sexta-feira, 12 de março de 2010

A CIDADANIA, OS 500 ANOS E A HERANÇA MALDITA


“[...] 2.2. Arquétipo oligárquico


O arquétipo oligárquico perpetua a mentalidade e as práticas herdadas da oligarquia grega e romana, e também da sociedade senhorial brasileira. São atuais os testemunhos de filósofos gregos. Na “República Ateniense”, diz Aristóteles: “No governo oligárquico, todas as pessoas humildes eram servas dos ricos”. E na “República”, Platão é enfático: “Os ricos têm o poder e o mando enquanto os pobres de nada participam. A oligarquia é a forma de governo em que as rendas decidem a sorte de cada cidadão”.

A estirpe do arquétipo oligárquico prolonga-se na sociedade brasileira através dos usineiros, de latifundiários, de empresários, da primazia da propriedade sobre o trabalho, da indústria que, em 1993, cresceu 9,6%, e o emprego caiu 2%. No Brasil, 1% da população mais rica detém 15% da renda nacional, enquanto 50% da população mais pobre só possui 11% dessa renda. Essa escandalosa concentração de renda comprova que a matriz oligárquica ainda impera por aqui.

Para que haja cidadania é preciso apear o arquétipo oligárquico que encurva a sociedade. A cidadania exige ruptura ântropo-psico-cultural que desatrele a população da Senzala do mandonismo da Casa Grande. A oligarquia manda, e os mandados são sub-ordinados, colocados debaixo de ordens. Para ser cidadão, o povo terá de des-montar a cultura do”Mando” e provocar a salutar “des-mando”. Há que ser in-subordinado para implodir a ordem oligárquica. Cidadania é também insurreição”.

(Pe. JUVENAL ARDUINI, in artigo publicado na revista VIDA PASTORAL – JULHO-AGOSTO DE 1994, páginas 5 e 6, sob o título O QUE É PRECISO PARA SER CIDADÃO).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de março de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, Presidente da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Minas Gerais (ADCE-MG), que merece INTEGRAL transcrição:

“Herança maldita

Além de reafirmar o vigor do regime democrático, a realização das eleições de outubro também representa uma grave convocação à sociedade brasileira. Pela força do voto, teremos a oportunidade de nos posicionar diante de questões fundamentais que condicionam e determinam o tipo de nação que queremos construir. Nosso compromisso dever ser o de edificar um país do qual possamos nos orgulhar no presente e do qual nos orgulhemos por legar às gerações futuras. Nesse cenário, à frente de todas as outras, se destaca a questão ética. Majoritariamente honrada e moldada, segundo princípios de patriotismo e civismo, a sociedade brasileira não pode mais aceitar teses forjadas para justificar a falta de ética, a corrupção desenfreada e a ausência de compromisso com o país. Não podemos mais admitir a visão fatalista de que o Brasil é assim porque nasceu assim, fruto de uma herança maldita que viria desde os tempos do nosso descobrimento e do perfil da colonização que tivemos. Também não somos uma sociedade que sempre quer levar vantagem e está pronta para dar um jeitinho em tudo.

Nosso país, cujo povo tem a qualidade de ser pacífico, está deixando de ser passivo. Começamos o ano com a prisão de um governador em pleno exercício do seu mandato – fato inédito na história brasileira. Nos últimos anos, a um só tempo, testemunhamos cenas ao mesmo tempo tristes, mas esperançosas, como a prisão de juízes, desembargadores, cassação de parlamentares e até o impeachment de um presidente da República. Lamentavelmente, muitos acabam voltando, quase sempre pela via do voto. São estes os arautos da chamada herança maldita, que, 500 anos depois, insistem em tentar nos convencer de que prevalece na sociedade brasileira a tolerância às transgressões, uma postura cuja gênese estaria na índole dos nossos primeiros colonizadores e dos povos que habitavam a recém-descoberta Terra de Santa Cruz.

São ardilosos e a todos tentam cooptar com a propagação de seus condenáveis atos de esperteza, que envolvem grandes infrações às leis, como corrupção, mensalões e propinas. Com isso, procuram minimizar o impacto dos seus crimes e, perversamente, induzir segmentos da sociedade à prática de transgressões menores, como comprar e vender sem nota fiscal, adquirir produtos piratas, conduzir veículos acima da velocidade permitida, parar o carro em fila dupla, dizer uma pequena mentira ou jogar lixo pela janela. É uma técnica subliminar sedutora, da qual precisamos nos defender em nome da construção de uma sociedade íntegra e honrada.

Outubro está chegando e é preciso dizer um sonoro basta a todas essas práticas, que degradam a ética e desconstroem uma nação. Como cristãos, não podemos nos resignar passivamente a essa situação e, menos ainda, aceitar a condenação de que seremos sempre uma sociedade de segunda categoria, desprovida de princípios fundamentais, como honestidade, disciplina, ordem, respeito e retidão. O nosso passado é importante como fonte de lições, mas não para determinar o nosso futuro – até porque, se assim fosse, não haveria espaço para o sonho e para a esperança, que devem nos mover sempre. Como nos ensinaram nossos pais avós, devemos nos dar ao respeito!

Na verdade, devemos acelerar a nossa cobrança por padrões éticos que queremos para o nosso país e, assim, avançar na construção de uma sociedade onde prevaleça a confiança nas relações, o orgulho de ser honesta, guardiã de um tesouro valioso que dará um novo significado para nós e para as gerações que nos sucederão. Indignar-se é o primeiro passo. Vontade de mudar é o segundo – e, para que mudanças ocorram, é preciso atitudes verdadeiras e concretas, ação e coragem. Nas eleições que se aproximam, devemos nortear nossas escolhas por duas premissas fundamentais: banir da vida pública aqueles que agem contra a sociedade e escolher líderes comprometidos com valores fundamentais na construção de um país.

Precisamos de líderes que compreendam a importância da educação, da formação e valorização dos educadores. Estes são os responsáveis diretos em promover uma educação de qualidade para as crianças e os jovens – é de cedo que se incute a consciência do certo e do errado, dos direitos e das obrigações, a clara separação entre o público e o privado, a noção de liberdade e justiça, de cidadania e do bem comum. Por seu componente pedagógico, o exemplo é um poderoso instrumento de transformação e deve vir dos líderes nos universos político e empresarial. Para mostrar que estão a favor das mudanças, os políticos podem começar pela aprovação do projeto Ficha Limpa, movimento popular que angariou 1,3 milhão de assinaturas para impedir que pessoas condenadas pela Justiça de primeira instância possam se candidatar. Se insistirem em manter sua atual postura, que produz e dissemina maus exemplos, a própria sociedade haverá de expurgá-los por meio do exercício do voto.”

Eis, pois, mais lições cívicas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e principalmente tendo no horizonte eventos como a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, com previsão de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que, de fato, tornem BENEFICIÁRIOS diretos TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS, contemplando, entre outros, a melhoria da nossa INFRAESTRUTURA, EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA, SANEAMENTO BÁSICO, MEIO AMBIENTE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 10 de março de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA, O NASCIMENTO E A MORTE

“Celebrando a ética

A celebração do Dia Internacional contra a corrupção, no último domingo, vem reafirmar que este é um mal que grassa e se alastra. Por isso mesmo, também em nível mundial, mobiliza a atenção e a ação de cidadãos e de instituições da sociedade, de forma mais acentuada na última década: em 1996, a Organização dos Estados Americanos (OEA) criou a convenção interamericana contra a corrupção; em 1997, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma organização internacional que congrega os países mais industrializados do mundo, expediu recomendações de combate à corrupção; em 2003, a ONU criou a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção; em 2004, a ONU estabeleceu, como 10º princípio do Pacto global, o combate à corrupção; também em 2004, o Fórum Econômico Mundial criou a “Iniciativa parceira contra a corrupção”; e, em 2006, no Brasil, o Instituto Ethos criou o Pacto empresarial pela integridade e contra a corrupção.

Certamente que a corrupção e o desrespeito aos princípios éticos não constituem doença nova.Aristóteles já se ocupava do tema, definindo a questão ética como exercício dos princípios morais, vinculando-a aos costumes dos povos, envolvendo as relações entre pessoas e instituições, entre cidadãos e no seio do Estado. Entre todos, o tempo todo. E mais: desde os primórdios, o conceito ético surgiu ligado à democracia e hoje, em todo mundo, o estágio ético de uma sociedade define o seu grau de evolução – ou involução.

Embora sejam doenças mundiais e milenares, a corrupção e o desrespeito à ética não devem e não podem ser encarados com passividade, nem com o fatalismo que pode levar à omissão. Pelo contrário, devem ser combatidos com rigor, em uma cruzada que exige a participação de todos. Afinal, além de minar o que a sociedade tem de mais precioso, que são os seus valores éticos e morais, causam danos irreparáveis também ao desenvolvimento econômico e social. No mundo, a corrupção provoca prejuízo anual de US$ 3 trilhões. No Brasil, consome R$ 10 bilhões todos os anos, conforme mostram estudos da Fundação Getúlio Vargas. É um volume de recursos que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e aproximadamente 50% de todos os recursos previstos no Orçamento Geral da União (OGU) para a realização de investimentos produtivos. [...]”
(ROBSON BRAGA DE ANDRADE, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2007, Caderno OPINIÃO, página 11, sob o título Celebrando a ética).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de abril de 2007, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Nascimento e morte

A cultura da morte parece governar o destino do mundo. Há mesmo certo prazer mórbido em acompanhar a apresentação cada vez mais repetida de ações que apontam o tempo todo para a finitude, como se a vida não valesse mais a pena. O curioso nessa operação é que a vida que não vale mais nada é sempre a vida do outro. O culto da morte é uma face do egoísmo. Entender que, no cenário de guerra que toca hoje a política, a economia, a religião e até as relações pessoais, a alternativa mais forte é o extermínio do outro (o diferente, o desempregado, o apóstata, o inimigo íntimo) é penetrar nesse reino no qual a morte é a senhora.

Os dois extremos da existência, o nascimento e a morte, podem ser considerados fundamentos de duas das mais importantes atitudes do homem: a política e a filosofia. Só faz política quem aposta que o nascimento muda toda a configuração do mundo. A ação política é condicionada pela fé no homem como inaugurador do sentido da existência. Cada pessoa que nasce traz com ela a possibilidade de mudança radical no destino da humanidade. Criar um mundo em que a dignidade da existência seja garantida em sua singularidade é o objetivo maior da política. “Para que houvesse início, o homem foi criado”, a frase de Santo Agostinho, sempre lembrada por Hannah Arendt, aponta para a força inaugural da política: o nascimento é a antecâmara renovada do exercício da humanidade.

Já a filosofia, em sua dimensão metafísica, parece ser moldada pela idéia da morte, pela constatação, entre cética e cínica, que o mundo, deixado à sua sorte, caminha de forma inexorável para o fim. A metafísica é perfumada pela finitude. A certeza da morte, mais que ameaça, é destino, caminho que inclusive altera o sentido da vida. Quem não pensa na morte não filosofa. A saída, se é que precisamos de uma saída, foi tentada por muitos pensadores, sobretudo os que afirmaram que, mais que temer a morte é preciso apostar na vida. Mesmo siderada pela morte, há uma filosofia do sim e uma filosofia do não. Em outras palavras, da vida como valor supremo, por um lado; e do “ainda não-morte” como contingência inescapável, por outro.

Talvez por isso a alternativa mais consistente construída pelo homem para rever esse destino tenha sido o investimento na política. No lugar de se afundar no término da existência, o homem que crê na política dirige sua atenção para a vida que começa. Há, ainda uma humildade fundante no pensamento político: tudo é feito na certeza de que não partilharemos do resultado final de tanto trabalho e empenho. O futuro em política não pode ser ameaça de vazio, mas constatação da continuidade da presença do homem em sua dimensão mais significativa, o fato de pertencer à humanidade.

A situação se complica, como se constata hoje, quando a ação política é banalizada ao extremo, os políticos perdem a dimensão pública, os jovens são afastados de seus caminhos por tentações mais imediatas e egoísticas. A vitória do apoliticismo é um round a mais no triunfo da morte sobre a vida. Recuperar a dimensão existencial da política (como algo criador de sentido e capaz de unir as pessoas em torno de projetos comuns) é tarefa dura. Mas parece ser, por ora, o único antítodo viável. No entanto, quando se pensa em política, é preciso indicar muitas vezes novos campos ainda não trilhados, que vão além das ideologias conhecidas, para obrigar a novos esforços teóricos e práticos. É preciso reinventar a política, mas sem abandonar o que ela tem ensinado ao homem até aqui.

O caso da ecologia é um exemplo dessa capacidade de manter e renovar que deve presidir todo ato político. A ciência da ecologia, há algumas décadas, mostrou problemas e questões que se tornaram bandeiras importantes e que hoje retornam à cena como urgentes. Capturada por várias tendências, a ecologia ganhou o mais difícil campo de batalha, o coração das pessoas, e hoje se esforça para conquistar também a cabeça. Infelizmente, parece não haver força moral que supere a força do interesse. Talvez, como lembrou já nos anos 80 do século passado o filósofo Felix Guatari, seja preciso ampliar o campo da ecologia além da defesa do ambiente para outras dimensões, que muitas vezes escapam às ideologias políticas convencionais. No livro As três ecologias, Guatari afirma que, além da ambiental, há a ecologia mental e a ecologia social. De alguma maneira ela já antecipava o limite da ação política ecológica tradicional, caso ela não se voltasse também para outras formas de poluição. Limpar as cabeças é fundamental.

Uma das vias para isso está na mudança de paradigmas da política, na teoria e na prática. No campo teórico, assim como Guatari levanta novas possibilidades de um “velho” conceito, é possível pensar que outras dimensões da política estão a exigir a mesma capacidade de invenção. Uma das saídas pode estar na ampliação da base racional da política além da ciência e da razão tradicional, com a incorporação de outras dimensões, sobretudo estéticas, psicológicas e espirituais. Há novas exigências dos homens e mulheres, que parecem não ganhar ambiente nas teorias convencionais. Já no que toca à ação política prática, é igualmente urgente a criação de novos modelos que apelem, com a mesma força, para a razão e emoção. A solidariedade, que hoje se dispersa em ações sem substância, embora meritórias, no campo individual, parece reclamar sua presença no território da política. As pessoas querem melhorar o mundo, só os políticos profissionais ainda não perceberam que estão atualmente na vanguarda do atraso, caso deixem passar batido esse impulso ético que anima as consciências.

Outro exemplo que mostra a necessidade de reinvenção da política, e que pode voltar a fazer dela um pólo de atração das pessoas de bem, está no campo da cultura. Fazer política cultural, quase sempre, tem sido traduzido como forma de intervir na economia da cultura. Como se no núcleo mesmo da cultura não houvesse problemas, passa-se a discutir formas de acesso, financiamento e descentralização. Todas essas áreas são muito importantes, fundamentais mesmo, mas não dão conta do maior problema da cultura hoje: a qualidade. É sempre difícil falar em qualidade, num terreno em que o gosto individual predomina. O que é qualidade para um pode não ser para outro. No entanto, existem elementos que parecem mostrar um esgarçamento das possibilidades, em nome da facilidade. A cultura se divorciou da educação (não há mais educação para a cultura) e ocupou o campo do divertimento. Tomada como lazer (que não deixa de ser uma condição psicológica importante), as obras de cultura passaram a ocupar apenas o território da sensação, não mais da inteligência.

Uma das formas de se perceber essa operação está na entronização da facilidade. Tudo que é lento, difícil, exigente, articulado, marcado pela história interna das artes e do pensamento, tudo isso ganha a pecha de erudito, quando não pernóstico, reclamando o prazer da fruição imediata, como prova dos noves da boa realização da obra cultural.

Com isso, criou-se uma geração (como querem fazer crer os críticos saudosos de uma mentirosa era de ouro, quase sempre a deles), mas uma categoria de pessoas orgulhosas da ignorância. Há uma arrogância satisfeita em não saber. Um obscurantismo gozoso, uma troca da inteligência pelas sensações imediatas.

Abertura ao aprendizado, recomposição da política e busca da totalidade parecem três tarefas que valem a pena para se alcançar a mudança do quadro de superabundância da morte, da ignorância e da alienação. Não é tarefa para amanhã, mas não pode deixar de começar hoje.”

Eis, pois, páginas de apurado cunho PEDAGÓGICO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL para a DIGNIDADE NA POLÍTICA, a CIDADANIA E QUALIDADE, que permita a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, como exigência de uma NOVA ERA, do CONHECIMENTO, da LUZ, da PAZ e da FRATERNIDADE num mundo GLOBAL, BELO e FASCINANTE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 8 de março de 2010

A CIDADANIA, O DIREITO E A POLÍTICA

“[...] O atual estágio do debate intelectual e público brasileiro apenas contribui para o desconhecimento sistemático do grande drama histórico da sociedade brasileira desde o início de seu processo de modernização: a continuação da reprodução de uma sociedade que ‘naturaliza’ a desigualdade e aceita produzir ‘gente’ de um lado e ‘subgente’ por outro. Isso não é culpa apenas dos governos. São os consensos sociais vigentes, dos quais todos nós participamos, que elegem os temas dignos de debate na esfera pública, assim como elegem a forma de (não) compreendê-los.”
(JESSÉ DE SOUZA, in A ralé brasileira: Quem é e como vive. – Editora UFMG, 484 páginas).

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de março de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de LÁZARO PONTES, Mestre em direito, que merece INTEGRAL transcrição:

“O direito e a política

A imprensa nacional destaca a predominante presença de advogados o de pessoas apenas detentoras do curso de direito no cenário das disputas eleitorais. Dentro do elenco dos portadores de curso superior, o ramo das ciências jurídicas revelaria o maior número de candidatos. O fato lembra a conhecida reflexão do Norberto Bobbio: “Direito e ciência política há séculos avançam lado a lado, embora nem sempre se encontrem e muitas vezes avancem independentemente entre si”. Uma verdadeira história de valores paralelos na busca de sabedoria, mas pontilhada pelos conflitos decorrentes da arte política.

As obras fundamentais que marcaram os destinos da humanidade versaram sobre o direito e a política. Embora pertencentes a planos distintos, completaram-se reciprocamente, revelando liames concretos seja na construção da ciência do Estado, seja nos amplos aspectos da coisa pública. Dos antigos aos modernos, governos democráticos são regidos por leis e um conjunto de regras, que, por sua vez, disciplinam a vida dos cidadãos. Todos os fenômenos sociais, inclusive o da crescente violência criminal e da corrupção, que desafiam o país, somente poderá ser enfrentados sob o império da lei e da determinação política, dirigente ou representativa.

O que leva os operadores do direito a fazer ciência e cultivar política? A atuação reuniria o caráter dogmático, positivo conjugado com o exercício dos valores ideológicos e institucionais. Na realidade prática, muitos enveredam por esses insinuantes caminhos sem avaliar o conteúdo de suas próprias intenções. O constitucionalista pátrio Luiz Roberto Barroso confessa: “Quando faço política, procuro ser racional e razoável. E, quando faço ciência, faço-o emocionadamente. Não sou neutro nem imparcial. Parodiando Cortazar, sei onde tenho o coração e por quem ele bate.” Ele, com entusiasmo, põe o direito como um valor apaixonante destinado a estabelecer ordem e justiça na civilização.

O direito também se identifica com a política na luta pelas liberdades individuais e nos apelos da democratização das oportunidades. Ambos exigem de seus adeptos convicção e conhecimento das causas que defendem. Sem essas condições, as paixões fenecem e as populações adiam suas esperanças. O exercício das duas ciências requer o domínio do ofício da palavra, no sentido de doutrinar, convencer e merecer espaços. A linguagem constitui poderoso instrumento de afirmação de suas ideias, decisiva para desfraldar a bandeira de suas teses. Dessa maneira, formula mensagens e ergue os pensamentos, indispensáveis às expectativas que aguardam todos os julgamentos.

A verdade eleitoral representa a angústia da Justiça, que continua a buscar o triunfo da vontade popular. Nesse penoso caminho, existe uma série de vícios que teima e infelicitar o processo das escolhas. A reforma das leis e o advento de novos costumes permanecem distantes da desejada aliança do direito com a política.”

São lições que reforçam a imperiosa e permanente necessidade da busca da SABEDORIA, do CONHECIMENTO e a depuração das CONVICÇÕES e, mais ainda, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR as nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, e principalmente tendo o horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO de 2014, da OLIMPÍADA de 2016 e dos projetos do PRÉ-SAL...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 5 de março de 2010

A CIDADANIA E O COMBATE À INFLAÇÃO, À CORRUPÇÃO E AO DESPERDÍCIO

“[...] A escola faz de conta que ensina, o aluno finge que aprende, os níveis de capacitação profissional e cultural são vergonhosos comparados aos de outros países emergentes. Quem dera que no Brasil houvesse tantas livrarias quanto farmácias!

Hoje há mais consumo no país, o que os economistas chamam de forte demanda por bens e serviços. Processo, contudo, ameaçado pela instabilidade no emprego e o crescimento da inadimplência – a classe média tende a gastar mais do que ganha, atraída fortemente pela aquisição de produtos supérfluos que simbolizam ascensão social.

A classe média ascendente aspira a ter seu próprio negócio. Porém, o empreendedorismo no Brasil é travado pela falta de crédito, de conhecimento técnico e de capacidade de gestão. E demasiadas exigências legais e trabalhistas, somadas à pesada carga tributária, multiplicam as falências de pequenas e médias empresas e dilatam o mercado informal de trabalho.

Embora a classe média detenha em mãos poderoso capital político, ela tem dificuldade de se organizar, de criar rede sociais, estabelecer vínculos de solidariedade. Praticamente só se associa quando se trata de religião. E revela aversão à política, sobretudo devido à corrupção.

Descrente na capacidade de o governo e o Judiciário combaterem a criminalidade e a corrupção, a classe média torna-se vulnerável aos “salvadores da pátria” – figuras caudilhescas que lhe prometam ação enérgica e punições impiedosas. Foi esse o caldo de cultura capaz de fomentar a ascensão de Hitler e Mussolini.

Reduzir a desigualdade social, assegurar educação de qualidade a todos e aumentar o poder de organização e mobilização da sociedade civil, eis os maiores desafios do Brasil atual.”
(FREI BETTO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de março de 2010, Caderno CULTURA, página 10, sob o título Classe média num país injusto).

Mais uma vez, consideramos também IMPORTANTE, NECESSÁRIA e OPORTUNA a transcrição de Carta enviada ao Presidente da República, em seu primeiro dia de governo, sendo que já estamos ao término do cumprimento do QUARTO mandato, compreendendo dois períodos de OITO anos de cada um:


“ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DOS BAIRROS SANTA MARIA E ALVORADA – AMBSMA
IBIRITÉ - MG

Em 01 de janeiro de 1995.

Exmo. Sr.
DR. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
DD. Presidente da República Federativa do Brasil
Palácio do Planalto
Praça dos Três Poderes
70.150-900 – BRASÍLIA (DF)

Senhor Presidente,

O Brasil tem jeito!

A Associação dos Moradores dos Bairros Santa Maria e Alvorada (AMBSMA), de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fundada em 01/10/93, vem concentrando, modestamente, o melhor do idealismo e patriotismo de seus membros e moradores numa “mobilização para a cidadania e qualidade”, tendo como objetivo maior promover o desenvolvimento da noção de cidadania e sua relação com a qualidade, bem como desenvolver a consciência da responsabilidade civil de cada pessoa para a promoção da qualidade de vida e do bem comum.

Buscamos, com isso, estimular os participativos (estimados em 5%) e mobilizar os omissos (95%), que, acreditamos, constitui no mais eficaz processo de transformação da sociedade.

Elegemos, após dedicados e exaustivos estudos e reflexões, os 3 maiores e mais devastadores inimigos do País, num momento em que atravessamos a mais aguda crise de liderança, que são:

I – A INFLAÇÃO

É o primeiro estágio do nosso movimento de mobilização, cujo material básico encontra-se em anexo. Não passa um dia sequer sem que levantemos a mensagem e o apelo a alguma pessoa ou cidadão. Entendemos que é preciso atingir todo o País, que é a verdadeira dimensão da causa, porém se transformará em sonho irrealizável caso dependa unicamente da nossa capacidade e disponibilidade de recursos.

Jamais o desenvolvimento social estará aliado ao crescimento econômico, num regime inflacionário perverso como o que temos vivido há mais ou menos três décadas.

II – A CORRUPÇÃO

A corrupção no Brasil atinge níveis literalmente intoleráveis, campeando por todos os setores da vida pública, dissipando anualmente bilhões de reais de um povo pobre, sofrido, pacato, porém, honrado e operoso.

Preferimos, por uma questão de objetividade, transcrever trecho de editorial do Jornal do Brasil, de 01/08/94, sob o título de Controle da Qualidade:

“A corrupção dilapida anualmente no Brasil algo próximo a 20% do Produto Interno Bruto, o equivalente a US$73 bilhões, que se perdem nas malhas das licitações viciadas, do superfaturamento de obras e serviços contratados pelo Estado, das comissões embutidas nos projetos públicos e do tráfico de influência dos atravessadores”.

“Sonegação, evasão, elisão e contestação judicial estão submetendo o Fisco aparvalhado a um prejuízo anual de R$82 bilhões. Ou se preferem: perto de US$100 bilhões.” (Joelmir Beting, Estado de Minas – 29/11/94).

Como se não bastasse, chega-nos, através da Folha de São Paulo, edição de 14/12/94, o seguinte:
“Corrupção tirou US$20 bilhões do país, diz CEI – A CEI (Comissão Especial de Investigação) apurou que nos últimos quatro anos a remessa ilegal de dólares ao exterior chegou a US$20 bilhões, o que equivale a 15% da dívida externa do Brasil”.

Entendemos como assaz oportuno o comentário do advogado e membro da CEI, Modesto Carvalhosa, em artigo na Folha de São Paulo de 14/12/94:
“Não há razões e nem tempo a perder. Devem os governos, ainda nesta década, enfrentar com políticas apropriadas o problema da corrupção e seu inevitável produto, a miséria”.

Em nosso modesto juízo, a estabilização econômica, significando moeda estável e eliminação do fantasma da inflação, contribuirá decisivamente para debelarmos tal monstruosidade.

III – O DESPERDÍCIO

A indiferença e mesmo a omissão de parcela significativa de nossos governantes têm preservado e transmitido, de maneira avassaladora, uma cultura do desperdício que tem consumido também bilhões de reais, ao lado de um contingente de 32 milhões de miseráveis.

Da mesma forma, a favor da objetividade, transcrevemos parte do artigo do Prof. Luiz Alberto Machado da Faculdade de Economia da FAAP e Diretor Técnico do Sindicato dos Economistas de São Paulo e da Pesquisadora-Monitora Ana Paula Iacovino, do Centro de Divulgação, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Economia da FAAP, publicado na Revista Qualimetria, edição de setembro de 1993:

“País do café, da borracha, do cacau ...
País do futebol, do samba e das mulatas... País do futuro...
País da corrupção, do impeachment e do assassinato de milhares de crianças... etc., etc., etc. Além de todos esses títulos, alguns mais, outros menos, o Brasil está adquirindo agora mais um: País do desperdício!
Aliás, título plenamente justificável, se considerarmos a estimativa do Instituto de Engenharia sobre as perdas no Brasil em 1992. Correspondem a US$50,7 bilhões no total (cerca de 14,5% do PIB), assim distribuídas setorialmente:

Agricultura - US$ 8,8 bilhões;
Construção civil - US$ 6,7 bilhões;
Indústria - US$ 6,6 bilhões;
Setor de Serviços - US$ 8,4 bilhões;
Portos - US$ 5,0 bilhões;
Com corrosão - US$10,5 bilhões;
Com energia - US$ 4,7 bilhões.”

Senhor Presidente,

Não é o caso simples de somarmos tudo isso, mas, sim, de perguntarmos: até quando a impunidade e a falta de seriedade para com o trato da coisa pública em nosso País?

Mas, nada, absolutamente nada, arrefece o nosso ânimo e a nossa crença de podermos contribuir para ‘ a transformação do Brasil numa grande e próspera Nação’, como já nos dizia, há duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperanças.

E, neste momento, V. Exa. é o mais fiel depositário das nossas esperanças.

Não vamos, pois, perder esta histórica oportunidade de implantarmos definitivamente neste País a cultura da disciplina, do verdadeiro patriotismo, da parcimônia, da austeridade e da ética em todas as nossas ações.

Creia, Senhor Presidente, estamos movidos por inabalável fé nessa cruzada cívica contra a INFLAÇÃO, a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO, e, assim, poderemos nos tornar merecedores do orgulho de nossa pátria.

Urge, pois, uma verdadeira “mobilização para a cidadania e qualidade”, que atinja todo o País e que dê a necessária sustentação à implantação das inadiáveis e imprescindíveis reformas estruturais. Os fantasmas rondam. É preciso agir e com rapidez.

O Brasil tem jeito!

Entendemos como inaceitáveis a omissão e a indiferença de parcela expressiva de nossas lideranças diante de tão graves problemas que têm infelicitado nosso povo, registrando vergonhosos e repugnantes indicadores sociais.

Enfim, é absolutamente inútil lamentarmos falta de recursos diante de tanta sangria!

Respeitosamente,

As.) Pedro Narciso Campos – Presidente
Rua São Vicente, 230 – Bairro Santa Maria
As.) Mário Lúcio Moreira – 2° Secretário
Rua do Rosário, 174 – Bairro Alvorada – (031) 533-1301
32.400-000 – IBIRITÉ – Minas Gerais.”

ANEXO


AMBSMA – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DOS BAIRROS SANTA MARIA E ALVORADA – IBIRITÉ / MG
MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE

SEJA um cidadão. Diga NÃO à inflação.
VOCÊ pode:

Comprar apenas o necessário, pagando sempre o menor preço. Assim, VOCÊ estará comprando mais;
Planejar suas compras: o que comprar, quando e como comprar. NÃO faça estoques;
Denunciar os abusos nos preços. Assim, VOCÊ estará exercendo a verdadeira cidadania;
Valorizar o seu dinheiro. Isto só VOCÊ pode fazer.

NÃO desanime nunca. VOCÊ tem, pelo menos, dez razões para acreditar e lutar:

1. Recuperar o seu poder de compra, pois a inflação rouba a substância dos salários e das aposentadorias, sendo que as reposições são sempre inferiores aos valores perdidos.
2. Ajudar a moralizar os governos, uma vez que a inflação facilita a corrupção que, por sua vez, causa mais inflação.
3. Melhorar a aplicação do dinheiro público, pois a inflação é uma forma de violência, através da qual são apropriados, sem autorização, os recursos de todos para os gastos descontrolados dos governantes e dos grupos que se beneficiam desse descontrole.
4. Ajudar a eliminar as desigualdades sociais, porque a inflação concentra renda, beneficiando alguns em prejuízo da grande maioria, sendo diretamente responsável pela péssima distribuição de renda no País.
5. Permitir a criação de novas oportunidades, pois a inflação é responsável direta pelo alto desemprego e pelos indicadores sociais que envergonham o Brasil.
6. Promover o fortalecimento da economia, porque a inflação inibe financiamentos a médio e longo prazo, o que impossibilita empresas pequenas tornarem-se médias e empresas médias tornarem-se grandes.
7. Melhorar os relacionamentos entre as pessoas, porque a inflação é responsável pela lei de “levar vantagem em tudo”, que infelizmente prevalece no País. Ela acaba com a confiança entre as classes sociais.
8. Propiciar a expansão dos negócios, uma vez que a inflação cria a insegurança, que inibe os investimentos, tanto internos como externos, alimentando a fuga de capitais.
9. Recuperar a noção de valor das coisas, pois a inflação acaba com o referencial de preços e estimula a carestia.
10. Conquistar, enfim, a qualidade de vida, porque a inflação é um atentado contra a dignidade de cada ser humano de nosso País, afrontando diretamente a sua cidadania.


Portanto, são esses desafios que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, HUMANA, LIVRE, EDUCADA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que torne BENEFICIÁRIOS de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, de fato ,TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS e, assim , adentrarmos ainda na década que se inicia com MUDANÇAS RADICAIS em nossas ATITUDES, nosso MODO DE PENSAR E AGIR...

Este é o nosso SONHO, a nossa luta, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...







quarta-feira, 3 de março de 2010

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA: QUESTÃO DE URGÊNCIA


[...] As novas tecnologias e o mercado


O mesmo Relatório Brundtland condiciona a sustentabilidade do sistema econômico a elementos como a geração de “excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes” e a uma estrutura produtiva que “respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento”. O que significam esses pontos? No primeiro caso, trata-se de levar em conta que o crescimento econômico tem limites. No segundo, significa garantir que os recursos não sejam esgotados pela produção, impondo-se sua gestão racional.

No âmbito do sistema econômico, tanto a limitação do crescimento quanto a gestão racional dos recursos forçam a busca de novas tecnologias, visando garantir a continuidade dos processos produtivos. Um exemplo é o estímulo à adoção das chamadas tecnologias limpas. Nelas, novos materiais, componentes ou processos de produção geram menos problemas do que os que vieram substituir. São exemplos de tecnologias limpas a redução do uso de metais pesados e produtos não biodegradáveis, a diminuição do emprego do CFC e de produtos sulfurados e clorados no ar, a reciclagem de materiais e o controle do desperdício.[...]”
(ROBERTO GIANSANTI, in O DESAFIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; coordenação Sueli Angelo Furlan, Francisco Scarlato. – São Paulo: Atual, 1998, página 14. – (Série meio ambiente).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de JORGE WERTHEIN, Doutor em educação pela Universidade de Stanford, ex-representante da Unesco no Brasil, que merece INTEGRAL transcrição:

"Questão de urgência

Parece haver consenso. Não há quem discorde do argumento de que a educação é imprescindível para o desenvolvimento de um país. Em termos de discurso, pode-se considerar ponto pacífico. Uma educação de qualidade para todos é bandeira que nenhum partido ,ou político despreza. O que falta, então, para que países como o Brasil despontem no cenário internacional como exemplos de bom ensino e aprendizagem, assim como já aparecem em diferentes áreas, como esporte, música, agropecuária, fabricação de aviões e outras?

Tudo o que se discute em educação na América Latina passa antes pela necessidade de melhorar significativamente a qualidade do ensino mediante uma política de Estado específica para a educação, a ciência e a tecnologia. Sem essa política de Estado, permanecerão as habituais políticas de curto prazo, com duração de um ou dois mandatos do Poder Executivo, seja ele federal, estadual ou municipal. Essa questão ainda não mereceu suficiente debate, menos ainda com a periodicidade necessária. Assim, vêm sendo desperdiçados tempo e dinheiro em políticas que mal se concretizam e já saem de cena para que outra as substitua. Quem ouve professores sabe disso. Não faltam aqueles que se queixam por adotar um método hoje e precisar substituí-lo amanhã em função da dança de cadeiras no Poder Executivo local.

Áreas cruciais como a educação, a ciência e a tecnologia – estratégicas e que, por isso mesmo, demandam visão de longo prazo – não podem nem devem ficar à mercê de interesses eleitorais imediatistas. Uma educação de qualidade para todos resulta da cooperação, da união de esforços de diversos segmentos, de forma a elevar o nível de ensino e aprendizagem do maior número possível de estudantes, sobretudo dos primeiros anos escolares. A falta de uma política de Estado para a educação prejudica também os professores, pois não há como promover uma formação rigorosa de docentes nas universidades. O que eles encontrarão fora dos muros da academia? Tampouco é possível atrair os melhores alunos para a carreira do magistério. Os salários são pouco convidativos, e a realidade cotidiana, desestimulante. Sem formação adequada para os docentes, países como o Brasil não conseguem aumentar sua competitividade no plano internacional. Afinal, como desenvolver outras áreas sem avançar justamente naquela responsável pela formação de todas as outras?

Tudo isso já foi dito, mas todos os que o vêm repetindo experimentam a sensação de que se avança, porém, mais lentamente do que o desejado. Há esperanças, contudo. Recentemente, a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) se reuniu para ouvir experiências em formação científica para estudantes do ensino fundamental. A ideia é reunir insumos para um relatório de recomendação ao Ministério da Educação (MEC) sobre essa área. O CNE ensaia a proposta de uma política nacional nesse âmbito. Espera-se que a louvável iniciativa não caia no esquecimento com possíveis trocas de comando do MEC no futuro. O mesmo vale dizer, evidentemente, sobre estados e municípios, que nem sempre rezam pela mesma cartilha entre si e igualmente sucumbem à tentação de mudar a política educacional a cada mandato.

Portanto, um pacto apartidário pela educação, a ciência e a tecnologia, que dê origem a uma política de Estado para essas áreas, sem o que o país terá dificuldades para encarar os próximos 30/40 anos, é imperativo. Por que não fazê-lo logo? Não há consenso sobre a relevância da educação, da ciência e da tecnologia, sobretudo da primeira, como eixo central do desenvolvimento neste século?Até quando esperar? No mundo globalizado, o Brasil já tem uma substantiva visibilidade e, por isso mesmo, precisa, o quanto antes, agregar valor ao que produz e comercializa.”

Eis, pois, mais uma CONTUNDENTE advertência quanto aos equívocos de nossas políticas públicas, que, no essencial, adota o curto prazo. URGE, assim, congregar TODAS as FORÇAS VIVAS da nossa sociedade em torno da NECESSÁRIA e INADIÁVEL e grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA, EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA e QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA para estrelar num mundo GLOBALIZADO, BELO e FASCINANTE, sob a égide da PAZ e FRATERNIDADE universal, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 1 de março de 2010

A CIDADANIA E A LUTA POR UM NOVO SENSO POLÍTICO (9/51)

(Março = Mês 9; Faltam 51 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)


“[...] Pobreza, a conseqüência humana da desigualdade

Na pior extremidade da distorcida distribuição do poder, ativos e oportunidades há bilhões de pessoas em situação de extrema pobreza. A pobreza envolve muito mais do que apenas uma baixa renda e ela se torna particularmente clara quando pessoas afetadas por ela são solicitadas a defini-la em suas próprias palavras. Ela diz respeito a um sentimento de impotência, frustração, exaustão e exclusão de processos decisórios; refere-se ainda à falta de acesso a serviços públicos, ao sistema financeiro e a qualquer outra fonte de apoio oficial. O acadêmico Robert Chambers considera que o mundo está dividido entre os estão “por cima” e os que estão “por baixo”, uma descrição que corresponde a diversos aspectos da pobreza, como a subjugação de mulheres por homens e os desequilíbrios de poder observados entre grupos étnicos ou classes sociais. [...]” .
(DUCAN GREEN, in DA POBREZA AO PODER – Como didadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo; tradução de Luiz Vasconcelos. – São Paulo: Cortez; Oxford: Oxfam International, 2009, página 7).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de dezembro de 2004, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de JOSÉ RENATO DE CASTRO CÉSAR, Administrador rural pela Universidade de Lavras, mestre em turismo pela UNA, que merece INTEGRAL transcrição:

Por um novo senso político

O povo brasileiro necessita de um senso político e filosófico de reconciliação entre si e suas múltiplas facetas culturais. Não só em ações acadêmicas tipo litterae humaniores (Read, 1967) de um pretenso e arrogante humanismo, nem só como um senso de conhecimento pontual de nobreza. O povo necessita se devotar mais às ações solidárias e os programas alternativos de agricultura ecológica (Bonilla, 1992). É preciso uma visão crítica do desenvolvimento sustentável , para inserir os programas públicos e privados coerentemente dentro das microbacias, para um futuro seguro e sem violência. As tecnologias de ponta em auditoria ambiental, contabilidade e sistemas de comunicação de dados são fundamentais. É necessário planejar a competição em redes de trabalho.

Os programas e projetos públicos e privados para desenvolvimento deveriam ser melhores, primeiramente, para a educação ambiental e o lazer dos pobres cidadãos comuns, não só para os ricos consumidores nacionais e estrangeiros. Será que a oferta inteligente de turismo, educação, saúde e alimentos, necessária para se estenderem benefícios ao povo, só pode provir dos ricos? Ora, se a oferta de turismo, saúde e ambiente é para os ricos, onde estão aplicados os recursos para os desvalidos? Os pobres dispõem do escorchante e ilusório microcrédito (juros de 24% ao ano). Como se pode afirmar que tal economia política é sustentável. Quanto tempo deverá o povo esperar pelas decisões morais desta elite econômica? Quais os caminhos necessários para se preparar as pobres comunidades humanas terceiro-mundistas, vivendo nas periferias urbanas, num contato desordenado das cidades sobre as microbacias, para uma vida melhor no futuro? Como evitar que os pobres procurem a violência nesse apartheid social?

A política nacional está viciada e frouxa, diante dos interesses alienígenas. Líderes políticos nacionais não dão mais expressividade de amor à pátria em seus atos públicos. Agridem os adversários com violência e ódio. Buscam acusações ridículas entre facções fisiocratas, visando manter só o fluxo de caixa de seus partidos milionários, as suas caríssimas vaidades pessoais e os projetos egoístas de suas instituições anômicas e mesquinhas de auto-ajuda, ignorando os desvalidos do País, submetendo-os ao mais pervertido dos assistencialismos – os programas de combate à fome e à miséria, que nunca deram resultado satisfatório. Há que se ter crédito agrícola subsidiado, terras e educação agrícola e filosófica.”

São quadros assim descritos que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, EDUCADA, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e, ainda mais, no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, em meio às EXTRADORDINÁRIAS RIQUEZAS existentes, possam EFETIVAMENTE estender seus BENEFÍCIOS a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E A SAÍDA POSSÍVEL E NECESSÁRIA

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de fevereiro de 2010, Caderno PENSARBRASIL, páginas 14 a 17, de autoria de CARLOS ROBERTO JAMIL CURY, que é mestre e doutor em educação e professor da PUC Minas. É autor dos livros Cidadania republicana, Educação brasileira: católicos e liberais, Educação e contradição e Os fora de série na escola. Foi membro do Conselho Nacional de Educação e presidente da Capes, cujo texto merece INTEGRAL transcrição:

“DOSSIÊEDUCAÇÃO
A SAÍDA POSSÍVEL E NECESSÁRIA

CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE LIVRE, AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA EXIGE INVESTIMENTO NA QUALIDADE DA ESCOLA, A PARTIR DE VISÃO ÉTICA E CIDADÃ

Em conversas informais e até mesmo em manifestações oficiais, tem sido comum atribuir a uma só causa os males do Brasil, como a pobreza da maioria, a sua pretensa tendência a escolhas políticas equivocadas e a visão discriminatória que muitos detentores de renda e de posição política têm em relação às pessoas simples. Não poucos apontam a falta de educação como sendo essa causa. Nem sempre fica claro se é falta de educação enquanto educação escolar ou se é educação para uma sociedade mais livre e igual.

Sabe-se que atribuir os males a uma só causa é uma visão equivocada porque é reducionista e conduz a políticas eu atacam os efeitos sem buscar as causas mais profundas. De todo modo, em décadas mais recentes, a educação escolar passou a entrar na agenda da população, ciente de dos seus reais, ainda que limitados, benefícios, passando a exigir, no mínimo, o acesso a esse bem social. Sem ela, sabe-se bem, pouco se avança na democratização da sociedade, ainda mais quando essa sociedade tem o conhecimento como um de seus suportes significativos.

Não por acaso, a Constituição de 1988 proclamou a educação como um direito de todos e um dever do Estado e, no caso do ensino fundamental, o tornou obrigatório, gratuito e, quando não ofertado pelos poderes públicos a todos, objeto de imediata satisfação do bem para o cidadão. É o chamado direito público subjetivo. Mas, ao mesmo tempo, a reestruturação da economia, as mudanças ocupacionais e a expressiva presença do conhecimento nos processos de produção e de consumo também obrigaram os setores produtivos a reconhecer que só o discurso não faria dos trabalhadores um segmento mais bem informado. Era preciso mais educação e educação escolar.

Registre-se, nos anos 1980, em Minas, com Tancredo Neves; em São Paulo, com Franco Montoro; no Rio, com Leonel Brizola; no Paraná, com Richa, entre outros, o esforço conjunto por abrir e efetivar o ensino fundamental de oito anos e retirar impedimentos para que o poder público pudesse ampliar sua presença no ensino médio. Tais fatores estavam associados à determinação constitucional de destinação de recursos vinculados para a educação e que o ensino fundamental passasse a ser obrigatório e gratuito, tornando-se o foco das políticas educacionais em termos de universalizar o seu acesso. Acrescente-se a isso o compromisso do Brasil com acordos internacionais nesse sentido e o reforço para tal trazido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e pela emenda constitucional da qual surgiu o Fundef. Esse último subvinculou os recursos da educação de modo a priorizar o acesso ao ensino fundamental de oito anos e a induzir os poderes públicos municipais a assumir responsabilidades nessa etapa do ensino.

Com isso, a década de 1990 conheceu a universalização do acesso ao ensino fundamental para as pessoas de 7 a 14 anos. Isso não significa que todas as pessoas com 7 anos entraram na escola aos 7 anos, nem que as com 14 anos terminaram com essa idade os anos obrigatórios. Também não significa que houve permanência de todas elas na instituição escolar. A terminalidade do ensino fundamental da parte de todos os que tiveram acesso ainda não está universalizada. Mesmo reconhecendo tais limites, o acesso hoje mudou de lugar: lugar de etapa e lugar de qualidade. Nesse último caso, muito menos eu houve foi um aprendizado qualificado por esses mesmos alunos.

Os resultados obtidos em avaliações nacionais e internacionais, ainda que se questione o alcance e a extensão delas, são de molde a revelar uma situação intolerável: muitos não aprendem o que deveria ser aprendido e ensinado e não dominam os conhecimentos que deveriam dominar. Eis por que, mas não só no ensino fundamental, impõe-se o desafio da qualidade do ensino em toda a educação básica. E um dos critérios para a especificidade da qualidade é o bem aprender assentado no volume de conhecimentos básicos necessários e no tempo maior de permanência na instituição. Tal realidade não se verifica quando a escolaridade é vista apenas pelo lado quantitativista, tornando a progressão um fenômeno automático. Nesse sentido, dois desafios se impõem de modo absolutamente inelutável: a valorização da docência, desde a atração para a carreira; a formação sólida em elementos teóricos metodológicos e práticos; a dignificação do valor do seu trabalho; e a melhoria das condições profissionais.

Nessa medida, a avaliação do desempenho dos alunos e dos professores ganha, concomitantemente, um sentido para ambos os segmentos. Com essa premissa, as avaliações como a do Saeb, Enem, Ideb, Provinha Brasil, Simave e Pisa, entre tantas outras, passam a compor um conjunto mais orgânico e menos pontual dentro da educação nacional.

Não se pode negar as medidas que foram tomadas para buscar a reversão da queda da qualidade. A LDB ampliou o tempo da aprendizagem para 200 dias letivos e a hora passou a ser (como sempre deveria ter sido) contada em 60 minutos. A subvinculação de recursos para a educação agora abrange toda a educação básica (constituída pela sequenciação das três etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), transformando o Fundef em Fundeb. Uma emenda constitucional ampliou a faixa etária da obrigatoriedade do ensino. Ela era entre 7 e 14 anos. Agora, se faz obrigatória para todos entre 4 e 17 anos. Havia 40 anos, o Brasil não conhecia uma extensão tão larga da obrigatoriedade. Tal medida visa a enfrentar o desafio da entrada na educação básica dada a importância da educação infantil no mínimo para crianças com 4 e 5 anos. Nosso déficit para crianças entre quatro meses e três anos é enorme.

PACTO FEDERATIVO

O outro desafio é a ampliação do ensino médio para todos entre 15 e 17 anos. Claro que tal medida implica planejamento sério e competente, construção de escolas e, sobretudo, recursos para dar conta do tamanho do desafio: salas adequadas para as faixas etárias, salas especializadas e acesso aos meios mais avançados de comunicação e informação. Quanto ao ensino médio, especificamente, há o desafio de reter na escola os estudantes que desejam uma inserção profissional. Daí a importância da oferta de uma educação profissional contemporânea, já que o diploma dessa educação depende do certificado de conclusão do ensino médio (geral). Quanto à relação profissional entre o corpo docente e os sistemas públicos de ensino, uma lei nacional estabeleceu para todos eles a obrigatoriedade de um plano de carreira e um salário básico profissional (hoje da ordem de R$ 1.020) para 40 horas, das quais um terço voltado para atividades de planejamento. Nesse caso, há outro grande desafio. A educação nacional se dá dentro de um país que, desde 1889, optou pelo federalismo. Trata-se, pois, de um regime em que os poderes de governo são repartidos entre instâncias governamentais por meio de campos de competência legalmente definidas.

A repartição de competências sempre foi um assunto básico para a elucidação da forma federativa do Estado. Desse modo, o pacto federativo é um pressuposto da educação nacional. Há responsabilidades e atribuições que são privativas dos entes federativos, outras que são concorrentes e outras tantas que são comuns. Pode-se dizer que o caráter federativo de um Estado nacional se concentra em um polo central de poder e, ao mesmo tempo, se difunde pela autonomia dos seus membros, que têm competências próprias. Esta abertura, contudo, no campo da interpretação do texto legal, dada a complexidade da teia de relações que se estabelece, é também fonte de incertezas e conflitos, como também o é a crescente interferência da União no âmbito do regime fiscal e tributário. O regime escolhido para integrá-los foi o de colaboração recíproca mediante a elaboração de um Plano Nacional de Educação, do qual e no qual se articulam planos estaduais e planos municipais de educação com suas respectivas metas, diretrizes e recursos. No que se refere à educação propriamente dita, a Constituição deixa claro que a União, os estados e os municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

Nesse sentido, a competência da União limita-se às normas gerais, que não podem ter um caráter exaustivo, deixando-se aos outros entes a complementação ou suplementação, no que couber. O regime de colaboração, seja em termos de conteúdo, seja em termos de mecanismos operatórios, é difícil, lento e necessariamente negociado. É o que acontece com um Brasil cuja União congrega 26 estados, mais de 5,6 mil municípios e o Distrito Federal. Decorre daí um caráter de administração complexa devido ao número de espaços e poderes implicados, em função do conjunto bastante intrincado da legislação e dos temores de invasão da autonomia dos entes federativos.

Por mais leis que tenhamos, por melhores que sejam, falta uma que dê conseqüência à educação escolar proclamada em nossa Constituição como o primeiro dos direitos sociais (art. 6º). Não basta a judicialização e a exigibilidade por parte dos interessados quando há omissão na oferta de uma educação escolar e que seja de qualidade.

Por isso, consequente à acepção de plano, isto é, metas, recursos e ações realistas, factíveis e passíveis de incrementação, é preciso uma Lei de Responsabilidade Educacional.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

A base de uma Lei de Responsabilidade Educacional é a ética, aliás, claramente posta no art. 37 da Constituição Federal. Os governantes devem assumir conscientemente suas responsabilidades e haver consequências no caso de omissão quanto ao dever do poder público em relação a esse direito.

Esse campo, ainda por se fazer acontecer, daria mais substância às ações de exigibilidade, justiciabilidade e sustentabilidade, na medida em que põe na mão dos vários interessados elementos para participação e intervenção nas esferas do Plano, por meio das escolas, universidades, conselhos, famílias e outros interessados, configurando, aí sim, todos como responsáveis e participantes dos destinos da educação.

Na sociedade em que vivemos, na qual o conhecimento vai ocupando espaços cada vez mais amplos, a educação incorpora a si, como um direito fundador da cidadania, a função estratégica de ser um dos motores indispensáveis do desenvolvimento.

O empenho até agora realizado, apesar de consideráveis avanços alcançados, não foi suficiente para cumprir os dispositivos constitucionais e legais de nosso ordenamento jurídico. A realidade continua apresentando um quadro muito aquém dos benefícios que a educação desencadeia para o conjunto social e se encontra longe das promessas democráticas que ela encerra.

Estamos diante de um desafio instaurador de um processo que amplia a democracia e educa para a cidadania, rejuvenesce a sociedade e irriga a economia. Estamos diante da necessidade de uma saída urgente para a educação de qualidade. Uma saída que obedeça aos ditames da razão que a educação inaugura. O Estado que não assume essa via decreta sua perdição. A sociedade que não busca essa saída aceita a autoridade da submissão e refuga o caminho da autonomia.”

São páginas que dão as CLARAS exigências do desafio da EDUCAÇÃO e nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, que visa a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA , e que permita a PARTILHA das nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS...

Este é no nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

SOS DISTRITO FEDERAL 2: ARRUDA E AS REVOLUÇÕES QUE FALTAM

“[...] Eia, senhores! Mocidade viril! Inteligência brasileira! Nobre nação explorada! Brasil de ontem e de amanhã! Dai-nos o de hoje, que nos falta.

Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia; mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliarmos a vida nacional com as instituições nacionais; mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações. Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. Mas não buscando salvadores. Ainda vos podereis salvar a vós mesmos. Não é sonho, meus amigos: bem sinto eu, nas pulsações do sangue, essa ressurreição ansiada. Oxalá não se me fechem os olhos, antes de lhe ver os primeiros indícios no horizonte. Assim o queira Deus.”
(RUI BARBOSA – Salvador: 05/11/1849; Petrópolis: 01/03/1923 – , in ORAÇÃO AOS MOÇOS, lida pelo professor Reinaldo Porchat a 29/03/1921, em sessão solene da Faculdade de Direito de São Paulo, por estar Rui impossibilitado de comparecer).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de fevereiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, Professor de ética, doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), que merece INTEGRAL transcrição:

"Arruda e as revoluções que faltam


Dois meses e meio após a descoberta do mais explícito caso de corrupção no andar de cima da classe política, a Polícia Federal recolheu à sua carceragem, em Brasília, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Na história do país, foi a primeira prisão de um governador no exercício do cargo. O recurso ao habeas corpus ainda não atingiu a cidadania com mais uma ducha de água fria. O presidente Lula, segundo um assessor, ficou abalado e lamentou que “o escândalo tenha chegado a esse ponto” – desfecho que, em sua avaliação, não contribui para a “consciência política nacional”. Não, senhor presidente, a prisão de Arruda contribui, e muito, para a “consciência política nacional”. O que conspira contra a cidadania é a impunidade que cresce à sombra da leniência e da governança pragmática.

O Brasil tem instituições razoavelmente sólidas, embora parcela da sociedade já comece a questionar a validade de um dos pilares da democracia: o Congresso Nacional. O descrédito é generalizado. Daí o estratégico veneno da “democracia direta”, destilado no 3 Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). Os estrategistas do Planalto propõem a valorização de instrumentos como “lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e plebiscito”. É a instalação do populismo autoritário, uma fachada de democracia que se apoia em três colunas: fisiologismo político, currais eleitorais e autoritarismo ideológico.

O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, José Sarney, Fernando Color e Renan Calheiros, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo palanque, paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão opostos? Interesse. Só isso. A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do habite-se na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário, o que menos interessa é gente educada, gente que pense. O sistema educacional brasileiro é de péssima qualidade. Multiplicam-se universidades, mas não se formam cidadãos. Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil na banguela de uma unanimidade que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra.

A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio e muito menos galpão; é muito mais: é projeto pedagógico, exigência, liberdade, humanismo, aposta na formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia. Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de commodities para entrar, efetivamente, no campo da produção de bens industrializados.

Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão. Nós, jornalistas, sucumbimos, com frequência, ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia presidencial com a formidável escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. Ótimo. Mas como andam os projetos reais para preparar a capital fluminense para evento? É por aí que devemos ir. Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Educação, infraestrutura e ética devem formar o tripé da campanha eleitoral. O resto é faz de conta.”

Quando a CORRUPÇÃO e o DESPERDÍCIO de DINHEIRO PÚBLICO fazem SANGRAR O CORAÇÃO DO BRASIL, mais do nunca, cresce a NECESSIDADE IMPERIOSA e URGENTE desta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a restauração e construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa PARTILHAR as EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS deste generoso solo e do seu CRIATIVO povo, com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS para termos HONRADAMENTE o que comemorar no horizonte da COPA DO MUNDO DE 2014, da OLIMPÍADA DE 2016 e dos projetos do PRÉ-SAL.

Este é nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A CIDADANIA, A ECONOMIA E A VIDA

“[...] O discurso sobre a evolução do movimento histórico deve necessariamente dar um lugar central a um pensamento econômico responsável, um pensamento que levante a questão da produção das riquezas e que, antes de falar da eficácia comercial de uma categoria de competidores, sustente a preocupação do interesse geral. Arquitetar soluções pensando que, no coração do sistema, existe uma vaca de leite inesgotável que basta ordenhar para dispensar políticas sociais sem limite é uma pista falsa. Uma economia nova, pois é disso que se trata, que não se preocupasse, dentro de uma mesma lógica, com a criação de riqueza, com sua distribuição e com a gestão do patrimônio comum não responderia à questão que se levanta hoje em dia para todos os povos e todos os países do mundo. Se nós podemos ter, às vezes, a ilusão da vaca de leite, nossos parceiros do Sul nem mesmo podem alimentar essa ilusão. A questão que nos interpela não é a do dimensionamento das políticas sociais, ela, é muito mais fundamental. Do mesmo modo, um pensamento que pudesse propor um caminho, etapas, tampouco serviria para guiar uma ação. Não podemos mais, sem dúvida, nos permitir rupturas que deixariam no vazio sociedade, as nossas, que perderam a capacidade de garantir sua própria subsistência e que correm o risco de naufragar num excesso de dependência. Se quisermos evitar futuros dramas planetários, essa , capacidade deverá ser restaurada em parte. Assim como os hospitais devem ser dotados de geradores, as sociedades devem conservar, além de uma defesa nacional, uma boa dose de economia territorial, uma capacidade econômica para assumir as funções vitais em caso de ruptura da economia-mundo. Tal ruptura seria catastrófica hoje em dia. Portanto, não é sensato imaginar o futuro de outro modo que não por movimentos e evoluções do conjunto da economia, isto é, por pressões determinadas de um movimento social interagindo com as forças econômicas e pela ação de um movimento cidadão marcado pelo interesse geral e pela vontade de construir uma sociedade de iniciativa e de solidariedade e um desenvolvimento sustentável.”
(HENRI ROUILLÉ D’ORFEUIL, in Economia Cidadã – Alternativas ao neoliberalismo; tradução de Patrícia Chittoni Ramos. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, páginas 184 e 185).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de fevereiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece INTEGRAL transcrição:

“Economia e vida


Pelo terceiro ano, 2000, 2005 e agora, 2010, a Campanha da Fraternidade Ecumênica é promovida em conjunto pelas igrejas que fazem parte do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic): Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Os cristãos todos têm a insubstituível tarefa de testemunhar a fraternidade e trabalhar, incansavelmente, pela justiça e pela paz. Essa convocação deve ecoar e ser acolhida, fazendo valer, mais do que as diferenças, a unidade em torno da recomendação de Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). O que é próprio do discípulo, o amor fraterno, com consequente empenho pela paz e pela justiça, é o selo de sua qualidade e de sua autenticidade. Essa é a razão fundamental para que a Campanha da Fraternidade Ecumênica/2010 tenha em sua questão central “como a fé cristã pode inspirar uma economia que seja dirigida para a satisfação das necessidades humanas e para a construção do bem comum?”.

É incontestável que o balizamento moral de que a economia precisa estar, de modo abundante e fundamentado, nas propostas e princípios da fé cristã. Esta é o sustentáculo da cultura da sociedade brasileira e precisa ser levada em conta de modo sério para ajudar a superar os desafios e equívocos que cotidianamente ocorrem em nossa sociedade. A fé cristã, alimentando um permanente processo de conversão pessoal na “pertença” eclesial e confessional, tem força e tarefa de impulsionar a mudança estrutural para que a economia esteja a serviço da vida.

Economia e vida, tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica/2010, baliza um empenho missionário que deve congregar todos os que creem em Cristo, iluminando suas responsabilidades cidadãs em prol da justiça social e da implantação urgente de correções morais e práticas para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. A Campanha da Fraternidade, promovida durante o tempo da quaresma, tradição quase cinquentenária na prática da Igreja Católica, busca a construção de novas relações sustentadas nos princípios da justiça e ancoradas na denúncia de ameaças e violações da dignidade humana e dos direitos de toda pessoa. Só a fraternidade e a solidariedade têm força própria para edificar a sociedade como família, em paz, harmonia e segurança. A iluminação, que só o evangelho de Jesus Cristo traz,convida todos os homens e mulheres a se voltarem para a valorização da pessoa, o cuidado da natureza e os direitos dos seres humanos.

O que se quer, portanto, como objetivo geral da Campanha da Fraternidade Ecumênica é “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura e da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em uma sociedade sem exclusão”. Isso se fará concretamente como o crescimento da sensibilização indispensável na valorização de cada pessoa, na superação do consumismo, na criação de laços que sedimentem uma convivência mais próxima, superando os individualismos inócuos, fomentando a prática da justiça e convencendo a todos a respeito das responsabilidades de cada um diante dos problemas decorrentes da vida econômica. A Campanha da Fraternidade Ecumênica traz o foco para o complexo tema da economia para iluminá-lo com a luz do evangelho, ajudando a compreendê-lo com intuições criativas que possibilitem a superação da lógica econômica vigente, geradora de exclusões. Essa luz tem elementos inigualáveis para alavancar o processo de superação do quadro, ainda tão vergonhoso, da exclusão social que configura os cenários das sociedades contemporâneas. Ao pensar economia e vida com a iluminação do dizer orientador e educativo de Jesus aos seus discípulos, no clássico Sermão da Montanha, “não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24), toca-se em aspectos e temáticas que têm a ver com o cotidiano de todos. A moldura dessa proposta convocatória é o caminho penitencial do tempo da quaresma, iniciado na quarta-feira de cinzas e que se estende até a celebração das Páscoa.

O tempo da quaresma, 40 dias, é uma pedagogia de Deus na vivência da fé para iluminar a vida de todos, tocando os recônditos da consciência moral de cada um – chama que apagada compromete tudo – para alavancar uma conduta marcada por princípios éticos e morais com força de sustentação, equilíbrio, correção e conquistas. Tudo começa e se mantém com a escuta do profeta Joel 2,13: “Voltai para o Senhor, vosso Deus” e pela convocação do apóstolo Paulo: “Deixai-vos reconciliar com Deus” (II Cor 5,20).”

São páginas e compromissos que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, buscando congregar TODOS na construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa tornar BENEFICIÁRIOS das INCOMENSURÁVEIS RIQUEZAS do solo pátrio TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS, e mais ainda no horizonte dos INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS que se avizinham como a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016 e os projetos do PRÉ-SAL.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SOS DISTRITO FEDERAL: O CORAÇÃO DO BRASIL ESTÁ SANGRANDO

Uma síntese de 500 anos de CORRUPÇÃO no BRASIL se instala com “requintes” em 50 no DISTRITO FEDERAL


"[...] 2. Arquétipos ântropo-psico-culturais

Arquétipos são matrizes que se instalam na consciência e principalmente no inconsciente e influenciam mentalidades, julgamentos, valores e procedimentos. Os arquétipos não predeterminam as pessoas, mas podem favorecer ou bloquear a cidadania. Para que a cidadania prospere há que desbloquear arquétipos que alienam e subordinam a sociedade.

[...] 2.4 Arquétipo fatalista

Há pecado original que nos onera. Os colonizadores não vieram trazer bens ao Brasil, mas levá-los do país. Não vieram semear e cultivar a terra, mas “feitorizar uma riqueza fácil quase ao alcance da mão”, registra Sérgio Buarque de Holanda. A independência de 1822 não emancipou o povo. A abolição da escravatura foi legal, mas não social. A República fortaleceu os proprietários agrários, mas não os peões. Quilombos incendiados, levantes esmagados, trabalhadores rurais escravizados e assassinados. O povo vota e depois descobre que fora enganado mais uma vez. É experiência histórica que traz frustração e deixa sentimento de impotência. E, então, a população refugia-se no fatalismo, atribuindo a causas mecânicas ou a Deus o que é produzido por gatunos e espertalhões.

Para viver a cidadania há que vencer a frustração. E, para isso, o povo precisa des-enganar-se, sair do engano, e deixar de acreditar naqueles que o embrulham e lesam. E a sociedade há de remover o fatalismo que a imobiliza. As pessoas devem desfatalizar-se ântropo, psíquica, cultural e religiosamente, e não esperar que as soluções venham dos outros ou sejam presenteados pelos poderosos. O brasileiro há de acreditar em sua exuberante criatividade e assumir seu destino com as próprias mãos. Pois o cidadão não vem feito, mas faz-se a cada dia.”
(Pe. JUVENAL ARDUINI – In O QUE É PRECISO PARA SER CIDADÃO? – VIDA PASTORAL – JULHO-AGOSTO DE 1994, páginas 5 e 6).

Mais uma IMPORTANTE e CONTUNDENTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA – edição 2152 – ano 43 – nº 7, de 17 de fevereiro de 2010, páginas 42 a 45, com PARCIAL transcrição:

“CORRUPÇÃO
Arruda, do DF, é o primeiro governador a conhecer a cadeia



[...] Quase todo mundo viu o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, estrela o mais bem documento caso de corrupção do país. Em uma série de vídeos, um ex-secretário, Durval Barbosa, registrou cenas explícitas de arrecadação e distribuição de propinas em Brasília. O dinheiro era guardado em malas, bolsos de paletó, meias, cuecas e até em uma banheira de hidromassagem. O governador, filmado acomodando 50 000 reais num envelope pardo, alegou ter usado o montante na compra de panetones para os pobres. Não convenceu nem seu partido, o DEM, e teve de se desfiliar para evitar uma expulsão. O abandono da sigla impediu Arruda de disputar a própria sucessão nas eleições de outubro. Existe papel pior para um político? Existe. Entrou em cartaz, na semana passada, mais um capítulo do cinema de horror protagonizado pelo governador e sua trupe. Tentativas de sabotar o Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelo inquérito que apura a corrupção na capital do país, a decretar a prisão preventiva do governador. O STJ também o afastou do cargo. Arruda se entregou à polícia espontaneamente. Ele é o primeiro governador a ser preso em pleno exercício do mandato.

A prisão de um suspeito antes de uma sentença definitiva se justifica em alguns casos. O mais clássico deles, que agora se verifica em Brasília, ocorre quando um suspeito se vale de seu poder para atrapalhar as investigações. O Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do país, costuma referendar a perda da liberdade de suspeitos quando eles apresentam risco para a apuração das denúncias. O autor do decreto de prisão de Arruda, o ministro Fernando Gonçalves, entendeu que é exatamente esse o caso do governador. O ministro também interpretou que sua liberdade é um risco para a ordem pública graças a uma sucessão de episódios ocorridos nos últimos dias. Dados a excepcionalidade da prisão e o ineditismo de mandar para a cadeia um governador em pleno exercício do cargo, Gonçalves convocou uma reunião com quinze magistrados do STJ. O ministro pediu a eles que referendassem sua decisão. Por 12 votos a 2, o colegiado confirmou a prisão preventiva. Como tem foro privilegiado, Arruda foi recolhido a uma cela da superintendência da Polícia Federal em Brasília. Seus advogados requereram ao STF a concessão de um habeas corpus, que, se concedido, permitirá a Arruda esperar em liberdade a conclusão das investigações.

O STJ autorizou a prisão de Arruda ao cabo de uma sequência de graves episódios. Há duas semanas, a Polícia Federal prendeu um funcionário do governo, Antônio Bento da Silva, que tentava subornar um jornalista, testemunha no inquérito que investiga o governador. Silva é aliado de Arruda e conselheiro da estatal que administra o metrô de Brasília. Ele foi preso ao entregar 200 000 reais à testemunha. Era o pagamento para que ela afirmasse em depoimento que os vídeos tinham sido editados para incriminar o governador. O dinheiro foi entregue ao dirigente do metrô pelo sobrinho e secretário particular de Arruda, Rodrigo Diniz Arantes. A polícia também apreendeu um bilhete manuscrito pelo governador no qual ele pede ajuda à testemunha. Um secretário do governo, Wellington Moraes, chegou a ser despachado para negociar com o jornalista. Além de Arruda, o sobrinho, o secretário e outras duas pessoas tiveram a prisão decretada pelo STJ. “A organização criminosa instalada continua se valendo do poder econômico e político para atrapalhar as investigações e garantir a impunidade”, escreveu o ministro Gonçalves no decreto de prisão. O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, assumiu o cargo de Arruda. Como Paulo Octávio também é citado nos vídeos (sem que sua imagem apareça, porém) que detonaram o escândalo, sua presença à frente do governo do DF sofrerá contestação nas ruas e na Justiça.

[...] A tentativa de interferir na investigação, que fundamenta o decreto de prisão de Arruda, não se limita ao campo da Justiça. Aliados do governador têm tentado sabotar as investigações na Câmara do Distrito Federal, que instalou uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar o escândalo e analisa três pedidos de impeachment de Arruda.A manobra mais escandalosa até agora foi vincular a análise do impeachment à conclusão da CPI. A comissão, controlada pelo governador, determinou que a investigação retroagisse duas décadas. Além disso, ela só pode avançar de maneira cronológica, uma forma de jogar para as calendas a apuração dos vídeos. A estratégia sofreu o primeiro revés no mês passado. Um juiz de primeira instância determinou que oito deputados, todos aliados de Arruda, fossem afastados das “investigações”. Todos são suspeitos de receber dinheiro do esquema que, de acordo com a polícia, era comandado por Arruda. O segundo golpe ocorreu agora. Na semana passada, foi anunciada a prisão de dois policiais de Goiás. Eles são acusados de instalar grampos ilegais nos gabinetes de deputados que fazem oposição a Arruda. A dupla receberia 300 000 reais pelo serviço. Já se sabe que eles foram contratados por um ex-assessor de Arruda.

Na quinta-feira passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou ao STF que decretasse intervenção federal no Distrito Federal. O procurador argumenta que o sistema político do DF está contaminado pela corrupção. Além do governador afastado, seu vice, Paulo Octávio, e dez deputados distritais também são investigados por corrupção. Segundo Gurgel, eles não teriam isenção nem legitimidade para assumir ou participar da indicação de um novo governante. [...]”

Eis, pois, mais episódios que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM na grande CRUZADA NACIONAL, que congregue TODAS as FORÇAS VIVAS da nossa SOCIEDADE para as URGENTES e INADIÁVEIS transformações que nos levem à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, ÉTICA, ÍNTEGRA, EDUCADA, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR as nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, iniciando JÁ, ainda nesta DÉCADA, uma ERA de LUZ, ALEGRIA e FRATERNIDADE e, bem assim, merecer os IDEAIS OLÍMPICOS... e um coração SAUDÁVEL...

Este é nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A CIDADANIA BUSCA MAIS QUE UM MESTRE

“Você abre os olhos e olha à sua volta, como se fosse pela primeira vez: o que vê? O céu, onde brilha o sol e flutuam as nuvens, árvores, montanhas, rios, feras, o vasto mar...? Não, antes se oferecerá outra imagem, a mais próxima, a mais familiar de todas (no sentido próprio do termo): a presença humana. A primeira paisagem que nós, seres humanos, vemos é o rosto e o rasto de outros seres como nós: o sorriso materno, a curiosidade de gente que se parece conosco e se movimenta em volta de nós, as paredes de um cômodo (modesto ou suntuoso, mas sempre feito, ou pelo menos arranjado, por mãos humanas), o fogo aceso para nos aquecer e nos proteger, instrumentos, adornos, máquinas, talvez obras de arte; em resumo: os outros e suas coisas. Chegar ao mundo é chegar a nosso mundo, ao mundo dos humanos, viver – para o bom e para o menos bom, para o mau também – em sociedade.”
(FERNANDO SAVATER – In Política para meu filho; tradução Eduardo Brandão. – São Paulo: Martins Fontes, 1996, página 21).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de fevereiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de EDUARDO SHINYASHIKI, Consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser Treinamentos, que merece INTEGRAL transcrição:

“Mais que um mestre

Educação é a base para o desenvolvimento de qualquer nação. Dessa forma, o professor se torna peça chave na formação do ser social. É ele quem vai guiar a produção do conhecimento e o futuro profissional e acadêmico de cada criança. No entanto, uma recente notícia sobre professores alarmou pais e estudantes. A Secretaria de Educação de São Paulo anunciou que usará professores reprovados em exames para ministrar aulas no ensino básico. O sindicato do setor anunciou ainda que esses professores vão para as periferias da capital, em que o desempenho dos alunos é abaixo da média nacional. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, 80% dos professores ativos no Brasil participam da educação básica, ou seja, educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.

Para solucionar esse problema, é preciso primeiro ter presente que o professor é muito mais que um transmissor de conhecimentos. É ele também quem vai estimular a criança a ter características exigidas pelo mercado de trabalho. Em uma de minhas palestras, em específico a realizada na Unesco, para educadores, lembro-me de que iniciei a reflexão com a seguinte pergunta: “Quais as qualidades exigidas a um cidadão em uma entrevista para empregos?”. Muitos falaram, ao mesmo tempo, vários atributos. Liderança, comunicação, trabalhar em equipe, iniciativa, criatividade, flexibilidade, entre outras. Foram inúmeras as características citadas pelos participantes da palestra e todas elas se encaixam no perfil selecionado pelas empresas. Respondi então a eles com uma segunda pergunta: “Nós como educadores estamos pondo dentro da sala de aula essas qualidades?” Foi quando disse a todos: “Se não estivermos fazendo isso como uma prática dentro da sala de aula, estaremos engrossando a fila dos desempregados”. Pois é exatamente esse questionamento que o docente pode fazer a si mesmo.

O papel do educador dentro e fora da sala de aula é de extrema importância para os alunos. O professor é um dos principais líderes da vida de uma criança. É ele que, juntamente com os pais, vai influenciar diretamente no desenvolvimento dela. Ele irá conduzir os alunos rumo ao conhecimento e a sabedoria. A escola é o primeiro ambiente que a criança encontra fora da família e o mestre será uma das pontes mais importantes de transição da infância para a vida adulta. Nesse sentido, o docente deverá ser um bom exemplo e passar a sua melhor característica para os alunos, agindo como um cidadão ético e responsável, ciente de sua missão de transmitir valores para um futuro profissional.

As rápidas mudanças podem afetar alguns setores da sociedade e a educação não está excluída desse cenário. Assim, o professor deve enfrentar grandes desafios em sua profissão, além de se especializar para comunicar o conhecimento, ele precisa estar atento em transmitir mais que isso, é preciso mostrar aos pequenos que motivação e qualidades devem crescer dentro de nós e nunca se perder em meio aos problemas da vida. Os grandes professores que se permitem ensinar e transmitir o amor e a dedicação nos marcam de forma positiva, deixam resultados perenes e transmitem de forma inequívoca valores e ideais, promovendo uma verdadeira transformação na vida de cada pessoa.”

Eis, pois, a EDUCAÇÃO – CIDADANIA – QUALIDADE como a EXTRAORDINÁRIA força para a INADIÁVEL e URGENTE transformação do PAÍS numa verdadeira SOCIEDADE que seja JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA e que POSSAMOS, ainda no horizonte dos grandes marcos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos previstos para o PRÉ-SAL, onde INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS façam EFETIVAMENTE como BENEFICIÁRIOS diretos TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E O ÓBVIO QUE NÃO É ÓBVIO

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de fevereiro de 2010, Caderno PENSARBRASIL, páginas 6 a 9, de autoria de CLÁUDIO DE MOURA CASTRO, que é economista com mestrado pela Universidade de Yale e pós-doutorado pela Universidade de Vanderbilt. Foi diretor-geral da Capes e chefe da Divisão de Programas Sociais do BID. Atualmente, é presidente do Conselho Consultivo das Faculdades Pitágoras, cujo trabalho merece INTEGRAL transcrição:

“DOSSIÊ EDUCAÇÃO

O ÓBVIO QUE NÃO É ÓBVIO


CONTRADIÇÕES DE UM PAÍS QUE PRIORIZOU O ENSINO SUPERIOR ANTES DA FORMAÇÃO BÁSICA REDUNDAM EM BAIXA QUALIDADE E COBRAM MAIOR INVESTIMENTO ESTATAL

A palavra “óbvio” esconde uma contradição em termos. Digo: “É obvio que a prioridade deveria ser para o ensino fundamental”. Mas, obviamente, não é óbvio. Se fosse realmente óbvio, não precisaria dizer que é óbvio. Quando dizemos que algo é óbvio, é justamente porque não o é. De fato, tal é o caso com o ensino fundamental. Obviamente, deveria ser a primeira e única prioridade. Mas não é.

É péssima a qualidade do nosso ensino fundamental. Há indicadores que documentam de forma indisputável a sua fragilidade. Além disso, passou muito tempo antes que conseguíssemos matricular na escola toda a faixa etária de 7 a 10 anos.

Nosso ensino fundamental tinha um papel subalterno em nossa sociedade. Mas isso pouco nos prejudicava, diante do parque produtivo brasileiro, onde se podia produzir razoavelmente bem com uma força de trabalho minimamente educada. Hoje isso é impossível.

Quais são as prováveis causas da má qualidade da sala de aula? De que fraquezas congênitas padecem as escolas?

Há uma grande lista de mazelas. Não obstante, o maior obstáculo impedindo a melhoria da qualidade é a percepção, por parte da sociedade brasileira, de que a escola está bem. Os pais querem vagas, o sistema oferece vagas para todos. Os pais não percebem deficiência graves na qualidade. Não há crise. Não há uma dinâmica que impulsione o sistema a vencer as barreiras que impedem a melhoria da qualidade.

DESENCONTROS DE UMA SOCIEDADE ELITISTA

O Brasil tem uma trajetória educacional surpreendente. Já foi medíocre em todos os azimutes. De fato, em matéria de educação, por mais de quatro séculos, o país teve pouco ou quase nada a mostrar.

Curiosamente, os primeiros grandes saltos começaram pelo topo do edifício. Crescemos e fizemos bonito no alto da pirâmide. Avançamos na pós-graduação e na ciência, antes de cuidar dos alicerces.

Vale a pena uma olhada rápida na nossa trajetória recente na ciência. Faz algum tempo foi feita uma busca sistemática nos periódicos internacionais indexados. Na década de 1950 não havia um só artigo de pesquisadores brasileiros publicados em periódicos científicos de primeira linha. Somente a USP escapava desse perfil de mediocridade.

Na década de 60, desencadeia-se um processo acelerado de criação de universidades federais, construção de campus belíssimos e o início do envio de brasileiros para fazer sua pós-graduação no exterior. Em seguida, criamos, em ritmo acelerado, mestrados e doutorados de excelente qualidade.

A cada ano, formamos mais de 10 mil doutores e próximo de 40 mil mestres em nossas universidades. É um volume substancial, mesmo comparado com o Primeiro Mundo.

Os resultados não poderiam ser mais espetaculares. Em menos de meio século, o país sai do quase zero e torna-se o 13º maior produtor de pesquisas (publicadas nos melhores periódicos internacionais). Note-se a quase total ausência de outros países do Terceiro Mundo na lista dos maiores produtores (só Índia e, mais recentemente, os países da órbita chinesa).

Chegamos a uma situação paradoxal. Nossas mercadorias correspondem a pouco mais de 1% das exportações mundiais. Em contraste, somos responsáveis por 2% da ciência mundial. Ou seja, somos maiores exportadores de pesquisa do que de mercadorias. Para um país que praticamente começa do zero na ciência, é um resultado extraordinário. Exibimos uma das taxas mais elevadas de crescimento da pesquisa publicada.

A grande contradição é que fizemos isso tudo tendo como pano de fundo estatísticas deploráveis de educação básica.Temos ciência de Primeiro Mundo. Em contraste, em matéria de educação básica, pertencemos aos rincões mais atrasados do Terceiro Mundo (até recentemente, éramos piores do que Bolívia, Equador e Paraguai).

Tão estranho desempenho parece ser o resultado de um elitismo atávico do país. Como nota Maria Luiza Marcílio, em História da escola em São Paulo e no Brasil (Imprensa Oficial de SP, 2005), nossas primeiros escolas eram de nível médio. As primárias não eram prioritárias, pois as elites contratavam preceptores para as primeiras letras dos filhos. É exatamente o oposto do que estava acontecendo na Europa e na América do Norte, onde se alarga a matrícula nas escolas primárias. Nossas primeiras faculdades, criadas por dom João, vêm um século antes do ensino público de nível básico.

Por que investimos pesadamente na criação de uma rede exuberante de universidades federais, em uma data em que apenas tínhamos um pouco mais da metade da nossa infância entrando na escola?

A resposta está na história e na sociologia. As explicações passam ao largo das distinções entre governo civil e militar, entre direita e esquerda. O elitismo é da sociedade brasileira e não desse ou daquele segmento.

CINCO SÉCULOS PARA UNIVERSALIZAR A ESCOLA

Em meados do século 19, completa-se na Europa o processo de matricular em escolas toda a infância na idade correspondente, um processo que começara no século 17. Uruguai e Argentina iniciam, no mesmo período, um grande movimento para levar toda a sua juventude à escola. Até o fim daquele século, o estado de São Paulo nem sequer tinha uma rede de escolas públicas.

O Brasil é retardatário no desenvolvimento de suas escolas. De fato, quando examinamos estatísticas de escolaridade da população como um todo, ainda estamos abaixo do Paraguai e da Bolívia, apesar do enorme crescimento nos últimos anos.

Na entrada do século 20 tínhamos por volta de 80% de analfabetismo. Sintomaticamente, Portugal tinha uma proporção pouco melhor do que a nossa.

Somente na década de 1990 conseguimos universalizar o acesso à escola e a presença nela da população de 7 a 14 anos. Diante do atraso anterior, foi um feito extraordinário, pela velocidade em que sucedeu. Mas não podemos deixar de registrar o fato de que, meramente, nos igualamos aos países latino-americanos mais modestos.

Seja como for, se antes tínhamos uma educação que era pouca e fraca, agora já não é tão pouca. Com a universalização da entrada e da permanência na escola até 14 anos, aumentam as graduações no fundamental, cresce aceleradamente o médio e viramos o milênio com taxas de crescimento muito elevadas no superior. Nesse nível, por falta de alunos, persistia por duas décadas uma quase estagnação da matrícula.

A batalha da quantidade foi vencida. Levou 500 anos – o que é uma constatação lastimável. Mas na década de 1990, finalmente, o ensino básico conseguiu vencer as barreiras que outros países haviam vencido com séculos de anterioridade.

INDICADORES DE QUALIDADE VERGONHOSOS

Apesar do espetacular sucesso dos anos recentes na universalização do ensino inicial, não conseguimos resolver o desafio da qualidade.

É bem verdade, resolvemos o problema de medir a qualidade. Temos toda as ferramentas para ficar sabendo como estamos: o Saeb, a Prova Brasil, O Ibdeb e o Enem. São testes que satisfazem a todos os critérios usuais de confiabilidade, precisão e lisura na aplicação. Agora sabemos, com segurança, como anda a qualidade da nossa educação. Merece, pois, confiança a triste constatação de que é muito deficiente essa qualidade.

O Saeb, aplicado à quarta série do fundamental, mostra que 54% dos alunos não foram plenamente alfabetizados. Essa é uma etapa a ser vencida ao fim da primeira série por praticamente todos os alunos. Ou seja, ao cabo de quatro anos, mais da metade dos alunos não aprendeu a ler. O Pisa mostra que o Brasil está entre os países mais fracos em matéria de educação, dentro de um grupo que hoje engloba 50 nações.

Como a leitura é a principal ferramenta da escola, metade dos alunos não tem o instrumento de que precisariam para ser educados. É o pior dos mundos.

Não há nenhuma notícia ruim no país cuja gravidade se compare com essa. Nem violência, nem desemprego, nem os coeficientes de Gini mostram um quadro tão negativo e alarmante.

EDUCAÇÃO BÁSICA DEVERIA SER PRIORIDADE

Diante dessa barragem de notícias ruins, é difícil evitar a conclusão de que o nosso ensino inicial deveria ser a única prioridade para o país. Não apenas como prioridade dentro da educação, mas como prioridade nacional.

São aprendizados simples: ler, entender o que está sendo escrito, escrever, usar números e resolver problemas. Nada mais. Diante do estado de emergência em que se encontra nosso ensino, não pode haver outras prioridades dentro da escola. O resto ou não é prioridade, ou é tudo mais que vem espontaneamente junto com a escola de qualidade.

Com certa segurança, podemos identificar o cerne das dificuldades.

Nossos professores nem dominam os conteúdos que ensinam, nem aprenderam a dar aula.

Não há prestação de contas (accountability) em nenhum nível. Nem professores, nem diretores, nem secretários de educação prestam contas dos resultados.

A comunidade dos educadores não acredita em educação baseada em evidência. Os gurus da educação pontificam em espaços intergalácticos, com olímpico desprezo pela evidência empírica e pela crescente abundância de pesquisas benfeitas.

Os recursos dedicados pelo Estado à educação básica correspondem, por aluno, a um décimo daqueles dedicados ao ensino superior público.

Nas escolas dos países bem-sucedidos em matéria de educação, vemos profissionalismo, foco no essencial e métodos simples, mas bem dominados pelos professores. O que falta em malabarismos intelectuais e teorias sobra em persistência e seriedade.

Em contraste, nossa educação é vista como uma sequência de atos heróicos. É o primado dos elementos afetivos, do desejo ingênuo de criar utopias, de aplicar teorias rarefeitas de da busca de soluções complicadas.”

Eis, pois, páginas que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela EDUCAÇÃO, CIDADANIA e QUALIDADE, única via que nos levará à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS e, mais ainda, no horizonte dos INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e dos projetos relacionados com o PRÉ-SAL.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...