade.
         A teologia católica é fundada em diversos valores, mas a base é a caridade. Uma distorção histórica fez da caridade em nosso país uma espécie de desvio compensador das más intenções. Os caridosos tratam sempre do resto, dividem o que têm de bom e doam o que não presta, acham que os pobres só precisam de comida e que tudo mais é luxo. Essa postura chauvinista, felizmente abandonada por teologias mais humanistas, que recuperaram o sentido de amor presente na palavra caritas, está na base da ligação do Estado brasileiro com a Igreja Católica, em conúbio que gerou uma série de vantagens para as escolas ditas religiosas, da doação de terrenos à isenção de impostos por décadas. Quando os educandários religiosos passam a ser guiados por intentos capitalistas de forma tão desabrida, talvez tenha chegado a hora de cobrar a conta. Quem sabe na forma de cota de bolsas para estudantes sem condições de pagar mensalidades. Não como “caridade”, mas como direito legítimo de usufruir da riqueza gerada socialmente pelo trabalho de várias gerações.
         Por fim, a opção entre a consciência crítica e o adestramento diz muito dos valores do nosso tempo. Uma educação voltada para aprovação em concursos e para a seleção de profissões por classes sociais (que podem pagar colégios mais eficientes) é reprodutora, no sentido indicado por Bourdieu e Passeron: não serve para ler e criticar o mundo, mas para reconstituir a cada geração os mesmos privilégios das anteriores. Uma educação voltada para o mercado é puro treinamento, alienante e alienador, focalizado em avaliações produtivistas. Não ensina a questionar o mundo, mas a como se dar bem nele. Trata-se do cumprimento de uma agenda vinculada à produção e que vê no homem e na mulher apenas a força de trabalho. Não é um acaso que se fale tanto em educação profissionalizante para os pobres (a classe média não quer seus filhos nesses bancos escolares desprestigiados) e se critique tanto o acesso dos pobres ao ensino superior (como se eles conspurcassem a diferenciação de classes e, muitas vezes, de raça, teimando em combater políticas de cotas e outros instrumentos de inclusão).

OUTRO LADO Se o clima de competição conspícua e anti-humanista absorve os colégios ditos de ponta, os bons exemplos não param de vir da ação dos professores realmente comprometidos com a educação. Que são seguramente a maioria. O chororô das escolas da Zona Sul católica de BH não impediu, na mesma semana da divulgação da lista do Enem, que dois exemplos também ganhassem divulgação fora do difícil dia a dia do ensino público. Na Escola Municipal Gracy Vianna Lage, localizada na Rua 63, 23, no Bairro Jardim dos Comerciários, em Venda Nova, os alunos e professores se uniram para produzir um vídeo sobre o preconceito racial que mostra o verdadeiro sentido da palavra educação.
         Desde que o ensino sobre história e cultura afrobrasileiras passou a ser obrigatório, tem sido um esforço da comunidade escolar encontrar formas de debater o conteúdo que permeia a vida social, mas que ainda não ganhou tradução em instrumentos pedagógicos. Com atuação de meninas de 8 e 9 anos, a E. M. Gracy Vianna Lage realizou o curta-metragem Bom pra quê?, uma brincadeira sobre a diferença dos cabelos das crianças, que vai participar de mostra em Brasília, em 2 de dezembro. Mais que ensinar sobre relações étnico-raciais, trata-se de uma atitude construtiva, integradora e geradora de solidariedade social. Além de desmanchar, com as armas da inteligência e sinceridade, toda a burrice que há por trás da discriminação.
         Outro bom exemplo foi dado pela professora Joana D’Arc Camargo, que, com seu empenho pessoal, levou toda a turma de escola do Morro das Pedras para conhecer de perto os painéis Guerra e Paz, de Portinari, que estiveram expostos no antigo Cine Brasil, no Centro de BH. Para levar adiante seu projeto, ela foi nada menos que 23 vezes à mostra, levando as crianças em seu carro e arcando com toda a despesa do passeio. Com sua sensibilidade e conhecimento da história da arte, ela sabia que as crianças se identificariam com os personagens infantis criados pelo artista brasileiro. João Portinari, filho do pintor, ficou emocionado com a história.
         A alegria dos jovens de Belo Horizonte pode ter origem numa competição que exclui ou numa sensibilidade que agrega. Podemos ser alegres pela distinção ou pelo pertencimento. Quando você ouvir alguém defendendo o investimento em educação, talvez seja um bom momento de perguntar: que mundo queremos construir? A escola que temos não é apenas uma antevisão do que seremos, mas um alerta para o que podemos estar nos tornando.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem;III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratata, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A CIDADANIA, A NAÇÃO E O COMBATE AO ANALFABETISMO

“Que falta faz uma Nação

Uma Nação é uma entidade com alma cívica e um sentimento generalizado de amor pela terra, pelos costumes, pelas facetas e pela crença de seu povo. Uma Nação possui uma identidade, algo parecido com a coluna vertebral que sustenta o corpo. O povo de uma Nação se orgulha de pertencer a ela e nunca se envergonha de sua condição. Vibra, luta, chora, ri e até pega em armas para defender a Pátria. As Nações, mesmo aquelas com territórios diminutos, se fazem respeitar por sua História e pelo caráter de seu povo.

Que dizer do Brasil, como Nação? Que dizer de um País que passa longos tempos afogado na boataria, transformando fatos mesquinhos em acontecimentos principais, dando vazão a uma cultura de inutilidades, abrindo oportunidades para a desfaçatez, as denúncias ocas, as invasões de privacidade, as acusações inconsistentes, o substantivo pesado e adjetivação maldosa? Temos de fato uma Nação? Quais os valores que defendemos, quais as causas que pregamos, qual o sentimento maior que une nosso povo, o que nos caracteriza como gente, quais os eixos de nossa identidade? Difícil responder, pois a politicalha, as maquinações e emboscadas, o individualismo egocêntrico, a desconfiança e a baixaria geral acabam apagando as coisas boas de nossos costumes.

Simon Bolivar, do alto de sua visão libertária, construiu um pensamento que continua atual para traduzir o que se passa entre nós. Na América Latina, dizia Bolivar, os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento. A única coisa que se pode fazer na América é emigrar. O retrato do Brasil, nesses últimos tempos, cabe muito bem na moldura. Depois de escapar de 30 anos de pressão e arbítrio, descobrimos a linguagem desabrida e passamos a usá-la como escudo de comportamentos estróinos e atitudes irresponsáveis, que se originam nas elites e descem até as bases da sociedade. O Brasil está imerso em um inferno astral, há bastante tempo, e as elites parecem não se dar conta disso.

A ausência de instituições fortes reposiciona os valores da sociedade, implodindo normas e princípios, alterando comportamentos e distorcendo prioridades. Sinais das distorções aparecem nas extravagâncias da mídia, interessada em montar pautas exclusivamente declaratórias, em detrimento dos fatos. Uma greve de fontes jornalísticas deixaria a mídia em polvorosa por falta de assunto. Trocam-se acusações públicas e fica tudo por isso mesmo. As responsabilidades acabam correndo pelo ralo do esquecimento. O Congresso Nacional transforma-se em grande delegacia de apurações, onde a vontade de aparecer de um parlamentar se sobrepõe à missão precípua das duas Casas.

Os governos estaduais, em ano de eleições, se insurgem contra a decisão de fechar os cofres e jogam seu poder sobre o Governo Federal. Presidenciáveis colocam lenha no fogo para acender a fogueira e sair ganhando com as luzes sobre si próprios. A moralidade de alguns é apenas cosmética, de enfeite, enquanto outros procuram fazer arranjos, fóruns e programas artificiais, com um tom de seriedade administrativa, para atender a uma engenharia de burilação de embalagem. Pouca coisa tem profundidade e quase nada é muito sério. O País vai rolando sua desorganização, ao sabor de uma cultura de improvisação. As ilhas de excelência, os homens renomados, as figuras ilustres e os profissionais de respeito acabam engolidos pela esteira da galhofa, do desrespeito pelas pessoas e pelo impudor.

As massas aboletam-se nas arquibancadas periféricas, comendo o pão que o diabo amassou, ampliando os cordões de violência e seus espaços de amargura. Daqui a pouco, serão gentilmente convidadas a votar em candidatos bonitos, sérios, honestos, preparados e inteligentes. E, graças a um engenhoso mecanismo de pressão, elas acabam mesmo votando. E perpetuando a corrente da mesmice.

Mudar os costumes de um País para que ele se aproxime de uma Nação não é, convenhamos, tarefa para poucos dias. O diabo é que a luzinhas de fim do túnel que a gente vê acabam se apagando pelas intempéries, comuns em um País tropical, ainda meio selvagem.”
(GAUDÊNCIO TORQUATO, jornalista, é professor titular da USP e analista político, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de maio de 1992, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e caderno, edição de 16 de novembro de 2011, página 9, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor de Alfabeto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Alunos analfabetos

No primeiro semestre, aplicou-se a Prova ABC (Avaliação Brasileira de Final do Ciclo de Alfabetização) em turmas de alunos que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, em todas as capitais do país. Uma iniciativa do movimento Todos pela Educação, com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O resultado é alarmante. Constatou-se que 43,9% dos alunos são deficientes em leitura e 46,6% em escrita. Ou seja, são semialfabetizados. Não captam o significado do que leem e redigem uma simples carta com graves erros gramaticais. Quanto à leitura, quase metade (48,6%) dos alunos da rede pública correspondeu ao resultado esperado. Na rede de escolas particulares, o desempenho foi bem melhor: 79%. No item escrita tiveram bom resultado apenas 43,9% dos alunos da rede pública. Na rede particular, 86,2% dos alunos se saíram bem em redação.

Os índices demonstram que, no Brasil, a desigualdade social se alia à desigualdade educacional. Alunos da rede pública, oriundos, na maioria, de famílias de baixa renda, não trazem de berço o hábito de leitura. Seus pais possuem baixa escolaridade e o livro não é considerado um bem essencial a ser adquirido, como ocorre em famílias de renda mais elevada. De qualquer modo, é preocupante o fato de alunos, tanto da rede pública quanto da particular, não atingirem 100% de alfabetização ao concluir o 3º do ensino fundamental. O que demonstra falta de método de alfabetização, embora esta seja a nação que gerou Paulo Freire.

Uma criança que, aos 8 anos, tem dificuldade de leitura e escrita sente-se incapaz de lidar com os textos de outras disciplinas escolares, o que prejudicará seu aprendizado. Uma alfabetização incompleta constitui um incentivo ao abandono da escola ou a uma escolaridade medíocre.

É hora de se perguntar se a progressão automática, isto é, fazer o aluno passar de ano sem provar estar em condições, é uma pedagogia recomendável. Com certeza, no futuro, o adulto com insuficiente escolaridade não merecerá aprovação automática em empregos que exigem concurso e qualificação.

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, frisa a importância da educação infantil (creches, jardim da infância etc.) para dar à criança uma boa alfabetização. Para que se desperte na criança a facilidade de síntese cognitiva é importante que ela comece a ouvir histórias ainda no ventre materno.

O Brasil é um país às avessas. A Constituição de 1988 cometeu o erro de incumbir a União do ensino superior, o estado do ensino médio, e o município do ensino fundamental. Ora, uma nação se faz com educação. E a base reside no ensino fundamental. Dele devia cuidar o MEC.

Nenhum governo implementou, ainda, a revolução educacional sonhada por Anísio Teixeira, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire e tantos outros educadores. Como acreditar que apenas 4 horas de permanência na escola são suficientes para uma boa educação? Por que os alunos não permanecem de 6 a 8 horas por dia na escola, como ocorre em tantos países? No Brasil, 10% da população adulta é considerada analfabeta. No Chile, 3,4%. Na Argentina, 2,8%. No Uruguai, 2%. Em Cuba e na Bolívia, 0%.

Outros fatores que contribuem para a semialfabetização são o desinteresse dos pais pelo desempenho escolar do filho e o longo tempo que este dedica à TV e a navegar aleatoriamente na internet. Nesta era imagética, há o sério risco de se multiplicar o número de analfabetos funcionais ou de alfabetizados iletrados, aqueles que sabem ler, mas não interpretar o texto, e muito menos evitar os erros primários na escrita.

O governo deve à nação uma eficiente campanha nacional de alfabetização, inclusive entre alunos do 3º e 4º anos. Para isso, há que ter método. Há vários. Quem se interessar por um realmente eficiente, basta indagar do deputado Tiririca como ele se alfabetizou em dois meses, a tempo de obter seu diploma na Justiça Eleitoral.”

Eis, pois, mais páginas contendo SÉRIAS, PEDAGÓGICAS, CONTUNDENTES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para o caminho INDESVIÁVEL para a construção de uma NAÇÃO, passando pela REDUÇÃO – a níveis CIVILIZADOS – do TERRÍVEL e INACEITÁVEL mapa das DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS, ora divulgado pelo IBGE - CENSO de 2010 – : a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, contemplando essencialmente a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em CRECHES e 4 e 5 anos, em PRÉ-ESCOLAS), o ENSINO FUNDAMENTAL (de 9 anos), o ENSINO MÉDIO, a EDUCAÇÃO ESPECIAL, a EDUCAÇÃO PROFISSIONAL e o ENSINO SUPERIOR...

Na esteira da REVOLUÇÃO EDUCACIONAL, a URGENTE e INDISSOCIÁVEL exigência de MODERNIZAÇÃO e AMPLIAÇÃO da INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos...), da SAÚDE, SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS e MACRODRENAGEM URBANA), MEIO AMBIENTE; ASSISTÊNCIA SOCIAL, ESPORTE, CULTURA, LAZER; SEGURANÇA PÚBLICA, MOBILIDADE URBANA, HABITAÇÃO, ENERGIA; LOGÍSTICA, COMUNICAÇÃO; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL, QUALIDADE (economicidade – produtividade e competitividade) ...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS que, todavia, não ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE – e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 7 de março de 2011

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A GERÊNCIA E A VOCAÇÃO

“Enem dos professores

Parece fora de dúvida que a qualidade do ensino em qualquer país está diretamente relacionada com a dos professores. Estudos internacionais comprovam que os países que conseguem os melhores resultados na escolarização de crianças e jovens contam com média elevada de preparação e com reciclagem frequente de seus docentes. Relegada há décadas pela sociedade e pelos governos à condição de problema de menor importância, a atividade profissional de quem se dedica a enfrentar uma sala de aula há muito deixou de despertar o interesse dos jovens. Esquecido e mal pago, o professor tem hoje uma carreira preterida pela maioria dos brasileiros que chegam a um curso universitário. Estudo de 2008 da Fundação Lehman constatou que apenas 5% dos alunos que ficaram entre os 20% mais bem colocados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) daquele ano cogitavam trabalhar como docentes. Não é sem motivo que 16,8% dos professores do 6º do ensino fundamental ao 3º do médio da rede pública em todo o país, segundo dados do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais (Inep), têm preparo inferior ao exigido pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Em seis estados – Bahia, Acre, Maranhão e Roraima, Pará e Alagoas –, pelo um terço dos docentes desse nível não concluiu um curso superior. Nenhum estado escapa dessa deficiência que, em Minas Gerais, chega a 10,41% do professores.

Diante desse quadro e cansado de dar vexame em todas as pesquisas e comparações internacionais sobre desempenho educacional em todos os níveis de ensino, era de se supor que as autoridades brasileiras já tivessem planos e programas preparados para atacar de frente e com urgência essa deficiência. Em vez disso, o Ministério da Educação (MEC) insiste na ideia de “ajudar” os estados a selecionar melhor seus mestres, por meio de uma espécie de “Enem dos professores”. Portaria publicada quinta-feira no Diário Oficial da União (DOU) institui esse exame, que, por enquanto, é de livre adesão de estados e municípios. A ideia é aplicar um teste único em todo o país e, a partir do desempenho dos candidatos a uma vaga de professor na rede pública, seria montado um banco de dados de profissionais teoricamente aptos a lecionar dos ensinos fundamental e médio.

Além da experiência recente do Ministério da Educação em Enem não sugerir boas expectativas, parece inoportuna tal iniciativa. Ela parte do pressuposto de que a grande dificuldade dos estados e municípios está em selecionar os melhores professores entre um imaginário vasto leque de opções de alta qualidade à disposição das secretarias de Educação. Qualquer um que faça o esforço de deixar os gabinetes de Brasília para conhecer de perto a realidade vai descobrir que o problema é outro. O que falta é salário para atrair e manter os que abandonam sua vocação para o magistério em troca de outras carreiras. E, para os que já estão no magistério, ao salário adequado é preciso acrescentar o acesso facilitado a cursos de atualização e aperfeiçoamento, uma boa maneira de valorizar e tirar partido da experiência desses mestres, que já demonstraram dedicação apesar do abandono a que têm sido relegados.”
(EDITORIAL do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de março de 2011, Caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma IMPORTANTE e também PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de GILSON E. FONSECA, Consultor de empresas, que merece INTEGRAL transcrição:

“Gerência e vocação

No século 19, com a grande industrialização em várias partes do mundo, Taylor, Fayol e Ford se destacaram com inovações gerenciais. O primeiro é considerado o pai da administração científica ao utilizar métodos cartesianos na gerência de empresas; o segundo contribuiu muito sobre as vantagens da supervisão funcional e a unidade de comando; e o terceiro, empresário brilhante, foi o pioneiro na produção de automóveis em série. Com o crescimento tecnológico exponencial, na segunda metade do século 20, livrarias lançaram inúmeros livros de sucesso sobre gerência, pois, dado o interesse do tema, compradores não faltavam. Lee Iacocca foi o executivo mais badalado, nesse período, ao salvar a Chrysler da falência.

Mesmo com farta literatura, cursos acadêmicos, seminários etc., não deixamos de constatar a incompetência gerencial, porque nem sempre os cargos são alcançados por vocação. Gente despreparada encontramos em qualquer área. Entretanto, pela importância, visibilidade e conseqüência, penso que nada se compara à área gerencial. Nas repartições públicas, onde a maioria das promoções é política e não meritória, a situação é pior. Na saúde pública, a mídia não se cansa de denunciar falhas administrativas, como falta de suprimento nos hospitais e ambulatórios que poderia salvar vidas, e tantas outras mazelas. Conceito mais interessante de gerência: “Gerenciar é obter resultados positivos, utilizando as pessoas”. Dessa forma, não há nenhum preparo científico, mesmo os cursos de doutorado que, sozinhos, superam a intuição e/ou o tino gerencial. Liderança democrática, a que é duradoura, capacidade de interação, empatia, visão de futuro etc., muitas vezes ganham do conhecimento, pois ao gerente eficiente compete explorar o preparo dos outros para retirar deles tudo aquilo que trará vantagens à corporação. O comando e controle que Fayol tanto pregava parece que traíram o empresário Sílvio Santos, até então considerado um gênio dos negócios. A derrapada do Banco Panamericano foi uma surpresa para todo o mercado, sobretudo pela magnitude do rombo contábil.

Sucessão consangüínea por si só é problemática, sobretudo pelas vaidades e ciúmes entre os pares, que, muitas vezes, valorizam mais o confronto do que a cooperação, e aí todos perdem. A maioria dos empresários sonha ver seus filhos suceder-lhe à frente dos seus negócios, independentemente de suas vocações. Procura dar-lhes a melhor formação acadêmica, com cursos até no exterior, mas fecha os olhos para as características que o gerente tem que ter. Quando há mais emoção do que razão, as providências são lentas ou deixam de ser tomadas. Portanto, o gestor eficiente não só cria, como enxerga os mecanismos de alerta para a correção de rumos quando há evidências de falhas. Quem não ouve seus auxiliares é sempre autossuficiente, não vai enxergar os sinais amarelos e deixa a empresa entrar no vermelho. O resultado pode ser a falência.”

Eis, portanto, mais páginas eivadas de REFLEXÕES e com GRAVE aceno à NECESSÁRIA e URGENTE priorização e PROBLEMATIZAÇÃO da GESTÃO DA EDUCAÇÃO, que por isso mesmo nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A CIDADANIA E O DRAMA DO ENSINO MÉDIO

“[...] A palavra educar tem as suas raízes no vocábulo latino educo que significa desenvolver-se de dentro, projetar-se, crescer por meio da lei da prática. Segundo Sócrates, ele nada ensinava, apenas ajudava as pessoas a tirarem de si mesmas opiniões próprias e limpas de falsos valores, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro, de acordo com a consciência.


Até mesmo na atividade de aprender uma disciplina qualquer, o professor nada mais pode fazer que orientar e esclarecer dúvidas, como o lapidador tira o excesso de entulho do diamante, não fazendo o próprio diamante.


O processo de aprender é um processo interno, e tanto mais eficaz quanto maior for o interesse de aprender. Só o conhecimento que vem de dentro é capaz de revelar o verdadeiro discernimento. E um modelo educacional deve ter por objectivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar, não apenas ministrar conhecimentos. “A única revolução possível é dentro de nós” (Mahatma Gandhi) [...]”
( Rev. WILSON BORGES, in Leituras estimulantes, extraído de trabalho intitulado EDUCAÇÃO NA PRÁTICA, em contribuição enviada por e-mail para esta página).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de julho de 2010, Caderno OPINIÃO, página 10, que merece INTEGRAL transcrição:

“O drama no ensino médio

Ninguém deve se iludir. Por mais que o Brasil tenha avançado na oferta de educação básica, como informam os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC), o país tem de se preocupar com a dramática situação do ensino médio. Bastou a economia acelerar o ritmo do crescimento para disparar os primeiros alertas sobre o apagão de mão de obra. Falta gente em condições de compreender um simples manual de instrução básico ou técnico na indústria. Os resultados do Ideb para o ensino médio explicam em boa parte essa situação. Afinal, as metas do governo para esse nível de ensino eram modestas e, em vez de comemoração, o avanço mísero 0,1 entre 2007 e 2009 retrata a grave defasagem entre a preparação do jovem brasileiro para o trabalho e a realidade da demanda, o que compromete a competitividade do país.

Calculado a cada dois anos, o Ideb reúne as avaliações criadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Aníbal Teixeira (Inep) e leva em conta o rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e médias de desempenho em língua portuguesa e matemática na Prova Brasil (aplicada nas últimas séries dos ensinos fundamental e médio. Numa pontuação que vai de 0 a 10 pontos, a média dos alunos desse nível de ensino, em 2009, ficou em 3,6 pontos (a meta era 3,5, índice que tinha sido alcançado em 2007). Especialistas em educação têm alertado para o fato de que a sociedade do conhecimento exige, por enquanto, pelo menos o diploma do ensino médio para a inclusão das faixas mais modestas do mercado de trabalho. No entanto, a média brasileira é de apenas sete anos de estudos e só 16% da população economicamente ativa tem o ensino médio completo. Menos de 10% dos alunos têm acesso ao ensino profissionalizante, o que significa que a esmagadora maioria dos jovens está sendo teoricamente preparada para ingressar numa universidade, quando se sabe que a maioria deles não terá acesso ao terceiro nível de ensino. Não à toa, a metade dos matriculados desistem por falta de interesse.

É estratégico encarar esse drama com urgência. Do contrário, teremos de importar mão de obra, negando oportunidade aos brasileiros, ou nos contentarmos com índices de crescimento econômico abaixo do fluxo de jovens ao mercado – o que igualmente resultaria em desemprego. Nesse sentido, há uma boa ideia em gestação no governo, que pode ver em socorro à falta de qualificação do jovem brasileiro para o trabalho. Os ministérios da Fazenda e da Educação estudam a concessão de incentivos fiscais a empregadores que financiarem cursos de ensino médio profissional em escolas particulares para seus funcionários. Já que o governo, apesar da eloquência do discurso oficial, não tem sido capaz de ofertar a preparação dos jovens no ritmo em que eles são chamados pela economia, que se abra mão de tributos para viabilizá-la em instituições privadas qualificadas. Mas que esses estudos não levem tempo demais.”

São, pois, páginas que nos dão bem a dimensão do gigantesco DESAFIO que a EDUCAÇÃO BÁSICA representa para a nossa INSERÇÃO no mundo DESENVOLVIDO. Todavia, e mais do que nunca, nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS com eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências da MODERNIDADE, da era do CONHECIMENTO e das NOVAS TECNOLOGIAS, e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVESAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...